ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Instruções Para Uma Insurreição Armada
LOUIS-AUGUSTE BLANQUI[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2009 emilvonmuenchen@web.de
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Este programa é puramente militar e deixa inteiramente de lado a questão
política e social, a qual não se trata de abordar nesta sede.
Além disso, é evidente que a Revolução deve ser feita em benefício do
trabalho contra a tirania do capital, reconstituindo a sociedade sobre a base da
justiça.
Após os velhos erros, uma insurreição em Paris não tem mais, nos
dias de hoje, a mínima chance de sucesso.
Em 1830, o impulso popular por si só pôde bastar para lançar por terra um
poder surpreendido e aterrorizado por uma Insurreição Armada, evento inaudito,
situado a mil milhas das suas previsões.
Isso foi bom uma vez no passado. A lição foi útil ao Governo que permaneceu
monárquico e contra-revolucionário, ainda que emergente de uma Revolução.
Pôs-se a estudar a Guerra de Ruas e, logo a seguir, recobrou a superioridade
natural da arte e da disciplina sobre a inexperiência e a confusão.
Contudo, dir-se-ia, que as massas, em 1848, venceram pelo método de 1830.
De acordo. Mas, não nos façamos ilusões.
A Vitória de Fevereiro de 1848 nada é senão um feliz acaso
Se Louis-Philippe I. de Bourboun, Duque d’Orléans, tivesse-se
defendido seriamente, a força teria permanecido com os uniformes.
Coloquemos à prova as Jornadas de Junho de 1848.
Nelas, pudemos verificar quanto é funesta a tática ou, melhor ainda, a ausência
de tática na Insurreição.
Jamais esta havia atingido uma perspectiva tão bela: dez chances contra
uma.
De um lado, o Governo, em plena anarquia, as tropas desmoralizadas.
D’outro, todos os trabalhadores de pé e quase certos de obterem êxito.
Como foi, então, que sucumbiram?
Por falta de organização.
Para termos em conta a sua derrota, basta analisar a sua estratégia.
A sublevação desabrocha impetuosamente. Logo a seguir, nos bairros
operários, levantaram-se as barricadas, aqui e ali, em uma multidão de pontos,
bem ao gosto da aventura.
Cinco, dez, vinte, trinta, cinqüenta homens, reunidos por acaso, a maior
parte deles sem armas, começaram a capotar veículos, arrancaram e empilharam o
pavimento das alamedas, a fim de barrar a via pública, tanto no meio das ruas
quanto, mais freqüentemente ainda, nos seus cruzamentos.
A quantidade dessas barragens constituiria, dificilmente, um obstáculo à
passagem da cavalaria.
Às vezes, após a realização de um esboço de entrincheiramento, os
construtores distanciaram-se, partindo à busca de fuzis e munições.
Em junho de 1848, contamos com mais de 600 (seiscentas) barricadas: três
dúzias delas, no máximo, suportaram, tão apenas elas sozinhas, todo o peso da
batalha.
As demais, 19 (dezenove) barricadas entre 20 (vinte) não acionaram nenhum
detonador.
Essa é a razão desses gloriosos relatórios que narravam, com escândalo, a
sublevação de 50 (cinqüenta) barricadas, onde não se encontrava nem mesmo uma
alma.
Enquanto se arrancava assim o pavimento das ruas, outros pequenos bandos
foram desarmar os Corpos da Guarda ou apreender pólvora e armas, junto aos
produtores e comerciantes de armas de cano curto e leve, os arcabuzeiros.
Tudo isso foi feito sem concerto nem direção, bem ao sabor da fantasia
individual.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. BLANQUI,
LOUIS-AUGUSTE. Instructions Pour une
Prise d’Armes (Instruções Para uma Insurreição Armada) (1861-1868), in :
Oeuvres Complètes de Louis-Auguste Blanqui (Obras Completas de Blanqui), Paris
: Galilée, 1977, pp. 257 e s.