FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO
REVOLUCIONÁRIO
PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
CARTA DE KARL MARX
a Ludwig Kugelmann
17 de Abril de 1871
KARL MARX[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Emil Asturig von
München
Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von
Köln
Outubro 2007 emilvonmuenchen@web.de
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Londres,
17 de abril de 1871
Caro
Kugelmann, [2]
Recebi
devidamente sua carta. No presente momento, tenho as mãos repletas de coisas
para fazer.
Por
isso, eis aqui apenas poucas palavras.
A meu
ver, é inteiramente incompreensível como você pode comparar as manifestações
pequeno-burguesas, à la 13 de junho de 1849 etc., com a atual luta que se trava
em Paris.[3][4]
A
história mundial seria, de fato, muito fácil de fazer, se a luta fosse assumida
apenas em condições de chances infalivelmente favoráveis.
Por
outro lado, seria de natureza muito mística, se os “acasos” não
desempenhassem papel algum.
Naturalmente,
esses acasos mesmos precipitam-se no curso geral do desenvolvimento e são,
novamente, compensados por outros.
Porém,
aceleração e atraso são muito dependentes desses “acasos” – entre os quais
figura também o “acaso” do caráter daqueles que, primeiramente, encontravam-se
à cabeça do movimento.
Desta
vez, o “acaso” decisivamente desfavorável não deve ser, absolutamente,
procurado nas condições gerais da sociedade francesa, mas sim na presença dos
prussianos na França e na posição destes, bem diante de Paris.
Disso,
os parisienses estavam muito perfeitamente conscientes.
Entretanto,
também os canalhas burgueses de Versalhes sabiam disso.
Por
isso mesmo, colocaram os parisienses diante da alternativa de assumirem a luta
ou sucumbir sem luta.
Nesse
último caso, a desmoralização da classe trabalhadora seria uma desgraça muito
maior do que a perda de um número qualquer de “dirigentes”.
A luta
da classe trabalhadora contra a classe capitalista e seu Estado
ingressou em uma nova fase, precisamente por meio da luta, travada em Paris.
Seja lá
qual for o resultado imediato da questão, fato é que um novo ponto de partida
de relevância histórico-mundial foi alcançado.
Adio,
K.M.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. MARX, KARL. Brief
an Ludwig Kugelmann in Hannover (Carta a L. Kugelmann em Hannover)(17 de Abril
de 1871), in : Karl Marx und Friedrich Engels Werke (Obras de Karl Marx e
Friedrich Engels), Vol. 33, Berlim : Dietz, 1966, pp. 209 e s.
[2] Observo que Ludwig (Louis) Kugelmann (1828 –
1902) foi um médico ginecologista e amigo pessoal de Marx e Engels. Foi
simpatizante ou, até mesmo, membro da Liga dos Comunistas (1847 – 1852).
Participou ativamente da Revolução de 1848 e 1849 na
Alemanha. Foi membro da Associação Internacional dos Trabalhadores (
Primeira Internacional / 1864 – 1876), intervindo dinamicamente em
Hannover. Contribui enormemente para a divulgação de “O Capital” de Karl
Marx, na Alemanha. Foi membro do Partido Social-Democrático dos Trabalhadores
da Alemanha (SDAP), a partir de 1869 e, a partir de 1875, do Partido
Socialista dos Trabalhadores da Alemanha (SAPD). Em 1890, aderiu ao Partido
Social-Democrático da Alemanha (SPD).
[3] Com efeito, em 15 de abril de 1871, Kugelmann
dirigira a Marx uma missiva, alegando o seguinte : “Novamente, a derrota
subtrairá, por longo tempo, aos trabalhadores os seus dirigentes, desgraça essa
que não pode ser subestimada. Pelo momento, parece-me que o proletariado
necessita mais ainda de esclarecimento do que luta, travada com armas nas mãos.
Atribuir o fracasso a esse ou àquele acaso não significa incidir nos mesmos
erros de que são, tão contundemente, reprovados os pequeno-burgueses, no “18
Brumário”?” Cf. KUGELMANN, LUDWIG.
Brief an Karl Marx (Carta a Karl Marx)(15 de Abril de 1871), passim : Karl Marx und Friedrich Engels Werke (Obras
de Karl Marx e Friedrich Engels), Vol. 33, Berlim : Dietz, 1966, p. 746.
[4] Destaco que, em 13 de junho de 1849, o Partido
da Montanha (Montagne) de linhagem pequeno-burguesa havia conclamado as
massas parisienses a realizarem uma manifestação pacífica de protesto contra o
envio de tropas francesas à Itália, com o objetivo de reprimir a
Revolução
Italiana que, então, desenrolava-se. Segundo o Artigo 5° da Constituição
Francesa, em vigor naquele ano, proibia-se o envio de tropas ao
exterior, visando à repressão da liberdade de outras nações. A manifestação
parisiense em realce foi, entretanto, esmagada, naquela ocasião, por tropas
oficiais do Estado Francês, o que colocou às claras a falência do regime
democrático
pequeno-burguês, instaurado há pouco meses atrás em território francês.