ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Serviço de Interconexão nas Lutas de Rua:
As Ações de Luta dos Sublevados Durante uma Insurreição
MIKHAIL N. TUKHATCHEVSKY[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
“A força não se encontra nos números, mas sim nas
táticas revolucionárias.”
Jakob
M. Sverdlov
citado em E. N. Burdjalov. Acerca da Tática dos
Bolcheviques
em Março e Abril de 1917, in : Voprossy Istorii
(Questões da História), Nr. 4,
Abril de 1956, p. 54.
O serviço de interconexão possui, em toda e qualquer luta, um elevado significado, em todos os
sentidos.
Nas lutas de rua, sob as
condições da insurreição proletária, seu significado é ainda maior.
Se não existir um serviço
de interconexão correspondente, a direção revolucionária da
insurreição das unidades de luta que se situam em combate, encontra-se privada
da possibilidade de dirigir as forças dos sublevados, coordenando seus procedimentos, de maneira
adequada.
Se não existir um serviço
de interconexão ou se este funcionar de maneira
insatisfatória, ocorrerá, inevitavelmente, que os acontecimentos se
desenrolarão espontanea e automaticamente, sendo necessário agir de modo
improvisado, sem que a direção revolucionária seja capaz de intervir
conscientemente sobre os eventos.
Acerca dessa questão, o Regulamento
Provisório de Campo do Exército Vermelho da Uniao Soviética assinala, entre outras matérias,
o seguinte :
"O serviço de interconexão é constituido pelo conjunto dos meios que
asseguram a direção revolucionária das tropas sublevadas.
O exercício de uma acertada direção revolucionária é impossível se não
existir um serviço de interconexão ou se este funcionar insatisfatoriamente.
O serviço de interconexão deve operar de modo confiável, sem falhas ou
interrupções, repassando, precisa e tempestivamente, as ordens e as notícias
necessárias etc., possibilitando um efetivo controle de seu trabalho."[2]
O plano e a plástica de uma
cidade, a necessidade de conduzir a luta com pequenas tropas de luta que atuam
de modo completamente descentralizado, provocam uma extraordinária complicação
para a organização do serviço de interconexão nas lutas de rua.
Para os sublevados, a questão
torna-se ainda mais complexa porque nem sempre dispõem de meios técnicos
necessários para a efetuação do serviço de interconexão ou, então, porque não
possuem um número suficiente destes e tampouco um número suficiente de forças
técnicas e taticamente instruídas, encarregadas de se ocuparem com o serviço de
interconexão.
MEIOS E TIPOS DE SERVIÇO DE INTERCONEXÃO
Nas lutas de rua, podem ser
empregados, sob condições distintas, os mesmos meios e tipos de serviço de
interconexão empregáveis em uma guerra de campo, a saber: o serviço
de interconexão técnico, o serviço de interconexão
habitual e o correio militar.
São meios técnicos do serviço de
interconexão :
1)o telefone - de modo condicionado, tal
como nas grandes cidades, Berlim, Londres etc.;
2) o telégrafo;
3) a telegrafia ;
4) a telefonia de rádio ;
5)diversos meios luminosos, sonóros e
mecânicos do serviço de interconexão.
Fazem parte dos meios
habituais do serviço de interconexão :
1)
o contato pessoal dos dirigentes da Guarda Vermelha com seus comandados;
2)
o envio de pessoas responsáveis, visando à interligação com os setores da
Guarda Vermelha e seus centros de comando;
3)
os mensageiros;
4)
os postos de observação; e
5)
os sinais sonoros, i.e. o repasse de notícias mediante meios vocálicos.
Por sua vez, os meios
postais militares do serviço de interconexão são
diversos tipos de correio de urgência, tais quais pombos-correios portadores de
cartas militares e cães-correios, portadores de informação.
O SERVIÇO DE INTERCONEXÃO NO INÍCIO DA INSURREIÇÃO
A utilização de todos os tipos e meios
elencados do serviço de interconexão é apenas possível por organizações de luta
que possuam esses meios, dispondo igualmente de um quadro pessoal apto,
correspondente ao serviço de interconexão.
Quanto a esse aspecto, os
sublevados encontrar-se-ão, não raramente, em condições incomparavalmente
piores.
No momento em que for desferido
o primeiro golpe, no início da insurreição, os insurgentes encontrar-se-ão dispondo de meios técnicos muito
limitados de serviço de interconexão.
Enquanto meios do serviço de
interconexão dos sublevados, surgirão, nesse momento, os seguintes :
1)
os mensageiros pedestres;
2)
os bicicletistas;
3)
os motociclistas e os mensageiros motorizados, delegados de interconexão
junto às unidades insurrecionais de luta; e, ainda,
4)
a presença pessoal direta dos dirigentes no teatro de operações.
Nesse momento, a rede
telefônica da cidade poderá ser utilizada, apenas em
dimensão restrita.
Um amplo desenvolvimento do serviço
de interconexão telefônico - um dos tipos decisivos de
interconexão também nas lutas de rua - será apenas possível depois de os
sublevados tomarem o ofício central de telefonia e as
centrais telegráficas dos distritos da cidade e
depois de setores das tropas regulares - particularmente aqueles de seu próprio
serviço de interconexão - passarem para o lado dos sublevados.
No que concerne, então, à
utilização por parte dos sublevados de meios de interconexão, tais quais o telégrafo, a telegrafia e a telefonia
de rádio, assim como cães e pombos-correios, portadores
de cartas e informações, subsistem apenas ínfimas possibilidades, inteiramente evanescentes, de
serem concretamente empregadas, ao menos no que diz respeito ao primeiro
período da insurreição.
Antes de os sublevados poderem
lançar mão de tais meios de interconexão, devem evidentemente possuí-los.
Porém, mesmo que logrem capturar
esses meios, no momento do ínicio da insurreição, dificilmente serão encontradas pessoas entre os sublevados que saibam
como devidamente operá-los.
No entanto, o telégrafo,
a telegrafia e a telefonia de rádio podem ser utilizados no trabalho de interconexão com outras regiões da
insurreição, ainda que a possibilidade de os empregar como meios de
interconexão, no contexto da cidade, deva ser fortemente colocada em dúvida.
SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RÁPIDA TOMADA
DOS MEIOS DE INTERCONEXÃO DA CIDADE
Para os sublevados, é
extraordinariamente importante, já no primeiro momento da insurreição, aspirar a apoderar-se dos meios de serviço de
interconexão, existentes na cidade - i.e. o telefone, o telégrafo, a telegrafia
de rádio, o sistema aéreo, as garagens
de automóveis etc.
A necessidade de um rápido
apoderamento dos meios de serviço de interconexão da cidade é ditada não apenas
pela indispensabilidade de os utilizar em prol dos próprios objetivos, senão
também pela imperiosidade de dever ser o adversário de classe privado da
possibilidade de deles se servir.
Durante o Insurreição
de Outubro de 1917, em Petrogrado, os sublevados ocuparam, em primeira instância, o ofício
da central telefônica e de telégrafo dessa cidade, cortando, precisamente desse modo, todas as conexões do Governo
Provisório com a cidade e com os setores das tropas
regulares que lhe permaneciam fiéis, i.e. os cadetes militares e o batalhão de
mulheres.
Pelo contrário, em Cantão, os sublevados cometeram um grande erro, por não terem isolado do mundo
externo o Quartel-General do IV
Corpo do Exército, logo no primeiro momento da
insurreição, permitindo-lhe estabelecer contato tanto com os setores das tropas
regulares a ele subordinados quanto com a própria cidade de Hongkong.
O Quartel-General do IV Corpo
do Exército pôde, assim, manter conexão com o mundo
externo, ao longo de todo o dia da insurreição proletária de Cantão.
Desse modo, a conexão existente
entre Hongkong e a aristocracia de Tungschang funcionou, então, ao longo de todo tempo, durante aquela insurreição.
O SERVIÇO DE INTERCONEXÃO DURANTE A INSURREIÇÃO
Assim como os sublevados podem e
devem produzir uma preponderância de forças de combate no curso das lutas de
rua, i.e. durante a insurreição proletária, podem e devem também se valer, nesse momento, do apoderamento dos meios
de interconexão, velando, durante o processamento de luta, pelo funcionamento
regular do serviço de interconexão, sem qualquer tipo de pertubação.
Meios e métodos para tanto
existem em abundância.
É necessária apenas a iniciativa
correspondente e a capacidade de organização da interconexão, durante
a insurreição.
COMPENSAÇÃO DA FALTA DE MEIOS TÉCNICOS DE
INTERCONEXÃO NO INÍCIO DA INSURREIÇÃO
As unidades revolucionárias da Guarda
Vermelha podem e devem compensar a falta de meios técnicos
suficientes de interconexão, durante as primeiras ações de luta, i.e. no momento
do início da insurreição, mediante uma correspondente organização
da interconexão, via correios e,
no essencial, por intermédio da unidade de ação e do objetivo perseguido
por todas as forças combatentes.
Sendo assim, devem ser atribuídas
às unidades revolucionárias da Guarda Vermelha as
tarefas mais urgentes, em contraste com as adicionais, devendo os comandantes
de unidades principiar as tarefas das subdivisões de luta que lhe são
adjacentes.
Caso todos os comandantes de
unidades revolucionárias tenham preciso conhecimento das tarefas de luta
atribuídas à sua unidade, caso estejam informados de modo suficientemente
exaustivo sobre o plano global de ação e
sobre as tarefas das unidades revolucionárias de luta
adjacentes, serão capazes, nesses casos, de agir por si
mesmos, dispondo suficientemente de iniciativa para atuar no espírito do plano
global, em cujo contexto não se encontrará disponível
nenhuma interconexão diretamente material, existente entre eles e a direção
superior revolucionária.
Em decorrência disso, deve-se, na
organização da insurreição, dedicar especial atenção ao momento da suficiente
informação dos dirigentes sobre o plano global.
Adicionalmente, no contexto da
organização das primeiras ações de luta, a direção revolucionária da
insurreição deve atentar, respectivamente, para a organização da interconexão
material a ser estabelecida com as unidades revolucionárias
das tropas que se encontram em lutas, a fim de que, logo no início do assalto
das forças de combate do proletariado sobre as posições adversárias, esteja
essa interconexão a par dos acontecimentos, podendo adotar as resoluções
correspondentemente necessárias.
Isso pode ter lugar através da
seguinte forma :
a) distribuição de pessoas especiais de
interconexão nas
unidades revolucionárias de luta, cuja tarefa será a de informar a instância
superior, no devido tempo, sobre a situação verificada junto às unidades que se
encontram em luta. As pessoas de interconexão devem ser formadas de modo
suficiente em questões táticas e estarem informadas sobre os planos e
propósitos da direção revolucionária, afim de que possam adotar medidas
necessárias em nome desta, na situação e na localidade respectiva, caso as
condições o exijam ;
b) distribuição de diversos bicicletistas e
motociclistas em cada
uma das unidades revolucionárias, visando ao transporte das notícias à direção
revolucionária. Bicicletistas, motociclistas e, se possível, automóveis devem também permanecer à
disposição da direção revolucionária encarregada - em primeira linha, o Comitê
Revolucionário -, a
fim de que as ordens sejam repassadas aos comandantes subordinados das unidades
revolucionárias sublevadas;
c) deslocamento pessoal dos dirigentes à
região de luta;
d) envio de mensageiros pedestres para a interconexão a ser mantida,
seja com as instâncias superiores, seja com as unidades revolucionárias
adjacentes ;
e) determinação dos locais de aglutinação, conhecidos pelos comandantes de
unidades revolucionárias. A esses locais devem serem enviadas as notícias dos
comandantes. Segundo a situação, podem ser estabelecidos diversos desses
pontos, em diferentes distritos da cidade. No melhor dos casos, cumpre
estabelecê-los nas localidades mais próximas do quartel-general revolucionário
encarregado da direção da insurreição, vale dizer o quartel-general central e,
dado o caso, os quartéisl-generais de um setor do fronte etc. ;
f) organização de estafetas, com base em um número
correspondente de esquadrões e bicicletistas - às vezes, também motocicilistas
-, encarregados de transportar as notícias ou as ordens de um posto ao outro,
no local de determinação.
No quadro da respectiva
organização desses seis tipos elencados de interconexão, se ocorrer de uma
notícia, repassada de uma certa forma, ser repetida através de outra forma - duplicaçao de notícia -, encontrar-se-á garantida a direção revolucionária das ações de luta,
no início da insurreição.
Durante uma insurreição, a dupla
interconexão é, então, indispensável.
UTILIZAÇÃO DA INTERCOMUNICAÇÃO TELEFÔNICA
Paralelamente, a possibilidade de
utilização da intercomunicação telefônica na cidade também não pode ser desconsiderada, no caso de seu apoderamento por
parte dos sublevados.
Nesse caso, as conversações devem
ocorrer com base em uma senha, um código, precedentemente estabelecido.
Entretanto, não se deve contar
com um ampla utilização da rede telefônica da cidade.
Esta se tornará apenas possível
depois de seu pleno apossamento pelos sublevados.
SOBRE OS PRAZOS DE APRESENTAÇÃO DAS NOTÍCIAS
Visando à regulação do ingresso
de relatórios relativos à situação, formulados pelas unidades que se encontram
em luta, deve a direção revolucionária elaborar um código de notícias, fixando determinados prazos para a sua apresentação.
No início da insurreição, será evidentemente necessário que a direção revolucionária receba
notícias imediatamente após a execução da tarefa confiada a uma determinada
unidade revolucionária, bem como mensagens sobre o início do cumprimento da
tarefa subseqüente ou, caso fracasse o ataque, mensagens sobre a situação das
unidades revolucionárias.
CAMUFLAGEM DO SERVIÇO DE INTERCONEXÃO CONTRA O
GRAMPO DAS LINHAS TELEFÔNICAS :
SERVIÇO DE INSPEÇÃO E VIGILÂNCIA
Com a tomada dos meios de
interconexão da cidade, i.e. o telefone, os automóveis, as motocicletas, no
contexto da passagem de setores das tropas regulares em específico para o lado
dos sublevados, e com emprego de especialistas do sistema de interconexão, em
particular dos ofícios telefônicos, localizados entre os habitantes, resultará
consideravelmente facilitada a organização da interconexão.
Esta deve ser incólume e
absolutamente segura.
Na organização da interconexão e
na sua instalação não se deve perder de vista, por isso, a seguinte regra
fundamental : o sistema do serviço de interconexão há de ser
camuflado, de acordo com as possibilidades.
Em particular, isso vale para o sistema
telefônico de intercomunicação.
Sob as condições das lutas de
rua, resulta geralmente fácil para o adversário de classe grampear
as linhas telefônicas, visando a espionar as
conversações.
Para evitar que isso ocorra, não
se deve efetuar conversações particularmente confidenciais mediante telefone, na medida em que subsista a mais infíma suspeita de que o inimigo de
classe possa espreitá-las.
No mínimo, deverão ser realizadas
com a utilização de uma senha, um
código etc.
Linhas telefônicas
particularamente importantes devem ser colocadas sob vigilância.
Para tanto, há de ser criado um serviço
de inspeção e vigilância.
Sobretudo, os ofícios
telefônicos centrais e distritais devem ser protegidos, a fim
de que não sejam tomados pelo adversário de classe.
As ordens e as notícias
importantes serão remetidas, com diversos exemplares, por caminhos distintos.
Existindo o perigo de que uma
ordem ou uma notícia caia nas mãos do adversário de classe, tanto uma como
outra serão trasmitidas oralmente e, em nenhum caso, por escrito.
Em todos sentidos, revela-se
vantajoso empregar-se mulheres e jovens menores
de idade, na realização dos objetivos da interconexão, pois
que não atraem para si a atenção, de modo tão intenso.
Isso é tanto mais adequado se a
notícia tem de ser prestada a partir do domínio das posições inimigas.
PLANO DE ORGANIZAÇÃO DE LUTA
E SERVIÇO DE INTERCONEXÃO
Em todo plano
de organização de luta, deve-se conceder um devido
espaço ao serviço de interconexão.
"O comando superior é permanentemente responsável, em todas as
circunstâncias existentes, pela interconexão no distrito em que suas tropas
encontram-se estacionadas.
Está sempre obrigado a saber não apenas onde se situam as suas tropas e o
que fazem, senão ainda quais foram as últimas ordens que receberam.
Quanto aos comandados, estes estão, por sua vez, obrigados a saber onde
se encontra seu superior direto."[3]
Essas regras fundamentais do Regulamento
Provisório de Campo do Exército Vermelho da União Soviética devem ser respeitadas também pelos dirigentes e participantes de uma
insurreição armada.
Tanto o comandante
de unidades revolucionárias quanto todos os demais dirigentes
das operações de combate nas lutas de rua, considerados em seu conjunto, são obrigados a realizar todos os
esforços visando à produção e à manutenção de uma interconexão permanentemente
eficiente.
Em uma correta
organização da interconexão - situando-se ela ombro a
ombro com as demais circunstâncias favoráveis da luta - reside a garantia do êxito nas ações insurrecionais de luta do
proletariado.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
_______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS DE
TUKHATCHEVSKY, MIKHAIL
por
Rochel von Gennevilliers
Mikhail Tukhatchevsky nasceu em 1893,
na cidade de Slednevo, na Rússia Czarista, no seio
de uma família nobre.
Sem embargo, tornou-se, ao longo de sua vida, uma das
mais expressivas personalidades revolucionárias das Forças Armadas
Vermelhas.
Em 1914, graduou-se na Academia Militar
Aleksandersk.
Como cadete e tenente das Forças Armadas Czaristas,
combateu ativamente na I Guerra Mundial Imperialista.
Após a vitória da Revolução Socialista de Outubro
de 1917, Tukhatchevsky aderiu, de corpo e alma, ao bolchevismo,
tornando-se oficial das Forças Armadas Vermelhas.
Já em 1918, assumiu a defesa militar revolucionária de Moscou.
Acerca desse fato, assinalou Trotsky :
“Tukhatchevsky
não apenas ofereceu seus serviços às Forças
Armadas Vermelhas, senão ainda se tornou comunista.
Distinguiu-se, quase imediatamente, no fronte e, dentro
de um ano, tornou-se General do Exército
Vermelho.
Seu brilhantismo como estrategista foi reconhecido por
inimigos de classe que o admiravam, dele caindo como vítimas.”[4]
Em 1920, Trotsky investiu-o no Comando
do V Exército Vermelho. Nessa condição, Tukhatchevsky organizou
a captura da Sibéria e a derrota do General Branco
Alexander Koltchak.
Ainda em 1920, contribuiu resolutamente para a derrota do
General Branco Anton Denikin, na região da Criméia.
Combateu na Campanha da Polônia de 1920,
exercendo funções de principal comandante das Forças Armadas Vermelhas.
Como um dos principais dirigentes militares, foi, em
março de 1921, incumbido do esmagamento da Insurreição Armada
Contra-Revolucionária de Kronstadt.
Mesmo opondo-se a Stalin e Voroshilov, serviu,
a seguir, entre 1925 e 1928, como Chefe do Corpo de Comando e Vice-Comissário
da Defesa, quando deu início a um amplo processo de reorganização do
sistema militar soviético.
Tornou-se, ainda, em 1935, Marechal das Forças
Armadas Vermelhas, quando demonstrou possuir expressiva ousadia e
independência, em seu intento de proteger o sistema militar soviético em face
das intromissões desmedidas, efetuadas pela GPU stalinista nesse
domínio do Estado Soviético.
Em junho de 1937, Tukhatchevsky e outros
sete altos comandantes soviéticos foram presos e acusados pelo stalinismo
burocrático-soviético contra-revolucionário de atuarem como
conspiradores em defesa dos interesses da Polícia Secreta Alemã
(Gestapo).
Denunciado por Karl Radek como um dos Marechais
Soviéticos colaboradores da oposição democrático-soviética, foi,
em 1937, julgado culpado e sumariamente executado.
Acerca das falaciosas acusações levantadas pelo
stalinismo contra Tukhatchevsky e todos os comandantes das Forças
Armadas Vermelhas da Guerra Civil, Trotsky escreveu, com
grande retidão :
“Todos os que dirigiram as Forças Armadas Vermelhas durante o período stalinista – Tukhatchevsky, Yegorov, Blücher, Budenny,
Yakir, Uborevitch, Garmarnik, Dybenko, Fedko, Kork, Putna, Feldman, Alksnis,
Eidemann, Primakov e muitos outros – foram, cada qual a seu tempo,
promovidos a postos de responsabilidade militar quando estive à cabeça do Comissariado de Guerra.
Foram, na maioria dos casos, promovidos por mim
pessoalmente, durante minhas rondas nos frontes e minha direta observação de
seus trabalhos de guerra.
Ainda que o meu próprio comando houvesse sido ruim, foi,
aparentemente, bom o suficiente para ter selecionado os melhores dirigentes militares
disponíveis, uma vez que Stalin, por
mais de dez anos, não pôde encontrar ninguém para substituí-los.
Em verdade, quase todos os comandantes das Forças Armadas Vermelhas da Guerra Civil,
todos os que subseqüentemente construíram nossas Forças Armadas, revelaram-se, no final das contas, «traidores» e «espiões». Porém, isso não altera a questão : foram esses homens
que defenderam a Revolução e o país.”[5]
E, além disso, enfatizou :
“O Governo
Soviético não apenas prendeu e executou seu Comissário da Guerra em
exercício, Tukhatchevsky, senão além
disso e sobretudo, exterminou todo o
corpo de comando mais antigo do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Auxiliado por correspondentes estrangeiros complacentes,
situados em Moscou, a propaganda da
máquina stalinista tem enganado sistematicamente a opinião pública do mundo
sobre o estado atual das coisas na União
Soviética.
O governo
stalinista monolítico é um mito.”[6]
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA
MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
[1] Cf. TUKHATCHEVSKY,
MIKHAIL N. Die Kampfhandlungen von Aufständischen zu Beginn eines Aufstandes.
Grundlegende taktische Regeln (As Ações de Luta dos Sublevados no Início de uma
Insurreição. Regras Táticas Fundamentais), in : A. Neuberg. Der bewaffnete
Aufstand. Versuch einer theoretischen Darstellung(A Insurreição Armada.
Tentativa de uma Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner, 1971,
pp. 239 e s.
[2] Cf. PROVISORISCHES FELDREGLEMENT DER ROTEN ARMEE DER SOWJETUNION (Regulamento
Provisório de Campo do Exército Vermelho da União Soviética), pp. 40 e 41.
[3] Cf. IDEM. p. 327.
[4] Cf. TROTSKY, LEV DAVIDOVITCH. Stalin (1941), Capítulo
: The Civil War (A Guerra Civil), Londres : Hollis and Carter, 1947, p. 327.
[5] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : A Guerra Civil, Benson-Vermont:
Felshtinsky, 1985, p. 269.
[6] Cf. IDEM. ibidem, Livro II, Capítulo : Kinto no Poder, Benson-Vermont:
Felshtinsky, 1985, pp. 420 e s.