ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
O Ataque Interno nas Lutas de Rua Depois de Assediada a Cidade pela
Insurreição Proletária:
As Ações de Luta dos Sublevados Durante uma Insurreição
MIKHAIL N. TUKHATCHEVSKY[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
“A força não se encontra nos números, mas sim nas
táticas revolucionárias.”
Jakob
M. Sverdlov
citado em E. N. Burdjalov. Acerca da Tática dos
Bolcheviques
em Março e Abril de 1917, in : Voprossy Istorii
(Questões da História), Nr. 4,
Abril de 1956, p. 54
A investigação da questões
relacionadas com a tomada de cidades
através de ataques externos,
realizado com lutas subseqüentes, no interior dessa mesma cidade, não pertencem
à nossa presente tarefa de análise.
Aqui, investigaremos o ataque
interno em cidades enquanto um dos tipos das ações
de luta dos sublevados, empreendido contra as forças de combate do velho poder
de classe - não aniquiladas pelos primeiros golpes das
organizações de luta do proletariado -, depois de o proletariado
ter assediado a cidade, dando passos adiante no processo de luta, iniciado
com a insurreição, em prol da afirmação do novo
poder revolucionário proletário.
Acerca dessa questão, o Regulamento
Provisório de Campo do Exército Vermelho da Uniao Soviética assinala, entre outras matérias,
o seguinte :
"Através da defesa, pode-se apenas debilitar o adversário, porém não
aniquilá-lo."[2]
Enquanto parte agressora, os
sublevados que deram início às suas ações de luta contra o aparato do poder do
Estado devem valer-se, com todas as forças, da vantagem da situação em que se
encontram.
Depois de os sublevados terem-se
aproveitado dos êxitos iniciais,
alcançados através do ataque inesperado contra o adversário de
classe, não podem perder nenhum minuto sequer,
concedendo-lhe tempo para que se ponha em disposição de luta.
Devem, pelo contrário, golpeá-lo,
separada e precisamente, ali onde aparecer.
O elemento temporal desempenha um papel colossal, no primeiro momento da
insurreição - tal como já referido precedentemente.
Às vezes, uma meia-hora pode ser
de significado decisivo para o resultado da luta.
Todas as ponderações de caráter
político ou de outra natureza - falta de armas, falta de dados informativos
sobre o inimigo de classe etc., capazes de debilitar a velocidade
das ações de ataque dinâmico dos sublevados, podem
e devem ser consideradas.
Atividade, ofensiva e ataque devem, nesse momento, dominar todas as demais coisas, custe o que
custar.
CARÁTER SISTEMÁTICO DAS AÇÕES DE ATAQUE:
PLANO DE ATAQUE
Mesmo depois de o adversário
ter-se preparado para as lutas, passando à ofensiva, forçando os sublevados a
ocuparem uma posição de defesa, poderão as ações de ataque dos
sublevados assumir um caráter sistemático.
Nesse caso, os ataques devem ser
preparados cuidadosamente.
Na Instrução Britânica, já por nós citada, consta o seguinte :
"O fator principal do êxito no ataque das lutas de rua é sua preparação e organização
omnilateral, realizada antes de que as tropas regulares sejam empregadas para
um ataque.
Em nenhum tipo de direção de guerra, um ataque despreparado custa
tantas pesadas perdas como nas lutas de rua.
Aqui, um erro cometido por uma única vez pode ser apenas corrigido com
imensos esforços.
Pelo contrário, o êxito pode ser alcançado mediante o estudo sistemático
dos métodos e dos planos, elaborados pela direção das lutas de rua.
Esse último aspecto é particularmente importante no momento em que o
adversário dispuser de uma certa medida de astúcia, possuindo tempo suficiente
para se preparar para a defesa."
Antes de toda ofensiva e de todo ataque
nas lutas de rua, deve o agressor realizar o mais
detalhado reconhecimento do adversário de classe, do
terreno e dos percursos de marcha rumo às posições detidas pelos defensores.
O reconhecimento deve propiciar
ao atacante proletário dados precisos e omnilaterais sobre o sistema de
fortificações dos esquadrões de defesa e de seus pontos de apoio, sobre os
pontos de localização de suas metralhadoras, bem como indicações sobre a
possibilidade de execução de um ataque concentrado contra eles etc.
Com fundamento nesses dados do
serviço de informação sobre o adversário e o terreno, a direção revolucionária
do proletariado deve elaborar o plano de ataque.
No que tange à sua concepção, o plano
de ataque nas lutas de rua das cidades deve ser simples, porém, ao mesmo tempo, pedantemente sistemático, havendo de prever medidas que possibilitem uma metódica destruição das
posições do adversário de classe.
Devem ser formuladas tarefas
claras e concretas, a serem executadas por cada uma
das unidades revolucionárias de subdivisão.
Caso contrário, ocorrerá uma
desordem nas unidades revolucionárias da Guarda Vermelha e uma confusão nas ações de combate, conduzindo à total aniquilação do
empreendimento revolucionário.
FORTIFICAÇÃO DAS CASAS E DAS RUAS
O plano de ataque deve prever a fortificação das casas e das ruas, tomadas pelos agressores proletários, a fim de criar um ponto de
partida seguro para o avanço subseqüente.
SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS METRALHADORAS,
ARTILHARIA
DE CAMPO, GRANADAS, BOMBAS E MORTEIROS
Uma atenção especial deve ser
dedicada às metralhadoras das tropas regulares de defesa.
Estas, nas mãos daqueles,
constitui um meio poderoso de luta.
Se os atacantes portam consigo
artilharia ou morteiros, sua principal tarefa deve residir na destruição
das metralhadoras inimigas.
As posições de artilharia devem ser, em regra, selecionadas, da maneira mais adequada, entre as
localidades dos subúrbios da cidade ou das praças abertas.
Nesse caso, os observadores
artilheiros devem estar juntos dos atacantes proletários.
Podem dar-se casos em que seja
adequado permitir que os canhões
sejam levados para a imediata proximidade dos atacantes, visando a que se
adquira livre campo de tiro.
Assim ocorreu, p.ex., durante a Insurreição
dos Socialistas-Revolucionários (SRs), em Moscou, em 1918.
O Comando Vermelho Bolchevique deu ordem para que duas baterias de canhões fossem levadas para a frente da Vila Morosov, tomada pelos rebeldes que detinham em seu poder diversas metralhadoras.
Um dos canhões avançou 300 passos
adiante dessa vila e abriu fogo sobre ela. Os efeitos do disparo desse canhão
foram favoráveis, em todos os sentidos.
Sobre esse tema, o companheiro Ioakim
Vatsetis, que dirigiu o esmagamento da rebelião dos
socialistas-revolucionários (SRs), escreveu, da seguinte forma :
"Tal como se verificou depois da liquidação da
rebelião, estava ocorrendo uma reunião dos socialistas-revolucionários (SRs) de
esquerda, na Vila Morosov, no momento em que Bersin, comandante da bateria, abriu fogo.
O primeiro obus explodiu no recinto, situado ao lado
do salão de conferência.
O segundo, fez o mesmo.
Os tiros subseqüentes, disparados com corpos
explosivos, foram orientados para o teto e para a sacada.
As explosões estonteantes das granadas produziram um efeito de pânico
sobre os participantes da reunião.
Estes saíram às ruas, dispersando, por todos os
lados, para salvarem-se dos corpos explosivos.
Depois dos dirigentes, também fugiram as suas
tropas."[3]
Também os morteiros possuem, em todos os sentidos, um grande significado no quadro do ataque
nas lutas de rua das cidades.
Partindo das experiências das
lutas de rua ocorridas em Berlim, em
1919, W. Balk, o teórico militar da
burguesia alemã, é de opinião que os morteiros são
mais úteis do que a artilharia de campo.
Em seu trabalho por nós já
citado, "Die Taktik des Straßenkampfes (A Tática da
Luta de Rua), W. Balk refere exemplos de utilização de
morteiros por parte das tropas regulares, no contexto
do esmagamento da Insurreição de Spartakus, em Berlim,
em 1919 :
"A principal tarefa dos setores atacantes da
nossa tropa foi a aniquilação das posições dos militantes de Spartakus, na entrada do túnel.
A partir do mercado Werd, foi bombardeada a Praça
de Alexander com
obuses de morteiros que abriam cavidades de seis a sete metros de
profundidade.
Esses obuses penetravam através das camadas de rua,
situadas sobre o túnel do mêtro, impondo aos militantes spartakistas perdas colossais.
Como de costume, o efeito moral produzido por esses
morteiros foi impactante.
Os spartakistas recuaram, em pânico, abandonando
o seu ponto de apoio, retrocedendo, em direção da Rua
Münz.
A ocupação comunista da Casa
da Associação dos Professores e do Café Braun intentou oferecer enérgica resistência.
Tendo em conta que foi impossível proceder contra
esses prédios com a artilharia, decidimos atacá-los também com morteiros.
O efeito destes foi, também nesse caso,
extraordinário.
Todos os sublevados, ainda incólumes, abandonaram
logo os edifícios e caíram nas mãos das tropas governamentais.
Da mesmíssima maneira, dois tiros de morteiros sobre a Casa
Comercial Tietz
puseram a metralhadora, ali postada, inteiramente fora de combate ...
Os morteiros são mais vantajosos nas lutas de rua do que a artilharia
de campo."[4]
Semelhante
opinião sobre as vantagens dos morteiros nas
lutas de rua em comparação com a artilharia de campo possuem os militares da burguesia norte-americana, os quais copiaram a
experiência alemã em sua instrução sobre o esmagamento de
insurreições nas cidades, tal como, em geral, procederam
em todas as questões de tática das lutas de rua, travada sob
condiçoes de insurreições.
Segundo a Instrução
Norte-Americana em causa:
"No contexto do ataque a pontos específicos de uma cidade, os morteiros
de trincheiras
serão, segundo todas as probabilidades, mais úteis do que a artilharia
leve."
As granadas de mão e as
bombas, com forte efeito explosivo, possuem grande
significado em ataque a casas.
Podem ser utilizadas, com grande
proveito, seja contra as forças ativas das tropas regulares de defesa, seja
também contra as metralhadoras -caso resulte possível passar,
desapercebidamente, tão próximo delas a ponto de lançar granadas de mão contra
suas posições -, seja ainda para a destruição de pequenos obstáculos, como
p.ex. nas explosões de portas, portões etc.
GRUPOS DA ORGANIZAÇÃO DE LUTA DO PROLETARIADO
Todo o peso pesado dos ataques
nas lutas de rua reside nos pequenos grupos da organização de luta do
proletariado – esquadrão, coluna, centúria, unificação de diversas colunas,
batalhão.
Dado que essas subdivisões atuam,
na maioria dos casos, autonomamente, durante o ataque,
tendo de cumprir, autonomamente, tarefas de luta, torna-se necessário - se a possibilidade para tanto subsiste - fornecer a
cada uma dessas subdivisões - batalhões, centúrias e, em casos específicos, até
mesmo colunas - canhões ou morteiros, na quantidade de uma ou duas peças.
Cada uma das subdivisões da Guarda
Vermelha deve ser abastecida suficientemente com granadas
de mão e bombas,
dotadas de grande efeito explosivo.
Além disso, essas subdivisões
devem levar consigo um número suficiente de machados, picaretas, enxadas e escadas de corda, necessários
à luta corporal nas casas, onde haverá detonação de portas, explosão de paredes
intermediárias, paredões de saguão, utilização de escadas que tornem possível o
trânsito de um andar para o outro etc.
DOIS MÉTODOS NO ATAQUE DAS LUTAS DE RUA
"O ataque de ruas é composto pela gradativa tomada
de casas e praças por grupos isolados, bem como pela luta por barricadas.
O ataque pode ocorrer de tal forma que se avance ao longo da própria rua
ou, uma vez abandonada essa, circundando-a através de casas, pátios e jardins.
O primeiro método é o máis rápido.
O segundo, o mais seguro, ligado com perdas menores, porém,
também, o mais lento.
A escolha do tipo de ataque permanece confiado aos dirigentes
revolucionários do proletariado, segundo a situação geral e a quantidade dos
meios técnicos que se encontrarem à sua disposição."[5]
Existindo a disposição dos
atacantes proletários suficiente artilharia - canhões de campo e morteiros - que podem, mediante o seu fogo,
levar a calar as metralhadoras inimigas, então há de se preferir o primeiro
método de ataque, i.e. o ataque ao longo da rua,
pois que produz o mais rápido resultado.
No caso de faltar artilharia, será mais adequado o ataque desferido mediante circundação de casas,
pátios e jardins, ao longo do caminho a percorrer-se.
MÉTODO COMBINADO DE ATAQUE NAS LUTAS DE RUA
Freqüentemente, convirá
empreender um método combinado de ataque, i.e. o ataque ao longo das ruas e a aplicação de manovras de circundação,
realizados ambos concomitantemente.
Manobras de circundação possuem o
objetivo de avançar, lentamente, de uma casa a outra, cruzando o sistema de
defesa, por meio de ataques freqüentes contra as tropas regulares de defesa,
forçando-as ao abandono de suas posições.
SOBRE A INVASÃO DE CASAS
Na invasão das casas, os
atacantes proletários devem proceder a uma revista cuidadosa de todos os
espaços da casa em questão.
Caso os moradores da casa tenham
participado da luta, ao lado das tropas regulares de defesa, devem ser,
imediatamente e durante o tempo de duração do combate, detidos em espaços
especialmente vigiados.
ATAQUE CONTRA BARRICADAS
O ataque contra as barricadas
ocorre, da melhor maneira, com auxílio de automóveis blindados e tanques.
Se os atacantes proletários não possuirem
à disposição nenhum meio de luta blindado, poderá a luta travada contra
barricadas processar-se por meio de esquadrões de ataque de infantaria, os quais devem ser apoiados com metralhadoras e, particularmente, com a artilharia,
cujo fogo deve ser voltado contra os ninhos de metralhadoras e as tropas
regulares de defesa, bem como contra as casas que dominam as barricadas.
O ataque frontal contra as
barricadas deve ocorrer paralelamente a uma circundação simultânea das barricadas,
empreendida por esquadrões específicos dos atacantes.
PLANO DE ATAQUE E SERVIÇO DE INTERCONEXÃO
Na elaboração do
plano de ataque concernente a uma rua ou a um inteiro bairro
habitacional, a direção revolucionária dessas operações deve prestar atenção à
organização do serviço de interconexão.
Além da utilização do serviço
técnico de interconexão da cidade mediante sistema telefônico, cumpre organizar, de maneira abrangente, o serviço de interconexão
mediante correio etc.
A direção revolucionária
conseguirá influenciar, mediante ordens, a dinâmica da luta, apenas se o
serviço de interconexão funcionar ininterrumptamente.
SOBRE AS RESERVAS DE FORÇAS DESTINADAS AO ATAQUE
Durante a insurreição, um sério
meio de influência da situação de luta é constituido pelas reservas de forças
revolucionárias, colocadas à disposição dos dirigentes das operações.
Disso resulta, portanto, a
necessidade de serem formadas reservas suficientemente fortes, no contexto da
distribuição das forças destinadas ao ataque, acomodando-as na direta proximidade
da área a ser atacada.
Freqüentemente, também os
comandantes revolucionários das unidades revolucionárias menores – incluindo
centúrias, batalhões etc. - terão de possuir reservas.
A função dessas reservas é a
seguinte :
a) servir ao desenvolvimento subseqüente do êxito alcançado em um ataque
vitorioso ;
b) ser de utilidade para o fortalecimento dos setores das tropas
proletárias atacantes ;
c) estar à disposição da defesa, resultante de casualidades.
TOMADA DE EDIFÍCIOS ESPECÍFICOS
No processo da tomada de
edifícios específicos, durante as lutas de rua, é, em primeira linha,
indispensável isolá-los dos demais prédios e, em segundo lugar, organizar o ataque de fogo, defraldado contra o edifício em causa.
Apenas então, há de se proceder
ao assalto contra o edifício, fundando-se em um plano precisamente elaborado.
A isolação do edifício que se submete ao ataque deve ser organizada através da tomada de todos
os prédios que o circundam, bem como de todos os acessos que conduzem dele à
cidade.
O ataque de fogo deve ser empreendido tanto através de artilharia quanto através de
metralhadoras.
A tarefa da artilharia é a aniquilação das metralhadoras das tropas regulares de defesa, a
destruição de portões etc.
A tarefa das metralhadoras é de manter, sob fogo, as sacadas, as janelas e o teto do edifício.
Convém organizar o disparo de
tiros a partir das janelas e tetos dos edifícios vizinhos, libertados da
influência do adversário.
O ataque realizado propriamente
com subdivisões de infantaria deve ocorrer de modo rápido e enérgico.
Oportunamente, a direção
revolucionária do ataque desferido contra um edifício específico deve adotar
medidas que tornem impossível a fuga do adversário.
No quadro da elaboração do
plano de assalto, a direção do ataque a um
edifício específico ou a um grupo de edifícios há de elaborar instruções
relativas ao caso de fracasso do ataque em questão.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
_______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS DE
TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL
por
Rochel von Gennevilliers
Mikhail Tukhatchevsky nasceu em 1893,
na cidade de Slednevo, na Rússia Czarista, no seio
de uma família nobre.
Sem embargo, tornou-se, ao longo de sua vida, uma das
mais expressivas personalidades revolucionárias das Forças Armadas
Vermelhas.
Em 1914, graduou-se na Academia Militar
Aleksandersk.
Como cadete e tenente das Forças Armadas Czaristas,
combateu ativamente na I Guerra Mundial Imperialista.
Após a vitória da Revolução Socialista de Outubro
de 1917, Tukhatchevsky aderiu, de corpo e alma, ao bolchevismo,
tornando-se oficial das Forças Armadas Vermelhas.
Já em 1918, assumiu a defesa militar revolucionária de Moscou.
Acerca desse fato, assinalou Trotsky :
“Tukhatchevsky
não apenas ofereceu seus serviços às Forças
Armadas Vermelhas, senão ainda se tornou comunista.
Distinguiu-se, quase imediatamente, no fronte e, dentro
de um ano, tornou-se General do Exército
Vermelho.
Seu brilhantismo como estrategista foi reconhecido por
inimigos de classe que o admiravam, dele caindo como vítimas.”[6]
Em 1920, Trotsky investiu-o no Comando
do V Exército Vermelho. Nessa condição, Tukhatchevsky organizou
a captura da Sibéria e a derrota do General Branco
Alexander Koltchak.
Ainda em 1920, contribuiu resolutamente para a derrota do
General Branco Anton Denikin, na região da Criméia.
Combateu na Campanha da Polônia de 1920,
exercendo funções de principal comandante das Forças Armadas Vermelhas.
Como um dos principais dirigentes militares, foi, em
março de 1921, incumbido do esmagamento da Insurreição Armada
Contra-Revolucionária de Kronstadt.
Mesmo opondo-se a Stalin e Voroshilov, serviu,
a seguir, entre 1925 e 1928, como Chefe do Corpo de Comando e Vice-Comissário
da Defesa, quando deu início a um amplo processo de reorganização do
sistema militar soviético.
Tornou-se, ainda, em 1935, Marechal das Forças
Armadas Vermelhas, quando demonstrou possuir expressiva ousadia e
independência, em seu intento de proteger o sistema militar soviético em face
das intromissões desmedidas, efetuadas pela GPU stalinista nesse
domínio do Estado Soviético.
Em junho de 1937, Tukhatchevsky e outros
sete altos comandantes soviéticos foram presos e acusados pelo stalinismo
burocrático-soviético contra-revolucionário de atuarem como
conspiradores em defesa dos interesses da Polícia Secreta Alemã (Gestapo).
Denunciado por Karl Radek como um dos Marechais
Soviéticos colaboradores da oposição democrático-soviética, foi,
em 1937, julgado culpado e sumariamente executado.
Acerca das falaciosas acusações levantadas pelo
stalinismo contra Tukhatchevsky e todos os comandantes das Forças
Armadas Vermelhas da Guerra Civil, Trotsky escreveu, com
grande retidão :
“Todos os que dirigiram as Forças Armadas Vermelhas durante o período stalinista – Tukhatchevsky, Yegorov, Blücher, Budenny,
Yakir, Uborevitch, Garmarnik, Dybenko, Fedko, Kork, Putna, Feldman, Alksnis,
Eidemann, Primakov e muitos outros – foram, cada qual a seu tempo,
promovidos a postos de responsabilidade militar quando estive à cabeça do Comissariado de Guerra.
Foram, na maioria dos casos, promovidos por mim
pessoalmente, durante minhas rondas nos frontes e minha direta observação de
seus trabalhos de guerra.
Ainda que o meu próprio comando houvesse sido ruim, foi,
aparentemente, bom o suficiente para ter selecionado os melhores dirigentes
militares disponíveis, uma vez que Stalin,
por mais de dez anos, não pôde encontrar ninguém para substituí-los.
Em verdade, quase todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil,
todos os que subseqüentemente construíram nossas Forças Armadas, revelaram-se, no final das contas, «traidores» e «espiões». Porém, isso não altera a questão : foram esses homens
que defenderam a Revolução e o país.”[7]
E, além disso, enfatizou :
“O Governo
Soviético não apenas prendeu e executou seu Comissário da Guerra em
exercício, Tukhatchevsky, senão além
disso e sobretudo, exterminou todo o
corpo de comando mais antigo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Auxiliado por correspondentes estrangeiros complacentes,
situados em Moscou, a propaganda da
máquina stalinista tem enganado sistematicamente a opinião pública do mundo
sobre o estado atual das coisas na União
Soviética.
O governo
stalinista monolítico é um mito.”[8]
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
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DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
[1] Cf. TUKHATCHEVSKY,
MIKHAIL N. Die Kampfhandlungen von Aufständischen zu Beginn eines
Aufstandes. Grundlegende taktische Regeln (As Ações de Luta dos Sublevados no
Início de uma Insurreição. Regras Táticas Fundamentais), in : A. Neuberg. Der
bewaffnete Aufstand. Versuch einer theoretischen Darstellung(A Insurreição
Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner,
1971, pp. 239 e s.
[2] Cf. PROVISORISCHES FELDREGLEMENT DER ROTEN ARMEE DER SOWJETUNION (Regulamento
Provisório de Campo do Exército Vermelho da União Soviética), pp. 245 e 246.
[3] Cf. VATSETIS, IOAKIM IOAKIMOVITCH. A Ação dos Socialistas-Revolucionários de Esquerda em Moscou, in: Voina i
Revolutsia (Guerra e Revolução),
Cadernos 10 e 11, 1927, pp. 3 e s.
[4] Cf. W. BALK. Die Taktik des Straßenkampfes (A Tática da Luta de Rua),
in : Monatshefte für Politik und Wehrmacht (Revista Mensal para Política e
Poder Militar), 1919.
[5] Cf. PROVISORISCHES FELDREGLEMENT DER ROTEN ARMEE DER SOWJETUNION
(Regulamento Provisório de Campo do Exército Vermelho da Uniao Soviética), p.
414.
[6] Cf. TROTSKY, LEV DAVIDOVITCH. Stalin (1941), Capítulo
: The Civil War (A Guerra Civil), Londres : Hollis and Carter, 1947, p. 327.
[7] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : A Guerra Civil, Benson-Vermont:
Felshtinsky, 1985, p. 269.
[8] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : Kinto no Poder, Benson-Vermont: Felshtinsky,
1985, pp. 420 e s.