PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO
DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
KARL MARX E FRIEDRICH
ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA
Carta a Philip Van Patten
O Estado é Uma Organização
Cujo Principal Objetivo Sempre Foi Assegurar, Mediante o Poder das Armas,
A Opressão Econômica da
Maioria Trabalhadora por Uma Minoria Abastada:
De Início, a Classe
Trabalhadora Deve Assenhorar-se do Poder Político Organizado do Estado
E, Com o Seu Auxílio, Esmagar
a Resistência da Classe Capitalista,
Organizando a Sociedade, de
Maneira Inovadora
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e Organização,
Compilação e Tradução
Emil Asturig von
München, Dezembro de 2012
Para Palestras,
Cursos e Publicações sobre o Tema em Destaque
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Geral
http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCapa.htm
57, 2nd. Av. N. York
Londres, 18 de abril de 1883
Philip Van Patten
Valoroso Companheiro,
Minha resposta à sua consulta de 2 de abril sobre a posição de Karl
Marx em relação aos anarquistas, em geral, e Johann
Most, em particular, há de ser clara e breve: [2]
Marx e eu defendemos,
desde 1845, a concepção de que uma das conseqüências finais da
futura Revolução Proletária será a gradativa dissolução
(EvM.: no original alemão die allmähliche Auflösung) e,
finalmente, o desaparecimento (EvM.: das Verrschwinden) da organização
política designada com o nome de Estado, uma organização cujo principal
objetivo sempre foi assegurar, mediante o poder das armas, a opressão econômica
da maioria trabalhadora por uma minoria abastada.
Com o desaparecimento de uma minoria rica desaparecerá também a
necessidade de um poder armado de opressão ou do poder do Estado.
Ao mesmo tempo, para atingir esses ou aqueles objetivos amplamente mais
importantes da revolução social vindoura, sempre foi nossa intenção que a
classe trabalhadora se assenhore, de início, do poder político organizado do
Estado e, com o seu auxílio, esmagar a resistência da classe capitalista,
organizando
a sociedade, de maneira inovadora. Isso já havia sido verificado em
1847, no “Manifesto do Partido Comunista”, Capítulo II, Conclusão.
Os anarquistas colocam as coisas de cabeça para baixo.
Declaram que a Revolução Proletária deveria começar por abolir a organização política do
Estado. Porém, a única organização pré-construída que o proletariado
triunfante encontra é precisamente o Estado. Este pode necessitar de
transformação, antes que possa cumprir suas novas funções. Porém, abolí-lo, em
um tal momento, significaria abolir o único organismo mediante o qual o
proletariado vitorioso pode fazer validar seu poder há pouco conquistado,
reprimindo seus adversários capitalistas e impondo a referida revolução
econômica à sociedade, sem o qual toda a vitória haveria de terminar em uma
derrota e em um massacre da classe trabalhadora, à semelhança daqueles
ocorridos depois da Comuna de Paris.
É necessária que lhe apresente a minha garantia mais explícita no sentido
de que Marx se opôs a essa estupidez anarquista desde o primeiro dia,
em que foi invocada em seu formato por Bakunin?
Isso é comprovado por toda a história interna da Associação Internacional dos
Trabalhadores (EvM: I Internacional).
Desde 1867, os anarquistas estiveram tentando conquistar a direção da Internacional,
lançando mão dos meios mais infâmes. O principal obstáculo em seu caminho foi Marx.
O resultado da luta de cinco anos foi a expulsão dos anarquistas da Internacional,
no Congresso
de Haia, em setembro de 1872.
E, o homem que mais fez para efetuar essa expulsão foi Marx.
Nosso velho amigo Friedrich A. Sorge, de Hoboken (EvM.: Nova
Jersey, EUA), que esteve presente como Delegado, pode-lhe transmitir maiores
detalhes, se o Sr. desejar.
E, agora, sobre Johann Most. Se alguém afirma que Most,
desde que se tornou anarquista, esteve em contato ou recebeu algum tipo de
ajuda de Marx, esse alguém foi ludibriado ou é um mentiroso, sem
reservas.
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E
INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA
REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS
OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE –
PARIS
[1] Cf. ENGELS,
FRIEDRICH. Brief an Philip Van Patten in New York (Carta a P.V. Patten em
Nova Iorque))(18 de Abril de 1883), in : ibidem, Vol. 36, Berlim : Dietz, 1967,
pp. 11 e 12.
[2] Anoto que, em 2 de
abril de 1883, Van Patten, Secretário da União Central do Trabalho
de Nova
Iorque, dirigiu-se a Engels, por meio de carta, para
informá-lo que o anarquista Johann Most e seus correligionários
haviam declarado, amplamente, por ocasião de uma celebração organizada em
memória de Karl Marx, nos EUA, que entre este e aqueles
vicejava um estreito relacionamento político, sendo Most haveria sido um dos
maiores expressivos divulgadores de “O Capital”, na Alemanha, estando,
por isso, Marx geralmente de acordo com os posicionamentos anarquistas
defendidos por Most. Em sua missiva, dirigida a Engels, Patten
salientou não poder acreditar na alegação de que Marx sulfragara os
métodos anarquistas de desorganização do trabalho proletário, razão pela qual
solicitava a Engels que lhe informasse sobre a posição que Marx
defendera em relação ao anarquismo e Johann Most.
[2] Assinale-se que, em 1881, Nieuwenhuis
publicou, em língua holandesa, uma curta exposição popular do primeiro volume
de “O
Capital” de Marx , sob o
título “Karl Marx. Kapitaal en Arbeid (Karl Marx. Capital e Trabalho)”. Uma
segunda edição surgiu, efetivamente, em 1889.