FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO
REVOLUCIONÁRIO
PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
CARTA DE FRIEDRICH ENGELS
a Philip Van Patten
18 de Abril de 1883
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Emil Asturig von
München
Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von
Köln
Fevereiro 2008 emilvonmuenchen@web.de
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57, 2nd. Av. N. York
Londres, 18 de abril de 1883
Philip Van Patten
Valoroso Companheiro,
Minha resposta à sua consulta de 2 de
abril sobre a posição de Karl Marx em relação aos anarquistas,
em geral, e Johann Most, em particular, há de ser clara e breve: [2]
Marx e eu defendemos, desde 1845, a
concepção de que uma das conseqüências finais da futura Revolução Proletária será
a gradativa
dissolução (EvM.: no original alemão die allmähliche Auflösung)
e, finalmente, o desaparecimento (EvM.: das Verrschwinden) da organização
política designada com o nome de Estado, uma organização cujo principal
objetivo foi, sempre, assegurar, mediante o poder das armas, a opressão
econômica da maioria trabalhadora por uma minoria abastada.
Com o desaparecimento de uma minoria rica
desaparecerá também a necessidade de um poder armado de opressão ou do poder do
Estado.
Ao mesmo tempo, para atingir esses ou
aqueles objetivos amplamente mais importantes da revolução social vindoura,
sempre foi nossa intenção que a classe trabalhadora se assenhore, de início, do
poder político organizado do Estado e, com o seu auxílio, esmagar a resistência
da classe capitalista, organizando a sociedade, de maneira inovadora. Isso já
havia sido verificado em 1847, no “Manifesto do Partido Comunista”,
Capítulo II, Conclusão.
Os anarquistas colocam as coisas de
cabeça para baixo.
Declaram que a Revolução Proletária
deveria começar por abolir a organização política do Estado. Porém, a única
organização que o proletariado triunfante encontra pré-construída é
precisamente o Estado. Este pode necessitar de transformação, antes que possa
cumprir suas novas funções. Porém, abolí-lo, em um tal momento, significaria
abolir o único organismo mediante o qual o proletariado vitorioso pode fazer
validar seu poder há pouco conquistado, reprimindo seus adversários
capitalistas e impondo a referida revolução econômica à sociedade, sem o qual
toda a vitória haveria de terminar em uma derrota e em um massacre da classe
trabalhadora, à semelhança daqueles ocorridos depois da Comuna de Paris.
É necessária que lhe apresente a
minha garantia mais explícita no sentido de que Marx se opôs a essa
estupidez anarquista desde o primeiro dia, em que foi invocada em seu formato
por Bakunin
?
Isso é comprovado por toda a história
interna da Associação Internacional dos Trabalhadores (EvM: I
Internacional). Desde 1867, os anarquistas estiveram tentando conquistar a
direção da Internacional, lançando mão dos meios mais infâmes.
O principal obstáculo em seu caminho
foi Marx.
O resultado da luta de cinco anos foi
a expulsão dos anarquistas da Internacional, no Congresso
de Haia, em setembro de 1872,
E, o homem que mais fez para efetuar essa expulsão foi Marx.
Nosso velho amigo Friedrich A. Sorge, de Hoboken (EvM.: Nova
Jersey, EUA), que esteve presente como Delegado, pode-lhe transmitir maiores
detalhes, se o Sr. desejar.
E, agora, sobre Johann Most. Se alguém
afirma que Most, desde que se tornou anarquista, esteve em contato ou
recebeu algum tipo de ajuda de Marx, esse alguém foi ludibriado ou
é um mentiroso, sem reservas.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief an Philip Van Patten in New York (Carta a
P.V. Patten em Nova Iorque))(18 de Abril de 1883), in : ibidem, Vol. 36, Berlim
: Dietz, 1967, pp. 11 e 12.
[2] Anoto que, em 2 de abril
de 1883, Van Patten, Secretário da União Central do Trabalho
de Nova
Iorque, dirigiu-se a Engels, por meio de carta, para
informá-lo que o anarquista Johann Most e seus correligionários
haviam declarado, amplamente, por ocasião de uma celebração organizada em
memória de Karl Marx, nos EUA, que entre este e aqueles
vicejava um estreito relacionamento político, sendo Most haveria sido um dos
maiores expressivos divulgadores de “O Capital”, na Alemanha, estando,
por isso, Marx geralmente de acordo com os posicionamentos anarquistas
defendidos por Most. Em sua missiva, dirigida a Engels, Patten
salientou não poder acreditar na alegação de que Marx sulfragara os
métodos anarquistas de desorganização do trabalho proletário, razão pela qual
solicitava a Engels que lhe informasse sobre a posição que Marx
defendera em relação ao anarquismo e Johann Most.
[2] Assinale-se que, em
1881, Nieuwenhuis publicou, em língua holandesa, uma curta exposição
popular do primeiro volume de “O Capital” de Marx , sob o título “Karl Marx. Kapitaal en Arbeid (Karl Marx.
Capital e Trabalho)”. Uma segunda edição surgiu, efetivamente, em
1889.