FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO
REVOLUCIONÁRIO
PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
CARTA DE FRIEDRICH ENGELS
a Giovanni Bovio
6 de Fevereiro de 1892
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Emil Asturig von
München
Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von
Köln
Janeiro 2008 emilvonmuenchen@web.de
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Em um artigo de “La Tribuna” de 2 de
fevereiro desse ano, o conhecido Giovanni Bovio censura os deputados italianos republicanos
que, nos últimos tempos, passaram para o campo monárquico, por tratarem, com
excessivo desdém, a questão da forma de governo. Ora, na realidade,
isso não me afeta. Porém, o que me atinge, nessa questão, é o fato de que Bovio
usa meu artigo sobre o socialismo alemão, publicado em “Critica Sociale”, em 16
de janeiro de 1892, para dirigir a mesma recriminação contra os socialistas
alemães, em geral, e contra mim, em particular.[2]
Nesse sentido, expressa-se, do
seguinte modo:
“ Disso se vê, ademais, como e por que se equivocam os
socialistas que, com Friedrich Engels,
falam sobre a tomada imediatamente
vindoura do poder pelos socialistas, sem indicar de que tipo de poder se
trata. Engels chega ao ponto de
estipular, com provas aritméticas – e, não só desde hoje, parece-me constituir
essa cifra uma prova fundada na história -,
o ano não muito distante em que o
partido socialista conquistará a maioria no Parlamento Alemão.
Magnífico ! E então?
- Tomará o poder.
Grandioso ! Mas que poder ? Tratar-se-á de um poder monárquico, de um poder republicano ou será que o partido
se dedicará novamente à utopia de Weitling,
superada pelo “Manifesto Comunista”,
em janeiro de 1848?
- Essas formas são-nos, porém, indiferentes.
Realmente ? Contudo, pode-se apenas falar de um poder quando
este possuir uma forma concreta. Pode-se afirmar que a nova substância, a idéia
criará, por si mesma, a forma, produzindo-a a partir de si mesma. Porém, não se
pode e não se deve deixar de considerar a forma.”
A isso contesto que não aceito
absolutamente a intepretação, formulada pelo honorável Bovio.
Sobretudo porque não disse que “o partido
socialista conquistará a maioria e, então, tomará o poder.”
Acentuei, pelo contrário, que
existiriam pespectivas, de dez para um, no sentido de que os dominadores
empregarão a violência contra nós, ainda muito tempo antes daquele momento
chegar.
Porém, isso nos conduziria do
campo da maioria de votos ao campo da revolução.
“- Tomará o poder.
Grandioso ! Mas que poder ? Tratar-se-á de um poder monárquico, de um poder republicano ou será que o partido
se dedicará novamente à utopia de Weitling,
superada pelo “Manifesto Comunista”,
em janeiro de 1848?”
Aqui, permito-me utilizar uma
expressão do honorável Bovio : É necessário, em
verdade, ser um “uomo di chiostro (EvM.: um anacoreta)” para acariciar a dúvida
mais ínfima acerca da natureza desse poder.
Toda a Alemanha burguesa, aristocrática
e governista recrimina nossos amigos no Parlamento de serem republicanos e
revolucionários.
Desde quarenta (40) anos, Marx
e eu repetimos, à saciedade, que, para nós, a República Democrática é a única
forma política na qual a luta, travada entre a classe dos trabalhadores e a
classe dos capitalistas, pode, de início, assumir caráter geral, sendo, a
seguir, consumada pela vitória decisiva do proletariado.
(...) Bovio deveria conhecer o socialismo
alemão o bastante para saber que este reivindica a socialização de todos os meios de
produção.
De que maneira ocorrerá essa revolução econômica ?
Dependerá das circunstâncias nas quais nosso Partido
tomar o poder, do momento histórico em que o alcançar e do método com o qual
isso for atingido.[3]
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. ENGELS,
FRIEDRICH. Antwort an den
ehrenwerten Giovanni Bovio (Resposta ao Honorável Giovanni Bovio)(6 de
Fevereiro de 1892), in : ibidem, Vol. 22, Berlim : Dietz, 1963, pp. 279. Impende destacar que, com o presente
texto – ora traduzido para a língua portuguesa -, Engels respondeu à crítica do filósofo e político burguês
italiano Giovanni Bovio,
movida contra o texto de Engels, intitulado “Der Sozialismus in Deutschland (O Socialismo na Alemanha)”, de
outubro de 1891. Em 2 de fevereiro de 1892, Filippo Turati, editor de “Critica Sociale”, órgão bimensal teórico do Partido Socialista Italiano, enviou a Engels o artigo de Bovio,
publicado em “La Tribuna”,
pedindo-lhe que redigisse uma réplica. Engels
redigiu-a em língua francesa. A tradução italiana do texto em francês de Engels, realizada por Turati, foi publicada em “Critica Sociale”, Nr. 4 de 16 de
fevereiro de 1892, sob o título “De
Friedrich Engels a Giovanni Bovio”, sendo, a seguir, republicada por
inúmeros jornais italianos.
[2] Sobre o artigo aqui referido
por Engels, permito-me remeter o leitor à leitura de ENGELS,
FRIEDRICH. Der Sozialismus in
Deutschland (O Socialismo na Alemanha)(13 – 22 de Outubro de 1891), in :
ibidem, Vol. 22, Berlim : Dietz, 1963,
pp. 245 e s.
[3] Cf. IDEM.
ibidem, Vol. 22, p. 280.