FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO
SOCIALISMO CIENTÍFICO
PARA A LUTA DE EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
PROUDHON, CRIADOR DO SOCIALISMO CIENTÍFICO
PIERRE-JOSEPH PROUDHON[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Asturig Emil von München
Abril 2019 emilvonmuenchen@web.de
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Exposição da Idéia do Justo e do Injusto e da
Determinação
do Princípio do Governo e do Direito:
Caracteres
da Comunidade e da Propriedade
(...) Assim, em uma dada
sociedade, a autoridade do homem sobre o homem encontra-se em razão inversa ao desenvolvimento
intelectual, atingido por essa sociedade, e a duração provável dessa
autoridade pode ser calculada em base ao desejo mais ou menos geral do
verdadeiro Governo, i.e. do Governo em conformidade com a ciência.
E, da mesma maneira que o
Direito da força e o Direito da astúcia se reduzem diante da firmeza cada vez
maior da Justiça, devendo acabar por se extinguir na igualdade, do mesmo modo a
soberania da vontade cede diante da soberania da razão, finalizando por se
extinguir em um socialismo científico.
A propriedade e a realeza
encontram-se em demolição desde o início do mundo. Tal qual o homem procura a
Justiça na igualdade, a sociedade busca a ordem na anarquia.
Anarquia, ausência de
dominador, ausência de soberano: eis a forma de Governo da qual nos aproximamos
todos os dias. O hábito inveterado de tomar o ser humano como regra e sua
vontade como lei faz contemplar-nos como o cúmulo da desordem e a expressão do
caos.
Conta-se que um burguês
parisiense do século XVII, tendo ouvido dizer que, em Veneza, não existia rei, não
pôde esse bom homem recuperar-se de seu espanto e pensou em morrer de rir em
face da primeira notícia de uma coisa tão ridícula.
Assim é o nosso preconceito:
todos nós, na medida que existimos, queremos um chefe ou chefes.
Tenho em minhas mãos, nesse momento,
uma brochura cujo autor, um zeloso comunista, sonha com a Ditadura, tal qual um
outro Jeal Paul Marat.
O mais avançado d’entre nós
são os que querem o maior número possível de soberanos. A majestia da Guarda
Nacional é o objeto de seus desejos mais ardentes.
Em breve, sem dúvida, alguém
orgulhoso da milícia dos cidadãos dirá: “Todo o mundo é rei!”
Mas, quando este alguém houver
falado, direi eu: “Ninguém é rei. Somos todos, por boa ou por má vontade,
associados.
Todas as questões de política
interna devem ser despachadas segundo os dados da estatística departamental.
Todas as questões de política exterior é um assunto da estatística
internacional.
A Ciência de Governo
pertence, por direito, a uma das sessões da Academia de Ciências,
cujo secretário perpétuo se torna, necessariamente, Primeiro Ministro.
E, visto que todos os cidadãos
podem endereçar um memorando à Academia, todos os cidadãos são
legisladores.
Porém, como a opinião de
ninguém há de contar, a menos que seja demonstrada, ninguém pode colocar sua
vontade no lugar da razão.
Ninguém é rei.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
– DIVERSIDADE J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO CIENTÍFICO-SOCIALISTA
DAS
MASSAS OPRIMIDAS E SEUS ALIADOS POLÍTICOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. PROUDHON, PIERRE-JOSEPH. Qu’est-ce que la Propriété? Ou Recherches
sur le Principe du Droit et du Gouvernement (O Que é a Propriedade? Ou
Investigações sobre o Princípio do Direito e do Governo), em particular: Chapitre
V: Exposition Psychologique de l’Idée de Juste et d’Injuste, et Détermination
du Principe du Gouvernement et du Droit (Exposição da Idéia do Justo e do
Injusto e da Determinação do Governo e do Direito), Partie II, §2: Caractères
de la Communauté et de la Propriété (Parte II, §2: Caracteres da Comunidade e
da Propriedade)(1840), Paris: Garnier-Flammarion, 1966, p. 285 e s.