ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
O Dirigente da Insurreição de Outubro
e das Forças Armadas Vermelhas
ERICH WOLLENBERG[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Janeiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
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León Davidovitch Trotsky nasceu em 25 de outubro (7 de novembro) de 1879, segundo
os registros notariais que eram destinados ao exame físico de seleção para o
serviço militar
Trotsky mesmo indicou o ano de 1881, como sendo aquele de seu
nascimento. Essa estranha diferença de dois anos não era nada de sobrenatural
na Rússia Czarista.
Freqüentemente, os pais judeus que pretendiam impedir que seu
filho fosse exposto às chicanas anti-semitas costumeiras do exército czarista,
faziam pré-datar a data de nascimento em dois anos.
No momento do exame físico do serviço militar, o jovem
supostamente de 19 anos – que, na realidade, possuia apenas 17 - foi julgado
inapto para a prestação de serviço militar pela Comissão Médica.
Seja como for, Trotsky, aderindo ao Partido Operário
Social-Democrático Russo (POSDR) em idade
juvenil, foi, em 1905, com apenas 24 ou 26 anos, eleito Presidente do Soviete Revolucionário
dos Trabalhadores, na cidade de São Petersburgo, antiga capital da Rússia.
Depois da derrota da Revolução de 1905-1907, Trotsky foi aprisionado, porém conseguiu fugir para o exterior,
onde seguiu mantendo contatos com Lenin.
Porém, Trotsky logo veio a se
separar de Lenin, dando formação a um grupo que assumiu uma posição
intermediária e conciliadora (“transacionista”) entre os adeptos de Lenin, os bolcheviques, e os seus opositores, os mencheviques.
Quando Trotsky regressou à Rússia, na primavera de 1917, vindo de seu exílio no Canadá, aderiu ao Partido Bolchevique.
Lenin incorporou-o, imediamentamente, no Comitê Central do Partido.
Enquanto delegado dos bolcheviques, Trotsky foi eleito, então, Presidente do Soviete dos Trabalhadores e Soldados de
Petrogrado.
A Insurreição de Outubro, em Petrogrado,
“foi
realizada sob a direção direta do companheiro Trotsky, a quem se deve
agradecer, em primeira linha, pela vitória.”,
tal como Stalin escreveu em um artigo editorial
referente ao primeiro ano da Revolução de Outubro, no “Pravda(A Verdade)”, de Petrogrado, em 6 de novembro de 1919.
Hoje, fala-se de maneira diferente !
Depois da Vitória de Outubro, Trotsky tornou-se, de início, Comissário do Povo (Ministro) do Exterior e, então, desde a Paz Violentamente Imposta de Brest-Litovsk, ditada pelo militarismo alemão, Comissário do Povo para o
Exército e a Marinha (Ministro da Guerra).
Nessa condição e enquanto membro do Bureau Político e do Comitê Executivo da Internacional Comunista - Komintern, Trotsky tornou-se o mais estreito colaborador de Lenin, assim permanecendo até a morte desse último.
Em 1924, Trotsky foi afastado por Stalin da direção das Forças Armadas, a seguir, do Bureau Político e, finalmente, em 11 de novembro de 1927, expulso do
partido.
Stalin submeteu-o, de início, a uma permanência forçada, em Alma Ata, no Turquestão Soviético.
Em 1929, extraditou-o para a Turquia, visando a
quebrar sua forte influência sobre os trabalhadores russos e, particularmente,
sobre a juventude.
Depois de todos os países terem-se negado, sob a pressão do
Governo Soviético, a conceder
asilo a Trotsky
(“o planeta sem visto”), dirigiu-se
ele, finalmente, para o México, a convite do Presidente Mexicano Lázaro Cardenas.
Nesse país, Trotsky viveu como escritor e
dirigente da IV
Internacional, por ele
fundada, até que foi assassinado por um agente de Stalin, em um ataque
homicída de 21 de agosto de 1940, sendo que sua morte ocorreu 25 horas depois
da ocorrência criminosa.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS DE
WOLLENBERG,
ERICH
por
Rochel von Gennevilliers
Erich
Wolleberg nasceu em 1892, na Alemanha.
Seu pai exerceu a profissão de médico.
Após
concluir seus estudos secundários, decidiu-se também por estudar medicina.
Recrutado,
porém, em 1914, para combater na I Guerra Mundial Imperialista,
veio a alcançar o posto de tenente nas Forças Armadas do Império Alemão
(Reichswehr) e foi ferido, por cinco vezes.
Em
1918, no encerramento dessa conflagração bélica mundial, ingressou
nas fileiras do Partido Social-Democrático Independente da Alemanha(USPD)
e
defendeu posições manifestamente pacifistas.
A
seguir, participando da Revolução Democrático-Burguesa Alemã de Outubro
de 1918, comandou um destacamento de marinheiros revolucionários, na
cidade de Könisberg.
Em
abril de 1919, colocando-se em favor da defesa da Revolução Bávara,
tornou-se um dos comandantes do Exército Vermelho do Norte da
República Soviética da Baviera e atuou nas lutas travadas contra o Exército
Branco, de Friedrich Noske e Gustav Noske.
Entre
maio de 1919 e março de 1922, foi preso e foragiu-se, por diversas vezes.
No
curso desses meses, enriqueceu sua prática revolucionária com a teoria
marxista-revolucionária do socialismo científico.
Entre
1922 e 1923, atuou como jornalista em Könisberg, dedicando-se às tarefas
de agitação política, no quadro do Partido Comunista da Alemanha (KPD),
junto à juventude proletária, estivadores e ferroviários, pequenos camponeses e
trabalhadores rurais dessa cidade, bem como ocupou-se com atividades
propagandistas e organizativas entre as fileiras das Forças Armadas do
Império Alemão (Reichswehr).
No fim
de abril de 1923, transferiu-se de Könisberg para a região do Ruhr
e realizou trabalho clandestino de agitação entre as tropas francesas e belgas,
acionadas na Ocupação do Vale do Ruhr, na Alemanha.
Aqui,
militou entre mineiros, metalúrgicos, jovens socialistas e comunistas, soldados
franceses e belgas da ocupação, difundindo a linha política do jornal “Humanité
du Soldat (A Humanidade do Soldado)”, editado pela secretária da Internacional
Comunista da Juventude (III Internacional) e do Partido Comunista
Francês (PCF).
Durante
o todo o verão de 1923, participou de manifestações revolucionárias
internacionalistas de luta contra a ocupação franco-belga do Vale
do Ruhr e o Governo Burguês Alemão, clamando por “Golpear Poincaré e
Cuno, no Ruhr e na Spree !”
Foi um
dos principais articuladores, em abril de 1923, da transformação da Greve
Geral de Bochum, no Vale do Ruhr – na qual tomam parte
cerca de 500.000 mineiros e metalúrgicos -, em insurreição armada
proletária.
A
direção do Partido Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich
Brandler e Ruth Fischer – por entender se tratar essa insurreição de um
ato inteiramente precipitado, ultra-esquerdista e provocativo, exigiu que Wollenberg
contribuísse para o desarmamento dos trabalhadores revolucionários do Vale
do Ruhr.
Em
agosto de 1923, é nomeado pelo Comitê Central do Partido Comunista da
Alemanha (KPD), pela III Internacional e pelo Estado-Maior
das Forças Armadas Vermelhas da URSS, dirigente supremo
político-militar, responsável pela Alemanha do Sudoeste, sendo
encarregado das operações de luta em Württemberg, Baden, Hessen e, em
parte, na Baviera, objetivando à preparação de uma insurreição armada
proletária ainda no curso do mesmo ano.
Frustada
a insurreição em tela pela direção centrista-oportunista do Partido
Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich Brandler e
Karl Radek –, Wollenberg
refugiou-se, em abril de 1924, na URSS, onde efetuou
estudos militares junto à Escola Militar do Estado-Maior das Forças
Armadas Vermelhas, em Moscou.
Entre
1924 e 1927, exerceu diversos postos de comando nas Forças Armadas
Vermelhas, tanto no interior na URSS quanto no exterior.
Tendo
capitulado à contra-revolução operário-burocrática stalinista, por intermédio
de Bukharin,
tornou-se, em 1928, especialista militar do Instituto Marx-Engels de
Moscou,
vindo
a dirigir seu Gabinete Militar.
Ministrou aulas nos cursos militares em que lutadores
alemães eram formados como especialistas em insurreições armadas proletárias.
Em fins
dos anos 20, aderiu à Oposição Soviética de Direita,
protagonizada por Bukharin, Rykov, Tomsky e outros.
Conseguindo
regressar à Alemanha, foi dirigente, no quadro do Partido Comunista da Alemanha
(KPD), da Liga dos Lutadores do Fronte Vermelho na Alemanha (Roter
Frontkämpferbund), de abril de 1931 a dezembro de 1932,
combatendo o ascenso nazista e permanecendo crítico, porém, em face da política
stalinista de então, protagonizada por Ernst Thälmann e seus adeptos,
consistente em contemplar a Social-Democracia Alemã enquanto
expressão fática do social-fascismo e principal inimigo a ser derrotado.
A
seguir, foi novamente encarcerado e, mais uma vez, liberado.
Opôs-se,
então, ativamente à linha stalinista de aliança eleitoral, selada, no quadro do
“Referendo
Prussiano Vermelho de 21 de julho de 1931”, entre o Partido
Comunista da Alemanha(KPD), o Partido Nazista de Hitler (NSDAP), o
Partido Nacional Alemão de Hugenberg (NDP) e os Capacetes
de Aço de Hindenburg (Stahlhelm), com forma de derrubar o
Governo de Frente-Popular, encabeçado pela Social-Democracia
Alemã.
Opôs-se
resolutamente à política stalinista de realização de “greve comum”, encabeçada
pelo Partido Comunista da Alemanha(KPD) em conjunto com o Partido Nazista de
Hitler (NSDAP), em novembro de 1932, contra a administração municipal
social-democrática, na cidade de Berlim.
Depois
da tomada do poder por Hitler na Alemanha, por criticar,
desde uma perpectiva trotskysta, a direção stalinista
burocrático-contra-revolucionária do Partido Comunista da Alemanha(KPD) e do Komintern
Stalinista, foi expulso dessas organizações, em 4 de abril de
1933, juntamente com Felix Wolf.
Aproximou-se
do trotskysmo, em 1934.
Foragido
na cidade de Praga, em julho de 1934, organiza um grupo de oposição
trotskysta no interior do Partido Comunista da Tchecoslováquia (CKP).
Durante
o período da Grande Depuração Stalinista, foi intensamente perseguido pela NKVD
(Polícia Secreta Stalinista), sob a acusação de liderar - juntamente
com o revolucionário alemão Max Hoelz - o “centro terrorista-trotskysta
contra-revolucionário”.
Emigrou,
em agosto de 1938, para a França e colaborou, militarmente, com
diversos grupos guerrilheiros anti-nazistas, até ser preso em 1940.
Tendo
conseguido fugir do campo de concentração Le Vernet, por contar com o auxílio
de alguns oficiais franceses, dirigiu-se para Casablanca e aí
participou da Resistência de Marrocos.
Mesmo
perseguido intensamente pelos serviços secretos stalinistas e nazistas, seu
pedido de ingresso nos EUA como refugiado político é
rejeitado pelo Consulado Norte-Americano, em outubro de 1941, a despeito de
ter recebido, em janeiro do mesmo ano, 1.200 francos do Centro Americano de Recursos para
poder organizar sua fuga em direção ao México.
Mais
uma vez preso, foi libertado pelo desembarque aliado e veio a tornar-se,
temporariamente, em 1946, correspondente de imprensa dos Estados-Unidos
na Baviera para assuntos concernentes à desnazificação.
A
seguir, passou a trabalhar como jornalista e autor independente.
Em 5 de
abril de 1971, aos 79 anos, referindo-se à sua profissão de fé revolucionária,
assinalou ter permanecido fiel à luta aberta contra o nazismo e o stalinismo, “contra
Hitler e Stalin”, esses “dois irmãos hostis”, e em favor de um
“socialismo
com face humana” que, segundo o próprio Wollenberg,
corresponderia às concepções de Marx, Engels, Rosa Luxemburg, Lenin e
Bukharin[2].
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU – BUENOS AIRES -
MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. WOLLENBERG.
ERICH. Engels und Lenin. Militärpolitische Schriften (Engels e Lenin.
Escritos Político-Militares), especialmente : Hinweisnoten (Notas Indicativas),
Offenbach-Frankfurt a.M. : Bollwerk-Verlag, 1953, p. 77.
[2] Acerca do tema, vide
p.ex. WOLLENBERG, ERICH. Sinn und Zielrichtung meines Lebens (Sentido e Direção
Finalística da Minha Vida), in : Schwarze Protokolle (Protocolos Negros), Nr.
6, Hamburg, 04.1971, pp. 3 e s.