PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO
DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
KARL MARX E FRIEDRICH
ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA
Carta a Karl Kautsky
O Direito Romano é o
Direito Primoroso
da Produção Simples de
Mercadorias:
É o Direito
Pré-Capitalista
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e
Organização, Compilação e Tradução
Emil Asturig von
München, Dezembro de 2013
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Geral
http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCapa.htm
Londres, 26 de junho de 1884
Caro Kautsky,
O manuscrito Anti-Rodbertus será reenviado, amanhã.[2]
Encontro apenas poucas coisas a serem observadas. Realizei algumas glosas,
a lápis. Além disso, destaco ainda o seguinte :
1.
O Direito
Romano é o Direito primoroso da produção simples de mercadorias, vale
dizer, é, portanto, o Direito pré-capitalista que, porém,
em sua maior parte, também inclui as relações jurídicas do período capitalista. Em vista disso, é, precisamente, aquilo que necessitavam nossos burgueses, em
seu período de ascensão nas cidades, não o havendo encontrado, porém, no Direito
Consuetudinário de suas localidades.
Quanto à p. 10, eu teria diversas coisas a criticar (EvM.: na exposição de
Kautsky)
:
1.
A mais-valia
é apenas a exceção na produção realizada por escravos antigos e servos
medievais. Aí, caberia ter sido dito mais-produto o qual, na maioria das vezes,
era consumido diretamente, porém não tranformado em valor.
2.
A história
ocorrida com os meios de produção não é inteiramente assim, do modo como está
apresentado. Em todas as sociedades, fundadas na divisão natural do trabalho,
é
o produto que domina. Portanto, em certa medida – no mínimo em parte –,
o meio
de produção também domina o produtor, i.e. na Idade Média, a terra
domina o camponês, o qual é apenas um acessório da terra, a ferramenta de
artesanato domina o artesão da corporação de ofício. A divisão do trabalho é,
aqui, diretamente a dominação do meio de trabalho sobre o trabalhador, ainda
que não o seja em sentido capitalista.
Coisa semalhante ocorre com sua exposição (EvM.: a de Kautsky), em sua
conclusão, quando trata, dos meios de
produção :
1.
Você não pode
separar assim a agricultura da economia política e tanto menos
ainda essa última da técnica, como se dá às pp. 21 e 22.
A economia de trocas, os fertilizantes químicos, a máquina a vapor, o tear
mecânico não devem ser separados da produção capitalista, tampouco como as
ferramentas dos selvagens e bárbaros devem ser separada da produção, realizada por estes.
As ferramentas dos selvagens condicionam sua sociedade tão
precisamente quanto as ferramentas mais modernas condicionam a produção
capitalista. A concepção que você defende conduz a que a produção
determina, com efeito, presentemente
a instituição social, não o tendo feito, porém, antes da produção capitalista,
porque as ferramentas não haviam cometido ainda o pecado original.
Ao dizer meios de produção, você está dizendo sociedade e, através
desses meios de produção, sociedade co-determinada.
Assim como não existem meios de produção em si mesmos, fora
da sociedade e sem influência sobre esta, tampouco existe capital em si mesmo.
Porém, a maneira como os meios de produção
- os quais, nos períodos anteriores, inclusive na produção simples de
mercadorias, exerceram apenas uma dominação muito branda em comparação
com a dominação da atualidade – vieram a exercer a atual dominação
despótica é aquilo que deve ser provado.
E, a prova que você apresenta, parece-me insuficiente, porque não menciona
um dos pólos : a formação de uma classe que já não possui para ela mesma nenhum
meio de produção e, portanto, nenhum meio de vida também, tendo, assim, de
vender a si mesma, a retalho.
No que diz respeito às propostas positivas de Rodbertus, há que
destacar o seu proudhonismo, pois ele próprio se declara adepto de Proudhon
I que antecipou o surgimento do Proudhon francês.
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E
INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA
REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E
DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS
OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE –
PARIS
[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief an Karl
Kautsky in Zürich (Carta a K. Kautsky em Zurique)(26 de Junho de 1884), in : ibidem,
Vol. 36, Berlim : Dietz, 1967, pp. 167 e 168.
[2] Anotação de Emil
Asturig von München: Destaco que, em 23 de junho de 1884, Karl
Kautsky havia enviado a primeira parte de sua crítica ao livro de Johann
Karl Rodbertus, intitulado “O Capital”,
a Engels, a fim de este a examinasse e a reexpedisse, tão logo
quanto possível, ao endereço de Kautsky. A crítica em referência pode ser encontrada
em KAUTSKY, KARL. “Das Kapital” von
Rodbertus (“O Capital” de Rodbertus), in : Die Neue Zeit (O Novo Tempo), Semanário da Social-Democracia Alemã, Cadernos
Nrs. 8 e 9 de 1884. Esse artigo de Kautsky, essencialmente corrigido por
Engels, deu início a uma acesa polêmica, travada contra Carl August Schramm,
renomado arquiteto alemão. Ademais, vide
RODBERTUS-JAGETZOW, JOHANN KARL.
Soziale Briefe an von Kirchmann (Cartas Sociais a von Kirchmann)(1850 – 1852),
especialmente Vierter Sozialer Brief an von Kirchmann : Das Kapital (Quarta
Carta Social a von Kirchmann, Berlim : Rud Meyer, 1884, pp. 3 e s.; LASSALLE, FERDINAND. Briefwechsel
Lassalles mit Karl Rodbertus-Jagetzow (Correspondência de Lassalle com K.
Rodbertus-Jagetzow), in : Ferdinand Lassalle Nachgelassene Briefe und Schriften;
Vol: 6, Stuttgart – Berlim : Dt. Verlagsanstallt – Julius Springer, 1925, pp. 17 e s.