PRODUÇÕES
LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS
MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
KARL MARX E FRIEDRICH
ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA
A Revolução de Junho de
1848 :
Sobre o Conceito de
“Fraternidade” :
A Fraternidade, Havida
Entre Classes Opostas, Das Quais Uma Explora a Outra,
Tem Como Expressão
Autêntica a Guerra Civil Entre o Trabalho e o Capital
KARL MARX[1]
Concepção e
Organização, Compilação e Tradução
Emil Asturig von
München, Fevereiro de 2009
Para Palestras, Cursos
e Publicações sobre o Tema em Destaque
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Geral
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(...) A fraternité, a fraternidade,
havida entre classes opostas, das quais uma explora a outra, essa fraternité,
proclamada, em Fevereiro de 1848, com letras garrafais, gravada sobre a testa
de Paris,
sobre todas as prisões, sobre todos os quartéis - tem como expressão autêntica, inadulterada,
prosaica o seguinte : a Bürgerkrieg, a Guerra Civil em sua forma
amendrontadora, a Guerra entre o Trabalho e o Capital.
Essa fraternidade flamejou
diante de todas as janelas de Paris, nas vérsperas do dia 25 de junho de 1848,
no momento em que a Paris da Burguesia estava iluminada, ao passo que a Paris
do Proletariado queimava, dessangrava, estertorava.
A fraternidade durou precisamente
enquanto o interesse da burguesia encontrou-se fraternizado com o interesse do
proletariado.
Pedantes
da tradição revolucionária de 1793, taxinomistas socialistas que
mendigavam pelo povo à burguesia - e aos quais foi permitido sermonear
longamente, comprometendo-se, enquanto o leão proletário havia de ser embalado
em sonhos -, republicanos que reclamavam toda a velha ordem burguesa,
descontando-se a cabeça coroada, oposicionistas dinásticos a quem o
acaso apensou, em vez de uma troca ministerial, a derrubada de uma dinastia, legitimistas
que não abandonaram o livrée (EvM.: o traje serviçal),
pretendendo, porém, modificar o seu passo : eis aí os aliados com os quais o
povo empreendeu o seu Fevereiro de 1848.
O que o povo instintivamente odiava em Louis-Philippe
d’Orléans (EvM.: Rei da França entre 1830 e 1848), não Louis
Philippe, senão a dominação coroada de uma classe, o capital sentado no
trono. Porém, ainda que magnânima, acreditava ter anaquilado o seu inimigo,
depois de ter derrubado o inimigo dos seus inimigos, o inimigo comum.
A Revolução de Fevereiro foi a bela
revolução, a revolução da simpatia geral, pois que os opostos, nela
estilhaçados contra a realeza, dormitavam de modo subdesenvolvido, um ao lado
do outro, conciliadamente, de vez que a luta social, que formava o seu plano de
fundo, adquirira apenas uma existência aérea, a existência da frase, da
palavra.
A Revolução de Junho é a revolução
feia, a revolução repugnante, pois que, em vez da frase, surgiu a matéria,
visto como a República descobre, ela mesma, a cabeça do monstro,
repelindo-lhe a coroa protetora e dissimuladora. ...
Logo que estupor passou, começou a
correria e a maioria vaiou, corretamente, aqueles utopistas e hipócritas
miseráveis que celebravam o anacronismo, colocando ainda na boca a palavra
vazia de fraternité, Brüderlichkeit (EvM.: fraternidade). Tratava-se, precisamente, a supressão
dessa palavra e das ilusões que o seu regaço plurívoco oculta.
Quando Larochejaquelein, o
legitimista, bradou o entusiasmo dos cavaleiros medievais contra a infâmia,
proclamando o Vae victis ! (EvM.: Aí dos vencidos, os vencidos serão
devorados), a maioria da assembléia embarcou na Dança de São Vito, como
se tivesse espetada pela tarantela.
Gritou Vae victis! contra os
trabalhadores, para dissimular que ninguém outro é o “vencido” senão ela mesma.
Agora, tem de perecer ou perecerá a República.
É, por isso, que, então, urla,
convulsivamente : Viva a República !
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. MARX, KARL. Die Junirevolution(A Revolução de Junho)(29 de Junho de
1848), in : ibidem, Vol. 5, Berlim : Dietz, 1959, pp. 134 e s. Cumpre-me
assinalar que o presente texto de Marx foi publicado, pela primeira
vez, no jornal “Neue Rheinische Zeitung (Nova Gazeta Renana)”, Nr. 29, de 29
de junho de 1848.