ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Sobre o Dinamismo e a Tenacidade nas Lutas Insurrecionais:
As Ações de Luta dos Sublevados no Início de uma Insurreição
MIKHAIL N. TUKHATCHEVSKY[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
“A força não se encontra nos números, mas sim nas
táticas revolucionárias.”
Jakob
M. Sverdlov
citado em E. N. Burdjalov. Acerca da Tática dos
Bolcheviques
em Março e Abril de 1917, in : Voprossy Istorii
(Questões da História), Nr. 4,
Abril de 1956, p. 54.
No início de setembro de 1906, Lenin escreveu o seguinte sobre o dinamismo e a tenacidade, a serem empreendidos no quadro da insurreição :
"Sejamos conscientes do fato de que
uma grande luta de massas se aproxima.
Será a insurreição armada. Deverá ter lugar, segundo as possibilidades,
em todos os lugares, ao mesmo tempo.
As massas precisam saber que caminham para uma luta
armada, sangrenta, desesperada.
O desprezo pela morte deve tomar conta das massas e assegurar a vitória.
A ofensiva contra o inimigo deve ser executada, da maneira mais enérgica.
O ataque - não a defesa - deve constituir a consigna das
massas.
A aniquilação impiedosa do inimigo será a sua tarefa.
A organização da luta deve ser fácil,
móvel e elástica.
Os elementos oscilantes do exército devem ser arrastados para a luta
ativa.
O Partido do proletariado consciente deve
cumprir seu dever nessa grande luta." (Lenin, Obras Completas,
Vol. 10, p. 75.)
Precisamente pouco antes da Revolução
Proletária de Outubro de 25 de Outubro de 1917, Lenin também expôs, em suas "Cartas
de Longe", os seus conselhos acerca do dinamismo,
no quadro da insurreição, assinalando o seguinte:
“Porém, a insurreição armada é uma forma
especial
de luta política que se subordina a leis
específicas que devem ser fundamentalmente ponderadas.
De modo maravilhosamente plástico, Karl Marx exprimiu essa verdade
quando escreveu que, dotada de armas, a “insurreição é uma arte, tal como a guerra o é.”
As regras mais importantes dessa arte
são, segundo Marx, as
seguintes:
1. Jamais jogar com a insurreição. Uma vez, porém, iniciada,
deve-se saber precisamente que é necessário avançar até o fim.
2. Cumpre concentrar uma imensa superioridade de forças
no local decisivo e no momento decisivo,
pois, do contrário, o inimigo de classe, que é melhor formado e melhor
organizado, aniquilará os sublevados.
3. Tão logo a insurreição tenha
começado, há que se agir com a maior resolução
e, em todas as circunstâncias e incondicionalmente, assumir a ofensiva. “A defensiva é a morte da insurreição
armada.”
4. Há que se desejar, ardentemente,
surpreender o adversário de classe, estando atento para o momento em que suas
tropas estejam dispersas.
5. Devem-se, todos os dias – e tratando-se de uma cidade, podemos dizer : todas as horas – alcançar
vitórias, ainda que pequenas e, através disso, a todo custo, manter a “prevalência moral”.
Marx sintetizou os ensinamentos de todas as
revoluções, relativos à insurreição
armada, com as palavras de “Danton,
o maior mestre de tática revolucionária, conhecido até o presente momento” :
“Ousadia,
ousadia e, mais uma vez ainda, ousadia !” (Lenin, Obras Completas, Vol. 26, pp. 166 e s.)
Depois da apresentação dessas regras
táticas, Lenin,
baseando-se nelas, extrai conclusões práticas em relação a Petrogrado,
conferindo ao Partido Bolchevique uma série de diretivas e instruções, medidas político-militares a serem
adotadas, visando a tomar o poder em "Pitier", como era o nome popular atribuído à cidade de Petersburgo.
Dirige a atenção especial do
Partido para a necessidade de grande coragem - "três vezes
audácia" -,
e determinação na luta das massas.
A experiência de todas as
revoluções confirmou essas regras táticas de Marx,
Engels e Lenin, da maneira mais clara possível :
1. Apenas quando os sublevados desenvolvem uma audácia, marcada por ilimitada dedicação, e um dinamismo que atinge a ousadia, não deixando escapar nenhuma
única oportunidade favorável para assestar um golpe no inimigo de classe;
2. Apenas quando todos os grupos, todos os lutadores individuais aspiram a
dar cumprimento à tarefa que lhes é colocada – i.e. procurar o inimigo de
classe, golpeando-o, até que esteja definitivamente aniquilado -;
3. Apenas nesse contexto, com a concomitante e correta organização da
insurreição, com a acertada escolha do momento
inicial da insurreição e com a sua mais firme
direção proletária, exercida pelo Partido comunista-revolucionário
e sua organização de combate, torna-se efetivamente possível o sucesso da
insurreição armada.
Fracassaram precisamente aquelas
insurreições nas quais esse dinamismo,
essa ousadia, esse desprezo
pela morte, essa tenacidade
na luta não foram despregados em grau suficiente ou
foram-no, porém, apenas no início da luta, ao passo que, a seguir, declinou a
vontade de vencer.
Trata-se aqui não exclusivamente
da vitória decisiva da insurreição, senão também da direção
revolucionária exitosa de toda luta armada do proletariado.
Cogitamos, aqui, inclusive
daquelas insurreições, tais quais a Insurreição de 1905, em Moscou, a Comuna de Paris, as Sublevações
Revolucionárias, de 1919, 1920, 1921, na Alemanha, bem como de outras que, em virtude de uma série de circunstâncias gerais
desfavoráveis, não puderam resultar vitoriosas.
FALTA DE DINAMISMO PROLETÁRIO
NA INSURREIÇÃO ALEMÃ DE MARÇO DE 1921
Na Ação de Março, de 1921, ocorrido na Alemanha Central, os
sublevados, situados na área da principal fábrica da cidade de Leuna,
no Estado Federado da Saxônia-Anhalt, possuíam todas as possibilidades para tomar as demais cidades das
redondezas, em primeira linha, a importante cidade de Merseburg, situada a quatro (4) quilômetros da fábrica em causa.
Eram diversas dezenas de milhares
de trabalhadores, pois que apenas essa fábrica contava, outrora, com cerca de
22.000 operários.
Encontravam-se de posse de todas
as possibilidades para o despedaçamento do aparato governamental que lá existia e das casernas policiais, como forma de expandir o território da insurreição, unificando os sublevados de outras áreas,
tais quais a de Mansfeld etc.
Os insurgentes organizaram quinze
(15) centúrias proletárias, além de forças
auxiliares - tropas de engenharia e um
grupo de bicicletistas etc.
Obtiveram consideráveis
estoques de armas.
Não possuo, entretanto, dados
exatos sobre as armas que se encontravam à sua disposição.
Porém é certo que, na invasão da
fábrica de Leuna, efetuada pelas tropas do Exército
e a Polícia do Imperial Alemão, foram apreendidas cerca de
800 fuzis, três metralhadoras e outros tipos de armas, enquanto que uma grande
parte das armas havia sido escondida, depois da insurreição.
Seja lá como for, fato é que os
sublevados permaneceram manifestamente inativos, em sua própria área, até que
as forças do Exército Imperial Alemão,
procedendo de maneira concêntrica - a partir de três lados -, com sua
artilharia e sua polícia, veio a aniquilar a posição mais importante de fogo da
Insurreição de Março, segundo o seu específico
significado.
Sem embargo, o transcurso da
insurreição em toda a Alemanha Central
poderia ter alcançado um resultado essencialmente distinto se os dirigentes dos
agrupamentos de trabalhadores da principal fábrica da cidade de Leuna tivessem desenvolvido o necessário dinamismo, exigido em tais casos.
A partir da inatividade desses
trabalhadores, não se pode, evidentemente, concluir que existisse uma falta
de dinamismo das massas trabalhadoras, contadas aos milhares.
Pois, estas manisfestaram sua
energia já através do simples fato de haverem aderido à Insurreição
de Março.
Culpada foi aqui, inteiramente, a
direção da insurreição por não saber lançar às massas consignas práticas,
conferindo-lhe instruções de como deveriam agir.
Aqui, a responsabilidade
pertence, plena e irrestritamente, à assim denominada Comissão
de Ação, ali constituida.
Esta era composta por representantes de dois Partidos, a saber: o Partido
Comunista Unificado da Alemanha (VKPD) -
que, sob a direção de Paul Levi, defendia
oficialmente uma linha política parlamentar-oportunista e avessa a toda e
qualquer estratégia ofensiva de luta - e o Partido dos Trabalhadores
Comunistas da Alemanha (KAPD), particularmente
ultra-esquerdista e portador de fortes tendências anarquistas.
Ambos esses Partidos encontram-se
totalmente degenerados nos dias de hoje e desprovidos de qualquer tipo de
influência de massas[2].
INCOMPARÁVEL DINAMISMO NA
INSURREIÇÃO
DE CRACÓVIA
DE NOVEMBRO DE 1923
De toda a história da luta
armada do proletariado, pode ser aferida uma grande
quantidade de exemplos e confirmações das regras fundamentais de Marx,
Engels e Lenin, acima referidas, sobre a necessidade de
desenvolvimento do mais amplo dinamismo na execução da insurreição
armada.
Citaremos tão somente um exemplo
- e, em verdade, o mais luminoso - que
demonstra ser até mesmo possível um assalto exitoso do proletariado, visando à
conquista do poder, quando as massas proletárias não possuem absolutamente nenhuma
arma, senão apenas a vontade inabalável de vencer, despregando um incomparável dinamismo nas ações de combate.
Trata-se, aqui, da Insurreição
de Cracóvia, de 6 de novembro de 1923.
Um dos comunistas poloneses, que
estudou essa insurreição, escreve o seguinte a seu respeito :
"Os eventos de novembro e a Insurreição de Cracóvia oferecem um instrutivo exemplo de luta classista do
proletariado.
Em 4 de novembro, foram proibidas, mediante Decreto Governamental, as
assembléias realizadas sob céu aberto.
Em 6 de novembro, moveram-se as massas para um centro
de moradia de trabalhadores, situado no interior da cidade.
As ruas que conduziam a esse centro habitacional estavam bloqueadas por
fortes tropas policiais.
Atrás da polícia, situava-se uma linha de infantaria.
As massas romperam o bloqueio policial e desarmaram
os soldados.
Tal como afirmam os documentos da denúncia criminal, as armas de que se
serviram para a realização desses atos de luta eram porretes,
garrafas e serras de cortar.
Apenas um parte dos trabalhadores
possuia armas.
A maioria deles lutava, porém,
quase sempre com porretes.
A polícia que correu em auxílio de
seus homens formou, então, um quadrado.
Logo, as massas assumiram uma batalha de fogo, travada
contra a polícia,
sendo esta forçada a retirar-se para as ruas laterais, onde foi, igualmente,
recebida com fogo.
O pessoal da polícia fugiu e escondeu-se nas casas.
Nesse momento, foi lançada a cavalaria contra os sublevados.
Quatro esquadrões de cavalaria precipitaram-se, um após o outro, na luta,
sob o fogo de cobertura de uma bateria de metralhadoras e três viaturas
blindadas.
Porém, em virtude da chuva de balas que lhes caía sobre as cabeças,
a partir das janelas e das posições reguardadas, foi-lhes absolutamente
impossível seguir avançando, sendo, a seguir, alvejados, como coelhos.
Sobre o asfalto, bailavam os cavalos, impendindo os cavaleiros,
situados na retaguarda, de passar para a dianteira.
As viaturas blindadas pararam de funcionar, porque a equipe havia-se
tornado incapaz de lutar.
Um blindado caiu na mão dos sublevados.
Depois de uma luta de três horas, a classe trabalhadora
apossou-se da cidade.
Em sentido puramente militar, o proletariado de Cracóvia havia alcancado um êxito
impactante.
Tanto os agentes da administração pública quanto as autoridades políticas
perderam inteiramente a cabeça.
O "Voivode" (i.e. o comandante militar da cidade)
foragiu-se."[3]
As massas trabalhadoras de Cracóvia que não possuíam absolutamente
nenhuma arma, no início da insurreição, armaram-se no curso da luta e golpearam, com maestria, meio
batalhão de infantaria, bem como um regimento de cavalaria, apoiado por
viaturas blindadas, acompanhado pela inteira polícia de Cracóvia.
Se foi possível, porém, a seguir,
reprimir a Insurreição de Cracóvia,
isso ocorreu apenas em virtude das traições do Partido Popular Socialista
(PPS) e por causa da insuficiente exploração da situação
revolucionária, existente naquela época, em geral na Polônia, por parte do Partido Comunista Polonês (PCP).
A Insurreição de Cracóvia entrou na história da luta armada do proletariado internacional como um exemplo
paradigmático de luta proletária de classes pela conquista do poder.
CARÁTER ATIVO
E TENACIDADE NA LUTA
SEJA OFENSIVA, SEJA TRANSITÓRIO-DEFENSIVA
"A defesa é a morte da insurreição
armada" : isso já se encontra indiscutivelmente
assentado.
A vitória só poder ser alcançada
através da ofensiva, por meio de combates ativos,
empreendidos com ataques desferidos pelos sublevados.
A passagem transitória e
inevitável à defensiva, em capítulos específicos da
luta, deve revestir-se, igualmente, de um caráter ativo.
Não a defesa, pelo desejo de defender-se, mas sim a defesa, com vistas a, subseqüentemente,
passar-se a ações ativas de combate e liquidar o adversário de classe : assim deve soar a divisa dos sublevados.
Caso os insurgentes sejam
forçados, em razão de sua desfavorável correlação de forças, a passarem,
transitoriamente, à defensiva, em setores específicos da cidade, há de ser
desenvolvido um elevado grau de tenacidade na luta, ocupando-se o maior número possível de forças do inimigo de classe.
É imprescindível impor-lhes
as maiores perdas possíveis, mediante o fogo de suas próprias
armas e, concomitantemente, utilizar a mais ínfima possibilidade para passar à
ofensiva, ao menos de modo parcial.
É indispensável assaltar as
forças do inimigo, repentinamente, pela retaguarda, pelos flancos, através da
organização de súbitas agressões de fogo,
através do desencorajamento de suas forças e, finalmente, por meio da passagem à ofensiva geral, visando à
definitiva liquidação do inimigo de classe.
Se aqueles que se encontram na
defensiva exibirem suficiente tenacidade, valendo-se das vantagens que resultam
de sua posição de defesa - através da
utilização de casas, janelas, tetos de casas e, em geral, todo tipo de
possibilidade de cobertura, entre outras coisas também de barricadas -, terão a
possibilidade de imprimir pesados prejuízos materiais e morais ao
adversário de classe.
Em seu livro intitulado "1905", Trotsky faz referência ao seguinte
episódio característico da luta defensiva dos sublevados, durante a Insurreição de Dezembro, de
1905, em Moscou :
“Uma tropa de
luta com a força de 30 homens, que se havia fixado em um prédio, aguentou,
durante quatro (4) horas, o bombardeamento, realizado por cerca de 500 a 600
soldados que tinham à sua disposição três canhões e duas metralhadoras.
Depois de ter
esvaziado todos os cartuchos e impor severas perdas aos pelotões, essa tropa de
luta conseguiu retirar-se, sem que nem mesmo um de seus componentes ficasse
ferido.
Os soldados,
porém, agindo de modo alucinadamente apavorado, haviam incediado diversas casas
de madeira, aniquilando um número significativo de moradores, : tudo isso feito
com o objetivo de forçar o grupo de revolucionários à retirada.”(Lev D.
Trotsky. 1905, Moscou, p. 17.)
Episódios como esse ocorreram,
freqüentemente, por todos os lados, no quadro da Insurreição de Moscou de
1905.
Um declarado exemplo negativo
nesse sentido oferece-nos, porém, a Insurreição de Reval (RvG.: Tallin, capital da Estônia), de 1924.
Os sublevados dessa cidade não
deram provas, tal como vimos, da mais ínfima tenacidade.
Dispersaram-se já logo depois dos
primeiros insucessos, sem organizar a resistência contra o
adversário de classe.
Entretanto, esse fato é, em certo
grau, esclarecido pela cirscunstância de que não sentiram o apoio
das massas em sua luta, o que, paralelamente aos
fracassos, acabou por conduzir ao declínio do temperamento de luta.
A insurreição não foi precedida de
qualquer ação de massas dos trabalhadores, na
forma de greves, assembléias populares
públicas, manifestações etc.
No momento da insurreição, as massas
não puderam, porém, ser incorporadas à luta tão
rapidamente quanto se desejava, uma vez que a sublevação já se encontrava
esmagada, depois de três ou quatro horas de combate.
Incorporá-las à luta teria sido,
entretanto, possível se os principais quadros dos trabalhadores houvessem tomado conhecimento prévio de que a insurreição estava sendo
impulsionada, preparando-se efetivamente para ela. Porém, esse não foi o caso.
A Insurreição de Reval surgiu de maneira imprevista, também diante dos olhos do próprio
proletariado da cidade.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
_______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS DE
TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL
por
Rochel von Gennevilliers
Mikhail Tukhatchevsky nasceu em 1893,
na cidade de Slednevo, na Rússia Czarista, no seio
de uma família nobre.
Sem embargo, tornou-se, ao longo de sua vida, uma das
mais expressivas personalidades revolucionárias das Forças Armadas
Vermelhas.
Em 1914, graduou-se na Academia Militar
Aleksandersk.
Como cadete e tenente das Forças Armadas Czaristas,
combateu ativamente na I Guerra Mundial Imperialista.
Após a vitória da Revolução Socialista de Outubro
de 1917, Tukhatchevsky aderiu, de corpo e alma, ao bolchevismo,
tornando-se oficial das Forças Armadas Vermelhas.
Já em 1918, assumiu a defesa militar revolucionária de Moscou.
Acerca desse fato, assinalou Trotsky :
“Tukhatchevsky
não apenas ofereceu seus serviços às Forças
Armadas Vermelhas, senão ainda se tornou comunista.
Distinguiu-se, quase imediatamente, no fronte e, dentro
de um ano, tornou-se General do Exército
Vermelho.
Seu brilhantismo como estrategista foi reconhecido por
inimigos de classe que o admiravam, dele caindo como vítimas.”[4]
Em 1920, Trotsky investiu-o no Comando
do V Exército Vermelho. Nessa condição, Tukhatchevsky organizou
a captura da Sibéria e a derrota do General Branco
Alexander Koltchak.
Ainda em 1920, contribuiu resolutamente para a derrota do
General Branco Anton Denikin, na região da Criméia.
Combateu na Campanha da Polônia de 1920,
exercendo funções de principal comandante das Forças Armadas Vermelhas.
Como um dos principais dirigentes militares, foi, em
março de 1921, incumbido do esmagamento da Insurreição Armada
Contra-Revolucionária de Kronstadt.
Mesmo opondo-se a Stalin e Voroshilov, serviu,
a seguir, entre 1925 e 1928, como Chefe do Corpo de Comando e Vice-Comissário
da Defesa, quando deu início a um amplo processo de reorganização do
sistema militar soviético.
Tornou-se, ainda, em 1935, Marechal das Forças
Armadas Vermelhas, quando demonstrou possuir expressiva ousadia e
independência, em seu intento de proteger o sistema militar soviético em face
das intromissões desmedidas, efetuadas pela GPU stalinista nesse
domínio do Estado Soviético.
Em junho de 1937, Tukhatchevsky e outros
sete altos comandantes soviéticos foram presos e acusados pelo stalinismo
burocrático-soviético contra-revolucionário de atuarem como
conspiradores em defesa dos interesses da Polícia Secreta Alemã
(Gestapo).
Denunciado por Karl Radek como um dos Marechais
Soviéticos colaboradores da oposição democrático-soviética, foi,
em 1937, julgado culpado e sumariamente executado.
Acerca das falaciosas acusações levantadas pelo
stalinismo contra Tukhatchevsky e todos os comandantes das Forças
Armadas Vermelhas da Guerra Civil, Trotsky escreveu, com
grande retidão :
“Todos os que dirigiram as Forças Armadas Vermelhas durante o período stalinista – Tukhatchevsky, Yegorov, Blücher, Budenny,
Yakir, Uborevitch, Garmarnik, Dybenko, Fedko, Kork, Putna, Feldman, Alksnis,
Eidemann, Primakov e muitos outros – foram, cada qual a seu tempo,
promovidos a postos de responsabilidade militar quando estive à cabeça do Comissariado de Guerra.
Foram, na maioria dos casos, promovidos por mim
pessoalmente, durante minhas rondas nos frontes e minha direta observação de
seus trabalhos de guerra.
Ainda que o meu próprio comando houvesse sido ruim, foi,
aparentemente, bom o suficiente para ter selecionado os melhores dirigentes
militares disponíveis, uma vez que Stalin,
por mais de dez anos, não pôde encontrar ninguém para substituí-los.
Em verdade, quase todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil,
todos os que subseqüentemente construíram nossas Forças Armadas, revelaram-se, no final das contas, «traidores» e «espiões». Porém, isso não altera a questão : foram esses homens
que defenderam a Revolução e o país.”[5]
E, além disso, enfatizou :
“O Governo
Soviético não apenas prendeu e executou seu Comissário da Guerra em
exercício, Tukhatchevsky, senão além
disso e sobretudo, exterminou todo o
corpo de comando mais antigo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Auxiliado por correspondentes estrangeiros complacentes,
situados em Moscou, a propaganda da
máquina stalinista tem enganado sistematicamente a opinião pública do mundo
sobre o estado atual das coisas na União
Soviética.
O governo
stalinista monolítico é um mito.”[6]
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DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
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DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
[1] Cf. TUKHATCHEVSKY,
MIKHAIL N. Die Kampfhandlungen von Aufständischen zu Beginn eines
Aufstandes. Grundlegende taktische Regeln (As Ações de Luta dos Sublevados no Início
de uma Insurreição. Regras Táticas Fundamentais), in : A. Neuberg. Der
bewaffnete Aufstand. Versuch einer theoretischen Darstellung(A Insurreição
Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner,
1971, pp. 192 e s.
[2] Nesse
passo, Tukhatchevsky formula a
seguinte nota de pé de página, em seu texto, objeto da presente tradução: “Os
dados acima foram retirados de um artigo anônimo, intitulado "Lutas na Alemanha",
surgido na revista político-militar comunista "Der Bürgerkrieg (A Guerra Civil)", Nr. 2,
1923.
[3] Citado por Tukhatchevsky
conforme LUDWIG. in :
"Der Bürgerkrieg (A Guerra Civil)", Nr. 13, 1924.
[4] Cf. TROTSKY, LEV DAVIDOVITCH. Stalin (1941), Capítulo
: The Civil War (A Guerra Civil), Londres : Hollis and Carter, 1947, p. 327.
[5] Cf. IDEM.
ibidem, Livro II, Capítulo : A Guerra Civil, Benson-Vermont: Felshtinsky, 1985,
p. 269.
[6] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : Kinto no Poder, Benson-Vermont:
Felshtinsky, 1985, pp. 420 e s.