FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS DO
SOCIALISMO CIENTÍFICO
PARA A LUTA DE EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIA,
TRAVADA EM PROL DA CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE
MUNDIAL
SEM EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM, SEM
EXPLORAÇÃO DE NAÇÕES POR NAÇÕES
JOHANN KARL RODBERTUS:
FUNDADOR
DO SOCIALISMO CIENTÍFICO
GEORG ADLER[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução Asturig Emil von München
Janeiro 2019 emilvonmuenchen@web.de
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Übersetzung ins Deutsche
Índice
Introdução
Prefácio
Características Gerais
A Crítica de Rodbertus à Moderna Ciência da Economia
Estado Social
A Transição rumo ao Estado Social
Introdução
Com Rodbertus, inicia-se uma nova época na
história do socialismo. Até então, o socialismo não havia encontrado o ponto de
conexão com a Ciência da Economia. Não havia ainda entendido como fazer para
apropriar-se dos resultados positivos e inegáveis desta Ciência e, sobre a base
destes, continuar seu desenvolvimento.
Por isso, pode-se, justamente,
caracterizar o socialismo em todo o seu desenvolvimento, até cerca da metade do
século XIX, como socialismo não-científico.
Tão somente com os escritos de
Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) acerca da “Propriedade” (Qu'est-ce que la
propriété ? ou Recherche sur le principe du Droit et du Gouvernement), (1840) e sobre as “Contradições da Economia Nacional” (Système des contradictions économiques ou
Philosophie de la misère) (1846)” abre-se caminho para uma mudança de rumo, concluída então por Rodbertus.
Aquele francês perspicaz é o
primeiro a intentar uma declaração científico-socialista acerca dos fenômenos
econômicos do sistema dominante da livre concorrência.
O fato de a tentativa de Proudhon não ter conduzido ao objetivo deve-se sobretudo à sua
filosofia mística que, em seu caso, imiscui-se em tudo, não permitindo, em
nenhuma passagem, que os debates econômicos emerjam à superfície corretamente.
Ficou reservado ao nosso pensador alemão direcionar o socialismo nos trilhos
que lhe asseguram o reconhecimento enquanto uma vertente verdadeiramente
sócio-científica.
Rodbertus declara expressamente que se
baseia fundamentalmente na Teoria do Valor de Adam Smith e David Ricardo,
extraindo tão somente desta todas as consequências.
Todo o seu tratamento dos
problemas econômicos mantem-se distante das declamações dos franceses, a fim de
manejar o bisturi da crítica, de modo digno e de maneira fundada em
aprofundados estudos, sobre as relações sociais contemporâneas. A partir deste
momento, deixa o socialismo de ser uma utopia: tornou-se, desde então, uma
teoria.
O sistema social de Rodbertus, que pretendendemos, a seguir, desenvolver,
criticar e reconduzir às suas fontes, é a primeira teoria, no sentido
apropriado da palavra.
Prefácio
O grande significado de Rodbertus enquanto cientista econômico
e, especialmente, teórico do socialismo extremo foi colocado corretamente à
luz, apenas muito recentemente. Sobretudo, cumpre agradecer isso a Adolf Wagner, o renomado teórico do
socialismo de Estado.
Depois de que Wagner, já mesmo em sua obra “Grundlegung
der politischen Ökonomie (Fundamentação da Economia Política)”, referiu-se,
por diversas vezes, ao sábio de Jagetzow, localidade situada em Mecklenburg-Vorpommern,
veio a contemplar, mais detalhadamente, seus méritos científicos em um ensaio
especial, publicado na “Revista de Toda a Ciência do Estado”
de Tübingen, em 1878, Volume 34, páginas 119 – 236, intitulado “Alguns
Aspectos de e sobre Rodbertus-Jagetzow”. Declaro-o, nesta sede,
precisamente, como o mais brilhante representante do lado puramente econômico
do socialismo científico.
Wagner também publicou, na citada
revista de Tübingen, as cartas de Rodbertus, dirigidas tanto a si
mesmo quanto ao Dr. Zeller de Karlsruhe e ao arquiteto H. Peters de Schwerin.
Em sua obra intitulada “Doutrina
do Lucro Empresarial” de 1875, também Julius Pierstorff dedicou
uma atenção inteiramente particular à doutrina de Rodbertus, ao menos no
que tange à sua crítica das relações econômicas existentes, reconhecendo-a, em
parte.
Finalmente, foi Rudolf
Meyer, o autor da obra “Luta de Emancipação do Quarto Estado”, quem
proclamou a fama de Rodbertus, mesmo sem revelar excessiva compreensão por sua
doutrina, devido à sua carência de conhecimentos teóricos.
Mediante a publicação das
cartas de Rodbertus que lhe foram endereçadas e dos ensaios
sócio-políticos, publicados por ele na “Revista de Berlim”, pode Meyer
pretender os nossos agradecimentos.
Desgraçadamente, porém,
inseriu nas cartas de Rodbertus uma série de acréscimos
altamente supérfluos que são, em parte, ridículos, em parte, vulgares, em parte
ainda, as duas coisas a um só tempo.
Recentemente, Theophil
Kozak reuniu as concepções sócio-econômicas de Rodbertus em um livro de
igual nome, publicado em 1882. Deverão ser-lhe ainda acrescentadas duas partes,
a primeira intitulada “Crítica de Rodbertus-Jagetzow a seus Precursores
e Apresentação de seu Método”, a segunda denominada “Contribuições
ao Exame das Concepções de Rodbertus”.
Dest’arte, Rodbertus
é reconhecido, presentemente, cada vez mais, como o primeiro fundador da teoria
socialista alemã, p. ex. também por Lujo Brentano, no Manual
de Schönberg de Economia Política, às páginas 936 e 937, o qual
submete, igualmente, em poucas palavras, a diretriz de idéias
estatal-socialistas, a que adere, à crítica aguçada, a despeito de justificada.
Os historiadores da Ciência da
Economia que se manifestaram até o presente não apontaram, pelo contrário, a
posição adequada de Rodbertus.
Assim, Julius Kautz não se
ocupou absolutamente com Rodbertus. Apenas em uma
nota-de-rodapé de sua obra “Desenvolvimento Histórico da Economia
Nacional e de sua Literatura”, à página 792, refere-se a ele, citando,
com anuência, uma sua declaração acerca da importância da doutrina da Ciência
da Economia.
A Rodbertus, nosso
pensador, também Eugen Dühring não dedicou, em sua obra intitulada “História
Crítica da Economia Nacional e do Socialismo”, 3ª. edição, 1879,
nenhuma passagem especial. Apenas uma única vez o menciona, na parte de seu
livro dedicada a Ferdinand Lassalle, assinalando que este teria tentado,
debalde, ganhar “a vaidade do Sr. Rodbertus, sob o aspecto da
economia, dono de terra, sob o aspecto do flerte, ligado ao trabalhador”, para
ingressar em sua Associação de Trabalhadores. Vide Dühring, ebenda, p. 140.
É possível verificar que Dühring
não nega a sua natureza, também no que concerne sua apreciação de Rodbertus:
fala, com descaramento, de pessoas que, na história da ciência, assumem uma
posição extraordinária, sem se dar ao mínimo esforço de fundamentar seu
julgamento, de alguma maneira.
Também Wilhem Roscher foi escassamente
justo – tal como Wagner já teve ocasião de observar – na apreciação dos méritos
teóricos de Rodbertus. Em sua obra, “História da Ciência Econômica Nacional na
Alemanha”, não efetua nenhuma menção de Rodbertus, na parte dedicada ao
socialismo, nas páginas 1.020 a 1.025. Pelo contrário, trata de Rodbertus no
capítulo sobre a “Escola Histórica”. Acrescente-se, também nessa sede de modo
muito sucinto, onde, en passant, assinala que os escritos
de Rodbertus
não são isentos de preocupantes ensinamentos equivocados sobre a formação do
capital, a renda fundiária, a centralização, o socialismo et caetera. Roscher
reconhece, nada obstante, as investigações históricas de Rodbertus como altamente
acuradas e argutas e, não raramente, profundas, “onde encontram-se as raizes
das questões raízes da Ciência da Econômia e da vida de todo o povo.” Vide
(Roscher, ebenda, p. 1.040).
Rodbertus replicou a essa crítica, em
sua obra “Esclarecimento da Questão Social”, denominando-a de “até mesmo
de absurda”. (ibidem, p. 109, nota-de-rodapé.)
Um exame mais profundo foi
concedido a Rodbertus na mais recente “História da Economia Nacional” de Hugo
Alexander Eisenhart (S. 201, p. 226 s.), em 1882. O ponto de vista que Eisenhart
teve de assumir relativamente a Rodbertus é suficientemente
caracterizado por suas seguintes palavras:
“É difícil
de dizer se nós, povo dos pensadores, podemos contar mais para nossa glória ou
para nossa vergonha que o comunismo pôde festejar sua reabilitação científica –
tal como se a denominou – em nosso próprio país.” (p. 201)
Por consegüinte, Eisenhart
não foi capaz de apresentar todo o significado científico de Rodbertus, ao qual
Adolf
Wagner corretamente se atém em sua precisa crítica da obra de Eisenhart,
publicada na ““Revista de Toda a Ciência do Estado” de Tübingen, em 1882,
Volume 38, p. 749 e s., a despeito de reconhecer como sendo sua esta perspicaz
anticrítica à crítica do capital de Rodbertus, referida naquela sede. A
propósito, apesar de possuir uma certa essência acertada, não podemos, aderir a
esta anticrítica, ainda que, em todo caso, seja deveras espirituosa.
Uma resumida apresentação do
sistema de Rodbertus – que destaque o seu cerne – tanto este quanto
também, porém, toda a sua completude – não existe. Tampouco existe, até o
presente, uma crítica que pondere cuidadosamente toda a doutrina de Rodbertus.
Finalmente, também não se
intentou, até agora, elaborar uma derivação de seus ensinamentos, obtidos a
partir de concepções precursoras dos escritores da Ciência Econômica, uma
apresentação de seu contexto com suas posições, a qual é, a priori, de se
admitir, visto que, nem na ciência quanto menos na história, existem “saltos” –
i.e. uma apresentação do desenvolvimento dos ensinamentos de Rodbertus a partir
dos embriões já existentes no domínio da ciência, ainda que cumprirá constatar
algumas poucas indicações, certamente valiosas.
Relativizando todo o exposto,
cabe assinalar que, a mais completa de todas as críticas à doutrina da Rodbertus
é a formulada, de modo muito engenhoso, por von Karl Knies, na segunda
parte de sua obra sobre “Dinheiro e Crédito” de 1873 / 1876,
ás páginas 40 – 87. Nada obstante, não gostáriamos, de esposá-la, em sua
essência.
Em especial, a teoria da renda
fundiária de Rodbertus foi, diversas vezes, analisada, p. ex. por Theodor
Trunk, em seu ensaio “História e Crítica da Teoria da Renda
Fundiária”, publicado nos Anais de Hildebrand, em 1868, Volume
10, p. 436, e também por Max Schippel, em seu artigo muito sagaz,
intitulado “Teoria do Valor de Ricardo e Teoria da Renda Fundiária de
Rodbertus”, contido nos “Ensaios de Economia do Estado”, editaods pelo Dr.
R. F. Seyfferth, Série II, Cadernos 9 e 10.
Também não queremos deixar de
mencionar o fato de que, recentemente, a teoria socialista de Rodbertus foi
apreciada, exaustivamente, pela ética científica. Dest’arte, na obra de
Tuiskson Ziller, intitulada “Ética Filosófica Geral”, de 1880,
p. 364 e s.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
– DIVERSIDADE J. M. SVERDLOV”
PARA
A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO CIENTÍFICO-SOCIALISTA
DAS
MASSAS OPRIMIDAS E SEUS ALIADOS POLÍTICOS
MOSCOU
- SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. ADLER, GEORG. Rodbertus, der Begründer des wissenschaftlichen
Sozialismus, Leipzig: Duncker & Humbolt, 1883, p. 1 e s. Destaco, desde
logo, que o presente ensaio, traduzido agora para a língua portuguesa, é a Tese
de Doutorado do Professor de Economia e Ciências do Estado Georg Adler (1863 – 1908), elaborada para Obtenção do Título do Doutor da
Faculdade Superior de Filosofia da Universidade de Freiburg im Breisgau, em
Baden-Württemberg, na Alemanha. Sua obra foi reeditada em 1884 e em 2012 sob o
título “Rodbertus, o Fundador do
Socialismo Científico: Um Estudo Sócio.Econômico. Anotação de Emil
Asturig von München.