ACADEMIA VERMELHA DE
ARTE MILITAR PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE :
A ARTE
PROLETÁRIA DA INSURREIÇÃO SOCIALISTA
ASPECTOS
INTRODUTÓRIOS
Preparação Militar Revolucionária das Forças do Proletariado
IOSSIF S. UNSCHLICHT[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Rochel von Gennevilliers
Fevereiro 2005 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
APARATO ESPECIAL
DO TRABALHO MILITAR REVOLUCIONÁRIO
O trabalho revolucionário,
desenvolvido no domínio militar, constitui, evidentemente, uma tarefa da organização
revolucionária do proletariado como um todo e da juventude
comunista-revolucionária em seu conjunto.
Porém, também é uma tarefa que
toca a cada um de seus membros, considerados individualmente.
Com respeito às particularidades
específicas do trabalho revolucionário militar de luta é indispensável,
entretanto, um aparato especial da direção revolucionária do
proletariado, dotado de um conjunto respectivo de
funcionários quadros que realizem essa atividade.
Admitir ser possível conseguir
prestar o trabalho revolucionário militar, de maneira adequada, sem
a criação de um aparato especial, seria naturalmente sem
sentido.
Isso vale não apenas para o
período de uma situação diretamente revolucionária, em que as tarefas militares da direção revolucionária do proletariado
adquirem um significado particularmente grande, senão ainda para o período
de desenvolvimento “pacífico”.
Inteiramente inconcebível, p.ex.,
é a realização do trabalho militar revolucionário entre as tropas regulares das
forças armadas do Estado Burguês sem um quadro especial de
funcionários e sem um aparato específico que
preste esse trabalho.
As experiências que haurimos em
todos os domínios demonstraram que transferir a prestação direta do trabalho
revolucionário a ser realizado entre as tropas regulares do Estado Burguês à
própria direção de um Partido significa,
em geral ou freqüentemente, a não concretização desse importante trabalho, na
prática.
Em particular, isso é válido em
relação aos Partidos comunistas revolucionários que existem
legalmente.
CONDIÇÕES ESPECIAIS IMPOSTAS PELA ILEGALIDADE
DO TRABALHO MILITAR REVOLUCIONÁRIO
Em sua parte organizativa, o
trabalho militar revolucionário constitui, em sua essência, um trabalho
ilegal, até o surgimento de uma situação
agudamente revolucionária.
Por todos os lados, esse contexto
de ilegalidade exige, freqüentemente, daqueles que efetuam
o trabalho militar em causa, entre outras coisas :
1)
métodos complicados de conspiração;
2)
uma correspondente elasticidade; e
3)
exercícios específicos.
É necessário, portanto, uma seleção
especial dos funcionários quadros do proletariado que se
ocuparão na prática dessa atividade.
ESTRUTURA DO APARATO MILITAR REVOLUCIONÁRIO
Quando não existir uma situação
diretamente revolucionária em um determinado país, o aparato
militar revolucionário poderá ser formado, em sua
essência, segundo o seguinte modelo :
a)
criação de um Comitê Militar
Revolucionário, vinculado à organismo de direção
revolucionária do proletariado, constituído por três
companheiros, dos quais um – o Presidente –
deve ser membro desse organismo central ;
b)
organização de Comissões Militares Revolucionárias, vinculadas às direções revolucionárias regionais ou às direções que a
elas correspondam, constituídas de dois (2) ou de até três (3) companheiros,
conforme à dimensão das tarefas a serem impulsionadas ;
c)
indicação de Representantes do Trabalho Militar, vinculados
às direções revolucionárias distritais ;
d)
criação de Comissões Militares Revolucionárias ou
Representantes Militares Revolucionários,
vinculados às direções revolucionárias municipais, conforme à dimensão da
cidade e/ou das taferas militares.
Um membro da Comissão
Militar Revolucionária deve ser membro da direção
revolucionária junto à qual é formada a comissão em causa.
Além disso, cumpre admitir na
composição das comissões, formada por três (3) companheiros, um membro da
respectiva direção da organização da juventude revolucionária.
Segundo as tarefas e as
possibilidades do proletariado, devem ser colocados à disposição das Comissões
Militares Revolucionárias um determinado número de
funcionários quadros revolucionários, entre os quais se encontrem também
membros da organização da juventude revolucionária.
FIXAÇÃO E CUMPRIMENTO DAS TAREFAS
DAS COMISSÕES MILITARES REVOLUCIONÁRIAS
O trabalho revolucionário
fundamental dos funcionários quadros do proletariado que integram o aparato
militar revolucionário há de consistir na realização das tarefas que lhes forem
estabelecidas pela Comissão Militar Revolucionária.
Pertencem às tarefas das Comissões
Militares Revolucionárias que trabalham sobre a base das
instruções das direções proletárias competentes :
1)
o impulsionamento e direção do trabalho
revolucionário entre as tropas regulares do Estado Burguês, a polícia, a marinha, o exército, a aeronáutica, as associações e corporações militares da
burguesia etc.;
2)
a instituição e organização do trabalho
militar revolucionário de informação da direção revolucionária do proletariado;
3)
a formação de um quadro
de dirigentes militares da futura Guarda
Vermelha;
4)
a manutenção de armas;
5)
a edição e distribuição de materiais
de imprensa de caráter militar - panfletos, brochuras,
revistas militares revolucionárias, produzidas periodicamente;
6)
o fornecimento de materiais
literários às redações revolucionárias para as rubricas militares da imprensa
periódica etc., na medida em que exista uma resolução específica a esse
respeito do organismo central ou
da direção revolucionária local do proletariado etc.
Em conformidade com isso, deve
ser fixada a distribuição das tarefas entre os membros das Comissões
Militares Revolucionárias.
FINANÇAS DO TRABALHO
DAS COMISSÕES MILITARES REVOLUCIONÁRIAS
Mediante resolução das direções
revolucionárias do proletariado, devem ser colocados à disposição das Comissões
Militares Revolucionárias meios financeiros
respectivos, necessários para possibilitar, de maneira adequada, a organização
e impulsionamento do trabalho militar revolucionário que lhes for atribuído.
Onde os meios do proletariado
revolucionário o permitirem, deverão ser incondicionalmente profissionalizados, à custa das organizações proletárias, os membros das comissões e os
representantes do trabalho militar revolucionário, pelo menos nas regiões e nas
cidades mais importantes, com vistas a reduzir-lhes a ocupação laboral com a
manutenção regular de suas vidas.
AMPLIAÇÃO DAS COMISSÕES MILITARES REVOLUCIONÁRIAS
Na medida em que se aguçar a luta
de classes, aproximando-se de uma situação agudamente revolucionária em que a direção revolucionária do proletariado levante suas consignas de
cada vez maior polarização das lutas e dinamize o curso de todo o trabalho
revolucionário para a preparação direta da tomada do poder, lançando a palavra
de ordem de criação de uma Guarda
Vermelha etc., devem as Comissões Militares
Revolucionárias ser ampliadas com funcionários quadros,
respectivamente treinados para o cumprimento das tarefas militares
revolucionárias.
Nesse período, deverão ser
criadas novas Comissões Militares Revolucionárias naquelas circunscrições em que até então não existiam.
Nos grandes centros políticos e
econômicos – capitais, grandes cidades industriais e portuárias -, onde
existirem ainda além das direções revolucionárias municipais também direções
revolucionárias distritais, deverão ser criadas junto a estas igualmente
direções militares ou ser nomeados Representantes para
a organização do trabalho militar revolucionário.
O quadro dos trabalhadores junto
às comissões militares devem ser, nesse momento, essencialmente ampliados.
Os fatores que tornam
imprescindível colocar à disposição das Comissões Militares
Revolucionárias um número incomparavelmente maior de
militantes, em comparação com aquele das situações normais, são os
seguintes:
1)
a direção do trabalho militar revolucionário, já no contexto da criação
de destacamentos da Guarda Vermelha;
2)
a instrução e o treinamento desses destacamentos, segundo o sistema de
atuação militar de luta;
3)
a necessidade de um trabalho militar revolucionário exitoso, orientado
para a desintegração da máquina estatal burguesa, em primeira linha, do exército
e da polícia;
4)
a construção de uma rede de serviço de informação
revolucionária, no
campo do inimigo de classe;
5)
a crescente provisão de armamentos etc.
DEVERES ADICIONAIS
DAS COMISSÕES MILITARES REVOLUCIONÁRIAS
Pertence também aos deveres das comissões
em realce a tarefa militar de dedicararem-se à elaboração do plano da
insurreição na cidade, na província e em todo país em
questão.
Nessa atividade, devem-se guiar
pelas instruções gerais da direção revolucionária competente.
ESTADOS MAIORES
E COMITÊ
REVOLUCIONÁRIO DE GUERRA
Durante a insurreição proletária,
as direções das Comissões Militares Revolucionárias, ligadas às direções revolucionárias do proletariado, devem ser
transformadas em Estados Maiores, convertendo-se
em aparato técnico-militar, vinculado ao Comitê
Revolucionário de Guerra (Comitê da Revolução),
encarregado da direção revolucionária geral da insurreição.
ATRIBUIÇÕES DO ORGANISMO CENTRAL DO PROLETARIADO
NO DOMÍNIO DO TRABALHO MILITAR REVOLUCIONÁRIO
A direção geral do trabalho
militar revolucionário do proletariado, em escala nacional, assim como a
direção geral do trabalho revolucionário do proletariado, em todos os domínios
– sindical, parlamentar, partidário, movimentos, imprensa, corporações etc. -
pertence ao organismo central,
enquanto suprema instância do proletariado, no período havido entre suas
conferências e congressos.
Nas localidades mais
afastadas - províncias, distritos etc.
-, a direção desse trabalho realiza-se com base em diretivas e instruções do organismo
central, encaminhadas às competentes direções
revolucionárias regionais, provinciais, distritais do proletariado etc.
Cumpre ao organismo
central do proletariado revolucionário :
1)
determinar o caráter e o conteúdo
do trabalho revolucionário, a ser impulsionado entre as tropas regulares do
Estado Burguês;
2)
elaborar as principais
consignas desse trabalho para cada período determinado de
desenvolvimento da revolução proletária;
3)
conferir as instruções relativas
à sua concatenação do
trabalho militar revolucionário com o trabalho político geral em seu conjunto;
4)
decidir a questão de saber qual
dos centros, regiões e distritos são os mais importantes, qual dentre eles há
de ser priorizado no impulsionamento do trabalho militar revolucionário
de desintegração das forças armadas das
classes dominantes;
5)
auxiliar, em conformidade com
isso, as direções revolucionárias competentes do proletariado com meios e
funcionários quadros a ocuparem-se do trabalho militar revolucionário;
6)
exercer o controle sobre esse
trabalho militar revolucionário.
O organismo central deve ainda :
7)
decidir o momento do início da
criação da Guarda Vermelha;
8)
conferir instruções relativas ao
armazenamento de armas;
9)
resolver o problema da
adequabilidade ou não da efetuação desse ou daquele redirecionamento etc. etc.
Em suma : o organismo
central do proletariado revolucionário deve
adotar, literalmente, todas as medidas mais ou menos importantes de significado
político global a serem empreendidas por uma ou outra direção revolucionária e
também por uma outra direção militar, incluídas aquelas dinamizadas por parte
do organismo dirigente da organização comunista-revolucionária da juventude.
Essas medidas poderão ser apenas
executadas com o conhecimento e a expressa autorização do organismo
central do proletariado.
COMISSÕES MILITARES E ORGANISMO CENTRAL DO
PROLETARIADO
As Comissões Militares não executam, em seu trabalho, nenhuma linha autônoma ou, ainda, dizendo-se de modo inverso, executam apenas uma linha
que resulta do curso político-geral do proletariado revolucionário.
Trabalham, pois, em conformidade
com as instruções das direções revolucionárias do proletariado, em seu
conjunto.
EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DA EXECUÇÃO
DO TRABALHO MILITAR REVOLUCIONÁRIO
Pode ser que essas regras – aqui
apresentadas – soem como algo de elementar, como uma suposta verdade evidente,
por todos mais do que conhecida.
Entretanto, é necessário
trazê-las à recordação tanto mais quando são, por vezes, esquecidas.
Na Insurreição de Cantão, até mesmo o momento da sublevação proletária não foi, como vimos,
determinado pelo Comitê Central do Partido Comunista da China, mas sim pela direção do Partido da Província
de Kwangtung.
O Comitê Central do Partido
Comunista da China ficou sabendo da insurreição
apenas no momento em que dele já se falava em todo o mundo.
A insustentabilidade de uma tal
situação salta aos olhos de qualquer revolucionário consciente.
Por ocasião da segunda Insurreição
de Shangai, a questão do início da greve e da insurreição
armada foi decidida pelos organismos de funcionários dos sindicatos, com a
participação de um grande número de membros partidários, porém sem o
conhecimento do Comitê Central do Partido.
Do mesmo modo, ao longo de 1927,
foram organizadas, em toda uma série de províncias da China, insurreições proletárias sem o conhecimento das instâncias superiores
do Partido Comunista da China.
SOBRE AS TENDÊNCIAS DE AUTONOMIZAÇÃO
DO TRABALHOR MILITAR REVOLUCIONÁRIO
Nas organizações militares,
surgem, às vezes, tendências de autonomização na execução do trabalho militar
revolucionário, em decorrência de uma inteira série de motivos.
Ocorre de não se querer aderir às
resoluções das direções revolucionárias, aspira-se a saltar, autonomamente, por
cima da cabeça das instâncias revolucionárias dirigentes do
proletariado, adotando-se resoluções autárquicas etc.
Tendências semelhantes surgiram
ainda na organização militar revolucionária de algumas regiões da Rússia, depois da Revolução de Fevereiro de 1917 e também ainda mais tarde.
No quadro dos desacordos havidos
entre o Comitê Central do Partido dos Bolcheviques e do Bureau Russo Central das Organizações Militares, o Comitê Central Bolchevique viu-se forçado a levantar, na sessão de 29 de agosto de 1917, a questão
do inter-relacionamento que dever ser mantido entre a organização militar
revolucionária e a organização dirigente do proletariado revolucionário em seu
conjunto.
Nessa sessão do Comitê
Central Bolchevique, adotou-se a seguinte resolução :
“O Bureau Militar é uma organização que efetua o trabalho entre os
soldados ...
Com base nos Estatutos do Partido, não pode existir nenhuma
organização partidária uniforme, unitariamente dirigente, se, ao lado dela, existir
uma outra organização partidária.
Isso vale tanto para organizações em geral quanto para as organizações de
toda a Rússia.
Em decorrência disso, também o Bureau Russo Central das
Organizações Militares não pode constituir uma central política autônoma.”
Discrepâncias quanto ao
inter-relacionamento a ser mantido entre a direção revolucionária do
proletariado e as organizações militares revolucionárias, em decorrência das
tendências de autonomização destas, existiram também, ao longo de 1917, nas cidades
de Tomsk e Ekaterinburgo etc.
Além disso, uma tendência da
organização militar de luta, rumando em direção ao autonomismo, foi igualmente observada na Alemanha, em
1923, como também mais tarde.
Os princípios organizativos do bolchevismo exigem a incondicional subordinação das organizações militares
revolucionárias e das unidades de Guarda Vermelha, bem
como de toda e qualquer organização político-partidária - p.ex. frações parlamentares, sindicatos
etc. -, à direção revolucionária do proletariado, em seu conjunto.
Pois, é isso que garante tanto a unidade
de ação e de concepções políticas revolucionárias quanto
a preservação da disciplina, elevando a capacidade de
luta do proletariado insurgente e de todos os sublevados revolucionários,
aumentando exponencialmente as perspectivas de vitória na luta decisiva em prol
da Ditadura do Proletariado.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
______________________________________
UNSCHLICHT,
IOSSIF STANISLAVOVITCH
por
Rochel von Gennevilliers
Iossif Stanislavovitch Unschlicht foi um bolchevique
da velha guarda e revolucionário profissional.
Nasceu em 1879, na cidada de Mlava, na Polônia,
e ingressou nas fileiras do Partido Operário Social-Democrático Russo(POSDR), em 1900.
Em
virtude de suas atividades revolucionárias, sofreu inúmeras prisões e foi por
três vezes desterrado.
Unschlicht
gozou de grande
popularidade entre os trabalhadores de Varsóvia, Lodzi e outras
cidades da Polônia.
Em
1914, ao eclodir a I Guerra Mundial Imperialista, foi detido em Moscou.
Em
1916, o Tribunal de Alçada dessa cidade condenou-o ao exílio, em
um assentamento na aldeia de Tutur, na Província de
Irkutsk.
Poucas
semanas antes da vitória da Revolução Democrático-Burguesa de Fevereiro
de 1917, fugiu de seu cativeiro, em Tutur.
Permaneceu,
a seguir, em ativo contato com militantes bolcheviques locais dessa região.
Depois da derrubada da autocracia czarista, em fevereiro de 1917, tornou-se
membro do Comitê Executivo de Irkutsk.
Em
abril do mesmo ano, chegou a Petrogrado, onde foi eleito membro
do Soviete de Deputados Trabalhadores e Soldados dessa cidade.
Nos Dias
de Julho, foi preso pelo Governo Provisório Frente-Populista
e encarcerado em penitenciária.
Depois
de sua libertação, participou da preparação da Insurreição Socialista de
Petrogrado.
No
quadro da Revolução Proletária de Outubro, Unschlicht
tornou-se membro do Comitê Militar Revolucionário (CMR) do Soviete de
Petrogrado – presidido por Pavel Lazimir –, órgão militar esse
siituado sob a presidência geral do Soviete Petrogrado, exercida por Léon
D. Trotsky.
Nos
primeiros meses de 1918, ocupou-se com a organização da defesa da cidade de Pskov,
assediada pelas forças militares do imperialismo alemão.
A
seguir, tornou-se membro do Comissariado do Povo para Assuntos Internos.
No
final de 1918, comandou atividades de luta deflagradas contra a ocupação das
tropas alemães na cidade de Minsk, na Belorússia.
Aqui,
foi eleito membro do Comitê Central do Partido Comunista da Lituânia e da
Belorússia (PCLB) e assumiu o posto de Comissário do Povo para
Assuntos de Guerra da então emergente República Soviética
Belorussa-Lituana.
Em 27
de abril de 1919, Unschlicht foi nomeado membro do Conselho
Militar-Revolucionário do 16° Exército e, em dezembro, membro do Conselho
Militar-Revolucionário do Fronte Ocidental.
Em
abril de 1921, tornou-se Vice-Presidente da Polícia Política
Soviética (Tcheka - Comissão
Extraordinária), posto que ocupou até o outono de 1923.
Depois disso, foi nomeado membro do Conselho Supremo Militar Revolucionário da URSS.
Tendo aderido ao stalinismo burocrático-soviético
contra-revolucionário, em 1924, empreendeu, juntamente, com Mikhail Frunze – esse último
adepto de Zinoviev e Kamenev e sustentador de sua política de Troika,
mantida
com Stalin - medidas de reforma do sistema
militar.
Em sua
implacável luta contra o burocratismo soviético-stalinista que penetrava no
interior do Comissariado do Povo para a Guerra, Léon
Trotsky referiu-se a Unschlicht, da seguinte maneira :
“O primeiro golpe no Departamento da Guerra foi desferido
contra Sklyansky.
Foi ele que sobretudo teve de suportar a vingança de
Stalin por seus próprios revéses em Tsaritsyn, seu fracasso no Fronte do
Sudeste e sua aventura em Lvov.
A intriga soerguia para o alto a cabeça da serpente.
Visando a minar as posições havidas sob Sklyansky – e, no
futuro, as minhas próprias – foi instalado diante dele, no Departamento da
Guerra, pouco meses antes, Unschlicht, um intrigante ambicioso e deprovido de
talento.
Sklyansky foi demitido.
Em seu lugar, foi nomeado Frunze, que se encontrava no comando
dos exércitos da Ucrânia.”[2]
Em
janeiro de 1925, por ocasião da nomeação de Frunze como Comissário
do Povo para a Guerra – em substituição a Léon Trotsky –
e Presidente do Conselho Militar-Revolucionário da URSS, Unschlicht foi
indicado para assumir o cargo de Vice-Presidente desses órgãos de
direção militar do Estado Soviético, já em processo
de crescente e irreversível burocratização.
Nesse
posto, permaneceu até junho de 1930.
A seguir, alcançou
a patente de General do Exército Vermelho e tornou-se coordenador da conexão
mantida entre o Estado-Maior Geral desse exército e a Internacional
Comunista (Komintern).
Após
a morte de Felix Dzerjinky, ocorrida
em 1926, foi nomeado, além disso, chefe da Polícia Política Soviética (Tcheca).
Por
fim, sob as traiçoeiras acusações de “inimigo
do povo” e “sabotador terrorista trotskysta”, formuladas por Stalin
e seus asseclas, foi liquidado, em lugar e circunstâncias inteiramente
desconhecidas, durante a “Depuração Stalinista” dos anos de
1936 a 1938, que aniquilou massivamente a vida de milhares de revolucionários
bolcheviques, antigos companheiros indobráveis de luta de Lenin, Sverdlov e Trotsky.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
[1] O presente texto foi
traduzido para a língua portuguesa a partir do idioma alemão conforme UNSCHLICHT,
IOSSIF STANISLAVOVITCH. Über die militärische Vorbereitung (Acerca
da Preparação Militar)(1928), in: A. Neuberg. Der bewaffnete Aufstand. Versuch
einer theoretischen Darstellung(A Insurreição Armada. Tentativa de uma
Apresentação Teórica), Frankfurt a. M. : Georg Wagner, 1971, pp. 186 e s.
[2] Cf. IDEM.
Moia Jizn. Opyt Avtobiografii (Minha Vida. Tentativa de Auto-Biografia), Cap.
XLI : A Morte de Lenin e o Deslocamento do Poder, Berlim : Granit, 1930, pp.
253 e 254.