FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO MARXISMO
REVOLUCIONÁRIO
PARA A LUTA DE CLASSES PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
CARTA DE FRIEDRICH ENGELS
a Eduard Bernstein
28 de Janeiro de 1884
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Emil Asturig von
München
Publicação em Homenagem a Portau Schmidt von
Köln
Fevereiro 2008 emilvonmuenchen@web.de
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Londres,
28 de janeiro de 1884
Caro
Bernstein,
(...) No caso de o Sr. von der Mark ou de
alguma outra pessoa continuar a falar ainda de “concessões”, feitas por nós aos
anarquistas, as seguintes passagens demonstram que proclamamos a cessação
do Estado (EvM.: no original alemão das Aufhören des Staats),
antes mesmo que existissem qualquer tipo de anarquistas : “Misère de la Philosophie
(EvM.: Miséria da Filosofia), p. 177[2] :
„No curso do desenvolvimento, a classe trabalhadora
substituirá a velha sociedade burguesa
por uma associação que excluirá as
classes e o seu antagonismo.
E não existirá mais nenhum poder propriamente politico, porque precisamente o poder político é a expressão oficial do
antagonismo de classes, existente no interior da sociedade civil.” [3]
“Manifesto do Partido Comunista”, conclusão da Parte II :
“Uma
vez desaparecidas as diferenças de classes, no curso do desenvolvimento, e
concentrada toda produção nas mãos dos indivíduos associados, o poder público perderá seu caráter
político.
O poder político, em sentido próprio, é o
poder organizado de uma classe para a repressão de uma outra.” [4]
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. MARX, KARL. Brief an Eduard Bernstein in Zürich (Carta a E.
Bernstein em Zurique)(1° de Janeiro de 1884), in : ibidem, Vol. 36, Berlim :
Dietz, 1967, pp. 78 e 79.
[2] Cumpre destacar que, em 20 de dezembro de
1883, Eduard Bernstein fez publicar, em “Der Sozial-Demokrat (O
Social-Democrata)”, órgão da Social-Democracia Alemã, um artigo
de sua autoria, valendo-se do pseudônimo Leo, em que refutava as posições
contidas em uma matéria surgida, em 2 de dezembro de 1883, no “New Yorker Volkszeitung (Jornal do
Povo de Nova Iorque)”, de autoria de Wilhelm Ludwig Rosenberg, assinando
com o pseudônimo von der Mark, em que se alegava que o Estado nada mais seria
senão um conceito abstrato que remeteria à idéia de uma união de indivíduos. Bernstein,
por sua vez, apoiando-se nos pensamentos elencados por Engels na Parte III de
sua obra “O Desenvolvimento do Socialismo da Utopia à Ciência” sobre a
função histórica do Estado e a crítica da concepção lassalleana de “Estado
Livre do Povo”, pretendeu desencadear uma polêmica, seja contra a
concepção do Estado dos lassalleanos, seja contra aquela dos anarquistas.
Porém, dirigindo-se aos anarquistas, Bernstein sustentou que seria
necessário conquistar o poder no Estado. Seu célebre artigo de 20 de dezembro
de 1883, é finalizado com a seguinte declaração : “Portanto, nenhum engano
sobre nosso objetivo final e também nenhum equívoco sobre o caminho a ser
percorrido rumo a esse objetivo! Vale dizer : conquistemos o poder no Estado
(EvM.: no original alemão : die Macht im Staat erobern.).” Em
seguida, em 3 de janeiro de 1884, Rosenberg publicou, no “New
Yorker Volkszeitung (Jornal do Povo de Nova Iorque)”, uma segunda
matéria, intitulada “O Sr. Leo”, em que, embaralhando as coisas, procurou
demonstrar a seus leitores que Friedrich Engels havia, de fato,
defendido a idéia de perecimento do Estado, i.e. das Absterben des Staats,
bem como a idéia de uma sociedade sem dominação, o que comprovaria ter Engels
feito concessões aos anarquistas, em suas idéias de supressão ou abolição
imediata do Estado. Sobre o tema, vide ENGELS, FRIEDRICH. Die
Entwicklung des Sozialismus von der Utopie zur Wissenschaft (O Desenvolvimento
do Socialismo da Utopia à Ciência)(Janeiro - Março de 1880), especialmente
Parte III, in : ibidem, Vol. 19, pp. 223 e 224.; BERNSTEIN, EDUARD. Der Sozialismus und der Staat (O Socialismo e o
Estado), in : Der Sozial-Demokrat, 20 de Dezembro de 1883, pp. 3 e s.
[3] Cf. MARX, KARL. Das Elend der Philosophie. Antwort auf Proudhons “Philosophie des Elends” (A Miséria da Filosofia. Resposta à “Filosofia da Miséria” de Proudhon) (Dezembro de 1846 – Abril de 1847), especialmente Capítulo II: A Metafísica da Economia Política, §5. Greves e Coalizões de Trabalhadores, in : ibidem, Vol. 4, p. 182.
[4] Cf. MARX, KARL & ENGELS, FRIEDRICH. Manifest der Kommunistischen Partei (Manifesto do Partido Comunista)(Dezembro 1847 – Janeiro de 1848), especialmente Capítulo II : Proletários e Comunistas, in : ibidem, Vol. 4, Berlim : Dietz, 1972, p. 482.