FUNDAMENTOS TEÓRICOS E POLÍTICOS DO
SOCIALISMO CIENTÍFICO
PARA A LUTA DE EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA
SOCIEDADE MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
FRIEDRICH ENGELS
O General do Proletariado Revolucionário
ERICH WOLLENBERG[1]
Concepção e Organização
Aníbal Cienfuegos & Rochel von Gennevilliers
Compilação e Tradução
Asturig Emil von München
Janeiro 2005
Voltar ao Índice Geral
http://www.scientific-socialism.de/ArteCapa.htm
“A violência é
a parteira de toda velha sociedade
que se encontra grávida de uma nova.
A própria violência é uma
potência econômica.”
Karl Marx
O Capital. Crítica da Economia Política(1867),
Livro I : O Processo de Produção
do Capital
in : Marx und Engels Werke
(Obras de Marx e Engels), Vol.
XXIII,
Berlim : Dietz Verlag, 1962, p.
779.
“Em sentido
teórico, seria fundamentalmente equivocado
esquecer que toda e qualquer guerra
é apenas a continuação da
política com outros meios.”
Vladimir I. U. Lenin
O Programa Militar da Revoluçao
Proletária (Setembro de 1916),
in :
W. I. Lenin Werke (Obras de V. I. Lenin),
Vol. XXIII,
Berlim :
Dietz Verlag, 1962, pp. 72 e s.
Friedrich Engels nasceu em 28 de novembro de 1820, em Barmen, e faleceu, em Londres, em 5 de agosto de
1895.
Engels foi filho de um industrial da Renânia.
Ainda como jovem estudante, ingressou no movimento
revolucionário, aproximadamente na mesma época que Karl Marx, porém
independentemente desse último e, em verdade, aderindo, desde logo, à ala
comunista, extremamente radical.
Em 1849, Engels lutou, com armas na
mão, em Baden, nas fileiras dos sublevados, exercendo funções de
oficial.
As experiências práticas que Engels adquiriu nessa
ocasião foram por ele aprofundadas, ao longo de toda a sua vida, mediante o
estudo de obras militares e científicas acerca do fenômeno da guerra.
Em meio a círculos de amigos, Engels era
entusiasticamente chamado de “General”, em razão de seus
artigos e brochuras, surgidos, de início, quase sempre de maneira anônima, nos
quais abordava, com extraordinária sabedoria especializada, acontecimentos das
guerras contemporâneas ou ainda questões político-militares e de armamento em
geral.
Assim, obteve o reconhecimento de especialistas militares
muito antes de ter feito nome no quadro do movimento internacional dos
trabalhadores, enquanto co-fundador do Socialismo Científico, amigo mais estreito e companheiro de lutas de Karl Marx.
Durante os anos em que Marx viveu, esses
dois amigos não publicaram quase nada que não houvessem discutido anteriormente
entre si.
Se, nas questões de Economia Política e de Filosofia, Marx surgia, inquestionavelmente, como dirigente – enquanto Engels, intervia muito
mais como “encarregado” do que como elemento criativo -, a relação invertia-se
nos domínios concernentes à Política Militar.
Aqui, Engels era o especialista à
cuja força de julgamento Marx curvava-se de bom grado.
Da pena do “General”, originam-se a
maioria dos artigos e ensaios militares e político-militares que foram
publicados sob o nome de Marx, p. ex. a obra intitulada “Revolução e Contra-Revolução na
Alemanha”, redigida entre agosto de 1851 e setembro de 1852.
De igual maneira, nos escritos de Marx, encontram-se extratos que tratam de questões militares,
redigidos quase exclusivamente por Engels.
Por isso, também aqueles trabalhos militares cujo autor
efetivo surge como sendo Marx podem ser agregados aos “Escritos Político-Militares de
Engels”.
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO CIENTÍFICO-SOCIALISTA
DAS MASSAS OPRIMIDAS E SEUS ALIADOS POLÍTICOS
MOSCOU -
______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS DE
WOLLENBERG, ERICH
por Rochel von
Gennevilliers
Erich Wolleberg nasceu em 1892, na Alemanha. Seu pai
exerceu a profissão de médico.
Após
concluir seus estudos secundários, decidiu-se também por estudar medicina.
Recrutado,
porém, em 1914, para combater na I Guerra Mundial Imperialista,
veio a alcançar o posto de tenente nas Forças Armadas do Império Alemão
(Reichswehr) e foi ferido, por cinco vezes.
Em 1918,
no encerramento dessa conflagração bélica mundial, ingressou nas
fileiras do Partido Social-Democrático Independente da Alemanha(USPD) e defendeu posições
manifestamente pacifistas.
A seguir,
participando da Revolução Democrático-Burguesa Alemã de Outubro de 1918,
comandou um destacamento de marinheiros revolucionários, na cidade de Könisberg.
Em abril
de 1919, colocando-se em favor da defesa da Revolução Bávara,
tornou-se um dos comandantes do Exército Vermelho do Norte da
República Soviética da Baviera e atuou nas lutas travadas contra o Exército
Branco, de Friedrich Noske e Gustav Noske.
Entre
maio de 1919 e março de 1922, foi preso e foragiu-se, por diversas vezes.
No curso
desses meses, enriqueceu sua prática revolucionária com a teoria
marxista-revolucionária do socialismo científico.
Entre
1922 e 1923, atuou como jornalista em Könisberg, dedicando-se às tarefas
de agitação política, no quadro do Partido Comunista da Alemanha (KPD),
junto à juventude proletária, estivadores e ferroviários, pequenos camponeses e
trabalhadores rurais dessa cidade, bem como ocupou-se com atividades
propagandistas e organizativas entre as fileiras das Forças Armadas do
Império Alemão (Reichswehr).
No fim de
abril de 1923, transferiu-se de Könisberg para a região do Ruhr
e realizou trabalho clandestino de agitação entre as tropas francesas e belgas,
acionadas na Ocupação do Vale do Ruhr, na Alemanha.
Aqui, militou
entre mineiros, metalúrgicos, jovens socialistas e comunistas, soldados
franceses e belgas da ocupação, difundindo a linha política do jornal “Humanité
du Soldat (A Humanidade do Soldado)”, editado pela secretária da Internacional
Comunista da Juventude (III Internacional) e do Partido Comunista
Francês (PCF).
Durante o
todo o verão de 1923, participou de manifestações revolucionárias
internacionalistas de luta contra a ocupação franco-belga do Vale
do Ruhr e o Governo Burguês Alemão, clamando por “Golpear Poincaré e
Cuno, no Ruhr e na Spree !”
Foi um
dos principais articuladores, em abril de 1923, da transformação da Greve
Geral de Bochum, no Vale do Ruhr – na qual tomam parte
cerca de 500.000 mineiros e metalúrgicos -, em insurreição armada proletária.
A direção
do Partido
Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich Brandler e Ruth Fischer
– por entender se tratar essa insurreição de um ato inteiramente precipitado,
ultra-esquerdista e provocativo, exigiu que Wollenberg contribuísse
para o desarmamento dos trabalhadores revolucionários do Vale do Ruhr.
Em agosto
de 1923, é nomeado pelo Comitê Central do Partido Comunista da
Alemanha (KPD), pela III Internacional e pelo Estado-Maior
das Forças Armadas Vermelhas da URSS, dirigente supremo
político-militar, responsável pela Alemanha do Sudoeste, sendo
encarregado das operações de luta em Württemberg, Baden, Hessen e, em
parte, na Baviera, objetivando à preparação de uma insurreição armada
proletária ainda no curso do mesmo ano.
Frustada
a insurreição em tela pela direção centrista-oportunista do Partido
Comunista da Alemanha (KPD) – exercida, então, por Heinrich Brandler e
Karl Radek –, Wollenberg
refugiou-se, em abril de 1924, na URSS, onde efetuou
estudos militares junto à Escola Militar do Estado-Maior das Forças
Armadas Vermelhas, em Moscou.
Entre
1924 e 1927, exerceu diversos postos de comando nas Forças Armadas
Vermelhas, tanto no interior na URSS quanto no exterior.
Tendo capitulado
à contra-revolução operário-burocrática stalinista, por intermédio de Bukharin,
tornou-se, em 1928, especialista militar do Instituto Marx-Engels de
Moscou,
vindo
a dirigir seu Gabinete Militar.
Ministrou aulas nos cursos militares em que lutadores
alemães eram formados como especialistas em insurreições armadas proletárias.
Em fins
dos anos 20, aderiu à Oposição Soviética de Direita,
protagonizada por Bukharin, Rykov, Tomsky e outros.
Conseguindo
regressar à Alemanha, foi dirigente, no quadro do Partido Comunista da Alemanha
(KPD), da Liga dos Lutadores do Fronte Vermelho na Alemanha (Roter
Frontkämpferbund), de abril de 1931 a dezembro de 1932,
combatendo o ascenso nazista e permanecendo crítico, porém, em face da política
stalinista de então, protagonizada por Ernst Thälmann e seus adeptos,
consistente em contemplar a Social-Democracia Alemã enquanto
expressão fática do social-fascismo e principal inimigo a ser derrotado.
A seguir,
foi novamente encarcerado e, mais uma vez, liberado.
Opôs-se,
então, ativamente à linha stalinista de aliança eleitoral, selada, no quadro do
“Referendo
Prussiano Vermelho de 21 de julho de 1931”, entre o Partido
Comunista da Alemanha(KPD), o Partido Nazista de Hitler (NSDAP), o
Partido Nacional Alemão de Hugenberg (NDP) e os Capacetes
de Aço de Hindenburg (Stahlhelm), com forma de derrubar o
Governo de Frente-Popular, encabeçado pela Social-Democracia
Alemã.
Opôs-se
resolutamente à política stalinista de realização de “greve comum”, encabeçada
pelo Partido Comunista da Alemanha(KPD) em conjunto com o Partido Nazista de
Hitler (NSDAP), em novembro de 1932, contra a administração municipal
social-democrática, na cidade de Berlim.
Depois da
tomada do poder por Hitler na Alemanha, por criticar, desde uma
perpectiva trotskysta, a direção stalinista burocrático-contra-revolucionária
do Partido Comunista da Alemanha(KPD) e do Komintern Stalinista, foi
expulso dessas organizações, em 4 de abril de 1933, juntamente com Felix Wolf.
Aproximou-se
do trotskysmo, em 1934.
Foragido
na cidade de Praga, em julho de 1934, organiza um grupo de oposição
trotskysta no interior do Partido Comunista da Tchecoslováquia (CKP).
Durante o
período da Grande Depuração Stalinista, foi intensamente perseguido pela NKVD
(Polícia Secreta Stalinista), sob a acusação de liderar - juntamente
com o revolucionário alemão Max Hoelz - o “centro terrorista-trotskysta
contra-revolucionário”.
Emigrou,
em agosto de 1938, para a França e colaborou, militarmente, com
diversos grupos guerrilheiros anti-nazistas, até ser preso em 1940.
Tendo
conseguido fugir do campo de concentração Le Vernet, por contar com o auxílio
de alguns oficiais franceses, dirigiu-se para Casablanca e aí
participou da Resistência de Marrocos.
Mesmo
perseguido intensamente pelos serviços secretos stalinistas e nazistas, seu
pedido de ingresso nos EUA como refugiado político é
rejeitado pelo Consulado Norte-Americano, em outubro de 1941, a despeito de
ter recebido, em janeiro do mesmo ano, 1.200 francos do Centro Americano de Recursos para
poder organizar sua fuga em direção ao México.
Mais uma
vez preso, foi libertado pelo desembarque aliado e veio a tornar-se,
temporariamente, em 1946, correspondente de imprensa dos Estados-Unidos
na Baviera para assuntos concernentes à desnazificação.
A seguir,
passou a trabalhar como jornalista e autor independente.
Em 5 de
abril de 1971, aos 79 anos, referindo-se à sua profissão de fé revolucionária,
assinalou ter permanecido fiel à luta aberta contra o nazismo e o stalinismo, “contra
Hitler e Stalin”, esses “dois irmãos hostis”, e em favor de
um “socialismo
com face humana” que, segundo o próprio Wollenberg,
corresponderia às concepções de Marx, Engels, Rosa Luxemburg, Lenin e
Bukharin[2].
ACADEMIA VERMELHA DE ARTE MILITAR
PROLETÁRIO-REVOLUCIONÁRIA MIKHAIL V. FRUNZE
ESTUDOS MILITARES SOCIALISTAS-INTERNACIONALISTAS
DEDICADOS À FORMAÇÃO
DE TRABALHADORES, SOLDADOS E MARINHEIROS MARXISTAS
REVOLUCIONÁRIOS
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU – BUENOS AIRES -
MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. WOLLENBERG,
ERICH. Engels und Lenin. Militärpolitische Schriften (Engels e Lenin.
Escritos Político-Militares), especialmente : Einteilung zu Teil I : Engels
(Introdução à Parte I : Engels), Offenbach-Frankfurt a.M. : Bollwerk-Verlag,
1953, p. 7.
[2] Acerca do tema, vide p.ex. WOLLENBERG, ERICH. Sinn und Zielrichtung
meines Lebens (Sentido e Direção
Finalística da Minha Vida),
in : Schwarze Protokolle (Protocolos Negros), Nr. 6, Hamburg, 04.1971, pp. 3 e s.