FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO
REVOLUCIONÁRIO
PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
CARTA DE FRIEDRICH ENGELS
a Eduard Bernstein
1° de Janeiro de 1884
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Emil Asturig von
München
Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von
Köln
Fevereiro 2008 emilvonmuenchen@web.de
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Londres, 1° de janeiro de 1884
Caro Bernstein,
(...) No que respeita à sua
precendente consulta sobre a passagem contida no Prefácio ao “Manifesto do Partido
Comunista” (EvM.: da Edição Alemã de 1872), extraída da “Guerra
Civil na França”, o Sr. há de se declarar, provavelmente, de acordo com
a resposta que se encontra fornecida no original (“Guerra Civil na França”, pp.
19 e s).[2]
Envio-lhe um exemplar deste, para a
hipótese de o Sr. não possuir nenhum por aí.
Trata-se apenas da comprovação de que
o proletariado
vitorioso tem de transformar (EvM.: no original alemão umformen,
reconformar, converter, remodelar, transformar) o velho poder burocrático e
administrativo-centralizado do Estado, antes de podê-lo utilizar para os seus
objetivos.
Enquanto todos os republicanos
burgueses desde 1848 derrubaram-no - na medida em que se encontravam na
oposição -, assumiram-no e utilizaram-no, pelo contrário, sem qualquer mudança,
logo que chegaram ao poder, em parte contra a reação, muito mais, porém, contra
o proletariado.
Era justificável, sob as
circunstâncias dadas, e, até mesmo, necessário que, na “Guerra Civil”, as
tendências inconscientes da Comuna de Paris lhe favorecessem,
como planos mais ou menos conscientes.
Os russos apensaram, com um tato
muito correto, essa passagem, extraída da “Guerra Civil na França”, à sua
tradução do “Manifesto do Partido Comunista”.
Se, outrora, a remessa (EvM.: do
prefácio especial de Engels à edição alemã de 1883 do
“Manifesto do Partido Comunista”) não tivesse sido tão apressada, poder-se-ia
ter feito isso e ainda outras coisas mais. [3]
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. MARX, KARL. Brief an Eduard Bernstein in Zürich (Carta a E.
Bernstein em Zurique)(1° de Janeiro de 1884), in : ibidem, Vol. 36, Berlim :
Dietz, 1967, pp. 78 e 79.
[2] Destaco que, na Edição
Alemã de 1872 do “Prefácio ao Manifesto do Partido Comunista”, Marx
e Engels
remetem-nos à passagem, contida na obra de Marx, intitulada “A
Guerra Civil na França”, a qual afirma que, tendo-se em conta a
experiência da Comuna de Paris, a classe trabalhadora não poderia mais
simplesmente apossar-se da maquinaria acabada do Estado,
movimentando-a a favor de seus próprios objetivos. Nesse
sentido, vide MARX, KARL. Der
Bürgerkrieg in Frankreich. Adresse des Generalrats der Internationalen
Arbeiterassoziation (A Guerra Civil na França. Informe do Conselho Geral da
Associação Internacional dos Trabalhadores)(Abril – Maio de 1871), in : ibidem,
Vol. 17, Berlim : Dietz, 1962, p. 336.
[3] Impende ressaltar que,
na Edição
Russa de 1882 do “Manifesto do Partido Comunista”,
foi publicada, em seu apenso, a retro-mencionada passagem de Marx,
contida em sua obra “A Guerra Civil na França” de 1871. Ademais disso, Engels
indica, em sua presente carta, que, pelos motivos referidos, a Edição
Alemã de 1883 do “Manifesto do Partido Comunista” –
para o qual redigiu um prefácio especial – foi publicada sem apenso, não
contando, por isso, com a passagem em realce de Marx, reproduzida, porém,
precedentemente na Edição Alemã de 1872 do “Prefácio ao Manifesto do Partido Comunista”.