MARXISMO REVOLUCIONÁRIO, TROTSKYSMO,

 E QUESTÕES ATUAIS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA INTERNACIONALISTA

 

TEXTOS DE GRAMSCI - FIEL APOLOGISTA DE STALIN E ENGENHOSO ESCUDEIRO DO CONCILIACIONISMO DE CLASSES -,

EM SUA LUTA SEM QUARTEL CONTRA TROTSKY E A REVOLUÇÃO PERMANENTE :

EDIÇÃO SIMULTÂNEA ELABORADA VERBATIM DO ITALIANO PARA O PORTUGUÊS,

ESPECIALMENTE DIRIGIDA CONTRA O GRAMISCISMO CATEDRÁTICO DAS UNIVERSIDADES BURGUESAS LUSITANAE LINGUAE  

 

Arte Militar e Arte Política :

Espontaneísmo de Luxemburgo,  Estudos Superficiais e Banais de Trotsky,

Elaborados Tais Como os de Certos Historiadores dos Costumes

que Estudam as Estranhezas da Moda Feminina,

de Modo “Racionalista”, “Supersticioso”,

com a Persuasão de que Certos Fenômenos

são Destruídos, Tão Logo Explicados “de Modo Realista”

  

ANTONIO GRAMSCI[1]

Concepção e Organização Portau Schmidt von Köln

Compilação e Tradução Asturig Emil von München

Março de 2004 emilvonmuenchen@web.de

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“Por que a Guerra Civil não se iniciou, entre nós, com todo o seu ardor, senão após o 7 de novembro?

Por que fomos obrigados, em seguida, durante quase cinco anos, sem interrupção,

a empreender a Guerra Civil, no Norte, no Sul, no Oeste e no Leste ?

Trata-se de uma conseqüência do fato de que conquistamos o poder muito facilmente.  

Já se repetiu, freqüentemente, a afirmação de que atropelamos nossas classes dominantes. Em certo sentido, isso é correto. ...

Diversamente, para os partidos ocidentais e, em geral, para o movimento operário do mundo inteiro,

pode-se afirmar, agora, com certitude, que, entre vocês, a tarefa será muito mais difícil,

antes da conquista do poder, e muito mais fácil, depois.

Na Alemanha, mobilizar-se-á, tudo aquilo que pode ser mobilizado contra o proletariado, para nem falar da Itália,

onde a contra-revolução está hoje concluída, antes mesmo da vitória da revolução.

Depois de terem conquistado a influência em todo o país, Mussolini e seus fascistas, graças ao fracasso da Revolução de 1920 – para a qual faltou apenas um partido revolucionário -, tiveram de tomar imediatamente o poder e a burguesia lhes cedeu esse poder....

Instruída pelo exemplo russo e armada por toda a experiência histórica dos países democráticos capitalistas, vemos a burguesia, na França, na Inglaterra, por todos os lados, organizar e mobilizar tudo aquilo que pode ser dinamizado.

Isso prova que todas as forças encontram-se, desde já, atravessadas no meio do caminho do proletariado e que, para conquistar o poder, o proletariado deverá neutralizar, paralisar, combater e vencer todas essas forças, através de seus procedimentos revolucionários.

Mas, a partir do momento em que o proletariado tomar o poder,

não restará praticamente à contra-revolução quase mais nenhuma reserva

 e o proletariado terá, após a conquista do poder na Europa Ocidental e no resto do mundo,

os cotovelos muito mais livres para seu trabalho criador do que tivemos na Rússia.

LÉON DAVIDOVITCH BRONSTEIN TROTSKY[2]

 

 

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[A Proposito dei Confronti tra i Concetti di Guerra Manovrata e Guerra di Posizione nell’Arte Militare e i Concetti Relativi nell’Arte Politica] è da ricordare il libretto della Rosa tradotto in italiano nel 1919 da C. Alessandri (tradotto dal francese).

    

[A Propósito das Confrontações entre os Conceitos de Guerra Manobrada e Guerra de Posição na Arte Militare e os Conceitos Respectivos na Arte Política] é de recordar-se o livrinho de Rosa (i.e. Rosa Luxemburgo), traduzido  para o italiano, em 1919, por C. Alessandri (traduzido do francês).[3]

 

Nel libretto si teorizzano un po’ affrettatamente e anche superficialmente le esperienze storiche del 1905: la Rosa infatti trascurò gli elementi « volontari » e organizzativi che in quegli avvenimenti furono molto più diffusi ed efficienti di quanto la Rosa fosse portata a credere per un certo suo pregiudizio « economistico » e spontaneista.

 

Nesse livrinho, são teorizados, um pouco rapidamente e também superficialmente, as experiências históricas de 1905 : Rosa descurou, realmente, dos elementos „voluntários“ e organizativos que foram, naqueles eventos, muito mais difusos e eficientes do que Rosa fosse levada a crer, por um certo preconceito „economicista“ e espontaneísta.

 

Tuttavia questo libretto (e altri saggi dello stesso autore) è uno dei documenti più significativi della teorizzazione della guerra manovrata applicata all’arte politica. ...

 

Todavia, esse livrinho (e outros ensaios do mesmo autor) é um dos documentos mais significativos da teorização da guerra manobrada, aplicada à arte política. ...

 

L’ultimo fatto del genere nella storia della politica sono stati gli avvenimenti del 1917. Essi hanno segnato una svolta decisiva nella storia dell’arte e della scienza della politica. Si tratta dunque di studiare con «profondità» quali sono gli elementi della società civile che corrispondono ai sistemi di difesa nella guerra di posizione.

 

O último fato do gênero na história da política foram os eventos de 1917. Estes assinalaram um giro decisivo na história da arte e da ciência da política. Trata-se, pois, de estudar com “profundidade” quais são os elementos da sociedade civil que correspondem aos sistemas de defesa na guerra de posição.

 

Si dice con « profondità » a disegno, perché essi sono stati studiati, ma da punti di vista superficiali e banali, come certi storici del costume studiano le stranezze della moda femminile, o da un punto di vista «razionalistico» cioè con la persuasione che certi fenomeni sono distrutti appena spiegati « realisticamente », come se fossero superstizioni popolari (che del resto anch’esse non si distruggono con lo spiegarle).  

 

Diz-se com “profundidade” de modo figurado, porque foram estudados, mas a partir de pontos de vistas superficiais e banais, tais como certos historiadores dos costumes estudam as estranhezas da moda feminina, ou do ponto de vista “racionalista”, i.e. com a persuasão de que certos fenômenos são destruídos, tão logo explicados “de modo realista”, tal como se fossem supertições populares (que, de resto, não se destróem com o serem explicadas).

 

A questo nesso di problemi è da riattacare la quistione dello scarso successo ottenuto da nuove correnti nel movimento sindacale.

 

A esse nexo de problemas, é de se reconectar a questão do escasso sucesso, obtido pelas novas correntes, no movimento sindical.

 

Un tentativo di iniziare una revisione dei metodi tattici avrebbe dovuto essere quello esposto da L. Davidovic Bronstein alla quarta riunione quando fece un confronto tra il fronte orientale e quello occidentale, quello cadde subito ma fu seguito da lotte inaudite : in questo le lotte si verificherebbero « prima ». Si tratterebbe cioè se la società civile resiste prima o dopo l’assalto, dove questo avviene ecc.

 

Uma tentativa de iniciar uma revisão dos métodos táticos haveria de ter sido aquele exposto por L. Davidovic Bronstein (i.e. León Trotsky), na IV Reunião, quando fez um confronto entre o fronte oriental e o fronte ocidental, aquele desmoronou logo a seguir, foi seguido, porém, por lutas inauditas : neste, as lutas teriam-se verificado “antes”. Isto é, tratar-se-ia de saber se a sociedade civil resiste antes ou depois do assalto, onde esse ocorre etc.

 

La quistione però è stata esposta solo in forma letteraria brillante, ma senza indicazioni di carattere pratico.

 

Porém, a questão foi exposta apenas de forma literária brilhante, mas sem indicações de caráter prático. [4]

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

 

 

 

 

 

 



[1] Cf. GRAMSCI, ANTONIO. Quaderni del Carcere, Nr. 13 (1932-1934) – A Proposito dei Confronti tra i Concetti di Guerra Manovrata e Guerra di Posizione nell’Arte Militare e i Concetti Relativi nell’Arte Politica (A Propósito das Confrontações entre os Conceitos de Guerra Manobrada e Guerra de Posição na Arte Militar e os Conceitos Correlatos na Arte Política), in : Antonio Gramsci. Quaderni del Carcere (Cadernos do Cárcere), Vol. 3, ed. V. Gerratana, Torino : Einaudi Editore, 1975, pp. 1.613 e s.

[2] Vide TROTSKY, LEÓN DAVIDOVITCH BRONSTEIN. Discurso Pronunciado no IV Congresso da Internacional Comunista (Komintern) (14 de dezembro de 1922), in: La Correspondance Internationale, Suplemento Nr. 35, 21 de Dezembro de 1922.         

[3] Gramsci refere-se aqui ao célebre opúsculo, traduzido do francês para o italiano por C. Alessandri, de autoria de LUXEMBURG, ROSA. Massenstreik, Partei und Gewerkschaften(Greve de Massas, Partido e Sindicatos)(1906), in : Rosa Luxemburg Gesammelte Werke, Vol. ½, Berlim, 1972, p. 21 e s. Em italiano : IDEM. Lo Sciopero Generale. Il Partito e i Sindicati, Milano : Società Editrice „Avanti !“, 1919, pp. 5 e s. Expressando seu juízo causticamente crítico acerca dessa obra de Luxemburg, Gramsci assinala, em seu caderno Nr. 13, fundando-se em seu inconfundível e implacável enfoque stalinista-burocrático : „A propósito das confrontações entre os conceitos de guerra manobrada e guerra de posição na arte militar e tais respectivos conceitos na arte política, é de recordar-se o livreto de Rosa, traduzido em italiano, em 1919, por C. Alessandri(traduzido do francês). No livreto, são teorizados, um pouco rapidamente e também superficialmente, as experiências históricas de 1905 : Rosa descurou, com efeito, dos elementos „voluntários“ e organizativos que foram, naqueles eventos, mais difusos e eficientes do que Rosa fosse levada a crer, em virtude de seu certo preconceito „economicista“ e espontaneísta. Todavia, esse livreto (e outros ensaios do mesmo autor) é um dos documentos mais significativos da teorização da guerra manobrada, aplicada à arte política.“ Cf. GRAMSCI, ANTONIO. Quaderni del Carcere, Nr. 13 (1928-1937) – A Proposito dei Confronti (A Propósito das Confrontações), in: Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno, Torino : Editori Riuniti, 1991, p. 80. 

[4] Referindo-se à „IV Reunião“, Gramsci alude evidentemente ao discurso pronunciado por Trotsky, em 14 de dezembro de 1922, no IV Congresso da Internacional Comunista (Komintern). No jornal francês “La Correspondance Internationale (A Correspondência Internacional)”, de 21 de dezembro de 1922, pode-se encontrar ainda a desgravação do discurso em tela de Trotsky que, entre outras coisas, afirmava, porém, de modo expresso, concreto e prático, i.e. não apenas de modo “racionalista-supersticioso”, como Gramsci quer, indevidamente, fazer crer aos seus leitores : “Por que a Guerra Civil não se iniciou, entre nós, com todo o seu ardor, senão após o 7 de novembro? Por que fomos obrigados, em seguida, durante quase cinco anos, sem interrupção, a empreender a Guerra Civil, no Norte, no Sul, no Oeste e no Leste ? Trata-se de uma conseqüência do fato de que conquistamos o poder muito facilmente. Já se repetiu, freqüentemente, a afirmação de que atropelamos nossas classes dominantes. Em certo sentido, isso é correto. Politicamente, o país havia acabado de sair da barbárie czarista. Quanto à experiência política, os camponeses quase em nada a possuíam, os pequenos camponeses, muito pouco, a burguesia média, um tanto mais, e, graças às Dumas etc., a aristocracia possuía uma certa organização, sob a forma dos Semstvos etc. Assim, as grandes reservas da contra-revolução : os países ricos e, em certos períodos, também os camponeses médios, a burguesia média, os intelectuais e toda a pequena burguesia, todas essas reservas encontravam-se, digamos assim, ainda intactas, praticamente inutilizadas. Apenas quando a burguesia começou a compreender o que perderia, ao perder o poder, intentou, por todos os meios, colocar em movimento as reservas potenciais da contra-revolução, cedendo o lugar de honra à aristocracia, aos oficiais aristocratas etc. Desse modo, essa Guerra Civil prolongada foi a vingança da história contra a facilidade com a qual tínhamos alcançado o poder. Porém, tudo está bem, quando termina bem. No curso desses cinco anos, mantivemos o nosso poder. Diversamente, para os partidos ocidentais e, em geral, para o movimento operário do mundo inteiro, pode-se afirmar, agora, com certitude, que, entre vocês, a tarefa será muito mais difícil, antes da conquista do poder, e muito mais fácil, depois. Na Alemanha, mobilizar-se-á, tudo aquilo que pode ser mobilizado contra o proletariado, para nem falar da Itália, onde a contra-revolução está hoje concluída, antes mesmo da vitória da revolução. Depois de terem conquistado a influência em todo o país, Mussolini e seus fascistas, graças ao fracasso da Revolução de 1920 – para a qual faltou apenas um partido revolucionário -, tiveram de tomar imediatamente o poder e a burguesia lhes cedeu esse poder. Porém, Mussolini representa a organização e a união de todas as forças adversárias da revolução, com mais algumas determinadas forças, que podem ser ainda conquistadas para a revolução. Entretanto, não desejo aprofundar demasiadamente esse tema que será objeto de um outro relatório. Instruída pelo exemplo russo e armada por toda a experiência histórica dos países democráticos capitalistas, vemos a burguesia, na França, na Inglaterra, por todos os lados, organizar e mobilizar tudo aquilo que pode ser dinamizado. Isso prova que todas as forças encontram-se, desde já, atravessadas no meio do caminho do proletariado e que, para conquistar o poder, o proletariado deverá neutralizar, paralisar, combater e vencer todas essas forças, através de seus procedimentos revolucionários. Mas, a partir do momento em que o proletariado tomar o poder, não restará praticamente à contra-revolução quase mais nenhuma reserva e o proletariado terá, após a conquista do poder na Europa Ocidental e no resto do mundo, os cotovelos muito mais livres para seu trabalho criador do que tivemos na Rússia.  Vide TROTSKY, LEÓN DAVIDOVITCH BRONSTEIN. Discurso Pronunciado no IV Congresso da Internacional Comunista (Komintern) (14 de dezembro de 1922), in: La Correspondance Internationale, Suplemento Nr. 35, 21 de Dezembro de 1922.