ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :

A ARTE PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

 

Serviço de Informação e de Reconhecimento nas Lutas de Rua

Para a Insurreição Proletária Socialista : 

As Ações de Luta dos Sublevados Durante uma Insurreição

  

MIKHAIL N. TUKHATCHEVSKY[1]

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers

Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de

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“A força não se encontra nos números, mas sim nas táticas revolucionárias.”

 

Jakob M. Sverdlov

citado em E. N. Burdjalov. Acerca da Tática dos Bolcheviques

em Março e Abril de 1917, in : Voprossy Istorii (Questões da História), Nr. 4,

Abril de 1956, p. 54.

                                                                                                                                                                                                               

                                                     

Sem um cuidadoso serviço de informação sobre os objetos colocados em questão, as ações vitoriosas de luta das unidades revolucionárias dos sublevados são inconcebíveis, durante a condução dos primeiros golpes, no início da insurreição proletária socialista.

Sem ele, resulta, igualmente, inconcebível uma luta exitosa nas ruas da cidade, durante  o inteiro transcurso da insurreição.

O serviço de informação é a visão dos sublevados.

O significado colossal do serviço de informação durante a insurreição é palpável, a partir dos diversos exemplos de insurreições, apresentados por nós.

Durante a Insurreição de Cantão, a divisão de Li Fu-lin teve a possibilidade de aproximar-se a 150 metros da posição de comando do Comitê Revolucionário tão somente porque os sublevados não tinham criado absolutamente nenhum serviço de informação.

Pelo contrário, o procedimento exitoso da Insurreição de Hamburg, no contexto do desarmamento das guardas policiais, esclarece-se, em grande parte, por causa do reconhecimento por eles cuidadosamente executado, anteriormente.

Precisamente a mesma circunstância é demonstrada também pelos demais processos insurrecionais.

É imprescindível que a direção e sua comissão militar revolucionária, concomitantemente com os primeiros passos de formação das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha - centúrias de luta, centúrias proletárias etc. -,  criem, junto a essas unidades revolucionárias, subdivisões especiais de serviço de informação, concedendo-lhes ensinamento instrutivo correspondente acerca da questão.

Essas subdivisões do serviço de informação devem ser criadas junto a cada uma das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha.

Além disso, as comissões militares revolucionárias devem possuir à sua disposição um aparato especial de informação, o qual será ativado precedentemente e que, com o surgimento da situação agudamente revolucionária, haverá de ser correspondemente aperfeiçoado.

 

SOBRE O O SERVIÇO DE INFORMAÇÃO :

NOTÍCIAS, RECONHECIMENTO E OBSERVAÇÃO

 

O principal método do serviço de informação da organização de luta do proletariado antes mesmo do início da insurreição é constituido pelo serviço de notícias, reconhecimento e observação.

Esse serviço das organizações de luta é organizado para o cumprimento das seguintes tarefas :

 

a) obtenção de informações sobre as forças armadas de combate do inimigo de classe (forças armadas, polícia militar, polícia civil, marinha, organizações fascistas e outras organizações de voluntários das classes dominantes) ;

 

 b) reconhecimento do terreno da cidade, incluindo o reconhecimento dos objetivos visando ao emprego de tropas de engenharia e artilharia, bem como reconhecimento de outros objetivos ;

 

c) o serviço político de informação.

 

SOBRE A CONTRA-ESPIONAGEM

 

Um tipo especial do serviço de informação da organização militar proletária é a contra-espionagem.

As tarefas do serviço de informação das forças armadas de combate do proletariado, dinamizadas antes mesmo da deflagração da insurreição, são as seguintes :

 

a) averiguação dos pontos precisos de localização e dos pontos chaves de distribuição dos setores das tropas regulares, na cidade em causa e nas suas imediatas redondezas  ;

 

b) descobrimento dos depósitos de armas e munições, posições, guardas e postos de comando, modo e maneira segundo os quais se poderá delas se aproximar, bem como investigação da possibilidade de sua aniquilação ;

 

c) descobrimento das moradias dos membros do núcleo de comando dos setores das tropas regulares, bem como investigação da possibilidade de realização de seu repentino isolamento, durante a insurreição - ou já no início dela ;

 

d) estudo do sistema do serviço de interconexão, telefônico e telegráfico, dos postos de comando com os setores das tropas regulares com o mundo externo.

 

Atenção particular na atividade de obtenção de informações sobre os setores de tropa das forças armadas regulares deve ser consagrada às seguintes questões :

 

1)  ambiente existente entre os soldados no interior das casernas;

 

2)  suas relações, entretidas com o corpo de comando;

 

3)  clima político havido entre os setores das tropas regulares, em cada uma de suas subdivisões.

 

O serviço de informação deve contemplar todos os objetos, até nos mínimos detalhes, da maneira mais cuidadosa possível.

Os dirigentes das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha, i.e. o seu corpo de comando, devem estar igualmente familiarizados com os fundamentos da tática das forças armadas regulares, bem como com as peculiaridades da tática de sua luta e suas armas.

 

MEIOS DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES

SOBRE AS FORÇAS ARMADAS REGULARES

 

Enquanto meios de obtenção de informações sobre os setores das tropas regulares, hão de ser considerados os seguintes :

 

1)           os comunistas e jovens comunistas, localizados entre os soldados, assim como, em geral, os soldados orientados de modo revolucionário ;

 

2)           o reconhecimento pessoal, efetuado pelos dirigentes das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha ;

 

3)           o reconhecimento, efetuado por investigadores especialmente formados.

 

O SERVIÇO DE INFORMAÇÃO SOBRE A POLÍCIA

 

No que concerne à Polícia, o serviço de informação deve abranger todas as guardas policiais e postos de polícia, as forças quantitativas dos diferentes tipos de polícia, os estoques de armas, as garagens das viaturas blindadas, as moradias das autoridades policiais responsáveis, o clima existente na polícia.

Na obtenção de informações sobre  as guardas de polícia deve ser constatado, de modo inteiramente preciso, onde e como se situam cada uma das salas na guarda policial, indicando-se como delas é possível aproximar-se, onde se localiza o posto em que os fuzis do pessoal da Escola de Polícia são armazenados, bem como o local em que se armazenam as armas de reserva.

 

MEIOS DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES

SOBRE A POLÍCIA

 

Enquanto meios de obtenção de informações, surgem, nesse caso, os seguintes :

 

1)        o pessoal da Escola de Polícia que simpatiza com a direção revolucionária do proletariado ;

 

2)        o reconhecimento pessoal, efetuado pelos dirigentes das frações da Guarda Vermelha e investigadores especiais.

 

 

SERVIÇO DE INFORMAÇÃO

SOBRE AS ORGANIZAÇÕES MILITARES FASCISTAS

 

É dever das tarefas do serviço de informação, realizado nas organizações militares fascistas e nos demais agrupamentos do gênero das classes dominantes :

 

a) a constatação de seus depósitos de armas que se situam nos distritos da cidade ;

 

b) a identificação dos membros do núcleo de comando e de suas moradias, bem como do clima existente em suas organizações etc.

 

Os meios para o cumprimento de tais tarefas são os seguintes :

 

1) o envio de comunistas a essas organizações como agentes ;

 

2) a utilização de elementos proletários existentes nessas organizações mesmas  etc.

 

INFORMAÇÃO E RECONHECIMENTO

DAS LOCALIDADES

 

Em relação à inspeção das localidades, os órgãos de informação e de reconhecimento das organizações de luta da direção revolucionária do proletariado devem averiguar o seguinte :

 

a) o sistema do serviço de comunicação da cidade, seja em seu funcionamento interno, seja em sua conexão com o mundo externo: as principais centrais telefônicas, telegráficas, rádio-telegráficas, televisivas, seus departamentos, nos distritos municipais, bem como o sistema dos pontos de cruzamento dos cabos e condutos subterrâneos, as linhas telefônicas que se dirigem às moradias dos ministros responsáveis do Estado e dos membros do corpo de comando das forças armadas e da polícia.

Sem estar de posse desses dados relacionados com o sistema de serviço de comunicação tornam-se impossíveis ações exitosas que visem à sua tomada ou à sua destruição ;

 

b) o sistema de trânsito no interior da cidade e sua interligação com outras partes da cidade : o sistema de instalação das estações centrais e das conexões ferroviárias, o sistema das linhas elétricas subterrâneas e elevadas, existentes na cidade - indicando-se a maneira e a forma de como tomá-los ou destruí-los -, as garagens e estacionamentos de veículos do sistema de transporte automobilístico, o sistema das linhas de ônibus, os galpões de depósito dos ônibus, destacando-se a maneira e a forma de como tomá-los ;

 

c) o sistema de conductos de água e de iluminação, bem como as instalações elétricas, instalações de gás e outras do gênero ;

 

d) as pontes e as vias fluviais - na hipótese de um rio cruzar a cidade -, os galpões de depósito das embarcações, os locais de ancoramento das linhas dos navios fluviais. Os métodos de defesa das pontes, os métodos de cruzamento dos rios - na hipótese de as pontes encontrarem-se nas mãos do adversário de classe ;

 

e) o sistema das avenidas centrais e das praças que conduzem através de toda cidade, elaborando-se uma análise, em vista disso, das lutas de ataque ou, dado o caso, de defesa, sob o ponto de vista da direção revolucionária de combate, acompanhada de uma apreciação tática de  cada um dos prédios e grupos de prédios ;

 

f) os endereços das redações, editoras, depósitos de papéis das organizações inimigas etc. ;

 

g) os endereços das instituições de governo, das direções das associações empresariais, dos bancos etc. ;

 

h) os pontos de localidade das prisões e a possibilidade de libertação de prisioneiros ;

 

i) os arsenais, as fábricas e as oficinas de armamentos, sublinhando-se a maneira e a forma de como os tomar.

 

Enquanto meios do serviço de informação úteis para o cumprimento das tarefas elencadas acima poderão ser considerados os seguintes :

 

1)        investigadores especiais e investigadores do sistema de agência de notícias, caso sejam empregados simpatizantes da direção revolucionária do proletariado ;

 

2)        o reconhecimento, realizado pessoalmente pelos dirigentes das unidades revolucionárias de luta do proletariado etc.

 

A utilização de brochuras estatísticas oficiais, listas de endereços, livros contendo diversas descrições e planos etc. pode facilitar consideravelmente o cumprimento dessas tarefas.

 

TAREFAS ADICIONAIS DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO

 

Às tarefas políticas do serviço de informação - a serem executadas no período imediatamente anterior ao início da insurreição -, pertence o recolhimento e a sistematização de dados :

 

1)           sobre a situação política das diversas  camadas da população da cidade em questão - sindicatos, corporações, organizações esportivas, associações e movimentos de diversas naturezas etc.; 

 

2)           sobre o clima político existente nas fábricas, nos serviços ferroviários, nos setores das tropas regulares, na polícia, na marinha etc.

 

Uma das tarefas políticas do serviço de informação é a verificação dos endereços dos dirigentes responsáveis pela contra-revolução, membros renomados do governo, dirigentes dos diferentes Partidos das classses dominantes a aliados a elas, visando a promover o seu isolamento, logo no primeiro momento da insurreição.

Todos esses dados do serviço de notícias devem ser concentrados, processados e sistematizados junto aos órgãos encarregados pelo serviço de informação e de reconhecimento, a fim de que, sobre sua base, possa já ser elaborado, de antemão, o plano da insurreição para toda a cidade e cada um de seus distritos - no mínimo, no essencial -, sendo necessário operar, em conformidade com o desenrolar da situação, alterações, complementações e correções.

 

DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIA DO PROLETARIADO E SERVIÇO DE INFORMAÇÃO :

ESPIONAGEM E CONTRA-ESPIONAGEM

 

A tarefa da contra-espionagem é a de detectar provocadores e espiões de polícia nas fileiras das organizações político-revolucionárias do proletariado e em suas organizações de luta.

Os revolucionários proletários encontram-se situados em meio a um cerco inimigo.

Em suas fileiras, podem facilmente penetrar espiões, agentes policiais e elementos hostis, considerados em geral.

Em virtude disso, todos os revolucionários proletários estão obrigados a praticar contra-espionagem. Eis o seu mais nobre dever.

Entretanto, considerando-se o caráter específico desse trabalho, convém possuir, nas grandes organizações revolucionárias de massas, um aparato especial para a realização desse trabalho ou, no mínimo, um grupo composto pelos mais confiáveis e mais experimentados companheiros, a partir do qual seja estruturado o aparato do serviço de informação.

O serviço de informação, executado durante as lutas de rua, possui um caráter em algo distinto, se comparado àquele realizado até o início da insurreição armada.

 

1)           No serviço de informação realizado até o início da insurreição, o elemento temporal não desempenha, freqüentemente, nenhum papel decisivo.  A organização revolucionária de combate possui a possibilidade de efetuar, no devido tempo, o reconhecimento dos objetos necessários sem ter de contar, particularmente, com o elemento temporal;

 

2)           Pelo contrário, no transcurso das lutas de rua, o elemento temporal cumpre um papel extraordinário, no que diz respeito ao serviço de informação.

 

As melhores notícias possíveis do serviço de informação não adquirirão nem mesmo o menor dos significados práticos para as lutas se não forem colocadas à disposição dos dirigentes encarregados de tropas, no devido tempo.

Esse aspecto deve ser mantido em vista, da maneira mais rigorosa possível, na organização do serviço de informação, empreendida no quadro das lutas de rua.

 

SOBRE O SERVIÇO DE NOTÍCIAS:

PONTO DE GRAVIDADE DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO

 

O ponto de gravidade do serviço de informação e de reconhecimento nas lutas de rua reside - tal como no período que conduz até a insurreição - no serviço de notícias.

As modalidades do serviço de informação permanecem sendo as mesmas até o momento de deflagração da insurreição, i.e. o serviço de informação no cumprimento de suas tarefas políticas, o reconhecimento das posições inimigas, o reconhecimento, visando aos objetivos das tropas revolucionárias de engenharia etc.

No período das lutas de rua, o serviço de informação, especificamente de caráter militar, relativo às lutas de rua pode demonstrar-se essencialmente útil.

Acerca dessa questão, o Regulamento Provisório de Campo do Exército Vermelho da Uniao Soviética assinala, entre outras matérias,   o seguinte :

 

"O serviço de informação, realizado entre as tropas regulares, é extraordinamente dificultoso.

O ponto de gravidade do serviço de reconhecimento deve ser deslocado para a agência de notícias.

No interior da cidade, o serviço de informação, especificamente militar, realiza-se através de viaturas blindadas, bicicletistas, motociclistas e investigadores que se movimentam a pé.

Os caminhões, dotados de equipamentos bélicos e metralhadoras, reconhecem as posições inimigas, barricadas, casas isoladas, repassando as notícias às colunas que surgem avançando na sua retaguarda.

O mesmo serviço de informação é, ao mesmo tempo, destinado a verificar a localização dos pátios, nos mais importantes setores do fronte.

Às vezes, um tal serviço é capaz, até mesmo, de ocupar algum ponto importante, ainda antes da chegada de reforços.

O reconhecimento realizado a partir de prédios elevados pode ser de grande utilidade, no caso de tal observação ser favorecida pela predisposição das ruas, situadas nas proximidades."[2]

 

As referências aqui elaboradas sobre o serviço de informação e de reconhecimento nas lutas de rua são igualmente válidas para o serviço de informação, realizado nos setores das tropas regulares, e não são menos válidas para o serviço de informação, empreendidos nas próprias unidades revolucionárias de sublevados.

 

TAREFAS DE RECONHECIMENTO

DURANTE AS LUTAS DE RUA

 

Nas condições das lutas de rua, o reconhecimento ativo, realizado com diversificação, adquire um grande significado.

As tarefas de reconhecimento ativo são, ao tempo das lutas de rua, as seguintes :

 

a)           organização do bloqueio dos pavilhões de intendência (RvG.: vale dizer, do serviço militar-logístico que tem por missão a obtenção, armazenamento e reabastecimento de alimentos e materias de aquartelamento, tais como fardas, calçados, armamentos, combustíveis, lubrificantes etc.), das pontes e vias aquáticas;

 

b)           destruição de barragens ferroviárias;

 

c)           organização de colisões de trens militares etc. na linha de etapas do inimigo de classe ;

 

d)           destruição do serviço de informação do inimigo de classe, em suas linhas de etapas;

 

e) organização de assaltos sobre pequenos grupos de soldados, desarmamento destes e organização de atos terroristas contra os dirigentes das forças de combate que lutam contra os sublevados ;

 

f) organização de insurreições nos setores das tropas regulares e em suas subdivisões, situadas no interior das posições inimigas;

 

g) efetuação de manobras destinadas a enganar o adversário de classe, mediante difusão de informações falsas – propagação de notícias para nós favoráveis etc. ;

 

h) organização de escuta de aparelhos telefônicos do adversário de classe, mediante instalação de aparelho telefônico na linha de seu serviço de comunicação.

 

 

RECONHECIMENTO ATIVO NA ORGANIZAÇÃO

DE INSURREIÇÕES NAS TROPAS REGULARES

E DISTRITOS POR ELAS OCUPADOS

 

Pequenos grupos de manobras, bem instruídos e tecnicamente formados - compostos de 3 a 5 pessoas - podem ser de grande utilidade, ao atuarem no interior das posições inimigas, durante as lutas de rua dos sublevados, travadas contra as tropas regulares e a polícia.

A tarefa de organização de insurreições - assim como, em geral, a incorporação na luta - de camadas proletárias, situadas nos distritos municipais, ocupados pelas tropas regulares, também pertence, em certa medida, ao reconhecimento ativo, particularmente naqueles casos em que faltar, na situaçao e na localidade, uma organizaçao partidária suficientemente forte.

 

 

SOBRE AS TAREFAS ADICIONAIS DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO

DURANTE AS LUTAS DE RUA

 

Durante as lutas de rua, pertencem também às tarefas de tipos adicionais do serviço de informação - i.e. serviço de informação em suas tarefas políticas, serviço de informação em suas tarefas especificamente militares, voltado ao reconhecimento das forças armadas de combate do adversário de classe, bem com reconhecimento do terreno de que já falamos, ao tratarmos das tarefas do serviço de informação no período anterior ao início da insurreição - o fornecimento à direção revolucionária insurrecional e aos  comandantes de unidades revolucionárias das notícias por eles necessitadas sobre o adversário de classe e suas forças quantitativas, sobre a situação política de cada um de seus setores de tropa e subdivisões, sobre os propósitos de seu comando e o temperamento da população dos distritos da cidade, situados no interior da posição inimiga, reunindo-se dados sobre o terreno e sobre cada um dos objetos locais etc.

Porém, o serviço de notícias nas lutas de rua consegue prestar as informações necessárias no devido tempo, apenas na hipótese de :

 

1)           ser irrepreensível a organização do serviço de informação;

 

2)           forem colocadas à disposição do dirigente encarregado das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha as pessoas instruídas correspondentes para o exercício dessa atividade;

 

3)           ser o dirigente em causa exatamente consciente do que espera do serviço de informação, fixando, conseqüentemente, as tarefas das diversas instâncias do serviço de informação e de cada um dos investigadores.    

 

DEVER DE ORGANIZAÇÃO

DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO E DE RECONHECIMENTO

 

Na atribuição de tarefas aos órgãos do serviço de informação e de reconhecimento ou a cada um dos investigadores há de ser determinado o tempo necessário para a execução das respectivas tarefas.

Em decorrência disso, cada dirigente da Guarda Vermelha deve dedicar séria atenção à organização de um serviço irreprensível de informação e de reconhecimento.

Desse dever, nenhum dos dirigentes das unidades revolucionárias da Guarda Vermelha e demais dirigentes da insurreição proletária pode ser dispensado.

O serviço de informação e de reconhecimento deve ser praticado, sob todas e quaisquer condições e a todo momento.

Apenas nesse caso, será possível estar preparado, dando conta das inevitáveis surpresas, orquestradas, da maneira mais ampla possível, por parte do inimigo de classe.

Assim, a própria direção revolucionária das lutas de rua encontrar-se-á em condições de preparar e executar, planejada e correspondemente, as operações de combate.

Nas lutas de rua, sob as condições da insurreição proletária, também a população local deve participar do trabalho do serviço de informação e de reconhecimento.

Essa circunstância facilita, admiravelmente, a execução do trabalho do serviço em tela para os órgãos da organização de luta.

A direção revolucionária das ações de luta das unidades da Guarda Vermelha, assim como propriamente a direção da insurreição, consideradas em geral, estão obrigadas ao cumprimento da tarefa de regular e coordenar, entre si, o trabalho do serviço de informação e de reconhecimento dos órgãos especiais de investigação, bem como aquele resultante do serviço de informação e de reconhecimento, prestado pela população que participa da insurreição, de uma ou de outra forma.

A experiência demonstra que é excepcionalmente conveniente empregar mulheres e jovens, menores de idade, no serviço de informação e de reconhecimento, transferindo a eles todo tipo de tarefas menos complicadas do serviço em causa.

As tarefas aventadas podem ser as seguintes :

 

a) verificar se uma determinada rua, uma determinada praça ou um determinado prédio, encontra-se ocupado por tropas e por artilharia;

        

b) averiguar se tropas marcham através e ao longo de determinadas ruas, em uma determinada hora etc. etc.

 

 

 

ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE

ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS

DEDICADOS À FORMAÇÃO

DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

 

 

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BREVES REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS DE

 

        TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL 

por Rochel von Gennevilliers

 

 

Mikhail Tukhatchevsky nasceu em 1893, na cidade de Slednevo, na Rússia Czarista, no seio de uma família nobre.

Sem embargo, tornou-se, ao longo de sua vida, uma das mais expressivas personalidades revolucionárias das Forças Armadas Vermelhas.

Em 1914, graduou-se na Academia Militar Aleksandersk.

Como cadete e tenente das Forças Armadas Czaristas, combateu ativamente na I Guerra Mundial Imperialista.

Após a vitória da Revolução Socialista de Outubro de 1917, Tukhatchevsky aderiu, de corpo e alma, ao bolchevismo, tornando-se oficial das Forças Armadas Vermelhas.

Já em 1918, assumiu a defesa militar revolucionária de Moscou.

Acerca desse fato, assinalou Trotsky :

 

Tukhatchevsky não apenas ofereceu seus serviços às Forças Armadas Vermelhas, senão ainda se tornou comunista.

Distinguiu-se, quase imediatamente, no fronte e, dentro de um ano, tornou-se General do Exército Vermelho.

Seu brilhantismo como estrategista foi reconhecido por inimigos de classe que o admiravam, dele caindo como vítimas.”[3]

 

Em 1920, Trotsky investiu-o no Comando do V Exército Vermelho. Nessa condição, Tukhatchevsky organizou a captura da Sibéria e a derrota do General Branco Alexander Koltchak.

Ainda em 1920, contribuiu resolutamente para a derrota do General Branco Anton Denikin, na região da Criméia.

Combateu na Campanha da Polônia de 1920, exercendo funções de principal comandante das Forças Armadas Vermelhas.

Como um dos principais dirigentes militares, foi, em março de 1921, incumbido do esmagamento da Insurreição Armada Contra-Revolucionária de Kronstadt.

Mesmo opondo-se a Stalin e Voroshilov, serviu, a seguir, entre 1925 e 1928, como Chefe do Corpo de Comando e Vice-Comissário da Defesa, quando deu início a um amplo processo de reorganização do sistema militar soviético.

Tornou-se, ainda, em 1935, Marechal das Forças Armadas Vermelhas, quando demonstrou possuir expressiva ousadia e independência, em seu intento de proteger o sistema militar soviético em face das intromissões desmedidas, efetuadas pela GPU stalinista nesse domínio do Estado Soviético. 

Em junho de 1937, Tukhatchevsky e outros sete altos comandantes soviéticos foram presos e acusados pelo stalinismo burocrático-soviético contra-revolucionário de atuarem como conspiradores em defesa dos interesses da Polícia Secreta Alemã (Gestapo).

Denunciado por Karl Radek como um dos Marechais Soviéticos colaboradores da oposição democrático-soviética, foi, em 1937, julgado culpado e sumariamente executado.

Acerca das falaciosas acusações levantadas pelo stalinismo contra Tukhatchevsky e todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil, Trotsky escreveu, com grande retidão :

 

“Todos os que dirigiram as Forças Armadas Vermelhas durante o período stalinista – Tukhatchevsky, Yegorov, Blücher, Budenny, Yakir, Uborevitch, Garmarnik, Dybenko, Fedko, Kork, Putna, Feldman, Alksnis, Eidemann, Primakov e muitos outros – foram, cada qual a seu tempo, promovidos a postos de responsabilidade militar quando estive à cabeça do Comissariado de Guerra.

Foram, na maioria dos casos, promovidos por mim pessoalmente, durante minhas rondas nos frontes e minha direta observação de seus trabalhos de guerra.

Ainda que o meu próprio comando houvesse sido ruim, foi, aparentemente, bom o suficiente para ter selecionado os melhores dirigentes militares disponíveis, uma vez que Stalin, por mais de dez anos, não pôde encontrar ninguém para substituí-los.

Em verdade, quase todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil, todos os que subseqüentemente construíram nossas Forças Armadas, revelaram-se, no final das contas, «traidores» e «espiões». Porém, isso não altera a questão : foram esses homens que defenderam a Revolução e o país.”[4]

 

E, além disso, enfatizou :

 

O Governo Soviético não apenas prendeu e executou seu Comissário da Guerra em exercício, Tukhatchevsky, senão além disso e sobretudo, exterminou todo o corpo de comando mais antigo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Auxiliado por correspondentes estrangeiros complacentes, situados em Moscou, a propaganda da máquina stalinista tem enganado sistematicamente a opinião pública do mundo sobre o estado atual das coisas na União Soviética.

O governo stalinista monolítico é um mito.”[5]

 

 

 

 

 

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[1] Cf. TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL N. Die Kampfhandlungen von Aufständischen zu Beginn eines Aufstandes. Grundlegende taktische Regeln (As Ações de Luta dos Sublevados no Início de uma Insurreição. Regras Táticas Fundamentais), in : A. Neuberg. Der bewaffnete Aufstand. Versuch einer theoretischen Darstellung(A Insurreição Armada. Tentativa de uma Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner, 1971, pp. 239 e s.

[2] Cf. PROVISORISCHES FELDREGLEMENT DER ROTEN ARMEE DER SOWJETUNION (Regulamento Provisório de Campo do Exército Vermelho da União Soviética), p. 411.

[3] Cf. TROTSKY, LEV DAVIDOVITCH. Stalin (1941), Capítulo : The Civil War (A Guerra Civil), Londres : Hollis and Carter, 1947, p. 327.

[4] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : A Guerra Civil, Benson-Vermont: Felshtinsky, 1985, p. 269.

[5] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : Kinto no Poder, Benson-Vermont: Felshtinsky, 1985, pp. 420 e s.