ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
O Notável Comandante
das Forças Armadas Vermelhas
ERICH WOLLENBERG[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
Quando conheci Mikhail Nikolaievitch Tukhatchevsky, “Tukha”, no outono de 1924, ele ainda era o Chefe do Estado Maior das Forças
Armadas Vermelhas (Exército Vermelho), bem como dirigente da Academia de Guerra e presidente de uma comissão encarregada da criação do “Regulamento Provisório de Campo
das Forças Armadas Vermelhas (Exército Vermelho)”.
Em 1925, Tukhatchevsky permaneceu sendo
presidente da comissão em tela, tendo em conta que todos os seus outros membros
haviam declarado que a obra iniciada não poderia ser concluída sem a sua
contribuição.
Depois da morte de Mikhail Frunze, em 31 de
novembro de 1925, o seguidor de Trotsky foi Voroshilov, nomeado por Stalin para o posto de Comissário do Povo para o
Exército e a Marinha (Ministro da Guerra).
O primeiro ato administrativo de Voroshilov foi o de
destituir Tukhatchevsky
de todos os seus cargos no Estado Maior das Forças Armadas
Vermelhas (Exército Vermelho) e enviá-lo, de
início, “para um deserto”, em Leningrado e, a seguir, para Minsk.
Outrora, o novo Comissário da Guerra não podia fazer impor
seu próprio desejo de afastar inteiramente Tukhatchevsky das forças
armadas.
Voroshilov teve de aceitar Tukhatchevsky enquanto seu
encarregado, inclusive mesmo até o início dos anos 30, tendo em vista o
aguçamento da situação na Ásia Oriental e o temor do Kremlin em face de uma guerra ofensiva, promovida pelo Japão.
A liquidação de Tukhatchevsky, ocorrida em 1937,
durante a “Grande
Depuração Stalinista”, representou um
triunfo tardio de seu adversário, Voroshilov.
Acerca das razões fundamentais da eliminação física de Tukhatchevsky, foram propagandeadas as mais absurdas lendas, às quais
dá-se crédito ainda hoje.
“Conspiração Demoníaca entre
Tukhatchevsky (Venej) com o General da SS Nazista Richard Heidrich”, o qual haveria repassado documentos falsificados a Venej, visando à debilitação das Forças Armadas Soviéticas, mediante a decapitação de sua direção.
“Conspiração entre o General
Werner von Fritsch e Tukhatchevsky”, visando à
derrubada de Hitler
e Stalin.
Além disso : “o « anti-semita » da alta nobreza russa” simpatizava com Hitler etc. etc.
O Marechal Soviético “Tukha” foi liquidado
por Stalin por ser considerado membro de um grupo de oposição ao
qual pertenceriam tanto Bukharin e Rykov - conhecidíssimos expoentes bolcheviques -, como o “judeu” Jan Gamarnik, situado no interior das forças armadas vermelhas, na
qualidade de
Comissário Político, e o “judeu” Yona Yakir, General do Exército !
“Tukha” foi denunciado por Karl Radek que pretendia
salvar sua própria cabeça no quadro do processo, na medida em que mencionou o
nome do Marechal
Soviético em ligação com os adeptos da
oposição democrático-soviética.
Em sua contribuição ao livro sobre “A Insurreição Armada. Tentativa
de uma Apresentação Teórica”, Tukha pretendia elaborar um tipo de “Ordem de Campo da Insurreição
Armada”, tal como me disse à época.
Seus dois capítulos, intitulados “O Caráter das Ações Militares no
Início da Insurreição” e “O Caráter das Operações dos
Insurgentes no Curso da Insurreição” são
perpassados por citações do “Regulamento Provisório de Campo das Forças Armadas Vermelhas (Exército
Vermelho)” que, em verdade,
devia ter-se chamado “Regulamento
Provisório de Campo das Forças Armadas Vermelhas (Exército Vermelho) e da Insurreição Armada”.
Em 1921 e 1922, Tukhatchevsky atuou em favor da
criação de um “Estado
Maior da Internacional Comunista”.
Quando não conseguiu impor-se com essa proposta junto ao Estado Maior das Forças Armadas
Vermelhas (Exército Vermelho), publicou, sob
o pseudônimo de Solomin,
uma série de artigos, nas revistas
militares soviéticas, fazendo rufar tambores em defesa de suas idéias.
Trotsky rejeitou a proposta Tukhatchevsky-Solomin com a fundamentação indubitavelmente correta de que os
membros não-soviéticos desse Estado Maior poderiam apenas cumprir o papel de
figurantes, enquanto o proletariado não tivesse tomado o poder em seus países e
criado suas próprias Forças Armadas Vermelhas.
As relações pessoais e profissionais existentes entre Trotsky e Tukhatchevsky permaneceram, entretanto, as melhores que se poderia
imaginar, a despeito, porém, de certas diferenças de concepções militares e
políticas que possuíam.
Mesmo sob a pressão moral do Partido, Tukha jamais fez publicar um pronunciamento sarcástico ou mesmo
sequer uma crítica contra Trotsky.
Em círculos privados, Tukha falava do Primeiro Dirigente das Forças
Armadas Vermelhas (Exército Vermelho), com grande
respeito.
Em sua contribuição ao livro sobre “A Insurreição Armada. Tentativa
de uma Apresentação Teórica”, Tukhatchevsky não se intimida em citar uma ordem-do-dia de Trotsky, com plena referência ao nome desse último e é
praticamente inacreditável que o editor da obra em referência, por ocasião dos
lançamentos de 1928 (primeira edição alemã) e de 1931, não tenha expungido, com
fogo e ácido sulfúrico, o nome do “cão de coleira do fascismo e agente do imperialismo”.
Com efeito, Tukhatchevsky observa em seu texto “As Ações dos Sublevados Durante
uma Insurreição”, precisamente acerca
da defesa de uma cidade tomada pelos insurgentes e as medidas de defesa
aplicadas no interior da cidade :
“No contexto
do avanço das forças armadas de Nikolai Yudenitch sobre Petrogrado, em 1919, Trotsky escreveu o seguinte, em uma ordem-do-dia :
«
Considerando-se do ponto de vista puramente militar, seria mais conveniente se
permitíssemos que o bando de Yudenitch rompesse a barreira e chegasse até os muros da cidade,
pois Petrogrado pode ser
transformada, com facilidade, em uma armadilha poderosa para os bandos da Guarda Branca.
A capital
nortista da Revolução
dos Trabalhadores ocupa uma superfície de 41 milhas quadradas.
Em Petrogrado, existem
quase 20.000 comunistas, uma considerável guarnição e meios monstruosos, quase
inesgotáveis, de defesa, com tropas de engenharia e artilharia.
Os guardas
brancos que cairem nessa cidade gigante, depois de terem rompido a barreira,
ingressarão em um labirinto de pedras, no qual cada casa se tornará para eles
um enigma e, em verdade : ou uma ameaça ou um perigo mortal.
Desde aqui,
devem ser assaltados de golpe: deverá esse golpe ser desferido a partir das
janelas, dos tetos, dos fogões ou da emboscada?
Por todos os
lados, existem à nossa disposição metralhadoras, fuzis, pistolas e granadas de
mão.
Podemos
bloquear umas ruas com arame farpado, deixando outras abertas, transformando-as
em covas, para o que será apenas necessário diversos milhares de homens
firmemente decididos a não entregarem Petrogrado.
Na medida em
que assumamos a posição central, poderíamos agir em todo o perímetro, partindo
do centro, em direção à periferia, e, a todo o momento, desferir o golpe na
direção que seja mais importante para nós.»[2]
Ademais disso, valendo-se da larga experiência
revolucionário-insurrecional de Trotsky, Tukhatchevsky assinala em
seu texto em destaque o seguinte acerca da atividade e da tenacidade no
impulsionamento da luta dos sublevados :
“Se os que se
encontram na defesa desenvolverem suficiente obstinação, aproveitando as
vantagens que resultam da posição de defesa (mediante utilização de casas,
janelas, tetos de casas e de toda e qualquer possibilidade de cobertura,
valendo-se entre outras coisas de barricadas), terão a oportunidade de impor ao
adversário severas perdas materiais e morais.
Em seu livro
intitulado "1905", Trotsky faz referência ao seguinte episódio característico da luta
defensiva dos sublevados, durante a Insurreição de Dezembro de 1905, em Moscou :
« Tendo à sua
disposição três canhões e duas metralhadoras, uma tropa de luta com a força de
30 homens, que se havia fixado em um prédio, aguentou, durante quatro (4)
horas, o bombardeamento, realizado por cerca de 500 ou 600 soldados.
Depois de ter
esvaziado todos os seus cartuchos e impor severas perdas aos pelotões, a tropa
de luta conseguiu retirar-se, sem que nem mesmo um de seus componentes ficasse
ferido.
Os soldados,
porém, tinham incendiado diversas casas de madeira e aniquilado um número
significativo de moradores, por estarem alucinadamente apavorados : tudo isso
com o objetivo de forçar a retirada do grupo de revolucionários. »
Episódios como
esse ocorreram, freqüentemente, por todos os lados, na Insurreição de Moscou.”[3]
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
DE
WOLLENBERG, ERICH
por
Rochel von Gennevilliers
Erich
Wolleberg nasceu em 1892, na Alemanha.
Seu pai exerceu a profissão de médico.
Após
concluir seus estudos secundários, decidiu-se também por estudar medicina.
Recrutado,
porém, em 1914, para combater na I Guerra Mundial Imperialista,
veio a alcançar o posto de tenente nas Forças Armadas do Império Alemão
(Reichswehr) e foi ferido, por cinco vezes.
Em
1918, no encerramento dessa conflagração bélica mundial, ingressou
nas fileiras do Partido Social-Democrático Independente da Alemanha(USPD)
e
defendeu posições manifestamente pacifistas.
A
seguir, participando da Revolução Democrático-Burguesa Alemã de Outubro
de 1918, comandou um destacamento de marinheiros revolucionários, na
cidade de Könisberg.
Em
abril de 1919, colocando-se em favor da defesa da Revolução Bávara,
tornou-se um dos comandantes do Exército Vermelho do Norte da
República Soviética da Baviera e atuou nas lutas travadas contra o Exército
Branco, de Friedrich Noske e Gustav Noske.
Entre
maio de 1919 e março de 1922, foi preso e foragiu-se, por diversas vezes.
No
curso desses meses, enriqueceu sua prática revolucionária com a teoria
marxista-revolucionária do socialismo científico.
Entre 1922
e 1923, atuou como jornalista em Könisberg, dedicando-se às tarefas
de agitação política, no quadro do Partido Comunista da Alemanha (KPD),
junto à juventude proletária, estivadores e ferroviários, pequenos camponeses e
trabalhadores rurais dessa cidade, bem como ocupou-se com atividades
propagandistas e organizativas entre as fileiras das Forças Armadas do
Império Alemão (Reichswehr).
No fim
de abril de 1923, transferiu-se de Könisberg para a região do Ruhr
e realizou trabalho clandestino de agitação entre as tropas francesas e belgas,
acionadas na Ocupação do Vale do Ruhr, na Alemanha.
Aqui,
militou entre mineiros, metalúrgicos, jovens socialistas e comunistas, soldados
franceses e belgas da ocupação, difundindo a linha política do jornal “Humanité
du Soldat (A Humanidade do Soldado)”, editado pela secretária da Internacional
Comunista da Juventude (III Internacional) e do Partido Comunista
Francês (PCF).
Durante
o todo o verão de 1923, participou de manifestações revolucionárias
internacionalistas de luta contra a ocupação franco-belga do Vale
do Ruhr e o Governo Burguês Alemão, clamando por “Golpear Poincaré e
Cuno, no Ruhr e na Spree !”
Foi um
dos principais articuladores, em abril de 1923, da transformação da Greve
Geral de Bochum, no Vale do Ruhr – na qual tomam parte
cerca de 500.000 mineiros e metalúrgicos -, em insurreição armada
proletária.
A
direção do Partido Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich
Brandler e Ruth Fischer – por entender se tratar essa insurreição de um
ato inteiramente precipitado, ultra-esquerdista e provocativo, exigiu que Wollenberg
contribuísse para o desarmamento dos trabalhadores revolucionários do Vale
do Ruhr.
Em
agosto de 1923, é nomeado pelo Comitê Central do Partido Comunista da
Alemanha (KPD), pela III Internacional e pelo Estado-Maior
das Forças Armadas Vermelhas da URSS, dirigente supremo
político-militar, responsável pela Alemanha do Sudoeste, sendo
encarregado das operações de luta em Württemberg, Baden, Hessen e, em
parte, na Baviera, objetivando à preparação de uma insurreição armada
proletária ainda no curso do mesmo ano.
Frustada
a insurreição em tela pela direção centrista-oportunista do Partido
Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich Brandler e
Karl Radek –, Wollenberg
refugiou-se, em abril de 1924, na URSS, onde efetuou
estudos militares junto à Escola Militar do Estado-Maior das Forças
Armadas Vermelhas, em Moscou.
Entre
1924 e 1927, exerceu diversos postos de comando nas Forças Armadas
Vermelhas, tanto no interior na URSS quanto no exterior.
Tendo
capitulado à contra-revolução operário-burocrática stalinista, por intermédio
de Bukharin,
tornou-se, em 1928, especialista militar do Instituto Marx-Engels de
Moscou,
vindo
a dirigir seu Gabinete Militar.
Ministrou aulas nos cursos militares em que lutadores
alemães eram formados como especialistas em insurreições armadas proletárias.
Em fins
dos anos 20, aderiu à Oposição Soviética de Direita,
protagonizada por Bukharin, Rykov, Tomsky e outros.
Conseguindo
regressar à Alemanha, foi dirigente, no quadro do Partido Comunista da Alemanha
(KPD), da Liga dos Lutadores do Fronte Vermelho na Alemanha (Roter
Frontkämpferbund), de abril de 1931 a dezembro de 1932,
combatendo o ascenso nazista e permanecendo crítico, porém, em face da política
stalinista de então, protagonizada por Ernst Thälmann e seus adeptos,
consistente em contemplar a Social-Democracia Alemã enquanto
expressão fática do social-fascismo e principal inimigo a ser derrotado.
A
seguir, foi novamente encarcerado e, mais uma vez, liberado.
Opôs-se,
então, ativamente à linha stalinista de aliança eleitoral, selada, no quadro do
“Referendo
Prussiano Vermelho de 21 de julho de 1931”, entre o Partido
Comunista da Alemanha(KPD), o Partido Nazista de Hitler (NSDAP), o
Partido Nacional Alemão de Hugenberg (NDP) e os Capacetes
de Aço de Hindenburg (Stahlhelm), com forma de derrubar o
Governo de Frente-Popular, encabeçado pela Social-Democracia
Alemã.
Opôs-se
resolutamente à política stalinista de realização de “greve comum”, encabeçada
pelo Partido Comunista da Alemanha(KPD) em conjunto com o Partido Nazista de
Hitler (NSDAP), em novembro de 1932, contra a administração municipal
social-democrática, na cidade de Berlim.
Depois
da tomada do poder por Hitler na Alemanha, por criticar,
desde uma perpectiva trotskysta, a direção stalinista
burocrático-contra-revolucionária do Partido Comunista da Alemanha(KPD) e do Komintern
Stalinista, foi expulso dessas organizações, em 4 de abril de
1933, juntamente com Felix Wolf.
Aproximou-se
do trotskysmo, em 1934.
Foragido
na cidade de Praga, em julho de 1934, organiza um grupo de oposição
trotskysta no interior do Partido Comunista da Tchecoslováquia (CKP).
Durante
o período da Grande Depuração Stalinista, foi intensamente perseguido pela NKVD
(Polícia Secreta Stalinista), sob a acusação de liderar - juntamente
com o revolucionário alemão Max Hoelz - o “centro terrorista-trotskysta
contra-revolucionário”.
Emigrou,
em agosto de 1938, para a França e colaborou, militarmente, com
diversos grupos guerrilheiros anti-nazistas, até ser preso em 1940.
Tendo
conseguido fugir do campo de concentração Le Vernet, por contar com o auxílio
de alguns oficiais franceses, dirigiu-se para Casablanca e aí
participou da Resistência de Marrocos.
Mesmo
perseguido intensamente pelos serviços secretos stalinistas e nazistas, seu
pedido de ingresso nos EUA como refugiado político é
rejeitado pelo Consulado Norte-Americano, em outubro de 1941, a despeito de
ter recebido, em janeiro do mesmo ano, 1.200 francos do Centro Americano de Recursos para
poder organizar sua fuga em direção ao México.
Mais
uma vez preso, foi libertado pelo desembarque aliado e veio a tornar-se,
temporariamente, em 1946, correspondente de imprensa dos Estados-Unidos
na Baviera para assuntos concernentes à desnazificação.
A
seguir, passou a trabalhar como jornalista e autor independente.
Em 5 de
abril de 1971, aos 79 anos, referindo-se à sua profissão de fé revolucionária,
assinalou ter permanecido fiel à luta aberta contra o nazismo e o stalinismo, “contra
Hitler e Stalin”, esses “dois irmãos hostis”, e em favor de
um “socialismo
com face humana” que, segundo o próprio Wollenberg,
corresponderia às concepções de Marx, Engels, Rosa Luxemburg, Lenin e Bukharin”[4].
_______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS DE
TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL
por
Rochel von Gennevilliers
Mikhail Tukhatchevsky nasceu em 1893,
na cidade de Slednevo, na Rússia Czarista, no seio de
uma família nobre.
Sem embargo, tornou-se, ao longo de sua vida, uma das
mais expressivas personalidades revolucionárias das Forças Armadas
Vermelhas.
Em 1914, graduou-se na Academia Militar
Aleksandersk.
Como cadete e tenente das Forças Armadas Czaristas,
combateu ativamente na I Guerra Mundial Imperialista.
Após a vitória da Revolução Socialista de Outubro
de 1917, Tukhatchevsky aderiu, de corpo e alma, ao bolchevismo,
tornando-se oficial das Forças Armadas Vermelhas.
Já em 1918, assumiu a defesa militar revolucionária de Moscou.
Acerca desse fato, assinalou Trotsky :
“Tukhatchevsky
não apenas ofereceu seus serviços às Forças
Armadas Vermelhas, senão ainda se tornou comunista.
Distinguiu-se, quase imediatamente, no fronte e, dentro
de um ano, tornou-se General do Exército
Vermelho.
Seu brilhantismo como estrategista foi reconhecido por
inimigos de classe que o admiravam, dele caindo como vítimas.”[5]
Em 1920, Trotsky investiu-o no Comando
do V Exército Vermelho. Nessa condição, Tukhatchevsky organizou
a captura da Sibéria e a derrota do General Branco
Alexander Koltchak.
Ainda em 1920, contribuiu resolutamente para a derrota do
General Branco Anton Denikin, na região da Criméia.
Combateu na Campanha da Polônia de 1920,
exercendo funções de principal comandante das Forças Armadas Vermelhas.
Como um dos principais dirigentes militares, foi, em
março de 1921, incumbido do esmagamento da Insurreição Armada
Contra-Revolucionária de Kronstadt.
Mesmo opondo-se a Stalin e Voroshilov, serviu,
a seguir, entre 1925 e 1928, como Chefe do Corpo de Comando e Vice-Comissário
da Defesa, quando deu início a um amplo processo de reorganização do
sistema militar soviético.
Tornou-se, ainda, em 1935, Marechal das Forças
Armadas Vermelhas, quando demonstrou possuir expressiva ousadia e
independência, em seu intento de proteger o sistema militar soviético em face
das intromissões desmedidas, efetuadas pela GPU stalinista nesse
domínio do Estado Soviético.
Em junho de 1937, Tukhatchevsky e outros sete
altos comandantes soviéticos foram presos e acusados pelo stalinismo burocrático-soviético
contra-revolucionário de atuarem como conspiradores em defesa dos
interesses da Polícia Secreta Alemã (Gestapo).
Denunciado por Karl Radek como um dos Marechais
Soviéticos colaboradores da oposição democrático-soviética, foi,
em 1937, julgado culpado e sumariamente executado.
Acerca das falaciosas acusações levantadas pelo
stalinismo contra Tukhatchevsky e todos os comandantes das Forças
Armadas Vermelhas da Guerra Civil, Trotsky escreveu, com
grande retidão :
“Todos os que dirigiram as Forças Armadas Vermelhas durante o período stalinista – Tukhatchevsky, Yegorov, Blücher, Budenny,
Yakir, Uborevitch, Garmarnik, Dybenko, Fedko, Kork, Putna, Feldman, Alksnis,
Eidemann, Primakov e muitos outros – foram, cada qual a seu tempo,
promovidos a postos de responsabilidade militar quando estive à cabeça do Comissariado de Guerra.
Foram, na maioria dos casos, promovidos por mim
pessoalmente, durante minhas rondas nos frontes e minha direta observação de
seus trabalhos de guerra.
Ainda que o meu próprio comando houvesse sido ruim, foi,
aparentemente, bom o suficiente para ter selecionado os melhores dirigentes
militares disponíveis, uma vez que Stalin,
por mais de dez anos, não pôde encontrar ninguém para substituí-los.
Em verdade, quase todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil,
todos os que subseqüentemente construíram nossas Forças Armadas, revelaram-se, no final das contas, «traidores» e «espiões». Porém, isso não altera a questão : foram esses homens
que defenderam a Revolução e o país.”[6]
E, além disso, enfatizou :
“O Governo
Soviético não apenas prendeu e executou seu Comissário da Guerra em
exercício, Tukhatchevsky, senão além
disso e sobretudo, exterminou todo o
corpo de comando mais antigo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Auxiliado por correspondentes estrangeiros complacentes,
situados em Moscou, a propaganda da
máquina stalinista tem enganado sistematicamente a opinião pública do mundo
sobre o estado atual das coisas na União
Soviética.
O governo
stalinista monolítico é um mito.”[7]
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE –
PARIS
[1] O presente texto em
língua portuguesa foi traduzido do idioma alemão conforme NEUBERG, A. Der bewaffnete Aufstand. Versuch einer theoretischen
Darstellung(A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentaçao Teórica),
Eingleitet von Erich Wollenberg (Introduzido por Erich Wollenberg), Frankfurt
a.M. : Europäische Verlanganstalt, 171, pp. XIII e XIV.
[2] Cf. TUKHATCHEVSTKY, MIKHAIL N. Die Kampfhandlungen von Aufständischen
während eines Aufstandes(As Ações de Luta dos Sublevados Durante uma
Insurreição), especialmente : Die Verteidigung einer von Aufständischen
eingenommenen Stadt und Verteidigungsmaßnahmen innerhalb der Stadt(A Defesa de
uma Cidade Tomada pelos Sublevados e as Medidas de Defesa Aplicadas no interior
da Cidade), in : A. Neuberg. Der bewaffnete Aufstand. Versuch einer
theoretischen Darstellung(A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentação
Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner, 1971, p. 270.
[3] Cf. IDEM. Die Kampfhandlungen von Aufständischen zu Beginn eines
Aufstandes. Grundlegende taktische Regeln (As Ações de Luta dos Sublevados no
Início de uma Insurreição. Regras Táticas Fundamentais), especialmente : Über
die Aktivität und Ausdauer im Kampfe (Acerca da Atividade e Tenacidade na
Luta), in : ibidem, p. 235.
[4] Acerca do tema, vide p.ex. WOLLENBERG, ERICH. Sinn und Zielrichtung meines Lebens (Sentido e Direção Finalística da Minha Vida), in : Schwarze Protokolle (Protocolos Negros), Nr. 6, Hamburg, 04.1971, pp. 3 e s.
[5] Cf. TROTSKY, LEV DAVIDOVITCH. Stalin (1941), Capítulo
: The Civil War (A Guerra Civil), Londres : Hollis and Carter, 1947, p. 327.
[6] Cf. IDEM.
ibidem, Livro II, Capítulo : A Guerra Civil, Benson-Vermont: Felshtinsky, 1985,
p. 269.
[7] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : Kinto no Poder, Benson-Vermont:
Felshtinsky, 1985, pp. 420 e s.