PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO
DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
KARL MARX E FRIEDRICH
ENGELS SOBRE O DIREITO E O ESTADO, OS JURISTAS E A JUSTIÇA
A Terra Natal de
Siegfried :
Sobre a Polícia Enquanto a
Deusa do Século
FRIEDRICH ENGELS[1]
Concepção e
Organização, Compilação e Tradução
Emil Asturig von
München, Janeiro de 2009
Para Palestras, Cursos
e Publicações sobre o Tema em Destaque
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Geral
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O que é que se apodera tão intensamente de nós na lenda
de Siegfried?
Não se trata do transcuro da história, considerada em si
mesma. Não é a traição ignominiosa de que o jovem herói é vitimado : é, em verdade,
o profundo significado que é depositado em sua pessoa.
Siegfried é o representante da juventude
alemã.
Todos nós que trazemos no peito um coração ainda indomado
pelas limitações da vida sabemos o que isso quer dizer.
Sentimos todos a mesma sede de ação, a mesma aversão em
face da rotina que impeliu Siegfried para fora da fortaleza de
seu pai.
O eterno refletir, o temor filistino diante da ação
arrebatada, é-nos repugnante.
Queremos projetar-nos no mundo livre, ultrapassar as
barreiras da circunspecção e combater pela coroa da vida: queremos a ação.
Os filisteus empenharam-se em nos fornecer gigantes e
dragões, nomeadamente no domínio da Igreja e do Estado.
Porém, nossa época é outra.
Enfiam-nos em prisões, chamadas escolas,
onde, em vez de combatermos por nós mesmos temos de conjugar o verbo lutar, em
grego, em todos os modi und tempora (EvM.: tempos e modos), tão
exatamente para o nosso ridículo.
E, quando permitem que fujamos à disciplina, tombamos nos
braços da Deusa do Século, a Polícia.
Polícia quando se pensa. Polícia, quando se fala. Polícia,
quando se anda a pé, a cavalo ou de carro. Polícia para os passaportes, vistos
de permanência e atestados de alfândega.
Que o diabo mate os gigantes e os dragões!
Deixaram-nos apenas a aparência da ação, o florete, em
vez da espada.
De que serve toda a arte da esgrima com o florete, se não
temos o direito de utilizá-la com a espada?
Quando, um dia, as barreiras forem derrubadas, o
filistinismo e o indiferentismo, subitamente atropelados, rebentando no ar o
impulso para a ação, haveis de avistar lá em baixo, do outro lado do Reno,
a Torre de Wessel?
O baluarte daquela cidade que foi denominada de fortaleza
da liberdade alemã, transformou-se em uma cova da juventude da Alemanha,
sendo certo que é ela, pelo contrário, que tem de se situar precisamente em
frente do berço do maior dos jovens alemães! (...)
Mas, quero descer até o Reno, para ouvir o que contam as ondas avermelhadas
pelo poente da terra natal de Siegfried sobre o seu túmulo de Worms
e o tesouro submerso.
Talvez uma bondosa Fada Morgana faça surgir
de novo diante dos meus olhos o castelo de Siegfried ou me
apresente o que, no século XIX, foi reservado de ações heróicas a seus filhos.
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Siegfrieds
Heimath (A Terra Natal de Siegfried)(Dezembro de 1840), in: Marx und Engels
Gesamtausgabe MEGA (Obras de Marx e Engels: Edição Completa MEGA), Seção I,
Vol. III, Berlim : Dietz Verlag, 1985, pp. 203 e s. O presente texto de Engels
foi publicado, pela primeira vez, no jornal “Telegraph für
Deutschland (Telégrafo para a Alemanha)”, Nr. 197, dezembro de
1840.