PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO
DIREITO, DO ESTADO E DA JUSTIÇA DE CLASSE
Lenin
e o Regime de Funcionamento da Organização Marxista-Revolucionária
Na
Época do Imperialismo Capitalista:
Seus
Princípios, Seus Congressos, Suas Conferências, Seus Programas, Seus Estatutos,
Suas Direções Partidárias,
Vistos
à Luz de Suas Posturas Em Face das Frações Internas e Públicas “Permanentes” ou
“Virtualmente Permanentes”
Em Homenagem aos 100 Anos de Surgimento do Bolchevismo Revolucionário
e a Seu Devido Resgate Pelas Fileiras do Marxismo Revolucionário
Contemporâneo
EMIL
ASTURIG VON MÜNCHEN
PORTAU
SCHMIDT VON KÖLN
Para Palestras,
Cursos e Publicações sobre o Tema em Destaque
Contatar emilvonmuenchen@web.de
Julho de 2003
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Geral
http://www.scientific-socialism.de
“ Liebknecht está, naturalmente,
furioso,
pois que toda a crítica foi cunhada, especialmente, contra ele.
Ele é o pai que, juntamente com o veado pederasta do Hasselmann,
pariu esse programa podre ...”
Friedrich Engels
Sobre o Programa da Coalizão
de Gotha de 1875,
Unificador dos Eisenachianos e
Lassalleanos
no quadro do então fundado
Partido Socialista dos Trabalhadores da Alemanha[1]
ÍNDICE
QUADRO GERAL DOS CONGRESSOS E
CONFERÊNCIAS
DO PARTIDO OPERÁRIO
SOCIAL-DEMOCRÁTICO RUSSO - A SEGUIR BOLCHEVIQUE – E, POR FIM, COMUNISTA,
BEM COMO DOS MAIS IMPORTANTES
CONGRESSOS INTERNACIONAIS
EM QUE LENIN DIRETA OU
INDIRETAMENTE INTERVIU
EXPOSIÇÃO INTRODUTÓRIA GERAL
·
CAPÍTULO 1.
I Congresso de 1898 do Partido
Operário Social-Democrático Russo (POSDR): Um Congresso Fundacional com Tentativa
de Unificação, despida de Programa e de Estatuto Partidários
·
CAPÍTULO 2.
II Congresso de 1903 do POSDR
: Programa e Direção Revolucionários em contraste com um Estatuto Oportunista,
Emergência das Frações Internas Bolchevique e Menchevique
·
CAPÍTULO 3.
Surgimento em 1903 – 1904 da
Fração Pública Bolchevique e do Sistema de Frações no interior do POSDR
·
CAPÍTULO
4.
Lenin e Luxemburg : Duas Concepções Antagônicas Relativas à Questão
Organizativa do Partido Revolucionário
·
CAPÍTULO 5.
Ruptura de Trotsky com o
Menchevismo e Formação do Fracionalismo “Não-Fracionalista”
·
CAPÍTULO 6.
III Congresso de 1905 do POSDR
: Ascenso Revolucionário, Estratégia e Tática Revolucionárias, Adoção do
Parágrafo Primeiro na Versão Leninista, Luta Intra-Fracional Bolchevique
travada por Lenin contra os Komitetchkis Aparatistas
·
CAPÍTULO 7.
IV Congresso da Unificação de
1906 do POSDR : Luta Fracional dos Mencheviques e do Agrupamento Stalin-Suvorov
contra Lenin em torno do Programa Agrário, Tentativa de Fusão das Frações
Públicas, Reaparecimento da Estratégia Oportunista, Surgimento de Tendências ou
Alas Internas
·
CAPÍTULO 8.
V Congresso de 1907 do POSDR :
Ressurgimento do Sistema de Frações
·
CAPÍTULO 9.
III Conferência de 1907 do
POSDR : Luta de Lenin contra o Boicotismo Bolchevique às eleições para a III
Duma do Estado
·
CAPÍTULO 10.
Surgimento do Menchevismo
Liquidacionista e o Processo de Cisão da Fração Menchevique a partir de
Dezembro de 1908
·
CAPÍTULO 11.
Conferência de 1909 da Redação
Ampliada do Jornal “Proletarii(O Proletário)”, Órgão Central da Fração Pública
Bolchevique no interior do POSDR: Fracionalismo Intra-Bolchevique, Luta contra
as Frações Públicas dos Abstencionistas(Otzovistas), dos Ultimatistas
(Ultimatisti) e dos Construtores de Deuses (Bogostroitelis)
·
CAPÍTULO 12.
Luta da Fração Bolchevique
contra a Fração “Vperiod(Avante)” do POSDR, surgida em Dezembro de 1909 em seu
próprio Domínio Intra-Fracional :
Luta contra a Unificação com o
Abstencionismo, o Ultimatismo e a Criação de Deuses, sob os Auspícios da
Ideologia Idealista-Subjetivista de Mach e Avenarius
·
CAPÍTULO 13.
Luta da Fração Bolchevique no
interior do POSDR contra a Fração
“Não-Fracionalista” de
Trotsky: contra a Unidade de Bolcheviques e
Liquidacionistas de todos os
Signos
·
CAPÍTULO 14.
Luta da Fração Bolchevique
contra a Fração dos Bolcheviques Conciliadores-Virtuosos “Não-Fracionalistas”:
contra o Apoio Velado aos Liquidacionistas, contra o Fim do Sistema de Frações
·
CAPÍTULO 15.
Formação e Funcionamento do
Bloco Bolchevique-Menchevique dos Fiéis ao Partido entre 1909 e 1913
·
CAPÍTULO 16.
Formação e Funcionamento do
“Bloco sem Princípios” “Não-Fracionalista” e Liquidacionista Ambivalente de
Trotsky – Martov – Lunatcharsky entre 1909 e 1912
·
CAPÍTULO 17.
VI Conferência do POSDR de
Toda a Rússia em 1912 : Fim do Sistema de Frações, Criação do POSDR
(Bolchevique) e Luta pela Integral Ruptura do Partido com o Liquidacionismo
Menchevique e todos os seus Aliados Sociais-Democratas, seja na Fração da Duma
do Estado seja no “Pravda (A Verdade), dirigidos pelo Conciliacionismo Virtuoso
Não-Fracionalista Subterrâneo ou Secreto de Stalin
·
CAPÍTULO 18.
Formação e Funcionamento do
Bloco de Agosto a partir de 1912 : Tentativa de Agrupamento de Unionistas e
Mencheviques Conciliadores-Virtuosos “Não-Fracionalistas” com o Liquidacionismo
de todos os Signos
·
CAPÍTULO 19.
Emergência da Organização dos
Unionistas Inter-Distritais Sociais-Democratas (Comitê Inter-Distrital) de
Trotsky - Iurenev – Lunatcharky em 1913
·
CAPÍTULO 20.
Intervenção do Bureau Central
da Internacional Socialista na Luta Fracional Desesperada travada pelos
Sociais-Democratas Russos em 1914:
Novo Clamor Baldado em prol da
Unidade dos Bolcheviques com o Liquidacionismo de todos os Signos
·
CAPÍTULO 21.
Nova Cisão no interior do
Menchevismo Liquidacionista no quadro da I Grande Guerra Imperialista:
Menchevismo Internacionalista e Menchevismo Chauvinista
·
CAPÍTULO 22.
Aproximação e Afastamento em
1914 e 1915 do Menchevismo Liquidacionista-Internacionalista com o Unionismo
“Não-Fracionalista” de Trotsky na Emigração em torno de “Nashe Slovo(Nossa
Palavra)”
·
CAPÍTULO 23.
Aproximação do POSDR
(Bolchevique) com o Unionismo “Não-Fracionalista” de Trotsky na Emigração no
quadro da Conferência de Zimmerwald de 1915
·
CAPÍTULO 24.
Fração Pública
Bolchevique-Internacional Derrotista-Revolucionária enquanto Esquerda de
Zimmerwald a partir de 1915
·
CAPÍTULO 25.
Choque Fracional Público em
meio à I Guerra Mundial no interior do POSDR (Bolchevique) do Exílio : a Fração
Pacifista-Democrática de Kamenev e dos Deputados Bolcheviques em face da Fração
Derrotista-Revolucionária de Sverdlov, Goloschekin e Spandarian
·
CAPÍTULO 26.
Choque Fracional Intra-Bolchevique
no Exílio em meio à I Guerra Mundial : a Fração Corrosiva-Intriguista de Stalin
e Spandarian em face da Fração Otimista-Construtiva de Sverdlov e Goloschekin
·
CAPÍTULO 27.
Fração Pública
Unionista-Internacional “Não-Fracionalista” em Defesa de uma Paz Democrática
sem Anexações e dos Estados Unidos da Europa
·
CAPÍTULO 28.
Oposição de Março e Abril de
1917 da Fração Pública de Sverdlov e Goloschekin contra a Direção Nacional
Patriótico-Defensista na Guerra Imperialista e Frente-Populista de Esquerda de
Stalin e Kamenev no interior do POSDR (Bolchevique)
·
CAPÍTULO 29.
Vitória Relâmpago do
Bolchevismo de Lenin contra a Fração Bolchevique
Patriótico-Defensista na
Guerra Imperialista e Frente-Populista de Esquerda
de Stalin e Kamenev no
interior do POSDR (Bolchevique) : Defesa de uma Ampla Revisão do Antigo
Programa do POSDR, adotado em 1903, e Estratégia de Reunificação Bolchevique
com Forças Sociais-Democratas
Proletárias Internacionalistas
·
CAPÍTULO 30.
VI Congresso de Julho – Agosto
de 1917 do POSDR (Bolchevique) :
Congresso de Reunificação, sem
Produção de Frações Públicas
·
CAPÍTULO 31.
Fracionalismo
Público-Episódico Anti-Insurrecional e Fura-Greve
de Zinoviev e Kamenev no
interior do Bolchevismo :
Exigência de sua Expulsão do
Comitê Central e do Partido, Pedido de Demissão de Stalin da Redação do “Pravda
(A Verdade)”
·
CAPÍTULO 32.
Fracionalismo
Público-Episódico de Zinoviev e Kamenev,
Lunatcharsky e Riazanov,
contra a Formação de um Governo Provisório Soviético Exclusiva ou
Hegemonicamente Bolchevique : Dissolução com Ruptura de Lozovsky
·
CAPÍTULO 33.
Divergências de Lenin na
Questão da Convocação das Eleições para a Assembléia Nacional Constituinte
·
CAPÍTULO 34.
Fração Pública dos “Comunistas
de Esquerda”ao longo de 1918 e 1919:
Defesa da Guerra
Revolucionária da Rússia Soviética contra a Alemanha Imperialista, sem Forças
Armadas Vermelhas Aptas a Combaterem
·
CAPÍTULO 35.
I Congresso da Internacional
Comunista em 1919
·
CAPÍTULO 36.
VIII Congresso de 1919 do
Partido Comunista Russo (Bolchevique) : Novo Programa Revolucionário e
Aprovação da Fundação da III Internacional Comunista,
Oposição Militar Fracionalista
e Sub-Reptícia de Stalin-Voroshilov contra a direção militar de Trotsky e o
apoio manifestamente concedido a esse último por Lenin e Sverdlov
·
CAPÍTULO 37.
IX Congresso de 1920 do PCR
(Bolchevique) : Luta contra a Fração dos Decistas de Sapronov e Ossinsky –
apoiada por Rykov e Tomsky – e contra os Primeiros Momentos da Fração da
“Oposição Operária” de Schliapnikov e Lozovsky
·
CAPÍTULO 38.
II Congresso da Internacional
Comunista em 1920
·
CAPÍTULO 39.
X Congresso de 1921 do PCR
(Bolchevique) : Luta pela Unidade do Partido contra as Frações de Sacudimento
Sindical de Trotsky, do Pára-Choque de Bukharin e Preobrajensky, da “Oposição
Operária”, dos Anarco-Sindicalistas, dos Decistas e do Burocratismo Operário
Acobertado
·
CAPÍTULO 40.
III Congresso da Internacional
Comunista em 1921
·
CAPÍTULO 41.
XI Congresso
de 1922 do PCR (Bolchevique):
Luta contra o
Ascenso da Burocracia Operária, comandada por Stalin, Zinoviev e Kamenev, Luta
Fracional Aberta no Domínio Militar, travada entre Trotsky e Antonov-Ovseienko,
de um lado, e Frunze, Gussev e Tukhatchevsky, de outro
·
CAPÍTULO 42.
IV Congresso
da Internacional Comunista em 1922
·
CAPÍTULO 43.
XII
Congresso de 1923 do PCR (Bolchevique):
Continuação
da Luta contra o Ascenso da Burocracia Operária, comandada por Stalin, Zinoviev
e Kamenev no quadro da Enfermidade de Lenin
·
CAPÍTULO 44.
Últimos Dias
de Lenin na Luta contra o Ascenso da Burocracia Operária,
Comandada
por Stalin, Zinoviev e Kamenev
QUADRO GERAL DOS CONGRESSOS E
CONFERÊNCIAS
DO PARTIDO OPERÁRIO
SOCIAL-DEMOCRÁTICO RUSSO - A SEGUIR BOLCHEVIQUE – E, POR FIM, COMUNISTA,
BEM COMO DOS MAIS IMPORTANTES
CONGRESSOS INTERNACIONAIS
EM QUE LENIN DIRETA OU
INDIRETAMENTE INTERVIU
|
POSDR (Congresso
Fundacional) |
I Congresso |
Minsk |
|
01-03/03/1898 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR (Conferência
Preliminar) |
I Conferência |
Geneva |
|
06/1901 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR (Conferência
da „Unidade“) |
II Conferência |
Zurique |
|
21-22/09/1901 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR (Congresso
da Cisão) |
II Congresso |
Bruxelas-Londres |
|
17/07/ e 10/08/1903 |
|
|
|
|
|
||
|
|
POSDR(Congresso apenas Bolchevique) |
III Congresso |
Londres |
|
12-27/04/1905 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR(Conferência apenas
Bolchevique) |
Conferência Bolchevique |
Tammersfors |
|
12-17/12/1905 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR(Congresso da Unificação) |
IV Congresso |
Estocolmo |
|
10-25/04/1906 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR (Congresso
da Nova Cisão) |
V Congresso |
Londres |
|
30/04 e 19/05/1907 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR |
III Conferência |
Kotka |
|
21-23/07/1907 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR |
IV Conferência |
Helsingfors (Helsinki) |
|
05-12/11/1907 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR |
V Conferência |
Paris |
|
21-27/12/1908 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR
(Bolchevique) |
VI Conferência |
Praga |
|
06-17/01/1912 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Conferência
Internacional Socialista de Zimmerwald
|
I Conferência |
Zimmerwald |
|
05-08/09/1915 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Conferência Internacional Socialista de Kienthal |
II Conferência |
Kienthal |
|
24-30/04/1916 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR
(Bolchevique) |
VII Conferência |
Petrogrado |
|
24-29/041917 |
|
|
|
|
|
|
|
|
POSDR(Bolchevique) (Congresso da Unificação) |
VI Congresso |
Petrogrado |
|
26/07 e 03/08/1917 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
PCR(Bolchevique) |
VII Congresso |
Petrogrado |
|
06-08/03/1918 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
INTERNACIONAL COMUNISTA |
I Congresso |
Petrogrado |
|
02-06/03/1919 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
PCR(Bolchevique) |
VIII Congresso |
Moscou |
|
10-23/03/1919 |
|
|
|
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|
|
PCR (Bolchevique) |
VIII Conferência |
Moscou |
|
02-04/12/1919 |
|
|
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|
|
|
|
|
|
PCR (Bolchevique) |
IX Congresso |
Moscou |
|
29-05/04/1920 |
|
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|
|
INTERNACIONAL
COMUNISTA |
II Congresso |
Petrogado e Moscou |
|
19/07 e 07/08/1920 |
|
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|
|
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|
|
|
PCR (Bolchevique) |
IX Conferência |
Moscou |
|
22-25/09/1920 |
|
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|
PCR (Bolchevique) |
X Congresso |
Moscou |
|
08-16/03/1921 |
|
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|
|
PCR (Bolchevique) |
X Conferência |
Moscou |
|
26-28/05/1921 |
|
|
|
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|
|
INTERNACIONAL
COMUNISTA |
III Congresso |
Moscou |
|
22/06 e 12/07/1921 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
PCR (Bolchevique) |
XI Conferência |
Moscou |
|
14-22/12/1921 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
PCR
(Bolchevique) |
XI Congresso |
Moscou |
|
27/03 e 02/04/1922 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
INTERNACIONAL
COMUNISTA |
IV Congresso |
Moscou |
|
05/11 e 05/12/1922 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
PCR
(Bolchevique) |
XII Congresso |
Moscou |
|
17-25/04/1923 |
EXPOSIÇÃO INTRODUTÓRIA
GERAL
“O padre católico que corrompe as garotas jovens ...
é precisamente muito menos perigoso
para a “Democracia” do que o padre sem bata,
o padre sem religião vulgar,
o padre ideologicamente equipado e
democrático,
pregando a criação e a invenção de um Deus.”
V. I. Lenin[2]
Um dos mais
brilhantes aspectos da obra teórico-doutrinária, político-prática e
estratégico-revolucionária de Lenin constitui, inegavelmente, sua
magistral compreensão da necessidade de construção de um partido
proletário marxista-revolucionário de massas e de vanguarda, dirigido
preponderantemente por revolucionários profissionais e trabalhadores
conscientes jovens, assentado sobre o princípio organizativo do centralismo
democrático, a fim de que se torne efetivamente materializável, na
época do imperialismo capitalista, marcado por regimes oligárquico-burgueses à
maneira de autocracias, a perspectiva formulada originariamente por Marx
e Engels de derrubada violenta de toda exploração sócio-econômica e
dominação intelectual-ideológica, geradas inevitavelmente pela subsistência das
decrépitas leis internas inerentes ao despotismo do capital e do latifúndio[3].
Apoiando-se,
de modo principista, na concepção partidária de Marx e Engels[4],
Lenin
destaca que a organização marxista-revolucionária do proletariado,
enquanto vanguarda campeã e independente das lutas proletárias para a derrubada
do jugo do imperialismo capitalista em todo o mundo – erigida, em escala
nacional, enquanto partido político independente da classe trabalhadora,
revestido de designação rigorosamente apropriada e cientificamente
correspondente ao estágio efetivo da luta de classes de certo período histórico[5] -, é
parte integrante da classe trabalhadora e, em verdade, sua parte mais avançada,
mais dotada de consciência de classe e, portanto, mais revolucionária, sendo
formado por métodos de seleção natural que reunem os melhores, os mais
conscientes, os mais sacrificados e os mais perpicazes trabalhadores de dada
sociedade[6].
Essa organização
não possui interesses distintos da classe trabalhadora, considerada como um
todo, diferenciando-se, porém, dessa última particularmente porque possui uma
visão ampla e geral de toda a trajetória histórica da classe trabalhadora em
sua totalidade e luta, a todo momento, para defender não os interesses de um
grupo ou segmento específico, mas sim da classe trabalhadora em seu conjunto.
Assim, para Lenin,
a organização marxista-revolucionária do proletariado é, em seus mais
diversos estágios, períodos e momentos históricos, é a alavanca organizativa e
política através da qual a parte mais avançada da classe trabalhadora pode dirigir
toda a massa proletária e semi-proletária em sua luta de libertação em face do
capital e do latifúndio.
Assim, enquanto traço especialíssimo da concepção organizativa de Lenin,
destaca-se sua defesa do centralismo democrático enquanto
método capaz de permitir a construção de uma organização
marxista-revolucionária dirigente, hábil a intervir, com inigualável arte e talento
prático-revolucionários, enquanto o estado-maior tático e estratégico das lutas
de libertação do proletariado russo e seus aliados.
O
perecimento dessa organização há de ser apenas alcançado no âmbito da vitória
final do comunismo, com a sua respectiva reabsorção no seio da sociedade
mundial trabalhadora, despida da existência das classes sociais e da exploração
do homem pelo homem e das nações por nações.
Nesse
sentido, a concepção de Lenin sobre a imprescindibilidade da
existência histórica da organização marxista-revolucionária pode ser
clarificada e sintetizada nas seguintes palavras :
“A
necessidade do partido político do proletariado pode apenas deixar de existir
com o surgimento da completa abolição das classes.
Na trilha rumo a essa vitória final do
comunismo, é possível que a importância relativa das três organizações
fundamentais proletárias dos tempos modernos – Partido, Sovietes e Sindicatos da Indústria – possa transitar por
algumas modificações e, gradualmente, seja formada um único tipo de organização
dos trabalhadores.
Entretanto, o Partido Comunista será absorvido
na classe trabalhadora apenas quando o comunismo deixe de ser objeto de luta e
toda a classe trabalhadora tenha se tornado comunista.”[7]
As vitórias
que conduziram ao Outubro de 1917 e dela decorreram foram factíveis, em primeiro
lugar, porque Lenin soube desenvolver, incansavelmente e com agudeza de
espírito, a dialética no trato da teoria científico-socialista de Marx
e Engels[8],
compreendendo que os proletários, por não poderem, por seus próprios esforços,
atingir senão uma consciência sindical-econômica mais ou menos nítida – em cujo
quadro prevalece, então, inevitavelmente a dominação ideológico-burguesa,
historicamente mais sólida, complexa e opulenta -, necessitam do partido
marxista-revolucionário para transformarem em consciência toda a sua intuição
acerca das novas tarefas que envolvem a luta revolucionária de edificação do
socialismo[9].
Assim como Engels,
Lenin destacou que o socialismo, uma vez tornado ciência, exige ser
tratado como tal, i.e. deve ser sistematicamente estudado, tudo dependendo de
se propagar, com zelo crescente, entre as massas trabalhadoras a visão cada vez
mais clarificada da luta socialista, fundindo, encadeando, unindo (zusammenschliessen),
sempre mais firmemente, partido revolucionário e organizações sindicais[10].
A forma histórico-dialética a ser conferida à fusão, ao encadeamento, à
união entre partido revolucionário, parte mais avançada e dirigente da classe
trabalhadora, e organizações sindicais, escolas de aprendizado da luta
revolucionária pela derrubada do capitalismo e edificação de uma sociedade sem
classes - ainda que assumindo diferentes configurações específicas ao longo dos
diversos anos de militância revolucionária de Lenin que, progressivamente,
a partir de 1907, superaram sua posição inicial, também esposada por Plekhanov,
favorável à neutralidade dos sindicatos[11], aproximando-se cada vez
mais das concepções de Marx e Engels acerca do tema[12] – pode ser sinteticamente definida nos
seguintes termos que expressam sua visão mais madura :
“Minhas concepções sobre esse
tema (EvM.: i.e. sobre a questão da luta econômica e os sindicatos) tem sido
freqüentemente distorcidas na literatura e devo, portanto, destacar que muitas
páginas de “O Que Fazer?” são dedicadas a esclarecer a imensa importância da luta sindical e dos sindicatos.
Em particular, defendi a neutralidade dos sindicatos e não modifiquei essa concepção em
brochuras e artigos jornalísticos redigidos desde então, a despeito de numeros
asserções de meus oponentes.
Apenas o Congresso do POSDR de
Londres e o Congresso Internacional Socialista de Stuttgart forçaram-me a
chegar à conclusão de que a neutralidade dos sindicatos não pode, de modo principista, ser defendida.
O único princípio correto é o
alinhamento mais estreito possível dos sindicatos com o Partido.
Nossa política deve ser a de
trazer os sindicatos mais próximos do Partido, ligando-os a ele.
Essa política deve ser
perseguida perseverante e persistentemente em toda nossa propaganda, agitação e
atividade organizativa, sem tentar obter mero “reconhecimento” de nossas
concepções e sem excluir dos sindicatos aqueles que possuem opiniões
diferentes.”(grifos do próprio Lenin)[13]
“A luta do proletariado
internacional é está conduzida não em prol da reforma do capitalismo, mas sim
pela sua derrubada.
Nessa luta revolucionária,
todos os elementos revolucionários dotados de consciência de classe estão
reunindo-se, cada vez mais resolutamente, entre as fileiras da III
Internacional, enquanto organização incorporadora da revolução proletária
mundial.
Os sindicatos da Rússia que,
lado a lado com o Partido Comunista lutam pela derrubada do capitalismo na
Rússia, não podem permanecer fora das fileiras da III Internacional e,
portanto, o III Congresso dos Sindicatos resolve :
1. aderir à III Internacional
Comunista e conclamar os sindicatos revolucionários de todos os países a
seguirem o exemplo praticado pelo proletariado russo, organizado nos
sindicatos.”[14]
“Os sindicatos que aceitaram a
plataforma comunista e estão unidos em escala internacional sob o controle do
Comitê Executivo da Internacional Comunista formam a Seção Sindical da
Internacional Comunista.
Os Sindicatos Comunistas
enviam seus representantes aos Congressos Mundiais da Internacional Comunista
através dos Partidos Comunistas de seus respectivos países.
As Seção Sindical da
Internacional Comunista elege um delegado que terá voto deliberativo junto ao
Comitê Executivo da Internacional Comunista.
O Comitê Executivo da
Internacional Comunista goza do direito de enviar um representante com voto
deliberativo para a Seção Sindical da Internacional Comunista.”[15]
Lenin planejou, organizou, formou, construiu e impulsionou
um partido marxista-revolucionário dirigente de massas, democraticamente
centralizado e largamente isento de traços burocráticos degeneradores.
Seu partido apoiou-se crescentemente na práxis revolucionária de Babushkin
e Sverdlov[16], consagrou
articulistas revolucionários do calibre de Vorovsky[17],
bem como deu vida a brilhantes órgãos jornalísticos, legais e
clandestinos – tais como ”Iskra(A Centelha)”, “Vperiod!(Avante!)”,
“Proletarii(O Proletário)”, “Zvezda(A Estrela)”, “Rabotchaia
Gazeta (Diário Operário)”, “Pravda(A Verdade)”, “Soldatskaia Pravda(A Verdade do
Soldado)” etc. etc., concebidos eles mesmos como organizadores,
propagandistas e agitadores coletivos da dialética do marxismo revolucionário[18]-,
constituindo-se, a partir de fins de 1903, em fração pública bolchevique no
interior do POSDR, transformando-se, no início de 1912, como partido
integral e irreversivelmente rompido com o oportunismo e o liquidacionismo de
todos os signos, em POSDR – Bolchevique[19].
Apenas com a
derrubada do capitalismo pela via revolucionário-insurrecional da luta de
classes, hegemonizada pelo proletariado no quadro de uma coalizão selada com
seus mais autênticos aliados históricos, explorados e oprimidos pelo
capitalismo, apenas com o despedaçamento do aparelho do Estado colocado a
serviço das ínfimas minorias exploradoras e opressoras, autocráticas,
latifundiárias e burguesas, resulta, pois, aberta a via de transição à Ditadura
Revolucionária do Proletariado, incorporadora da mais ampla e
historicamente mais avançada Democracia Proletária, rumo ao
atingimento de uma sociedade socialista mundial humanizada, livre da opressão
de todo Estado e imune às dilacerações decorrentes dos embates sangrentos,
travados entre classes sociais irreconciliavelmente hostis : primeiro estágio
para o estabelecimento de relações sociais autenticamente comunistas.
De tal
sorte, é possível corretamente afirmar que, para tornar-se profícuo e eficaz o
conteúdo da presente exposição, dedicada ao funcionamento da organização
marxista-revolucionária da atual época do imperialismo capitalista, cumpre
assumir, desde logo, como paradigma analítico, a efetuação de um estudo senão
pormenorizado ao menos detido e conclusivo, voltado sobretudo ao exame dos
principais congressos e conferências em que participaram os bolcheviques,
dirigidos por Lenin, bem como efetuar uma análise das principais
disposições programáticas, estatutárias e posturas fracionais, por eles
defendidas ou repudiadas.
Nada
obstante, as questões relacionadas com movimento revolucionário contemporâneo
são, em muitos sentidos, intrincadas e para muitos desinteressantes, na medida
em que pressupõem dedicação e atenção detidas para problemas relacionados com a
disciplina e o regime de funcionamento da organização marxista-revolucionária,
seus programas, seus estatutos, sua direção e seu sistema de frações, o qual
conduz inevitavelmente ou a reunificações ou a rupturas organizativas.
O presente
texto procurará demonstrar ao leitor que a luta ferrenha e ininterrupta,
travada ao longo de décadas, pela organização marxista-revolucionária
paradigmática de Lenin e dos bolcheviques contra as múltiplas
vertentes sociais-reformistas, sociais-chauvinistas, sociais-colaboradoras,
sociais-pacifistas, em suma: todas essas espécies de oportunismos ordinários e
biliosos, vestidos disfarçadamente em togas socialistas, assumiu diversas
formas, projetou-se em diversos contextos e prolongou-se ao longo de diversos
episódios, tendo como centro de gravidade a trilogia envolvendo a luta em prol
do programa, estatuto e direção cientificamente
revolucionários do partido da classe trabalhadora.
Ao longo de
toda sua extensa trajetória combativa, dedicada à construção de uma organização
partidária marxista-revolucionária, na Rússia e em escala
mundial, no quadro de uma Internacional Revolucionária, Lenin
foi sempre categórico em demonstrar, perene e sistematicamente, a vital
importância que assume a luta pela
defesa dos princípios da unidade do partido da classe
trabalhadora rumo à Revolução Proletária Socialista – cuja expressão
máxima é a realização regular de seus congressos e conferências – e do centralismo
democrático – imprescindível esse último para a deliberação e
legitimação do programa, do estatuto e da direção revolucionários do
proletariado, bem como de seu plano estratégico e de sua linha tática,
direcionados para a derrubada de toda exploração e dominação de classe.
Enquanto
corolários desses princípios maiores, Lenin ressaltou, ainda, com
meridiana clareza, a imperiosidade de os marxistas-revolucionários lutarem,
invariavelmente e a todo momento, em favor da efetiva preservação dos
direitos da minoria e de toda oposição leal, exercidos tendencial ou
fracionalmente no interior do partido marxista-revolucionário, e, nesse
contexto, em igual medida, sempre em prol da autonomia de todo e qualquer
organismo partidário.
Defendendo
ainda a preponderância do reconhecimento dos corolários de elegibilidade,
prestação de contas e revogabilidade dos membros dos órgãos centrais
e quadros profissionais do Partido, Lenin demonstrou ser, ao mesmo
tempo, imprescindível posicionar-se, constantemente, em favor do direito de o Comitê
Central nomear e destituir a Redação do Órgão
Central do Partido.
Sem qualquer
temor de permanecer em minoria ou de modo até mesmo isolado, sem qualquer
receio de resultar derrotado ou ser tachado de excêntrico no quadro do
movimento revolucionário russo e internacional, combateu todas as diversas
vertentes políticas que fomentavam direta ou indiretamente o socialismo
pequeno-burguês e utópico, o terrorismo populista, o espontaneísmo criticista,
o economicismo sindicalista, o reformismo social, o inorganicismo
menchevique-partidário, a subalternidade ou o isolacionismo do proletariado na
revolução em face do campesinato e da burguesia, o liquidacionismo do partido
legal e clandestino, o eleitoralismo estatal-democratista, quer de
linhagem chauvinista, quer de índole pacifista, como meios supostamente
viáveis de atingir-se a vitória nas revoluções proletárias e o início da
construção de uma sociedade socialista[20].
Com efeito :
desmascarando sempre com palavras simples e contundentes, não apenas os
sociais-oportunistas de todos os matizes situados fora, mas também
protagonizando resolutamente tendências, frações e rupturas contra bolcheviques
sectário-abstencionistas, eclético-conciliadores, komitetchik-burocratizados
situados dentro do próprio partido revolucionário, como forma de depurar,
fortalecer e aprimorar o instrumento orgânico de preparação e direção das lutas
do proletariado contra a selvageria do capital e do latifúndio, é que Lenin
foi capaz de defender prática e inabalavelmente o princípio maior da unidade do
partido revolucionário proletário, fundado na rigorosa observância do
centralismo democrático, exercido em congressos, conferências, comitês,
células distritais e fabris, regularmente operantes e ocupados não
exclusivamente com discussões sobre regras organizativas internas, mas
sobretudo com o exercício concreto da apreciação marxista dos novos fatos
objetivos e definição de tarefas revolucionárias atualizadas, com base em
informações específicas sobre funções desempenhadas e a desempenhar no cenário
da luta de classes.[21]
Nesse
preciso contexto, estimulou, paralela e constantemente, processos de fusão das
forças bolcheviques com novos agrupamentos combativos que, em dado momento
histórico, regressaram ao legítimo sendeiro da revolução proletária.
Entendendo
que um partido marxista-revolucionário não pode ser erigido sem a mais perfeita
e fiel clareza acerca dos matizes essenciais nele existentes, sem luta aberta
entre suas várias tendências, sem informar as massas sobre que dirigentes e
agrupamentos partidários perseguem essa ou aquela linha política em dado
momento histórico[22],
salientando, porém, a importância da disciplina de ferro do partido proletário enquanto
forma de combater a desorganização e definindo-a como unidade da ação revolucionária,
liberdade de discussão e criticismo – sendo apenas essa disciplina
digna de um partido democrático da classe avançada[23]
-, a concepção de vida político-partidária de Lenin veio a revelar-se
como sendo o oposto diametral do monolitismo cripto-partidário de Stalin
e seus asseclas, praticado a pretexto de impulsionarem a “bolchevização” dos
partidos da Internacional Comunista, logo após o desaparecimento de Lenin,
em 1924.
Esforçando-se
sempre por compreender a dialética da luta de classes, mantinha-se
permanentemente aberto e atento à dinâmica da vanguarda do proletariado e das
massas em movimento, às quais atribuía até mesmo mais importância do que ao
rotineiro funcionanento do aparato administrativo do Partido, transmitindo,
assim, muito sensivelmente a influência das lutas proletárias sobre o Partido e
desse último sobre o seu aparato.
Desse modo, Lenin
conseguia fazer com que seus opositores perdessem terreno rapidamente e
os hesitantes, aderissem ao seu agrupamento, tendência ou fração, com perdas
consideravelmente reduzidas para a causa proletário-revolucionária, superando
as exigências do fator tempo em matéria político-revolucionária, em cujo
domínio a luta de classes não pode esperar indefinidamente que os marxistas
revolucionários descubram o modo correto de responder às questões mais
prementes da revolução proletário-socialista.
Destacando o
aspecto de que o dirigente genial do proletariado contribui efetivamente para
que o prazo de aprendizagem dos revolucionários seja substancialmente reduzido,
mediante a elucidação de lições objetivamente formuladas, permitindo, assim, à
organização marxista-revolucionária influir decisivamente no desenvolvimento
dos acontecimentos no momento apropriado, Trotsky assinalou, detidamente, o
seguinte acerca das características de atuação política de Lenin:
“Todas as vezes que os dirigentes do bolchevismo
tinham de atuar sem Lenin incorriam em erro, inclinando-se, comumente, para a
direita.
Então, surgia Lenin com um Deus Ex Máquina e indicava o caminho correto.
Significa isso dizer que Lenin fosse tudo dentro
do Partido Bolchevique e os demais nada?
Tal conclusão, muito presente nos círculos
democráticos, é sumamente parcial e, por isso, falsa.
O mesmo se poderia dizer da ciência. A mecânica
sem Newton e a biologia sem Darwin pareceram nada representar, durante muitos
anos.
Isso é certo e errado, ao mesmo tempo :
reprime-se o trabalho de milhares de pessoas simples da ciência, reunindo
fatos, agrupando-os, levantando os problemas, preparando o terreno para as
soluções inteligentes de um Newton ou um Darwin.
E, toda solução implicava, por sua vez, o
trabalho de outros milhares de pesquisadores modestos.
Os gênios não criam a ciência.
Apenas aceleram o processo de reflexão coletiva.
O Partido Bolchevique tinha um dirigente de
gênio e não por acaso.
Um revolucionário com a fibra e a resolução de
Lenin podia tão somente estar à cabeça do partido mais intrépido, capaz de
levar suas idéias e ações à sua conclusão lógica.
Porém, o gênio é, em si mesmo, a mais rara das
exceções.
Um dirigente genial orienta-se mais rapidamente,
aprecia a situação mais plenamente, enxerga mais além do que os outros. (...)
Sem o Partido, Lenin ter-se-ia visto tão
desvalido como Newton e Darwin sem o trabalho científico coletivo.
Por consequinte, não se trata de efeitos
especiais inerentes ao bolchevismo, produto provável da centralização,
disciplina etc., senão do problema do gênio dentro do processo histórico.
Os escritores que intetam desacreditar o
bolchevismo com base em que o Partido Bolchevique teve a sorte de contar com um
dirigente genial, nada fazem senão confessar sua própria vulgaridade mental.”[24]
Permanecendo
sempre muito distante de ser adulado pela grei de todos os que alegadamente se
reivindicavam como autênticos porta-vozes e defensores da causa dos
trabalhadores, Lenin prestou com sua atividade perseverante e sagaz um valioso
exemplo para a luta inquebrantável a ser impulsionada pelos marxistas
revolucionários não apenas contra os paredros do oportunismo e do ecletismo
teórico-politico, senão também contra os corifeus do indiferentismo crítico e
do relaxamento organizativo, em questões relacionadas com as perspectivas de
novos Outubro Revolucionários.
Demonstrou que o partido revolucionário não pode cumprir jamais o seu papel
histórico embriagando-se em suas próprias vitórias, deixando de reconhecer as
deficiências de seu trabalho de ligação com as mais amplas massas
trabalhadoras, proletárias e não proletárias, temendo tratar de seus erros e
debilidades, renunciando a corrigí-los resolutamente e negando-se a dizer às massas
revolucionárias o pleno conteúdo da verdade, em todas as circunstâncias,
fornecendo-lhes respostas concretas a seus problemas concretos[25].
Em sua
concepção, a educação efetiva das massas lutadoras não pode assumir jamais
caráter escolástico ou acadêmico - o qual as desmoraliza e lhes insufla
preconceitos burgueses-liberais, sociais-reformistas e
classistas-colaboracionistas acerca da mitologia moderna das Deusas da Justiça,
Igualdade e Fraternidade -, mas sim deve estar sempre integrada à sua
própria luta política independente e especialmente revolucionária, posto que
apenas essa é capaz de realmente formar as classes exploradas e oprimidas,
desvendando-lhes a magnitude de seu próprio poder, estimulando suas habilidades
e forjando sua vontade revolucionária[26].
Por sua vez,
o partido marxista-revolucionário deve aprender a descobrir, estimular,
promover, dinamizar o enorme talento prático-organizativo possuído pelas
próprias massas lutadoras, impedindo resolutamente que o capital e o latifúndio
o golpeie, destruindo-o completamente[27].
Além disso, Lenin
destacou serem os heróis da revolução socialista não os lutadores combatentes
dos livros de ficção, mas sim os seres humanos vivos e intrépidos que,
dedicando toda a sua vida à estratégia proletária historicamente
revolucionária, cumprem, com energia e coragem, seu específico papel de luta,
conscientes de que a tarefa colocada sob sua responsabilidade, por mais modesta
e insignificante que possa eventualmente aparentar ser, possui toda sua
extraordinária importância enquanto elo individual de conexão, imprescindível
para o funcionamento eficiente de toda grande e vasta cadeia de forças
marxistas-revolucionárias que se movem rumo à vitória da Revolução Socialista Mundial[28].
No quadro de
suas mais impiedosas lutas fracionais contra o social-reformismo, o
social-chauvinismo, o social-pacifismo, conciliacionismo virtuoso, o
oportunismo e o sectarismo de todos os matizes, Lenin posicionou-se
sempre, resolutamente, em favor da concepção de que é imprescindível combinar,
necessariamente, as formas legais com as formas ilegais de luta e participar,
incondicionalmente, até mesmo dos parlamentos e sindicatos reacionários,
bem como atuar nas fileiras de outras instituições amarradas a leis
reacionárias das classes exploradoras e dominantes, enquanto não se possa
cogitar da organização, preparação e deflagração de uma Insurreição
Armada Proletária para a derrubada violenta do capitalismo imperialista e seus aliados[29].
Precisamente
no acatamento desses princípios e corolários organizativos, na sua mais efetiva
e resoluta implementação prática, Lenin contemplou a existência
de garantias contra cisões e rupturas partidárias injustificadas, contra a
formação de frações públicas oportunistas, permanentes ou virtualmente
permanentes, permitindo-se, assim, o
impulsionamento de autênticas lutas teórico-ideológicas,
político-programáticas, orgânico-estatutárias, estratégico-contextuais e
tático-conjunturais, no quadro da mais rigorosa unidade organizativa,
dotada da mais estrita e resoluta subordinação de todos os revolucionários às
resoluções congressuais-partidárias[30].
Enquanto
suprema estratégia de luta, formulada no contexto da época das modernas
revoluções socialistas do proletariado do século XX, a tarefa de edificação de
um partido proletário marxista-revolucionário, apto a conduzir a Revolução
Socialista à vitória, seja em escala nacional, seja em
escala internacional, veio a ser preponderantemente equacionada por Lenin
e por ele conseqüentemente direcionada, tendo como antípoda direto as formas
organizativas adotadas e fomentadas então pelos partidos da II
Internacional Socialista, programaticamente degenerados em sentido
social-reformista e organizativamente afrouxados em sentido oportunista, de
modo inteiramente irreversível, sobretudo após a morte de Friedrich
Engels, em 1895.
Diante
disso, tal como se verá adiante, Lenin manejou a dialética de Marx
e Engels sobretudo contra sua degeneração sofístico-metafísica,
destituída de conteúdo revolucionário, promovida não apenas pelos próceres do
socialismo da colaboração de classes nacional-chauvinista (no estilo Scheidemann,
Plekhanov etc.), reformista-pacifista (Bernstein, Martinov) e
paficista-democrático (Kautsky, Martov), mas também por
renomados bolcheviques frente-populistas e defensistas da pátria burguesa
reacionária na guerra imperialista (Stalin, Kamenev, Rykov), opositores
declarados do método da insurreição armada socialista para a destruição do
Estado Burguês e edificação da Ditadura Revolucionária do Proletariado
(Kamenev,
Zinoviev, Lunatcharsky, Riazanov), conciliadores de bolcheviques
insurrecionais com antípodas da insurreição (Stalin, Miliutin, Sokolnikov),
antagonistas da formação de um governo revolucionário exclusiva ou
hegemonicamente bolchevique (Lunatcharsky, Kamenev, Riazanov),
propugnadores do esquerdismo comunista, contrário ao defensismo da pátria
socialista na Guerra Civil e Revolucionária com forças armadas proletárias
realmente existentes e aptas a impulsioná-lo (Bukharin, Radek, Kollontai).
À luz de
tudo isso, sem perder de vista, porém, a extraordinária importância histórica
adquirida pela organiuzação marxista-revolucionária concebida, organizada e
dirigida por Lenin, Trotsky formulou o seguinte juízo crítico e perpicaz,
condizente com sua imensa experiência revolucionária, desenvolvida do movimento
proletário-revolucionário russo e imprescindível para todo estudo a ser
empreendido relativamente ao tema em tratamento :
“Não se deve esquecer que a máquina política do
Partido Bolchevique era composta principalmente pela intelectualidade, de
origem e ambiente pequeno-burguês e marxista em suas idéias e relações com o
proletariado.
Os trabalhadores que passavam a ser
revolucionários profissionais uniram-se àquele grupo com muito entusiasmo e,
dentro dele, perderam sua identidade.
A estrutura social peculiar da máquina do
Partido e sua autoridade sobre o proletariado (ambas nada acidentais e sim ditadas
por estrita necessidade histórica) foram, mais uma vez, causa da vacilação do
Partido e, finalmente, converteram-se na origem de sua degeneração.
O Partido insistia na doutrina marxista que
expressava os interesses históricos do proletariado em seu conjunto.
Porém, os seres humanos da máquina do Partido
assimilavam apenas medidas dispersas de tal doutrina, em conformidade com sua
própria experiência, relativamente limitada.
Tal como Lenin se lamentava, aprendiam
mecanicamente, muitas vezes, apenas fórmulas feitas de antemão e fechavam os
olhos às mudanças de situação.
Na maioria dos casos, tinham carência de diário
contato independente com as massas operárias, bem como de apreciação
compreensiva do processo histórico.
Assim, ficavam expostos à influência das outras
classes
Durante a guerra, os próceres do Partido
viram-se seriamente afetados por tendências colaboracionistas, emanadas de
círculos burgueses, enquanto que os trabalhadores bolcheviques da base
demonstravam uma estabilidade muito mais sólida para resistir ao histerismo
patriótico que se propagava por todo o país .”[31]
CAPÍTULO 1.
I CONGRESSO DE 1898
DO PARTIDO OPERÁRIO SOCIAL-DEMOCRÁTICO RUSSO (POSDR):
UM CONGRESSO FUNDACIONAL COM
TENTATIVA DE UNIFICAÇÃO,
DESPIDA DE PROGRAMA E DE ESTATUTO PARTIDÁRIOS
A tarefa
estratégica de unificação dos inúmeros círculos e grupos russos, ativamente
atuantes já no fim do século XIX, em um partido proletário
marxista-revolucionário unificado foi, pela primeira vez, examinada por
Lenin em seu trabalho intitulado “O que são os Amigos do
Povo e como lutam contra os Sociais-Democratas”, vindo a público em
1894[32].
Já nessa sua
obra, paralelamente à sua impiedosa crítica desferida contra a ideologia do
terrorismo populista da “Vontade do Povo”, Lenin defendeu e
desenvolveu os fundamentos mais essenciais do marxismo revolucionário e
destacou que os marxistas russos deveriam, enquanto tarefa primordial de cunho
organizativo, articular, a partir dos diversos círculos e grupos marxistas, um
partido proletário combativo.
A fundação
por Lenin da “Liga de Luta para a Libertação da Classe
Trabalhadora”, em 1895, representou o primeiro autêntico embrião
de organização revolucionário-proletária na Rússia, cuja
atividade foi manifestamente orientada para a unificação das forças marxistas
do movimento dos trabalhadores daquele país.
Ainda em
1895 e 1896, encontrando-se na prisão, Lenin elaborou o primeiro Projeto
de Programa do POSDR[33]. Em fins
de 1897, já em seu exílio na Sibéria, redigiu a obra de caráter
essencialmente programático intitulada “As Tarefas dos Sociais-Democratas
Russos”, surgida, a seguir, em 1898[34].
Entretanto,
a prisão e o exílio de Lenin e dos principais dirigentes de sua Liga
de Luta impediram, de fato, nesse momento, o impulsionamento de
adequada convocação para a realização de um amplo congresso da nova organização
social-democrática russa em gestação.
Assim, em
março de 1898, reuniu-se, então, o I Congresso do POSDR, encontrando-se Lenin ainda em seu exílio
siberiano, não podendo, pois, dele participar pessoalmente.
Esse I
Congresso realizou-se em condições de clandestinidade, entre os dias 1°
e 3 de março de 1898, na cidade de Minsk, na Bielorússia.
Nele
estiveram presentes 9 delegados, representativos de 6 organizações diferentes,
a saber : 4 delegados procediam respectivamente da “Liga de Luta para a
Libertação da Classe Trabalhadora” de Petersburgo, Moscou,
Ekaterinburgo e Kiev, 2 delegados provinham do grupo “Jornal
Operário”, de Kiev, e 3 delegados representavam os
sociais-democratas judeus do “Bund”.
O I
Congresso foi a primeira tentativa de unificação de círculos e grupos
marxistas em um autêntico partido proletário russo, sob o princípio da defesa
do Direito da Auto-Determinação das Nações Oprimidas.
Ele não foi
capaz, entretanto, de deliberar acerca da aprovação de um Programa
Revolucionário e de um Estatuto Partidário. Sua questão
fundamental estava relacionada, antes de tudo, com a tarefa de fundação de um
novo organismo revolucionário-proletário unitário.
Nesse
sentido, o I Congresso deliberou operar a unificação das forças
locais da Liga de Luta, do Jornal Operário e do Bund
em uma única organização social-democrática que veio a ser denominada “Partido
Operário Social-Democrático Russo (POSDR)”.
Proclamando
dessa maneira preponderantemente fático-organizativa, a fundação do “Partido
Operário Social-Democrático Russo (POSDR)”, o I Congresso elegeu
um Comitê Central, composto de três membros, cada qual
representativo das três organizações em processo de unificação, e incumbiu esse
organismo central de elaborar um “Manifesto do POSDR”, em nome do
congresso.
No manifesto
em referência postulou-se a tarefa de tomada do poder político pelo
proletariado, omitindo-se, entretanto, a estratégia marxista-revolucionária de
luta pela conquista da hegemonia por essa classe revolucionária em face de seus
aliados socialmente oprimidos, no quadro da luta contra a autocracia
imperial-czarista, o latifúndio e o capital.
Além disso,
o I Congresso declarou ser o “Rabotchaia Gazeta (Jornal
Operário)”, editado na cidade de Kiev, o órgão oficial do
POSDR, ao mesmo tempo em que confirmou a “Liga dos
Sociais-Democratas Russos no Exterior” enquanto sua representação
internacional.
Em
decorrência da prisão dos membros do recém-fundado Comitê Central do
POSDR logo após o encerramento dos trabalhos congressuais e por força
do fechamento da tipografia de seu órgão oficial, tornou-se impossível
impulsionar concretamente as tarefas deliberadas, sendo, assim, praticamente
suspensas suas atividades.
O I
Congresso não logrou, pois, consolidar efetivamente a unificação
pretendida e, muito menos, estabelecer um centro de conexão entre as diversas
organizações locais sociais-democráticas. Também depois dos trabalhos
congressuais, os comitês partidários locais permaneceram preponderantemente
isolados, sem consideráveis ligações mantidas entre uns e outros. A partir das
deliberações congressuais, foi viabilizada, entretanto, a dinamização de
diversas atividades de propaganda revolucionária.
Entrementes,
a fermentação e o latejar da luta de classes, intensificados no período
posterior à realização do I Congresso, impulsionaram a expansão
do movimento revolucionário russo.
Por todos os
lados, levantava-se a questão acerca da fundação de uma efetiva organização
marxista-revolucionária, dirigente e combativa, disciplinada por programa e
estatuto revolucionários, norteada por estratégia e tática de luta unitárias,
capaz de clarificar o cenário de desorientação das lutas proletárias e conferir
um decisivo golpe mortal ao “economismo” oportunista, que,
então, penetrava no seio das organizações dos trabalhadores russos.
No segundo
trimestre de 1900, um papel decisivo na luta em prol de uma eficaz criação do partido
proletário marxista-revolucionário na Rússia foi
desempenhado pelo jornal “Iskra (A Centelha)”, projetado riado
e organizado por Lenin, contando com a
colaboração redacional de Martov, Plekhanov, Axelrod, Potressov e
Zassulitch, permeada muitas vezes por choques e atritos em
importantes domínios das atividades revolucionárias marxistas[35].
“Iskra (A Centelha)” foi o principal responsável pela propulsão do
processo de unificação e construção seja doutrinário, seja político, seja ainda
organizativo do novo POSDR.
No quadro da
I
Conferência do POSDR (Conferência Preliminar), ocorrida em Genebra, em
junho de 1901, adotou-se uma resolução contendo os princípios fundamentais de
um acordo para a ação conjunta de todas as forças sociais-democráticas russas.
Logo a
seguir, na II Conferência do POSDR (Conferência da “Unidade”), ocorrida em
Zurique, entre os dias 21 e 22 de setembro, intentou-se selar a unidade entre
as 5 (cinco) mais importantes organizações sociais-democráticas operárias
russas, com base em princípios inquestionalmente marxistas-revolucionários[36].
Dessa
conferência participaram, com efeito, as seguintes organizações, fazendo-se
representarem por seus principais dirigentes no exterior : “Iskra (A Centelha) – Zaria(A
Aurora)” – representada por Lenin e Martov -; “Sotsial-Demokrat
(O Social-Democrata)” – surgida em maio de 1900 e representada por Plekhanov
e Axelrod, enquanto principais dirigentes do “Grupo de Emancipação do
Trabalho” –; “Borba (A Luta)” – surgida em
1900-1901, em Paris, e representada por Riazanov, Steklov e I. Smirnov -,
além da União dos Sociais-Democratas Russo no Exterior – fundada em
1894 por Plekhanov e com ele rompida em abril de 1900 – e o Bund.
O processo
de aproximação entre as organizações referidas foi, entretanto, abruptamente
interrompido, quando artigos dos principais dirigentes da União dos Sociais-Democratas
Russo no Exterior, publicados em Rabotcheie Dielo Nr. 10, de setembro
de 1901, e suas propostas de emendas e adendos às resoluções a serem adotadas,
demonstraram nitidamente que essa organização afastara-se substancialmente do
marxismo revolucionário.
Assim, Lenin
e Plekhanov, após a leitura de uma declaração de protesto e denúncia,
abandonaram, resolutamente, a II Conferência do POSDR (Conferência da
“Unidade”).
Sob a
iniciativa de Lenin, “Iskra (A Centelha) –
Zaria(A Aurora)” e “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)” vieram
a cerrar fileiras, em outubro de 1901, dando vida à “Liga da Social-Democracia
Revolucionária Russa no Exterior”.
No quadro
desse complexo processo histórico, o regime fundamental de funcionamento da
organização marxista revolucionária na atual época do imperialismo capitalista,
enquanto partido proletário-revolucionário de novo tipo, foi
aprimorado por Lenin em seus magníficos trabalhos, produzidos ao longo de 1901 e 1902,
intitulados “Com o que Começar?”, “O Que Fazer?” entre outros[37],
e, então, apreciado no quadro do II Congresso do POSDR, realizado entre os
dias 17 de julho e 10 de agosto de 1903.
CAPÍTULO 2.
II CONGRESSO DE 1903 DO POSDR :
PROGRAMA E DIREÇÃO REVOLUCIONÁRIOS
EM CONTRASTE COM UM ESTATUTO
OPORTUNISTA,
EMERGÊNCIA DAS FRAÇÕES
INTERNAS BOLCHEVIQUE E MENCHEVIQUE
O II
Congresso do POSDR realizou-se em condições de clandestinidade, entre 17
de julho e 10 de agosto de 1903, no exterior da Rússia,
inicialmente na cidade de Bruxelas, na Bélgica, e,
posteriormente, na cidade de Londres, na Grã-Bretanha.
Nele,
fizeram-se representar 26 organizações, incluindo-se nesse número a organização
de V. I. Lenin - agora convergindo em torno do
jornal “Iskra (A Centelha)”, o “Grupo de Libertação do
Trabalho” – encabeçado por G. V. Plekhanov -, a “Liga Estrangeira da Social-Democracia
Revolucionária Russa”, o “Liga dos Sociais-Democratas no
Exterior”, o “Comitê Central e Estrangeiro do Bund”, o
grupo “Sul da Rússia”, 14 comitês locais, 4 ligas
sociais-democráticas e a “Organização Operária Petersburguense
(Economistas)”.
Ao todo,
estiveram presentes 43 delegados, dotados de 51 votos deliberativos, e 14 delegados,
dotados de votos consultivos.
Cada uma das
26 organizações em tela possuía o direito de enviar ao Congresso dois
delegados, porém algumas delas enviaram um único delegado, munido de dois
mandatos.
A composição
do II Congresso não era efetivamente homogênea.
Os iskristas,
i.e. os militantes do jornal Iskra (A Centelha) não
intervieram, ao longo de todo o congresso, em perfeita unidade e sob o comando
de uma única direção : além dos delegados encabeçados por Lenin - i.e. 20 delegados, dotados de 24 votos -,
encontravam-se presentes 7 delegados, munidos de 9 votos, que respondiam muito
mais aos posicionamentos sustentados por Martov. Os centristas –
ou o assim denominado “bolóto (pântano)” – possuíam 8 delegados,
armados com 10 votos. Os declarados e abertos adversários dos iskristas detinham
apenas 8 votos, entre os quais se contavam 3 adeptos do economismo e
5 membros do Bund.
Os
declarados e abertos adversários dos iskristas detinham apenas 8
votos, entre os quais contavam-se 3 adeptos do economismo e 5
membros do Bund.
Na ordem do
dia dos trabalhos do II Congresso do POSDR, elencaram-se os
seguintes pontos :
1) Formação do
Congresso. Eleição do Bureau. Estabelecimento do Regulamento do Congresso e da
Ordem do Dia. Relatório do Comitê Organizativo (CO) e Eleição da Comissão para
Definição da Composição do Congresso.
2) Posição do
Bund no POSDR.
3) Programa do
Partido.
4) Órgão
Central do Partido.
5) Relatórios
dos Delegados.
6) Organização
do Partido. Estatuto do Partido.
7) Organizações
Regionais e Nacionais.
8) Grupos
Especiais do Partido.
9) Questão
Nacional.
10) Luta Econômica e Movimento Sindical.
11) Comemoração do 1° de Maio.
12) Congresso Socialista Internacional de Amsterdã de 1904.
13) Manifestações e Levantes.
14) Terrorismo.
15) Questões Internas do Partido Operário.
a. Organização da Propaganda.
b. Organização da Agitação.
c. Organização da Literatura do Partido.
d. Organização do Trabalho entre os Camponeses.
e. Organização do Trabalho entre nas Forças Armadas.
f. Organização do Trabalho entre os Estudantes.
g. Organização do Trabalho entre os Seminaristas.
16) Relação do POSDR com os
Socialistas-Revolucionários(SRs.)
17) Relação do POSDR com as
correntes liberais russas.
18) Eleição do Comitê Central e
da Redação do Órgão
Central(OC).
19) Eleição do Conselho do
Partido.
20) Regime das Proclamações das
Decisões e Protocolos do
Congresso e, igualmente,
Regime de Apresentação de
Comunicados das
Declarações das Pessoas e Órgãos
Responsáveis Eleitos.
A despeito
da ampla maioria iskrista, exercida no II Congresso nos
debates dos primeiros pontos da ordem do dia, bastou que uma cisão se operasse
entre eles, na apreciação do Ponto 6. Organização do Partido. Estatuto do
Partido, produzindo dois agrupamentos distintos, encabeçados
respectivamente por Lenin e Martov, para que esse
último, Martov, com o auxílio dos centristas do pântano e dos
abertos adversários das posições do Iskra (A Centelha), lograssem
imprimir uma linha manifestamente oportunista, no domínio
estatutário-organizativo do novo partido em efetiva formação.
Lenin e seus adeptos foram, em verdade, os únicos a desenvolver, ao longo dos
trabalhos congressuais, uma luta conseqüentemente implacável e principista,
seja contra o social-reformismo programático, seja contra o oportunismo
organizativo, postulando, eficazmente, uma orientação essencialmente
revolucionária para o novo partido russo, em todos os pontos previstos para
compor a ordem do dia dos trabalhos congressuais.
Com efeito, Lenin,
situado à cabeça das atividades do Iskra (A Centelha), havia
impulsionado, anteriormente, um trabalho colossal de preparação do novo
congresso, dinamizando a unificação dos círculos e grupos sociais-democráticos
russos sobre a base dos princípios programáticos e estatutários, estratégicos e
táticos de Marx e Engels.
A mais
expressiva tarefa colocada diante do II Congresso do POSDR
consistia, sem qualquer margem de dúvida, em criar um novo partido efetivamente
atuante e essencialmente fundado nos princípios doutrinários e organizativos,
postulados e difundidos pela direção leninista do Iskra (A Centelha).
Assim, a
questão de maior dimensão elencada na ordem do dia do II Congresso do
POSDR estava diretamente relacionada com o Ponto 3 da
ordem do dia, pois, com a adoção do Programa do POSDR seria
possível dotar-se a classe trabalhadora russa de um autêntico instrumento de
luta marxista-revolucionário.
Nesse
sentido, cumpre assinalar que o projeto de programa, apresentado
ao congresso, foi aquele precisamente elaborado por Lenin e Plekhanov, em
diametral oposição a todos os outros programas partidários de natureza
essencialmente social-reformista, acolhidos então, em nível congressual, pelas
mais diversas organizações filiadas a II Internacional Socialista.
Cumpre
destacar, em letras garrafais, que esse mesmo II Congresso do POSDR acolheu,
em seu Programa Partidário, redigido por Lenin e Plekhanov, categoricamente
e pela primeiríssima vez na história do movimento mundial dos trabalhadores a
consigna expressa da luta a ser deflagrada em prol da “Ditadura do
Proletariado”, definida, então, enquanto sua conquista do poder
político e como condição indispensável para a revolução social, fazendo-o em pleno
contraste com os até existentes programas da Social-Democracia Alemã,
bem como dos demais partidos da II Internacional Socialista[38].
O referido projeto
de programa de Lenin e Plekhanov era composto de duas partes
essenciais, a saber :
Parte A. Programa Máximo.
Parte B. Programa Mínimo.
Na Parte
A. Programa Máximo, o projeto de programa dispunha acerca
das tarefas centrais do partido revolucionário da classe trabalhadora, em sua
luta pela Revolução Socialista, pela derrubada do poder dos burgueses
e latifundiários e pela instauração da Ditadura Revolucionária do
Proletariado, fase de transição para a edificação de uma sociedade
socialista, sem classes e sem Estado.
Na Parte
B. Programa Mínimo, o projeto do programa prescrevia as
tarefas imediatas do partido, em sua luta pela derrubada da autocracia
czarista-imperial, instauração de uma República Democrática,
introdução da jornada de trabalho de 8 horas para os trabalhadores, erradicação
de todos os resquícios de servidão no campo, devolução aos camponeses das
terras que lhes haviam sido subtraídas pelos latifundiários.
Essa última
reivindicação programática haveria de ser, em seguida, modificada por Lenin
e seus adeptos pela exigência de confiscação de todas as propriedades
latifundiárias.
O projeto
de programa de Lenin e Plekhanov foi visceralmente combatido pelos
delegados bundistas e defensores do economismo.
Adversários
da estratégia de luta marxista-revolucionária, contida no projeto
de programa em referência, uns e outros insurgiram-se, em primeiro
lugar, contra a formulação de consignas programáticas máximas de Revolução
Socialista e Ditadura Revolucionária do Proletariado, alegando
ser essa ditadura inteiramente incompatível com a natureza da democracia em
geral e com os princípios adotados nos programas dos principais partidos da II
Internacional Socialista.
Ao mesmo
tempo, os delegados bundistas e adeptos do economismo exigiam permanecesse
excluída do programa a questão camponesa, na medida em que não entreviam ser
absolutamente necessária a luta pela constituição de uma aliança do
proletariado com o campesinato.
Além disso,
os delegados bundistas e diversos delegados poloneses, inspirados pelas
concepções de Rosa Luxemburgo, opuseram-se ao acolhimento da
consigna programática fundamental relativa à defesa do Direito de
Auto-Determinação das Nações Oprimidas, menosprezando o fato de que
precisamente essa consigna capacitava a classe trabalhadora e seus aliados a
luta contra a opressão imperialista e assegurava a educação das massas proletárias
no espírito do internacionalismo marxista-revolucionário.
Lenin interviu, por diversas vezes, no quadro do II Congresso, em
defesa do projeto de programa.
No contexto
de uma luta resoluta de todos os iskristas e alguns centristas do
pântano foi obtida uma grandiosa vitória política : o II Congresso
acolheu, por ampla maioria de votos, o seu primeiro programa partidário, precisamente
em conformidade com a redação formulada por Lenin.
O Programa
Revolucionário do POSDR em referência converteu-se na principal
plataforma de luta da classe trabalhadora russa, nos anos subseqüentes.
Ele
assegurou ao proletariado daquele país uma autêntica formação
marxista-revolucionária e forneceu o denominador comum em torno do qual o POSDR
uniu a classe trabalhadora, unificou-a com o campesinato e os demais oprimidos,
em sua luta contra a autocracia, o latifúndio e o capital.
Precisamente
esse Programa do POSDR, formulado segundo a redação de Lenin,
permaneceu válido, em linhas gerais, até o VIII Congresso do
Partido Comunista Russo (Bolchevique), ocorrido em 1919, em cuja
ocasião foi adotado um novo programa, condizente com a novo contexto histórico.
Após a
adoção do Programa do POSDR, o II Congresso em referência avançou
rumo à análise do Projeto de Estatuto do Partido, o qual deveria
assegurar uma efetiva resposta organizativo-revolucionária ao aventureirismo,
ao inorganicismo e ao espírito de círculo, à desordem e à ausência de firme
disciplina partidária.
Nos
trabalhos do II Congresso do POSDR, Lenin interviu seja com a
apresentação de seu informe sobre o Projeto de Estatuto, seja com dois
pronunciamentos acerca do tema[39].
Em seu
projeto, resultaram nitidamente ancorados os mais relevantes princípios do
regime de funcionamento de uma organização marxista revolucionária na atual
época do imperialismo capitalista, em cujo ápice situa-se o centralismo
democrático das atividades do partido disciplinado e combativo.
O mais
importante aspecto dos debates acerca da questão estatutária relacionou-se com
a formulação do Parágrafo Primeiro do Estatuto, que definiu as
condições de apartenência dos militantes revolucionários ao POSDR.
A formulação
de Lenin do Parágrafo Primeiro continha as
seguintes disposições:
“1. É
considerado membro do Partido aquele que aceita o Programa do Partido e apóia o
Partido, seja com meios financeiros, seja com sua participação pessoal em
uma das organizações partidárias.”[40]
Essa
formulação de Lenin foi apoiada não apenas por seus adeptos iskristas,
senão ainda por Plekhanov.
D’outro
lado, opondo-se à redação desse parágrafo na forma retro-indicada, Martov
formulou uma proposição de filiação partidária que, embora considerando o
reconhecimento do programa e o apoio material enquanto condições indispensáveis
à militância no POSDR, repudiava, abertamente, o critério de
participação pessoal em uma das organizações partidárias.
Martov propunha que os membros – na sua peculiar dicção os filiados do POSDR
-,
poderiam, até mesmo, não possui participação em nenhuma das
organizações partidárias.
Nesse
sentido, defendeu que a condição de participação pessoal em uma dessas
organizações fosse substituído pelo critério de realização de trabalhos sob o
controle do Partido.
Assim, na
versão de Martov, a redação do Parágrafo Primeiro do
Estatuto haveria de assumir a seguinte forma :
“I. Filiação
ao Partido. -
1.
Considera-se filiado ao Partido Operário Social-Democrático Russo todo aquele
que, reconhecendo o seu programa, trabalha ativamente para executar suas
tarefas, sob controle e direção dos órgãos do Partido.”[41]
A formulação
de Martov foi, candentemente, defendida, naquela época, por seus
adeptos iskristas, Axelrod, Zassulitch, Trotsky e por todos os
demais delegados centristas do pântano, bundistas e adeptos do economismo.
Em contraste
com a redação do Parágrafo Primeiro do Estatuto de Lenin, a
proposição de filiação de Martov permitia, inexoravelmente, a
mais ampla abertura das portas do POSDR a todos os elementos
oscilantes e não proletários.
Nessas
diferentes formulações do Parágrafo Primeiro do Estatuto do POSDR
encontram-se, em verdade, expostas, de maneira lapidar, duas concepções
diametralmente opostas de organização de partidos da classe trabalhadora : a de
Lenin, uma concepção genuinamente marxista-revolucionária, a de Martov,
uma concepção essencialmente oportunista.
Lenin considerava o partido proletário como um destacamento
revolucionário-orgânico, cujos membros não aderiam, por si mesmo, a ele, mas
sim eram por ele admitidos para atuarem em uma de suas organizações
partidárias, subordinando-se sempre à sua disciplina, ao passo que Martov
entrevia o partido proletário como algo nem sempre claramente delineado em
sentido organizativo, cujos membros a ele aderiam, por força de suas próprias
vontades individuais, não estando obrigados a subordinar-se à qualquer
disciplina partidária, enquanto não ingressassem em uma de suas determinadas
organizações partidárias.
Fundando em
sua concepção, Martov diluía todos e quaisquer limites
discriminatórios entre o partido revolucionário e a classe trabalhadora,
propondo conceder direito de filiação partidária a todo grevista e ativista
político, que se declarasse a si mesmo como membro do partido e atuasse sob seu
controle.
De modo
inteiramente distinto, Lenin visualizava na organização
marxista-revolucionária do proletariado o corpo de tropa avançado do
proletariado, que unificava, em suas fileiras, os elementos mais conscientes,
abnegados e disciplinados da classe trabalhadora.
Por essa
razão, o partido haveria de sempre possuir conhecimento acerca do número de
seus membros, estando consciente acerca do fato de ser composto apenas pela
minoria do grande número de componentes do proletariado, considerado como um
todo.
Precisamente
nesse sentido, Lenin defendeu, em suas intervenções junto ao II
Congresso acerca do Estatuto do POSDR, dever o partido
representar apenas o centro dirigente, bem como o destacamento avançado e
organizado das grandes massas da classe trabalhadora, as quais trabalhariam
sim, em seu conjunto (ou em quase todo o seu conjunto), sob a
direção e o controle das organizações partidárias,
não podendo e não devendo, porém, ingressar em seu conjunto no interior do
partido.
Para os
membros do partido haveria de ser obrigatório, segundo Lenin, sua
atuação participativa em uma das organizações partidárias e sua intervenção
ativa na luta de classes e no trabalho de construção do partido revolucionário.
Precisamente
essa participação ativa seria capaz de assegurar ao partido a direção e o
controle efetivos das atividades de cada um de seus membros.
O partido
proletário revolucionário deveria ser projetado como um sistema de organismos
partidários, agindo segundo um plano comum, adotado com no centralismo
democrático e implementado, com a mais resoluta disciplina, tendo em
conta o princípio da unidade do partido.
Com base em
sua redação do Parágrafo Primeiro do Estatuto do POSDR, Lenin deflagrou
o início de uma luta permanente em prol da nitidez organizativo-partidária e
contra o amontoamento, em suas fileiras, de elementos oscilantes e
oportunistas.
Segundo Lenin,
a tarefa central dos revolucionários do POSDR seria custodiar a
firmeza, a disciplina e o vigor do partido revolucionário da classe
trabalhadora, elevando, constantemente e cada vez mais, o profissionalismo e o
conhecimento marxista dos membros do partido.
A luta de Lenin
e de seus adeptos iskristas, travada no seio do II
Congresso em torno da redação do Parágrafo Primeiro do Estatuto
do POSDR, demonstrou, inequivocamente, que todos eles lutavam pela
estruturação de um partido marxista-revolucionário, democraticamente
disciplinado e centralizado, enquanto Martov e seus seguidores,
pela engenharia de um partido disforme, frouxo, hesitante, irresoluto, incapaz
de conduzir à vitória o proletariado e seus aliados em sua luta pela Revolução
Socialista e a edificação da Ditadura Revolucionária do
Proletariado.
Entretanto, Martov
foi capaz de reunir em torno de sua formulação todos os elementos
centristas e oportunistas, de modo a obter, no II Congresso, a
maioria necessária à aprovação do Parágrafo Primeiro do Estatuto do
POSDR, em conformidade com sua redação : 28 votos foram proferidos em
favor da formulação de Martov e apenas 22 em favor da de Lenin,
registrando-se, ainda, um voto de abstenção.
Todos
parágrafos restantes do projeto de estatuto de Lenin foram
aprovados por maioria de votos.
No entanto,
a partir desse momento, cabe destacar que o II Congresso passou a ser
caracterizado
pela luta de Lenin e dos bolcheviques contra o inorganicismo
oportunista da fração menchevique, de modo a conduzir, inicialmente, ao
nascimento de duas frações interno-partidárias distintas – a fração
bolchevique, integrada, então, por Lenin, Krassin, Bogdanov,
Lunatcharsky, Bubnov, Artiom, Enukidze, Kalinin, Kamenev, Krestinsky,
Krupskaya, Lashevitch, Litvinov, Lozovsky, Manuilsky, Mejinsky, Muralov,
Muranov, Noguin, Ordjonikidze, Petrovsky, Piatnitsky, Podvoisky, Rykov,
Skrypnik, I. Smirnov, Schaumian, Schliapnikov
Solts, Sosnovsky, Stassova, Steklov, Stutchka, Sverdlov, Teodorovitch,
Tsiurupa, Voroshilov, Voronksy, Vorovsky, Zinoviev, entre outros e a
fração menchevique, composta, naquele tempo, por Martov,
Plekhanov, Dan, Potressov, Axelrod, Zassulitch, Jordania, Strumiline, Deich,
Tsereteli, Trotsky, Antonov-Oveseienko, Uritsky e seus seguidores.
Por fim,
relativamente aos trabalhos do II Congresso do POSDR de 1903,
importa anotar que, após o acolhimento do programa e do estatuto
partidários, acolheram os delegados presentes um série de decisões
relativas às questões táticas, sindicados e manifestações públicas.
Entretanto,
após a ruptura dos iskristas, motivada pela formulação do Parágrafo
Primeiro do Estatuto, a luta deflagrada no seio do II Congresso adquiriu
contornos cada vez mais ásperos e contraditórios.
O II Congresso
acolheu, ainda, uma resolução acerca da relação a ser mantida com os socialistas-revolucionários
(SRs), na qual se afirmou nada serem esses últimos senão uma fração da
burguesia democrática.
Por essa
razão, resultou aprovada a condenação de toda e qualquer tentativa de
obscurecer as diferenças principistas e políticas, existentes entre a Social-Democracia
Russa e os socialistas-revolucionários(SRs).
No que diz
respeito à postura em face da burguesia liberal russa, foram apresentadas duas
proposições :
a. uma
proposição de Lenin e Plekhanov.
b. outra
proposição de A. Potressov.
A proposição
Lenin-Plekhanov ressaltava, sobretudo, a tarefa de lutar por
desmascarar perante as massas a sonolência e o temor da burguesia liberal
russa.
A proposição
de A. Potressov, em conformidade com o espírito programaticamente
social-reformista e estatutariamente oportunista que vicejava em parte
considerável do Congresso, defendeu a concepção de colaboração da classe
trabalhadora com a burguesia liberal, no quadro das lutas contra autocracia.
Vacilante, o Congresso foi incapaz de decidir-se,
claramente, em favor de uma dessas proposições, de modo que ambas acabaram
sendo acolhidas, em conformidade com a idéia de que seriam compatíveis as duas
entre si.
Na medida em
que não se acolhera, nas disposições do Estatuto do POSDR, o
reconhecimento da Liga Estrangeira da Organização Operária
Petersburguense (Economistas) enquanto representante do partido no
exterior, 2 delegados adeptos do economismo abandonaram o Congresso, em sinal
de protesto.
A seguir, 5
delegados bundistas fizeram o mesmo, em vista de ter sido rejeitado o ultimato
formulado pelo Bund, no sentido de dever o II Congresso reconhecê-lo
enquanto único representante do proletariado judaico.
O abandono
de 7 delegados oportunistas modificou, então, a correlação de forças
congressuais, em favor dos adeptos das posições de Lenin.
No momento
das eleições para a composição das instituições centrais do POSDR,
Martov exigiu fosse assegurada a maioria de seus seguidores, seja
na redação do Iskra (A Centelha), seja no Comitê Central do
Partido.
Tendo
transitado a maioria do congresso para as posições leninistas, foi acolhida,
porém, a proposta de Lenin de eleição para a Redação do
Órgão Central de três membros, a saber : Lenin, Plekhanov e
Martov, bem como de composição do Comitê Central com os
adeptos das posições leninistas.
A votação
acerca da composição das instituições centrais do POSDR
fortaleceu a vitória das posições de Lenin.
Desde então,
os adeptos de Lenin, havendo adquirido a maioria nas eleições
para os órgãos centrais do partido, vieram a ser denominados de bolcheviques,
ao passo que seus adversários, receberam a designação de mencheviques.
Em vista de
todo o exposto, é possível afirmar-se, resumidamente, que o II Congresso
do POSDR representou, em linhas gerais, um passo lendário na trilha do
fortalecimento do marxismo revolucionário na Rússia e em todo o mundo contra o economismo
e o social-reformismo programático, ainda que, no domínio mais
complexo e intricado das questões estatutárias, não tenha sido capaz de
imprimir uma categórica derrota ao oportunismo organizativo, a
despeito de tê-lo candentemente desmascarado em suas pretensões mais torpes e
efetivamente reduzido a sua influência, no seio dos órgãos centrais de direção
do partido.
Ele
demonstrou que, ao lado dos velhos colaboracionistas de classes, i.e. no lugar
dos sociais-reformistas economistas, surgia, agora, em na disputa
pelo direcionamento do movimento das massas proletárias e dos oprimidos de todo
gênero, um novo fenômeno, expressado através do oportunismo na
organização do partido da classe trabalhadora, i.e. o menchevismo,
em sua embrionária forma existencial, destinada a degenerar-se cada vez
mais, em todos os sentidos.
De toda
sorte, o II Congresso do POSDR representou uma vitória para a
luta dos trabalhadores russos e seus aliados na medida em que logrou fazer
estabelecer um programa, um estatuto e uma direção
orgânica - o que havia-se revelado inteiramente
impossível no contexto do I Congresso do POSDR de 1898 -, e,
dessa forma, estabeleceu os parâmetros fundamentais para a intervenção unitária
do partido na luta de classes.
Tendo
contribuído, porém, para colocar às claras importantes diferenças de concepção
organizativa do regime de funcionamento da organização marxista-revolucionária,
o II Congresso do POSDR conduziu a uma divisão em duas grandes
partes de suas fileiras, abrindo o período para o surgimento de um sistema
essencialmente dual de frações públicas : a fração pública
dos bolcheviques e a fração pública dos mencheviques.
Tal como
será possível verificar-se a seguir, a primeira dessa frações, tendo a sua
frentes Lenin, pautou-se, permanentemente, pela defesa dos
princípios organizativos do marxismo revolucionário, ao passo que a segunda,
encabeçada por Martov, projetou-se, irremediavelmente, no caminho
sem retorno do oportunismo, em seus mais diversos matizes existenciais.
CAPÍTULO 3.
O SURGIMENTO EM 1903 - 1904
DA FRAÇÃO PÚBLICA BOLCHEVIQUE E DO
SISTEMA DE FRAÇÕES NO INTERIOR DO POSDR
Ainda no
curso do II Congresso de 1903, é possível atestar-se o surgimento
de duas principais frações antagônicas do POSDR : a fração
dos bolcheviques - defensores atentos do marxismo revolucionário, seja no
domínio programático, seja no estatutário -, e a fração dos mencheviques –
reformista, no domínio programático, e oportunista, no campo estatutário.
Essas duas
frações ainda não possuíam um caráter eminentemente público.
O sistema
de frações dos sociais-democratas russos – composto, porém,
preponderantemente pelas frações públicas dos bolcheviques e dos
mencheviques – que viria a existir a seguir, haveria de constituir,
durante 9 anos, i.e. de fins de 1903 – início de 1904 até fins de 1911 – início
de 1912, uma característica marcante de todo um período histórico da luta em
prol da construção de um partido marxista-revolucionário naquele
país.
Pois, a cisão verificada no II Congresso
do POSDR expandiu-se, com certas mediações, porém sempre mais
progressivamente, já nos meses subseqüentes, conduzindo à transformação do fracionalismo
interno-partidário existente em fracionalismo público, viabilizado
seja pela irrevogável renúncia de Lenin ao cumprimento de seus
deveres como membro do Conselho do Partido e da Comissão
Editorial do Iskra e denúncia aberta das posições
organizativo-oportunistas do Novo Iskra, em fins de 1903 e início
de 1904[42],
seja pelo aparecimento do jornal semanal bolchevique clandestino “Vperiod(Avante)”,
a partir de 22 de dezembro de 1904 – contando com a redação de Lenin,
Vorovsky, Olminsky e Lunatcharsky -, seja pelo surgimento entre
bolcheviques e mencheviques de substanciais e insuperáveis diferenças políticas
relativas à tática política a ser dinamizada no quadro revolução russa em desenvolvimento[43],
seja ainda pela rejeição dos mencheviques a participaram do III Congresso
do POSDR, cuja organização recaiu nas mãos dos bolcheviques,
encabeçados por Lenin[44].
Seria,
entretanto, apenas no quadro do III Congresso do POSDR, ocorrido em
1905, que a redação leninista do Parágrafo Primeiro do Estatuto viria
a ser consagrada exitosamente, com ampla maioria de votos.
Precisamente
no período inter-congressual de 1903 a 1905, é que Lenin veio,
então, a dedicar-se, em sua renomada obra, intitulada “Um Passo Adiante,
Dois Passos Atrás”, de 1904, à clarificação da essência social do
oportunismo russo e internacional, no domínio das questões relativas ao regime
de funcionamento da organização marxista-revolucionária, desenvolvendo uma
crítica acerba contra o menchevismo, nas questões estatutário-organizativas, ao
mesmo tempo em que formulou, doutrinariamente, os fundamentos principistas do partido
de novo tipo da atual época do imperialismo capitalista[45].
CAPÍTULO
4.
LENIN E
LUXEMBURG :
DUAS CONCEPÇÕES
ANTAGÔNICAS
RELATIVAS
À QUESTÃO ORGANIZATIVA
DO
PARTIDO REVOLUCIONÁRIO
No domínio
da luta de classes internacional do proletariado, deve-se, adicionalmente,
ressaltar que uma excelente e profundamente séria expressão dos contrastes e
divergências existentes entre a defesa dos princípios organizativos
marxistas-revolucionários - formulados e defendidos por Lenin -, e
aqueles de natureza manifestamente oportunista - reivindicados, de maneira
geral, não apenas pelos mais célebres representantes sociais-reformistas da II
Internacional Socialista, senão ainda por muitos revolucionários
autenticamente marxistas-proletários que, entretanto, diante daqueles
abertamente capitulavam em questões de construção da organização marxista
autenticamente revolucionária, de modo a aderir ao menchevismo russo – são os
artigos polêmicos produzidos, de um lado, por Lenin e, d’outro
lado, por Luxemburg, datados do período imediatamente posterior à
realização do II Congresso do Partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR)[46].
O presente estudo já teve a oportunidade de assinalar, em sua introdução,
que, aos olhos de Lenin, mesmo tendo Rosa Luxemburg cometido
inúmeros erros conceituais e analíticos, haveríamos de considerá-la, sempre e
permanentemente, como uma águia do marxismo revolucionário.
Particularmente no que tange ao domínio da organização
marxista-revolucionária, Lenin assinalou, justa e precisamente,
que Rosa equivocou-se em 1903, na apreciação do menchevismo.
Equivocou-se também, quando, em julho de 1914, ao lado de Plekhanov,
Vandervelde, Kautsky, entre outros, aspirou à unificação dos
bolcheviques com os mencheviques.
Pronunciando-se,
sumariamente, acerca dessa temática, Lenin teve a oportunidade de
evidenciar, nítida e ponderadamente, os diversos equívocos de Luxemburg, particularmente
manifestados no domínio da organização do partido revolucionário e das lutas
fracionais :
“Paul Levi quer agora cair nas graças da
burguesia – e, conseqüentemente, de seus
agentes, a II Internacional e II ½ Internacional – através da republicação
precisamente daqueles escritos de Rosa
Luxemburg em que ela se encontrava equivocada.
Devemos responder a
isso, citando duas linhas de uma boa velha fábula russa: “As águias podem, às
vezes, voar mais baixo do que as galinhas, porém as galinhas não podem jamais
subir às alturas das águias.”(EvM.: a fábula em referência é de autoria de Ivan
Krylov).
Rosa Luxemburg equivocou-se na
questão da independência da Polônia.
Equivocou-se, em 1903, em sua apreciação do menchevismo.
Equivocou-se na teoria da acumulação do capital.
Equivocou-se quando, em julho de 1914, juntamente com Plekhanov,
Vandervelde, Kautsky e outros, defendeu a unificação
dos bolcheviques com os mencheviques.
Equivocou-se em suas
anotações redigidas no cárcere de 1918 (nesse sentido, corrigiu a maioria de
seus erros, depois de abandonar o cárcere, no fim de 1918 e no início de 1919).
Porém, apesar de
todos os seus erros, Rosa foi e permanece sendo uma águia.
E não apenas os
comunistas de todo o mundo irão velar pela sua memória, porém sua biografia e
suas obras completas (a publicação
das quais está sendo incomensuravelmente retardada pelos comunistas alemães que
podem apenas ser em parte desculpados por conta das tremendas perdas que estão
sofrendo em sua severa luta) servirão como úteis manuais para o treinamento de
muitas gerações de comunistas em todo o mundo.
«Desde 4 de agosto
de 1914, a Social-Democracia Alemã tornou-se um cadáver fedorento », essa
declaração há de tornar famoso o nome de Rosa Luxemburg na história do
movimento da classe operária internacional.
E, naturalmente, no
pátio traseiro do movimento da classe operária, entre os montes de esterco,
galinhas como Paul Levi, Scheidemann,
Kautsky e toda aquela sua fraternidade, vão piar sobre os erros cometidos
pela grande comunista.
A cada pessoa
deve-se dar o que lhe pertence.”[47]
Apreciando, resgatando e defendendo, devidamente, a tradição
essencialmente marxista de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg, apesar de seus tantos equívocos,
porém sempre comprometidos, antes e acima de tudo, com a perspectiva de
organização da revolução violenta do proletariado para a edificação da Ditadura
Revolucionária do Proletariado na Alemanha, Lenin afirmou, solenemente, em seu Discurso de Abertura do I
Congresso do Komintern :
„Em nome do Comitê Central
do Partido Comunista da Rússia declaro aberto o I Congresso da Internacional
Comunista. Em primeiro lugar, peço a todos os presentes que se levantem de suas
cadeiras em memória dos melhores representantes da III Internacional : Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg.“[48]
Essas palavras de Lenin, relacionadas com sua
interpretação do papel histórico de Liebknecht e Luxemburg, enquanto os melhores representantes da Internacional
Comunista, deveriam, em princípio, servir, por si mesmas, como um
látego desferido frontalmente contra as desavergonhadas tentativas doutrinárias
dos principais ideólogos franco-gramscianos de Actuel Marx e do Secretariado Unificado (SU-QI), voltadas a transformar Rosa
Luxemburg em uma social-oportunista vulgar, que carrega, eternamente,
consigo, no caminho da luta pelo socialismo, a auréola santificada da defesa de
fórmulas de liberdade essencialmente democrático-burguesas[49].
Nesse sentido, destaque-se, entretanto, à guisa de exemplo, entre os
diversos e renomados textos de Rosa Luxemburg, aquele intitulado E Pela Terceira Vez o Experimento Belga, vindo à luz já em 4 de junho de 1902, quando
essa autora teve a oportunidade de escrever, de modo incorruptivelmente claro,
contra os legalistas belgas, i.e. Émile Vandervelde e outros :
„Entretanto, não por predileção às ações
violentas ou ao romantismo revolucionário devem os partidos socialistas, mais
cedo ou mais tarde, estar preparados também para embates violentos com a
sociedade burguesa, em casos em que nossas aspirações se direcionem contra os
interesses vitais das classes dominantes, senão em razão também da amarga
necessidade histórica.
O parlamentarismo enquanto meio de luta político
da classe trabalhadora, individualizador do espírito, é tão fantástico e, em
primeira linha, reacionário, como o é a greve geral, individualizadora do
espírito, ou a barricada, individualizadora do espírito. Evidentemente, a
revolução violenta é, nas condições atuais, um meio de dupla-face, aplicável de
modo extremamente difícil.
E podemos esperar que o proletariado apenas faça
uso desse meio quando se apresentar o único caminho adequado para sua
implementação e, evidentemente, apenas em condições em que a situação política
de conjunto e a relação de forças assegurem, mais ou menos, a probabilidade de
êxito.
Porém, a concepção clara da necessidade da aplicação da violência, seja nos episódios individuais
da luta de classes seja para a conquista definitiva do poder de Estado é nisso,
de antemão, imprescindível. Ela representa aquilo que consegue conferir
também à nossa atividade legal, pacífica, a apropriada ênfase e efetividade.“[50]
Com efeito, em sua luta contra a falsificação política da consigna contida
no Programa
de Erfurt relativa à „conquista
do poder político“, falsificação essa empreendida pelos
marxistas-revisionistas e sociais-reformistas do Partido Social-Democrático da
Alemanha(SPD), representados,
antes de tudo, por Eduard Bernstein, Conrad Schmidt e Karl Kautsky – e, em
parte, também por Wilhelm Liebknecht que
renegava a necessidade histórica da Ditadura Revolucionária do Proletariado para o atingimento do socialismo –
admitindo-a apenas como medida excepcional em caso de guerras – escreveu Luxemburg, já em 1903, de modo claro e preciso :
„Partindo do fundamento do
socialismo científico de que „a libertação da classe trabalhadora pode ser
apenas obra da classe trabalhadora“, a Social-Democracia reconhece que
subversão, i.e. a revolução para concretização da reconformação socialista,
pode ser realizada apenas pela classe trabalhadora enquanto tal, e, em verdade,
enquanto a ampla massa propriamente, sobretudo a massa do proletariado
industrial.
A primeira ação da
transformação socialista tem de ser, portanto, a conquista do poder político
através da classe trabalhadora e a edificação da Ditadura do Proletariado,
necessária incondicionalmente à materialização das medidas de transição.“[51]
O assassinato de Luxemburg e Liebknecht, em 1919, pela Social-Democracia Alemã e
seus aliados políticos e militares burgueses representou um evento de
significado histórico-mundial não apenas porque, segundo Lenin :
„Os
melhores dirigentes da Internacional
Comunista foram exterminados, senão ainda por ter-se revelado, definitivamente,
o caráter de classe de um Estado Europeu desenvolvido, podendo-se dizer, sem
exagero, o caráter de classe de um
Estado desenvolvido em escala mundial. ... „Liberdade“ significa em uma das
repúblicas mais livres e desenvolvidas do mundo, na República Alemã, a
liberdade para assassinar impunemente os dirigentes presos do proletariado.“[52]
Torna-se, pois, nos dias de hoje, cada vez mais necessário, resgatar-se e
defender-se, devidamente, a tradição essencialmente marxista de Karl
Liebknecht e Rosa Luxemburg, comprometida, antes e acima de tudo, com a
perspectiva de organização da revolução violenta do proletariado para a
edificação da Ditadura Revolucionária do Proletariado.
Quando em 1911, o célebre politólogo alemão, Robert Michels, elaborou
sua obra clássica, intitulada Sociologia do Sistema de Partidos na
Democracia Moderna. Investigações acerca das Tendências Oligárquicas da Vida em
Grupo, tratando preponderantemente, dos partidos políticos e de sua
forma de organização, não se referiu, entretanto, por uma única vez, a Lenin
ou a Trotsky, ao passo que mencionou, pelo contrário, no mínimo, por
dez vezes, o nome de Rosa Luxermburg.[53]
Lenin deslocou-se
para os países da Europa Ocidental, em 1900, proveniente de seu exílio na Sibéria,
poucos anos depois da chegada de Luxemburg nessa área geográfica do
continente europeu.
Seus livros, suas anotações, suas brochuras, suas concepções partidário-organizativas,
redigidas originalmente em língua russa, permaneceram, nada obstante, sendo
pouco conhecidas da militância socialista-revolucionária do ocidente, durante
longos anos[54].
Um debate mais profundo acerca dos critérios defendidos por Lenin
relativamente à teoria de organização do Partido revolucionário foi, de
início, estritamente restrito aos pouquíssimos especialistas da vanguarda do
socialismo europeu-ocidental, que possuíam laços especiais com a causa da luta
de classes travada na Rússia Czarista.
Entretanto, sua concepção de Partido conquistou, desde logo, uma grande
atenção, em particular, junto aos agrupamentos revolucionários da Europa
do Leste, por conformar-se ela como sendo o próprio cerne do
bolchevismo leninista.
Quando a avançada teoria da organização do Partido revolucionário de
Lenin, elaborada já nos primeiros anos do século XX, começou a
encontrar sua aplicação prático-concreta, contando com o apoio de uma grande
parte de russos socialistas emigrados ou politicamente asilados na Europa
Ocidental, passou a ser amplamente debatida não apenas pelos
sociais-democratas russos, senão ainda por militantes poloneses, letões,
caucasianos, bem como pelo membros judeus do Bund.
No II Congresso do Partido Social-Democrático Russo (POSDR),
ocorrido em 1903, nas cidades de Bruxelas e Londres,
processou-se, então, a cisão entre bolcheviques (adeptos da fração da maioria)
e mencheviques (adeptos da fração da minoria), relacionada essencialmente com a
questão da organização estrutural do Partido, dando início a um sistema
de frações públicas.
Se essa ruptura e os incontáveis artigos e polêmicas relacionados com a
questão da teoria de organização do Partido revolucionário encontrou, logo a seguir,
apenas pequena repercussão entre os socialistas europeus do ocidente,
verificar-se-ia precisamente o contrário entre os marxistas-revolucionários
provenientes do ou politicamente ativos no Leste Europeu.
Entre esses últimos, encontrava-se, então, Luxemburg, enquanto
militante engajada e proveniente da organização revolucionária polonesa da II
Internacional Socialista, i.e. o Partido Social-Democrático do Reino da
Polônia e Lituânia (PSDRPL).
Se tanto Luxemburg como Lenin eram efetivamente refugiados
políticos, perseguidos pelo despotismo czarista, certo é o fato de que Lenin
incorporou, conseqüentemente, em sua atividade militante-partidária,
sempre uma orientação fundamentalmente norteada para a deflagração de processos
revolucionários na Rússia, uma longa e intensiva experiência histórica de ação
clandestina e insurrecional.
A presença de Lenin nas diversas localidades e cidades da Europa
Ocidental em que viveu, ao longo de praticamente 15 anos, era
impulsionada, essencialmente, tendo como base as necessidades do trabalho de
sua organização revolucionária russa.
O atento e altamente cultivado estudo do socialismo europeu-ocidental era
empreendido detidamente por Lenin, tomando, porém, constantemente
em consideração suas implicações para o movimento revolucionário de seu país.
Lenin não contava com aspirações de militância estruturada, de longo-prazo, em um
Partido europeu-ocidental.
Pelo contrário, Luxemburg, depois de sua fuga do território polonês, aspirava a
intervir, centralmente, em um Partido de massas legal da Europa Ocidental, precisamente
na Alemanha,
enquanto seguia, também, suas atividades revolucionárias,
paralelamente, no território da Polônia.
Hanecki e Warski, delegados poloneses ao II Congresso do Partido Social-Democrático
Russo (POSDR), de 1903, e, ao mesmo tempo, representantes do Comitê
Central do Partido Social-Democrático do Reino da Polônia e Lituânia (PSDRPL)
a que pertencia Luxemburg, informaram-lhe, detalhadamente, acerca da polêmica
introduzida por Lenin relativamente à teoria de organização do Partido
revolucionário.
Com base nessas minuciosas informações, Luxemburg fez publicar,
no ”Die
Neue Zeit(O Novo Tempo)”, órgão
jornalístico do Partido Social-Democrático da Alemanha
(SPD), em 1904, o artigo intitulado Questões de Organização da
Social-Democracia Russa, atacando, frontalmente, as posições
partidário-organizativas defendidas por Lenin.[55]
Quando Lenin enviou, a seguir, sua resposta ao artigo de Luxemburg,
resposta essa intitulada Rouxinóis Podem Ser Iludidos com Contos de
Fadas, à redação de ”Die
Neue Zeit(O Novo Tempo)”, essa última decidiu-se por não a
publicar, alegando falta de clareza por parte de Lenin na apresentação da
matéria[56].
Com efeito, Luxemburg pronunciava-se, nessa época, enquanto representante
de um movimento de massas em ascensão na Europa Ocidental, antes mesmo de
desenhados os primeiros sinais mais sérios de sua decadência, ao passo que Lenin
surgia como representante de um agrupamento conspirativo ilegal, ativo
em um país despótico, semi-feudal e semi-bárbaro, que, apenas anos depois,
seria sacudido por uma imensa revolução de massas dotada de repercussão
mundial.
Sintetizando, brevemente, a concepção de Lenin, expressada em suas
obras magistrais acerca da teoria de organização do Partido revolucionário[57],
visando a confrontá-la com aquela de Luxemburg, cumpre assinalar que, aos
olhos de Lenin, os trabalhadores no quadro de seus movimentos de luta
surgem como um efetivo produto dos antagonismos da sociedade burguesa, os
quais, em sua dinâmica ativa, são capazes de produzir apenas consciência mais
ou menos nítida acerca de questões sindicais, nomeadamente a consciência da
classe trabalhadora de que seus interesses são, em sentido econômico,
diametralmente opostos e inconciliáveis em relação àqueles da classe
capitalista.
De modo espontâneo, poderiam os trabalhadores desenvolver, entretanto,
apenas essa consciência sindical, jamais, porém, o nível superior de
consciência, o nível de consciência política, em que a luta de classes
revolucionária conduz, inevitavelmente, à derrubada violenta das instituições
de exploração econômica e dominação político-ideológica do capitalismo, no rumo
de edificação de um Estado e de uma ordem social proletário-ditatorial,
prelúdio da emergência de uma sociedade socialista, fase inferior do comunismo.
Segundo Lenin, a luta de classes não se desenvolve, automaticamente, em
formas políticas e jurídicas, não se conforma, por si mesma, em revolução socialista.
As concepções socialistas são, pelo contrário, produtos de elaborações
fundamentalmente científicas.
Admitindo como correta uma categórica reflexão de Kautsky, Lenin destacou
precisamente que o proletariado não é, porém, o portador da ciência moderna :
é-o a inteligência burguesa.
Isso não pode, entretanto, significar que os trabalhadores não participem
das elaborações científicas concernentes ao socialismo, porém ao fazê-lo,
realizam-no não como trabalhadores, mas sim como teóricos do socialismo, apropriando-se
do saber de seu tempo e enriquecendo-o.
Nesse sentido, Lenin assinala, em sua obra maior Que Fazer :
“Como suplemento ao dito acima, queremos citar ainda as seguintes
palavras, muito apropriadas e valiosas, de Karl Kautsky acerca do Esboço
do Novo Programa do Partido Social-Democrático Austríaco :
« Muitos de nossos críticos revisionistas admitem que Marx teria
afirmado que o desenvolvimento econômico e a luta de classes criariam não
apenas as precondições da produção socialista, senão também diretamente o conhecimento(grifado por K.K.) de sua
necessidade e, aí, os críticos terminam logo com a objeção de que o país com o
desenvolvimento capitalista mais avançado, a Inglaterra, seria dotado, entre
todos os países modernos, desse conhecimento, da maneira mais ampla.
Segundo a nova versão, poder-se-ia admitir que também a Comissão
Austríaca de Programa dividiria o ponto de vista “marxista-ortodoxo”,
pretensamente reproduzido dessa forma.
Pois, afirma-se ali : “Quanto mais o desenvolvimento do capitalismo faz
inflar o proletariado, tanto mais esse último será forçado e capaz de assumir a
luta contra o capitalismo. O proletariado alcança a consciência“ da
possibilidade e necessidade do socialismo etc. Nesse contexto, a consciência
socialista surge enquanto o resultado necessário e direto da luta de classes
proletária.
Porém, isso é errado.
O socialismo enquanto doutrina enraíza-se, porém, tanto nas relações
econômicas contemporâneas como o faz a luta de classes do proletariado,
emergindo, tal como essa última, da luta contra a pobreza de massas e a miséria
de massas, que são produzidas pelo capitalismo.
Porém, ambos surgem um ao lado do outro, não um a partir do outro, e sob
pressupostos diferentes.
A moderna consciência socialista pode surgir apenas na base de uma
profunda concepção científica.
Na realidade, a ciência econômica contemporânea forma uma pré-condição
da produção socialista tal como o faz, por exemplo, a técnica moderna, apenas
que o proletariado não pode, mesmo com a melhor das vontades, criar nem um nem
outro. Ambos surgem do processo social contemporâneo.
O portador da ciência não é, porém, o proletariado, mas sim a inteligência burguesa (grifado por
K.K.).
Em membros isolados dessa camada surgiu, pois, também, o socialismo moderno
e, apenas através deles, foi transmitido, espiritualmente, a proletários
extraordinários que o introduziram, então, na luta de classes do proletariado,
onde as relações permitiram-no.
A consciência socialista é, portanto, algo trazido de fora, para dentro
da luta de classes do proletariado (etwas in den Klassenkampf des Proletariats
von aussen Hineingetragenes), não algo surgido originariamente a partir desse
último.
Em conformidade com isso, o velho Programa de Hainfeld afirma, de modo
inteiramente correto, que pertence às tarefas da Social-Democracia encher o
proletariado com a consciência
(grifado por K.K.) acerca de sua situação e de sua tarefa.
Isso não seria necessário dizer-se, caso essa consciência emergisse, por
si mesma, da luta de classes.
A nova versão tomou essa frase do velho Programa, apensando-o
precisamente ao citado.
Através disso, porém, a dinâmica do pensamento foi inteiramente
dilacerada...»”[58]
Em observação a essas linhas de Karl Kautsky, Lenin assinalou,
ainda, precisamente :
“Se então não se pode falar de uma ideologia autônoma, elaborada pelas
massas trabalhadoras por si mesmas, no curso de seu desenvolvimento, pode-se
colocar a questão apenas da seguinte forma : ideologia burguesa ou ideologia
socialista.
Nota : Isso não quer dizer, evidentemente, que os trabalhadores não
tomam parte dessa elaboração. Porém, fazem-no não como trabalhadores, mas sim
como teóricos do socialismo, como os Proudhon e Weitling, com outras palavras :
eles tomam parte apenas e na medida em que conseguem, em maior ou menor medida,
apropriar-se desse saber e enriquecê-lo.
Porém, para que os trabalhadores consigam fazê-lo mais freqüentemente é necessário fazer tudo para elevar o nível de
consciência dos trabalhadores, em geral.
É necessário que os trabalhadores não se recluam nos limites
artificialmente estreitos de uma “Literatura para Trabalhadores”, mas sim
aprendam sempre mais a apropriar-se da literatura geral.
Seria até mesmo mais correto dizer, ao invés de “não se recluir”, não
serem recluídos, pois os trabalhadores mesmos lêem tudo e querem tudo ler,
também aquilo que é redigido para a inteligência, sendo que apenas alguns
(maus) intelectuais acreditam que “aos trabalhadores” basta quando se lhes
conta acerca das condições da fábrica e mastiga-se, mais uma vez, coisas há
muito tempo conhecidas.”[59]
Tal como Engels,
Lenin destaca que o socialismo, uma vez tornado ciência, deve ser
estudado, tal como toda qualquer outra ciência.
Com efeito, Engels assinala, nitidamente :
„Será, nomeadamente, o dever dos dirigentes adquirir clareza cada vez
maior acerca de todas questões teóricas, libertar-se, cada vez mais, da
influência das frases tradicionais, pertencentes à concepção do mundo, e ter em
vista, constantemente, que o socialismo, desde que se tornou ciência, exige ser
tratado como uma ciência, i.e. exige ser estudado. Tudo dependerá de propagar,
com zelo crescente, entre as massas de trabalhadores, a visão, cada vez mais
clarificada, assim adquirida, de fundir (no original alemão :
zusammenschließen), cada vez mais firmemente, o partido e as organizações
sindicais.“[60]
Tendo em conta essa ponderação de Engels, Lenin assinala,
literalmente, em sua obra O Que Fazer ?:
„No presente momento, gostaríamos apenas de declarar que o papel de
lutador de vanguarda pode ser cumprido apenas por um partido que é guiado pela
teoria mais avançada.“[61]
Assim, resulta que uma ideologia proletária
não se poderia desenvolver espontaneamente, sendo que a limitação do movimento
dos trabalhadores à dimensão econômica, sindical-reivindicatória, recusando-se
a luta político-revolucionária socialista pela tomada do poder do Estado e, por
conseguinte, à tarefa de organização do Partido revolucionário incumbido de
assegurar essa última tarefa, fundado na revolução impulsionada pelas massas
proletárias, significaria precisamente lutar-se não para emancipar os
explorados e dominados pelo jugo capitalista, não para derrubar a ordem social capitalista,
mas sim para promover a adaptação da luta de classes dos trabalhadores às
vicissitudes do jugo capitalista.
A libertação das massas trabalhadoras é obra
das próprias massas trabalhadoras, porém tal fenômeno torna-se apenas possível
quando adquirirem elas a consciência político-revolucionária acerca de sua
própria condição, sendo uma das tarefas do Partido revolucionário ajudá-las a
adquiri-la.
Os trabalhadores e seu Partido revolucionário
haveriam, assim, de posicionar-se nos embates de interesses defendidos por
todas as demais classes sociais, compreendendo e respondendo respectivamente às
suas premissas intelectuais, morais, políticas e econômicas.
Um Partido rigorosamente organizado, segundo Lenin, seria, assim, uma exigência
decorrente da luta de classes altamente desenvolvida e complexa de nossos dias,
devendo constituir um fato ativo no processo histórico, intervindo
conscientemente : não configurando um simples produto passivo e reativo dos
fenômenos históricos.
Supostas essas condições objetivas, a direção desse Partido funda sua ação política
legal e parlamentar, bem como clandestina e insurrecional, sobre a análise
científica do processo histórico e protege-se de falsificações, através de uma
luta permanente em prol da correta interpretação e aplicação dos princípios
marxistas-engelsianos revolucionários.
É imprescindível, pois, que a direção desse
Partido funcione ininterruptamente, sendo capaz de desenvolver sua teoria,
propaganda e organização de modo imperturbável, razão pela qual a constituição
de um quartel-general revolucionário funcionante no exterior torna-se
indispensável, sempre que necessário seja, em função da conjuntura histórica.
Segundo a teoria organizativa do Partido
revolucionário de Lenin, as células
partidárias vinculam-se aos organismos centrais e ao Congresso do Partido, ao
mesmo tempo em que reconhecem o valor, a visão e a política defendidos por
esses últimos, resultantes da síntese do processamento das experiências locais
formada, unificada e unitariamente, em nível superior.
Os organismos do centro transmitem às células
do Partido suas diretivas mediante profissionais revolucionários, i.e. mediante
homens que dedicam disciplinadamente sua inteira existência profissional à
necessidade de execução de estritas diretivas político-revolucionárias e
constituem a ligação estreita da militância com o centro do Partido, suas
concepções, seu programa e suas resoluções principistas, estratégicas e táticas
revolucionárias.
Esses profissionais revolucionários
constituem o eixo em torno do qual gira o conjunto da organização.
Esse agrupamento de revolucionários,
intervindo unitária e centralizadamente, constitui uma organização
essencialmente conspirativa, em função dos objetivos insurrecionais perseguidos,
sem que suas ações parlamentares-institucionais sejam negligenciadas.
Pois, segundo Lenin :
“Trata-se de uma obrigação combinar as formas de luta ilegais e legais.”[62]
Nesse Partido revolucionário não se ingressa,
enquanto membro, apenas para expressar-se tendências políticas e aderir aos
princípios fundamentais da ideologia do marxismo revolucionário – nisso
baseando seu comportamento social -, senão também para dedicar-se uma
existência a uma causa revolucionária, no quadro de uma estrutura organizativa
centralizada, unitária e disciplinada.
Notoriamente, as concepções organizativas de Lenin acerca do Partido
revolucionário descendem tanto dos jacobinos como dos revolucionários russos
que o antecederam, defensores da formação de grupos de vanguarda, compostos por
dedicados revolucionários, empenhados na tarefa da tomada violenta do poder, no
quadro da revolução socialista desencadeada pelas massas trabalhadoras – a
exemplo das concepções de Nicolai
Tchernyshevski, Sergei Netchaiev, Peter Tkatchev -, devendo tais tradições insurrecionais estarem
inseparavelmente vinculadas ao papel revolucionário do proletariado moderno.
Além de sua magnífica obra
literário-conspirativa, intitulada Que
Fazer ? Relatos sobre Gente Nova, Tchernyshevski
assinalou, com grande clareza, já por volta de 1861, por ocasiao de sua ativa
intervenção nas lutas de emancipação dos servos russos :
“Quem é o responsável pela servidão ? Apenas os nobres e alguns
burocratas ?
Mas, o próprio Czar é proprietário de terras.
Então, por que deixaria de levar em conta exclusivamente os interesses
dos senhores de terra ?
Quando haverá liberdade de fato para os camponeses ?
Quando o povo irá se governar ?
Quando o camponês não terá de pagar imposto e quando ele não será
separado da família e da sua aldeia para servir o Exército durante décadas ?
Como se conseguirá isso ?
Através de uma revolução.
É preciso que os camponeses troquem idéias entre si, aproximem-se de
seus irmãos que servem como soldados e preparem-se para o grande o dia.
Mas, até então, eles não devem se envolver em rebeliões menores e
isoladas contra o Governo.
Só quando o movimento ganhar caráter nacional é que a revolução poderá
conseguir sucesso.”[63]
No que concerne a Netchaiev, precisamente sua característica de recorrer às
técnicas especiais de conspiração – a despeito de sua marcada influência
anarco-bakhuninista -, foi devidamente apreciada por Lenin, sem prejuízo das pesadas críticas desferidas contra
aquele revolucionário russo, em Os
Possessos, pelo expoente literário do conservadorismo russo, Dostoievski.
Paralelamente, segundo Tkatchev, a perspectiva de acreditar-se em rebeliões
populares espontâneas, tal como defendidas por Mikhail Bakhunin, representava um sonho improvável de ser
realizado[64].
Por outro lado, suas formulações definiam já
claramente um traço de separação e repúdio das iniciativas isoladas adotadas
pelo terrorismo individual.
Sendo assim, observou Tkatchev, por volta de 1873 :
“Nós admitimos a anarquia ... apenas como o ideal desejável de um futuro
distante.”[65]
O que poderia, então, salvar a Rússia Czarista de uma
catástrofe, representada por uma transição pacífica para o constitucionalismo
burguês, explorador e usurário, seria precisamente o fervor revolucionário de
uma organização minoritária e rigorosamente centralizada de revolucionários,
pois, segundo Tkatchev :
“Em virtude de seu desenvolvimento mental e moral, essa minoria sempre
teve e terá de ter força intelectual e moral sobre a maioria.
A essência da revolução está na coerção, por isso a organização
revolucionária exige centralização, disciplina rigorosa, rapidez, decisão e
coordenação de atividades.”[66]
A acentuada insistência na centralizaçao e na
disciplina da organização conspirativa e
revolucionária de vanguarda, o agudo criticismo quanto à possibilidade
de rebeliões socialistas espontâneas das massas, a rejeição do terrorismo
individual, por significar esse a dispersão de energias e de recursos
revolucionários, o desprezo pela possibilidade de persuasão pacífica das
classes dominantes, constituem fortes pontos de contato entre os
jacobino-radicais russos, encabeçados por Peter
Tkatchev – jacobinos na forma de ainda “verdes estudantes secundaristas”, na apropriada expressão
de Friedrich Engels – e a
avançada concepção socialista-revolucionária de Lenin, em cujo quadro, porém, o tipo de organização
revolucionária centralizada, incumbida da tarefa consciente de destruição do
Estado Burguês e construção de uma transitória Ditadura Revolucionária do Proletariado, combina-se com a
elaboração de uma ideologia socialista-proletária avançada e a incorporação
partidária da inteligência científico-socialista na direção da revolução feita
pelas massas.
Com efeito, Lenin contemplava no jacobinismo uma das etapas mais altas do
movimento ascensional da classe oprimida na luta por sua emancipação,
considerando que, nas principais cidades européias ocidentais da Rússia
do século XX, o jacobinismo seria o Governo da Classe do Proletariado
Revolucionário, que apoiado nos camponeses pobres e solidificado sobre
bases materiais que já existiam para o movimento até o socialismo, conseguiria
renovar não somente a grandeza, a força indestrutível dos jacobinos do século
XVIII, senão ainda levar os trabalhadores do mundo inteiro ao triunfo
definitivo.
No entendimento de Lenin, o jacobino que uniu sua
causa para sempre à organização do proletariado e que tem consciência dos seus
interesses de classe, seria o lutador bolchevique.
Nessa medida, o Partido revolucionário
haveria de ser também uma organização de vanguarda de luta, incumbida de
dirigir as massas proletárias e erigir a Ditadura
Revolucionária do Proletariado, após destruir integralmente o Estado
Burguês.
Luxemburg, ao publicar, no ”Die Neue Zeit(O Novo Tempo)”, órgão jornalístico do Partido Social-Democrático da Alemanha (SPD), em
1904, o artigo intitulado Questoes de
Organização da Social-Democracia Russa, atacando, frontalmente, as
posições partidário-organizativas defendidas por Lenin, teve a oportunidade de destacar, inicialmente, que a
questão da teoria de organização do Partido revolucionário diria respeito “a
toda jovem geração socialista (ganze jüngere sozialistische Generation)” da
Rússia, militante sob
as difíceis condições impostas pelo despotismo czarista[67].
Sem embargo, Luxemburg censurou na concepção de Lenin sua pretensão de construir um Partido de elite,
organizado concentricamente, bem como de demarcar estritamente esse Partido de
todos os demais.
Luxemburg
criticou, duramente, as prerrogativas
possuídas pelos organismos centrais do Partido de intervir na vida política das
células e agrupamentos partidários, até mesmo com medidas de dissolução e
reconstituição de células, com o que poderia influir, decisivamente, na mesma
assembléia partidária no qual haveria de ser eleito.
Tais prerrogativas haveriam de transformar os
organismos centrais no único núcleo propriamente ativo do Partido, ao passo que
todas as demais células locais e regionais converter-se-iam em simples
ferramentas de implementação de medidas, em total contradição com o
desenvolvimento natural da luta de classes.
Segundo Luxemburg,
à parte os princípios gerais de luta, não existiriam quaisquer diretrizes,
particularmente de ordem tática ou estratégica, que poderiam ser estabelecidas,
de antemão, e impostas, por parte dos organismos centrais, aos militantes
sociais-democrátas.
Existirião, muito mais, permanentes
flutuações, sendo que dirigentes, militantes e massa do Partido revolucionário
não deveriam encontrar-se rigidamente separados.
Os Partidos da Social-Democracia deveriam
constituir, na ótica de Luxemburg, não
apenas a organização externa da classe trabalhadora, senao ainda a forma de
movimento a ela apropriada.
A teoria organizativa do Partido
revolucionário de Lenin seria
uma mera transferência mecanicista do funcionamento dos grupos conspirativos de
Auguste Blanqui, de matiz
putchista, para o interior do movimento social-democrático revolucionário, do
início do século XX[68].
Além disso, segundo Luxemburg, a Rússia
Czarista situava-se, incontrastável e puramente, diante de uma
revolução democrático-burguesa e não proletária.
Na Alemanha,
pelo contrário, existiriam já fortes e inúmeros quadros proletários, cujo
estrato dirigentes era constituído naturalmente pela Social-Democracia Alemã.
Se levada adiante, efetivamente, a concepção
partidária de Lenin, o
fortalecimento exponencial das prerrogativas dos organismos centrais, até o
estágio de instauração de uma Ditadura
do Comitê Central, acarretar-se-ia, tendencialmente, o crescimento do
oportunismo e do burocratismo da organização de luta revolucionária dos
trabalhadores.
Apenas o desenvolvimento espontâneo da luta
de classes poderia, finalmente, superar todos os obstáculos históricos, direcionando
a luta de classes para os trilhos corretos.
Nesse sentido, Luxemburg enfatizou, nitidamente :
“Passos falsos que um movimento realmente revolucionário dos
trabalhadores empreende são, em sentido histórico, incomensuravelmente mais
frutíferos e valiosos do que a infalibilidade do melhor Comitê Central de
todos.”[69]
Observe-se ainda que, no domínio da teoria de
organização do Partido revolucionário, Lenin
defendeu, à época, suas posições não apenas contra Luxemburg, senão ainda contra muitos adversários ativos no
interior do movimento proletário russo, entre os quais se encontrava Martov, Plekhanov, Axelrod, Tsereteli,
Deich, Antonov-Ovseienko, Uritsky, Jordania, Dan, Trotsky entre outros.
Enquanto defensores e apoiadores da teoria
organizativa de Partido revolucionário de Lenin,
no contexto desse início do século XX, cumpre citar, porém, sobretudo, Sverdlov, Lunatcharsky, Krupskaya,
Dzerjinsky, Zinoviev, Kamenev, Stalin, Lashevich, Frunze, Rykov, Litvinov,
Antonov, Ordjonikidze, Bogdanov entre outros.
Trotsky, muito próximo das posições de Luxemburg, no domínio da teoria
organizativa do Partido revolucionário, qualificou, em 1904, em seu artigo
intitulado Nossas Tarefas Políticas,
a defesa do centralismo democrático de Lenin
como sendo expressão de
autêntica autocracia e regime autoritário de Partido, reivindicando, pelo
contrário, vida longa à auto-atividade do proletariado e fim ao substituismo
político :
“Nas políticas internas do Partido, esses métodos conduzem, tal como veremos
abaixo, a que a organização do Partido « substitua-se » ao Partido, o Comitê
Central substitua-se à organização partidária e, finalmente, o ditador
substitua-se ao Comitê Central.”[70]
Em sua obra Minha Vida, encontramos, então, as seguintes palavras de Trotsky,
acerca desse tema :
“Tendo vindo ao estrangeiro,
trazia o convencimento de que a redação deveria estar «submetida» ao Comitê
Central.
E esse era o modo de pensar da
maioria dos partidários do Iskra.
-
“Não, isso
não pode ser assim”, respondeu-me Lenin, quando falávamos sobre isso, “as
forças são muito desproporcionais. Como podem querer nos dirigir, a partir da
Rússia ? Isso não pode ser ... Nós formamos um centro fixo, somos os mais
fortes ideologicamente e vamos dirigir o movimento a partir daqui.”
-
“Então, será
instaurado um regime de plena ditadura, por parte da redação”, objetei.
-
“O que se
perderá com isso ?”, respondeu-me Lenin. “Nas circunstâncias atuais, não há um
outro remédio”......
Separei-me de Lenin por
motivos que tinham muito de “moral” e até de pessoal.
Nada obstante, ainda que
aparentemente assim fosse, a divergência possuía, no fundo, um caráter político
que se refletia no campo organizativo.
Eu me encontrava entre os centristas.
Porém, é certo que, então, não podia ainda dar-me clara conta do centralismo
severo e imperioso que o Partido revolucionário devia reclamar para lançar
milhões de homens no combate da velha sociedade.”[71]
O choque de concepções organizativas acerca do Partido revolucionário,
protagonizado por Lenin, de um lado, e, de outro lado, Luxemburg e tantos outros
mencheviques e seus aliados, nos primeiros anos do século XX, revela, antes de
tudo e respectivamente, o embate entre uma teoria consideravelmente dinâmica de
Partido marxista-revolucionário insurrecional e conspirativo – Partido esse de
vanguarda cujo componente essencial seriam os revolucionários profissionais,
atuantes sobre uma larga massa de militantes, apoiadores e simpatizantes
claramente entrevistos no quadro de uma estrutura organizativa centralizada e
unitária – e uma doutrina de Partido concebido enquanto reuniam de ativistas,
simplesmente defensores de princípios fundamentais de uma ideologia
revolucionária, organizado segundo a forma e imagem dos Partidos socialistas
efetivamente entao existentes na Europa Ocidental, a exemplo do British
Labour Party.
Lenin foi meridianamente claro ao acrescentar que o contexto da luta de classes
proletária era essencialmente distinto na Rússia, situada essa sob o governo
da autocracia czarista, na medida em que a formaçao de qualquer Partido de
linhagem socialista resultava ser plenamente ilegal.
De toda sorte, tal aspecto permaneceu desconsiderado ou considerado
insuficientemente nas posições de Luxemburg, seja no que respeitava a mais clara situação de autocracia
vivida, então, pela Rússia Czarista, seja naquilo que concernia aos regimes
democráticos-burgueses ocidentais-europeus do início do século XX, onde o
ascenso do militarismo e do burocratismo dos Estados capitalistas imperialistas
tornavam-se, progressivamente, uma realidade irrefutável.
De toda sorte, o debate acerca da teoria organizativa do Partido
revolucionário demonstra claramente o marcante antagonismo de posições
existentes entre Partido leninista e Partido luxemburguista.
Após a derrota da Revolução Russa de 1905,
registrou-se um momento de reaproximação entre Lenin e Luxemburg, no
domínio de diversas questões político-analíticas, situadas no marco do Congresso
da II Internacional Socialista, ocorrido em Stuttgart, em 1907,
quando ambos cerraram fileiras na luta contra o oportunismo social-reformista
de Eduard
Bernstein e Eduard David, clamando por uma retomada da luta revolucionária
em prol da derrubada do capitalismo durante a guerra imperialista que se
anunciava no horizonte.
Importa anotar que o Congresso Internacional em tela foi
o VII
Congresso da II Internacional, sendo que se reuniu entre os dias 18 e
24 de agosto de 1907.
O Partido Social-Democrático Russo(POSDR) encontrava-se
representado nesse congresso por 37 delegados. Por parte dos bolcheviques,
tomaram parte nesse congresso Lenin, Lunatcharsky, Litvinov e
outros.
O congresso em referência ocupou-se com as seguintes questões :
1. Militarismo
e Conflitos Internacionais ;
2. Relações
entre os Partidos Políticos e os Sindicatos ;
3. Questão
Colonial ;
4. Imigração e
Emigração de Trabalhadores e
5. Direito de
Voto das Mulheres.
O trabalho principal desse congresso concentrou-se nas comissões que
elaboravam os projetos de resolução para as sessões do plenário.
Lenin interviu na Comissão sobre Militarismo e Conflitos Internacionais.
Com seus requerimentos de emendas, colaborou para uma modificação
fundamental, em sentido do marxismo revolucionário, do projeto de resolução
original acerca do tema,
No cerne da resolução congressual em tela redigiu-se o seguinte :
“Se a guerra ameaçar-nos, as
classes trabalhadoras e seus representantes parlamentares de todos os países participantes
que apóiam e compõem o Bureau Internacional obrigam-se a mobilizar todas as
suas forças para impedir sua eclosão, mediante aquelas medidas que lhes pareçam
ser as mais efetivas, o que modificar-se-á, segundo o aguçamento da luta de
classes e a situação política geral.
Se a guerra irromper, apesar
disso, eles obrigam-se a intervir em favor de sua mais rápida conclusão e
explorar, com todas as forças, a crise econômica e política, criada pela
guerra, para instigar o povo a acelerar o fim da dominação capitalista de
classe ... “[72]
Nada obstante, apesar dessa reaproximação de Lenin e Luxemburg em
diversos pontos políticos da luta de classes revolucionária, a questão da
doutrina de organização do Partido revolucionário permaneceu intocada e
inconciliável.
A posição assumida pelos bolcheviques no quadro da II Internacional Socialista permaneceu
sendo singular e marginal.
Os dirigentes dos Partidos de massas dos países do mundo ocidental
entreviam na forma organizativa dos bolcheviques a expressão de um fanatismo
insurrecional e conspirativo plenamente incomum no contexto do movimento
socialista internacional, sendo que também Luxemburg esposava esse tipo de
apreciação.
Nos anos que precederam a eclosão da I Guerra Mundial, a luta
fracional no interior do movimento social-democrático russo atingiu um ponto de
destaque.
Agora, não apenas os mencheviques situavam-se em oposição aos
bolcheviques, senão ainda quase todos os Partidos e agrupamentos socialistas
ligados ou interessados, de alguma forma, na situação política da Rússia
Czarista colidiam contra a concepção de organização partidária de Lenin.
Em maio de 1914, os mencheviques solicitaram à direção da II
Internacional Socialista que interviessem, visando a coartar a tática
de ruptura dos bolcheviques, já bastante avançada, depois da realização da Conferência
dos Bolcheviques, realizada em Praga, em 1912, a qual abriu a
perspectiva de fundação do novo jornal ”Pravda(A Verdade)”, enquanto
instrumento de propaganda ideológico-socialista e de organização
partidário-revolucionária insurrecional[73].
O dirigente belga, Emil Vandervelde, enquanto
representante da Internacional, foi destacado para o cumprimento da tarefa de
averiguar, em Petersburgo, em maio de 1914, a possibilidade de unificação das
frações em luta no interior do Partido Social-Democrático Russo (POSDR).
A despeito dos sinais clarividentes da vindoura eclosão da I
Guerra Mundial, a II Internacional Socialista planejou,
então, a realização de uma conferência, reunindo as frações em referência, para
o mês de agosto de 1914, na cidade de Viena, sendo que um encontro
preparatório teve lugar em Bruxelas, nos dias 16 e 17 de julho
do mesmo ano, dando criação a uma Comissão Especial, que acolheu o
relatório político de Vandelverde acerca do Partido
Social-Democrático Russo (POSDR).
Nada obstante, a própria composição
dessa Comissão Especial demonstra a avançada situação de
decomposição e reorganização na qual se encontrava a Social-Democracia Russa.
Nela, estavam representadas os seguintes agrupamentos :
1. os
mencheviques veladamente liquidacionistas, encabeçados por Martov ;
2.
Bloco de Agosto, composto pelos mencheviques em conjunto com Protessov, Axelrod e a Bund
Judaica, uma formação do ano de 1912, contraposta ao bolchevismo e
celebrizada por suas posições liquidacionistas ;
3. grupo
dirigido por Plekhanov ;
4. grupo
dirigido por Trotsky ;
5. grupo
liderado por Lunatcharsky ;
6. uma fração
dos sociais-democratas poloneses, comandada por Luxemburg ;
7. uma fração
dos sociais-democratas poloneses, atuantes sobretudo na cidade de Varsóvia,
comandados por Unschlicht e Hanecki, influenciados
teoricamente por Radek e objetivamente situados do lado dos bolcheviques ;
8. os
sociais-democratas letões, comandados por Stutchka, alinhados rigorosamente
com as posiçoes de Lenin ;
9. os
bolcheviques, dirigidos por Lenin e Zinoviev.
Os bolcheviques designaram Inès Armand, como sua representante
nos trabalhos da Comissão Especial em tela.
O próprio fato de que nem Lenin nem Zinoviev viajaram da Suíça
à Bruxelas para participar, diretamente, das discussões e tarefas
abordadas pela comissão, ilustra quais as impressões de ambos relativamente ao
possível conteúdo e decisões que poderiam vir a ser adotadas na conferência,
planejada para realizar-se em agosto de 1914.
Em verdade, os bolcheviques e seus aliados abstiveram-se na votação que
estabeleceu que todos os grupos do Partido Social-Democrático Russo (POSDR) dever-se-iam
unificar sobre a base comum de um programa a ser objeto de uma resolução
do Bureau Internacional da II Internacional
Socialista, sendo que para sua execução haveria de ser convocado um
congresso geral de todo Partido.
Acerca desse episódio, Yuly Martov relata-nos o seguinte :
“Axelrod e Luxemburg foram
encarregados de elaborar um Manifesto acerca da necessidade da unificação,
dirigido contra a política rupturista dos bolcheviques.
A fração de Lenin
encontrava-se, dessa forma, inteiramente isolada ...
Porém, a Guerra Mundial, que
eclodiu depois de algumas semanas, colocou um fim na obra de unificação
iniciada.”[74]
A aplicação dessa resolução de unificação significaria, evidentemente, a
separação dos bolcheviques da II Internacional Socialista, pois
não existem quaisquer indícios no sentido de que Lenin se submeteria à
disciplina de uma maioria liquidacionista.
Luxemburg e Axelrod estavam, naturalmente, convictos disso, no
momento em que aceitaram a incumbência de redigir o manifesto em referência.
A postura de Luxemburg quanto à questão organizativa do Partido
revolucionário, em particular suas diferenças metodológicas em face da
concepçao de Lenin referente ao tema, aguçaram-se ainda mais, depois de que
teve lugar a Revolução de Outubro de 1917.
Acerca do tema, Fritz Rück, dirigente da Liga Spartakus, em Baden-Württemberg,
formula o seguinte relato, digno de ser reproduzido aos leitores,
referentemente ao trabalho jornalístico, empreendido por sua organização, nos
últimos meses de 1917 e início de 1918 :
“Às vezes, foi difícil
conferir uma fisionomia ao jornal, porém, ao mesmo tempo, tratou-se de uma
ótima escola para mim isso de poder dizer sempre novamente, no mínimo, uma
parte daquilo que a política beligerante descortinava, chamando a atenção dos
leitores – muitos deles nos campos de batalha – sobre o colapso vindouro do
sistema dominante e a necessidade de uma postura revolucionária.
A censura, outrora dotada
de uma visão tão afiada, que riscava, freqüentemente, algumas frases ou
palavras sem que se pudesse tornar o texto visível ao leitor, era cego, porém,
quanto a um contexto : ele admitia, tranqüilamente, que se trouxesse artigos
detalhados e séries de artigos sobre a revolução na Rússia, seus problemas e a
política dos bolcheviques.
Por essa razão, servi-me, mais
do que de outra forma seria o caso, do material que continha uma
correspondência, surgida em Stockholm, redigida por Karl Radek, em colaboração
com o Comitê Central Bolchevique de Petrogrado.
Porém, um dia recebi um carta na qual Leo Jogliches alertava-me para o fato
de que os revolucionários russos possuíam seus próprios métodos e concepções,
agindo em conformidade com eles.
A oposição alemã e, sobretudo, o Grupo Spartakus, deveria, em verdade,
apoiar a Revolução Russa, distanciando-se, porém, de Lenin e de seu Partido.
Sobretudo, a publicação dos
artigos da pena de Radek não seriam recomendáveis.
“As velhas histórias
polonesas”, disse-me Paul Levi, sendo que não nos preocupamos muito, por um
certo tempo, com essas coisas.
A análise da política de paz
dos bolcheviques e das transformações ocorridas na Rússia fornecia a única
perspectiva frutífera do fim da guerra, mediante uma revolução socialista.
Nem eu nem a organização de
Württemberg ou de Stuttgart possuía qualquer tipo de ligação direta
organizativa ou de outro gênero com os revolucionários russos.”[75]
A posição de Luxemburg acerca da questão organizativa do Partido
revolucionário, projetou-se até mesmo nos debates preambulares de fundação do Partido
Comunista da Alemanha, entendido como nova parte integrante e
inseparável da revolução proletária mundial, inaugurada com a Revolução
de Outubro de 1917.
Enquanto Karl Liebknecht, a partir de 9 de novembro de 1918, tornou-se
um dos principais encabeçadores da iniciativa de criação do Partido
Comunista da Alemanha – que viria a ocorrer em 30 de dezembro de 1918,
no Salão
de Festas da Câmara de Deputados de Berlim – [76], é
imperioso assinalar que Luxemburg seguiu opondo sérias
resistências a que esse processo se concretizasse efetivamente.
Acerca do tema, Wilhelm Pieck registrou, então, as seguintes considerações :
“Cada vez mais fortemente,
surgiu a concepção de que a fundação de um próprio Partido seria necessária
para consolidar o movimento, também em sentido organizativo.
Jogiches e também Rosa Luxemburg
podiam apenas contentar-se pouco com esse pensamento.
Eles procuravam muito mais
atingir seu velho objetivo de, no interior do Partido Social-Democrático
Independente (USPD), influenciar tão fortemente os trabalhadores a ponto de a
política da Liga Spartakus impor-se nesse Partido, trazendo a direção desse
último para as mãos de Spartakus.
Porém, para tanto, existia
precisamente o pressuposto de que o Congresso Imperial do USPD fosse convocado,
de modo a tornar-se posição acerca da política da direção do USPD.
Uma vez que, sob nossa
reivindicação, não ocorreu, até 25 de dezembro, uma resposta da direção do USPD
acerca da convocação do Congresso do Partido, havendo ela declarado, em 24 de
dezembro, no “Freiheit (Liberdade)” que não poderiam realizar o Congresso por
causa das dificuldades de tráfego e da agitação eleitoral (obs. De SVK:
agitação para as eleições da Assembléia Nacional Constituinte), estabeleceu-se
uma convocação de uma conferência de todo Império da Liga Spartakus, para o
domingo, 29 de dezembro, na qual haver-se-ia de adotar um posicionamento sobre
a crise do USPD e a fundação de uma Partido próprio.
A conferência que ocorreu no
Salão de Festas do Câmara de Deputados, não foi pública.
Depois de um curto debate,
decidiu-se, contra três votos, em favor da fundação do Partido.
Acerca do nome do Partido
existiram diferenças de opinião, na medida em que Rosa Luxemburg e Jogiches
eram a favor do nome “Partido Socialista dos Trabalhadores”, ao passo que um
número de outros delegados posicionaram-se em prol do nome “Partido Comunista
da Alemanha”.
Por isso, foi acionada uma
comissão que, depois de prolongadas discussões, decidiu em favor desse último
nome, com o acréscimo (Spartakusbund – Liga Spartakus).
A conferência foi interrompida
pela participação no funeral dos marinheiros, assassinados em 24 de dezembro
... “[77]
Cumpriu, então, a Karl Liebknecht, ao apresentar,
nessa ocasião, seu informe acerca da crise do Partido Social-Democrático
Independente (USPD), destacando o papel dessa organização na alta
traição cometida por ela contra a revolução proletária mundial, concluir
resolutamente, defendendo a criação do Partido Comunista da Alemanha (KPD),
destacando o seguinte :
“Hoje, é necessário, perante
todo o público, traçar uma linha de separação, constituindo-nos enquanto novo
Partido autônomo, resoluto e implacável, coeso e unitário, no espírito e na
vontade, dotado de programa, objetivos e meios claros, determinados segundo os
interesses da revolução mundial socialista.
Nosso programa e nossos
fundamentos fáticos, aplicamo-los desde há muito tempo.
Temos de os estabelecer ainda
apenas de modo formal.
Não temos de criar uma
novidade.
As massas já sabem o que somos
e o que queremos.
Devemos confirmar apenas formalmente
o que somos desde há muito tempo e continuar nossa obra, sobre uma base mais
ampla.”[78]
Com efeito, uma grande deficiência das lutas revolucionárias do
proletariado alemão do início do século XX consistiu, seguramente, no fato de
não se ter formado, absolutamente, nesse país, um sólido Partido
marxista-revolucionário, enriquecido com a concepção de Partido de Lenin.
No que concerne ao movimento Spartakus, esse último jamais chegou
a possuir uma orientação clara e determinada no sentido da criação de um
Partido de massas, firmemente organizado e disciplinadamente centralizado.
Ele permaneceu sendo um grupo relativamente restrito que, embora lutando
corajosa e ousadamente contra o imperialismo capitalista alemão e sua política
militarista, jamais foi capaz de conferir ao movimento proletário alemão a
força imprescindível para o cumprimento de suas tarefas revolucionárias.
A luta implacável de Karl Liebknecht contra as diferentes
variantes do oportunismo social-democrático na Alemanha, suas intervenções
resolutas contra a flagrante traição revolucionária dos dirigentes do SPD
e do
USPD, seu decidido impulsionamento da Revolução Alemã de
1918-1919, tornou possível o seu amadurecimento de aço, de modo a torná-lo o
mais decidido protagonista da fundação do Partido Comunista da Alemanha (KPD –
Spartakusbund), fundamentalmente inspirado no paradigma fornecido à
história pelo Partido Comunista da Rússia (Bolchevique), de Lenin, sentido-se
vinculado a esse último por sólida amizade.
Porém, o Partido Comunista da Alemanha (KPD – Spartakusbund) nasceu,
tardiamente, já ao fogo da Guerra Civil da Alemanha, sem dispor
das mais rudimentares possibilidades de conformar, dirigente e
preponderantemente, esse processo revolucionário.
A importância histórica de seu surgimento reside, portanto, precisamente no
fato de ter fixado uma pedra fundamental que deveria pavimentar o caminho que
haverá de ser percorrido pelas novas gerações de revolucionários na Alemanha,
no campo da concepção de Partido marxista-revolucionário e de unidade da classe
trabalhadora alemã, sobre bases combativas e revolucionárias.
CAPÍTULO 5.
RUPTURA DE TROTSKY COM O MENCHEVISMO
E FORMAÇÃO DO FRACIONALISMO
“NÃO-FRACIONALISTA”
No curso de
1904, verificou-se o nascimento de uma ruptura interna do domínio intra-fracional
menchevique, marcado pelo afastamento de Trotsky que, não se
alinhando, porém, à fração bolchevique – por ele alcunhada de jacobino-ditatorial -
, moveu-se crescentemente no sentido de dar origem à fração “não-fracionalista” dos
defensores da unidade de todos os sociais-democratas, formalmente
estruturada, então, em 1908, em torno do órgão jornalístico ”Pravda
(A Verdade)”, de Viena, contando com a colaboração de
Riazanov
e Ioffe,
entre outros.
CAPÍTULO 6.
III CONGRESSO DE 1905 DO POSDR :
ASCENSO REVOLUCIONÁRIO,
ESTRATÉGIA E TÁTICA REVOLUCIONÁRIAS,
ADOÇÃO DO PARÁGRAFO PRIMEIRO NA VERSÃO LENINISTA,
LUTA INTRA-FRACIONAL BOLCHEVIQUE
TRAVADA POR LENIN CONTRA OS KOMITETCHKIS APARATISTAS
O III Congresso do POSDR, realizado
Londres, em 1905, contando apenas com a presença de bolcheviques
foi marcado por uma luta intra-fracional, caracterizada, em linhas gerais, pela
oposição de Lenin às posições dos komitchetiks aparatistas,
comandados por Rykov.
De todo modo, tal embate não conduziu
absolutamente à formação de novas frações públicas[79].
CAPÍTULO 7.
IV CONGRESSO DA UNIFICAÇÃO DE 1906 DO POSDR :
LUTA FRACIONAL DOS MENCHEVIQUES E
DO AGRUPAMENTO STALIN-SUVOROV CONTRA LENIN
EM TORNO DO PROGRAMA AGRÁRIO,
TENTATIVA DE FUSÃO DAS FRAÇÕES PÚBLICAS,
REAPARECIMENTO DA ESTRATÉGIA OPORTUNISTA,
SURGIMENTO DE TENDÊNCIAS OU ALAS INTERNAS
A
luta fracional em torno do Programa Agrário eclodiu no IV
Congresso do POSDR, ocorrido em Stokholm, entre 10 e 25 de abril de 1906.
No
domínio inter-fracional do POSDR, os mencheviques, opondo-se
aos bolcheviques, defendiam a “municipalização”, i.e. a
transferência das terras a “órgãos democráticos autônomos”.
No
domínio intra-fracional bolchevique, Lenin, de um lado, fundando-se inteiramente na concepção de Marx
e Engels, defendia não apenas a confiscação, mas também a nacionalização
de toda a terra – no quadro de uma insurreição camponesa e do total
completamento da Revolução Democrático-Burguesa.
De
outro lado, Suvorov e Stalin – inspirados pelas teses de Rojkov
-, opondo-se a Lenin, posicionavam-se contra a nacionalização, em prol da
confiscação e distribuição de toda a terra entre os camponeses sem terra, como
forma de “selar uma união revolucionária passageira com o campesinato”,
tal como dizia Stalin.
“Não
podemos ignorar as reivindicações dos camponeses”, dizia Stalin.
Apesar das
profundas diferenças relativas à questão agrária e, além disso, relacionadas
com as táticas revolucionárias que envolveram a Revolução Russa de 1905-1907,
no sentido de Lenin defender categoricamente a Insurreição Armada de Moscou de
Dezembro de 1905 e Plekhanov condená-la inteiramente - é possível verificar-se, entre os
anos de 1903 e 1911, ao longo de um efêmero interstício, ocorrido entre fevereiro
e maio de 1906, às vésperas e no quadro do IV Congresso da
Unificação do POSDR, realizado em Estocolmo, sob o então peso majoritário da
fração menchevique de Martov, até mesmo um curtíssimo
episódio de ingente tentativa de dissolução e fusão das frações públicas então
existentes, convertendo-se-as em tendências ou alas internas, tendo-se como
base a admissão também pelos mencheviques do reconhecimento feito pelo III
Congresso do POSDR de 1905 do princípio leninista de filiação
partidária, como também o monumental ascenso revolucionário que percorria toda
a Rússia czarista, naquele momento histórico.
Acerca do
tema, Lenin formulou, em janeiro 1906, há 4 meses antes da
realização do IV Congresso, as seguintes precisas considerações:
“Por fim,
ainda algumas palavras sobre como devemos organizar nossa agitação
interno-partidária em favor do boicote ativo da Duma, agora, no quadro do processo
em curso de fusão das frações e de total unificação do POSDR.
A fusão é
necessária. A fusão tem de ser apoiada.
No interesse
dessa fusão, deve-se conduzir, de maneira camarada, a luta contra os
mencheviques acerca da tática, na medida em que nos esforçamos por convencer
todos os membros do Partido e limitamos a polêmica, apresentando,
objetivamente, os argumentos em pró e em contra, esclarecendo a posição do
proletariado e suas tarefas de classe.
Porém, a fusão não nos obriga, absolutamente, a disfarçar as diferenças
táticas ou apresentar, de modo inconseqüente e diluído, a nossa formulação
tática.
De nenhuma
forma !
Devemos
conduzir, aberta, direta e resolutamente, até o fim, a luta ideológica em favor
da tática que consideramos como correta, i.e. em favor da tática defendida até
o Congresso da Unificação.
Em um
partido unitário, a tática que determina a imediata atividade partidária deve
ser unitária.
Uma tal tática unitária deve ficar sendo a tática da maioria dos membros do
partido : determinando-se inequivocamente a maioria, obriga-se a minoria a ela
submeter-se politicamente, ainda que permaneça essa última com o direito de
crítica e de agitação em prol de uma nova decisão da questão, em um novo
Congresso do Partido.
No quadro da
atual situação de nosso Partido, ambas as frações encontram-se de acordo em
convocar um novo Congresso de unificação, aderindo às resoluções desse último.
O Congresso
da Unificação estabelecerá, então, a tática unitária do Partido.
Nossa tarefa
consiste em acelerar, através de todos os meios, a convocação desse Congresso e
aspirar, da maneira mais enérgica possível, a que todos os membros do Partido
adquiram uma clara compreensão e uma clara concepção acerca das diferentes
táticas relativas a uma participação na Duma e a que todos os membros do
Partido elejam seus delegados para o Congresso, com todo conhecimento de causa
– depois de ponderarem fundamentalmente os argumentos de ambas as partes -,
i.e. de maneira consciente e não ao acaso.
O Congresso
unificará nossa tática e todo o nosso
Partido.”[80]
Já
propriamente no curso da XXVI Sessão do IV Congresso da
Unificação, que teve lugar entre os dias 10 e 25 de abril de 1906, Lenin
teve ainda oportunidade de destacar, expressamente, seus esforços de
manter preservada a unidade do partido revolucionário proletário,
com esteio na aplicação do princípio do centralismo democrático,
ao proferir a seguinte declaração em face dos posicionamentos Vorobiov :
“Não é
verdade que eu “apóie” o posicionamento do companheiro Vorobiov que afirmou não
poderem bolcheviques e mencheviques trabalhar conjuntamente em um partido.
De nenhuma
maneira, “apoio” uma tal afirmação e divido uma tal concepção.
O sentido
das minhas palavras : “Alegro-me que o companheiro Vorobiov tenha sido o
primeiro a dizer isso ...” foi exclusivamente irônico, pois os vencedores que
possuem a maioria no Congresso revelaram apenas suas fraquezas, ao terem sido
os primeiros a falar acerca de uma cisão.”[81]
Mais
precisamente em 26 de abril de 1906, Lenin veio a redigir seu
mais ingente Apelo ao Partido feito pelos Delegados do Congresso de Unificação
que pertenceram à antiga Fração dos “Bolcheviques”, em favor da unidade
do partido, nos seguintes termos claros e inequívocos, mesmo tendo
sido, naquele episódio congressual, categoricamente derrotadas as suas mais
importantes posições sobre tática revolucionária :
“Companheiros !
O Congresso de Unificação do POSDR teve o seu lugar.
Já não existe mais nenhuma cisão.
Não apenas fundiram-se,
inteiramente, em sentido organizativo, as antigas frações dos “bolcheviques”
e dos “mencheviques”, senão ainda alcançou-se a unificação do POSDR com a
Social-Democracia Polonesa, assinou-se a unificação com a Social-Democracia da
Letônia e encaminhou-se a unificação com a Social-Democracia Judaica, i.e. com
o “Bund”.
O
significado político desses fatos é muito grande, em todos os sentidos. Ele se
tornará, em verdade, poderoso, em face da época histórica que presentemente
vivenciamos. (...)
Em face dos
decisivos e grandiosos acontecimentos que se situam pela frente na luta
popular, é sobretudo importante alcançar a unidade prática do proletariado
consciente de toda a Rússia e de todas as nacionalidades.
Em uma época
revolucionária como essa, que agora vivenciamos, todos os erros teóricos e
desvios táticos do Partido serão criticados, da maneira mais impiedosa, pela
própria vida que educa e conscientiza a classe trabalhadora, em uma velocidade
estonteante.
Em uma época
como essa, o dever de todo social-democrata é o de aspirar a que a luta
ideológica no Partido sobre questões da teoria e da tática seja conduzida da
maneira mais aberta, ampla e livre possível, não perturbando ou dificultando
ela, porém, de maneira nenhuma, a intervenção revolucionária unitária do
proletariado social-democrático.(...)”[82]
Mesmo
assinalando que já não existia, naquele momento histórico, “mais nenhuma
cisão” entre bolcheviques e mencheviques, Lenin vincou,
clara e nitidamente, nesse mesmo Apelo ao Partido quais as
principais diferenças que ainda seguiam vivas, no imediato período posterior à
realização do IV Congresso da Unificação :
“Não podemos
e nem devemos silenciar o fato de que, segundo nossa mais profunda convicção, o
Congresso de Unificação não compreendeu suas tarefas, de modo plenamente
correto.
Nas três mais importantes resoluções do Congresso emergem claramente as
falsas concepções da antiga fração dos “mencheviques” que, no Congresso,
prevaleceu numericamente.
No que
concerne ao Programa Agrário, o Congresso homologou, por princípio, a
“municipalização.”
Municipalização
significa propriedade dos camponeses sobre a terra parcelária e arrendamento
pelos camponeses das terras dos proprietários fundiários, transferidas aos
Semstvos.
Isso é, em
essência, uma coisa intermediária entre autêntica Revolução Agrária e Reforma
Agrária Cadete.
Os
camponeses não aceitarão um tal plano.
Eles
exigirão ou a repartição direta da terra ou a adjudicação de todo solo e e de
toda a terra à propriedade do povo. (p. 313)
Na resolução
sobre a Duma Imperial, o Congresso indicou como desejável que, nessa Duma,
fosse formada uma fração parlamentar social-democrática.
O Congresso
não pretendeu levar em conta o fato de que 9/10 dos trabalhadores da Rússia,
dotados de consciência de classe – entre esses todos os proletários
sociais-democráticos poloneses, letões e judeus – boicotaram essa Duma.
O Congresso
rejeitou o requerimento de tornar dependente a participação nas eleições da
possibilidade de uma agitação verdadeiramente ampla entre as massas. (...)
Enquanto
sociais-democratas reconhecemos, evidentemente, de maneira principista, o dever
de usar o Parlamento enquanto arma da luta proletária.
Porém, a
questão inteira gira em torno da seguinte pergunta : “É admissível a
participação da Social-Democracia em um tal “Parlamento” como é a nossa Duma e
sob as atuais condições dadas ? É admissível a formação de uma fração
parlamentar à qual não pertence nenhum parlamentar social-democrata eleito por
organizações operárias ?
Nós achamos
que não. (p. 314)
O Congresso
rejeitou o requerimento de considerar como uma das tarefas do Partido a luta
contra o jogo constitucional, a contra as ilusões constitucionais. (...)
Nas
resoluções sobre o Levante Armado, o Congresso não formulou
igualmente o que havia de ser necessário, i.e. : uma crítica completa dos erros
do proletariado, uma clara apreciação da experiência de outubro a dezembro de
1905.
Ele nem
sequer empreendeu a tentativa de investigar a inter-relação existente entre
greve e levante.
Pelo
contrário, preponderam nas resoluções reservas temerosas contra o levante armado..
O Congresso
não disse aberta e claramente à classe trabalhadora que o Levante de
Dezembro foi um erro, ao mesmo tempo em que, porém, condenou-o, de maneira
acobertada.
Entendemos
que, desse modo, confunde-se mais do que clarifica-se a consciência revolucionária
do proletariado. (p. 315)
Contra as resoluções do Congresso do Partido que consideramos equivocadas,
deveremos lutar e lutaremos ideologicamente.
Nesse quadro, porém, declaramos diante de todo o Partido que somos contra
toda e qualquer cisão.
Somos pela
subordinação às resoluções partidárias.
Na medida em
que repudiamos um boicote do Comitê Central e valorizamos o trabalho comum,
declaramo-nos de acordo com que militantes nossos incorporem-se ao Comitê
Central, apesar de lá permanecerem em ínfima minoria.
Em nossa
mais profunda convicção, as organizações operárias sociais-democráticas devem
ser unitárias, porém, nessas organizações unitárias deve ter lugar uma ampla e
livre apreciação das questões partidárias, uma crítica e um julgamento amplos e
camaradas dos acontecimentos da vida do Partido. (...)
Conclamamos todos nossos adeptos a essa
subordinação e a essa luta ideológica.
Recomendamos
a todos os membros do Partido que analisem detalhadamente as resoluções
partidárias.
A revolução
ensina e acreditamos que a unidade prática da luta do proletariado
social-democrático de toda a Rússia protegerá nosso Partido da prática de
erros, quando a crise política vindoura for colocada para ser decidida.
No momento
da luta, os próprios acontecimentos indicarão às massas trabalhadoras a tática
correta. (p. 316)”[83]
No campo
propriamente da disciplina estatutária do POSDR, V. I. Lenin,
ainda no quadro de seu Apelo ao Partido, teve a oportunidade de
pronunciar-se acerca da defesa de um importante corolário genuinamente
marxista, expressivo da unidade do partido, uma das verdadeiras
garantias contra cisões interno-partidárias infundadas, qual seja : a clara
relação a ser estabelecida entre o Comitê Central e a Redação
do Órgão Central do
Partido.
Esse debate
envolveu a disciplina da então existente Cláusula 7 do Estatuto do POSDR.
Quando no IV
Congresso da Unificação do POSDR de 1906 examinou-se essa temática, os
mencheviques insistiram em que os redatores do Órgão Central
fossem eleitos diretamente pelo Congresso e se lhes concedessem votos
deliberativos no tratamento de questões de natureza política junto ao Comitê
Central.
Lenin e os bolcheviques posicionaram-se, resolutamente, em favor da nomeação da Redação
do Órgão Central pelo Comitê Central e pelo
direito desse último de revogar nomeações efetuadas de redatores.
A maioria
menchevique do IV Congresso da Unificação logrou, entretanto,
fazer aprovar sua proposta, sendo que, tão somente por ocasião da revisão
estatutária, ocorrida no V Congresso do POSDR de 1907, vieram os
bolcheviques a reverter essa sua derrota, fazendo aprovar, por maioria, a
redação da Cláusula 7 na formulação precedentemente postulada por
Lenin.
De toda
sorte, em seu Apelo ao Partido, de 26 de abril de 1906, Lenin
ainda teve a oportunidade de destacar :
“Na questão
organizativa, possuimos diferentes posicionamentos apenas em relação aos direitos
da Redação do Órgão Central.
Lutamos pelo
direito de o Comitê Central poder nomear e destituir o Órgão Central.
Todos estivemos
de acordo acerca do princípio do centralismo democrático, acerca
da preservação dos direitos da minoria de toda oposição leal, acerca da autonomia
de toda e qualquer organização partidária, acerca do reconhecimento da
elegibilidade, prestação de contas e revogabilidade dos quadros
profissionais do Partido.
No respeito
prático desses princípios organizativos, na sua concretização sincera e
conseqüente, vemos uma garantia contra cisões, uma garantia de que a luta
ideológica no Partido pode e deve ser inteiramente compatível com a unidade
organizativa mais rigorosa, com a subordinação de todos às resoluções do
Congresso geral.”[84]
CAPÍTULO 8.
V CONGRESSO DE 1907
DO PARTIDO OPERÁRIO SOCIAL-DEMOCRÁTICO RUSSO :
O RESSURGIMENTO DO SISTEMA DE FRAÇÕES
Ainda no
curso de 1906 e, mais nitidamente, no marco do V Congresso do POSDR,
realizado em Londres, em 1907, sob o então peso majoritário da fração
bolchevique de Lenin, assiste-se a um quadro em que o POSDR encontrava-se,
formalmente, unido, porém registrando o ressurgimento de frações
públicas, i.e. voltavam a existir, faticamente as duas principais
frações no seio do partido reunificado, as frações dos bolcheviques e
dos mencheviques, dotadas de caráter público, ou ainda
: duas organizações realmente separadas, com pública intervenção
político-partidária, vinculadas, porém, em sentido formal, ao mesmo partido
político.
Nesse
contexto, os organismos de base do partido apresentavam-se mais coesos, ao
passo que as direções bolchevique e menchevique elaboravam, em cada questão
relevante da luta de classes, duas táticas substancialmente diferentes.
Acerca desse
contexto histórico, Lenin observou, detalhadamente :
“Seus
adeptos litigavam entre si, nas organizações unificadas dos trabalhadores, (p.
ex. nos debates acerca da consigna sobre a Duma, i.e. sobre o Gabinete dos
Constitucionais- Democratas(Cadetes), em 1906, ou nas eleições para o Congresso
de Londres, de 1907), e essas questões foram decididas por maioria de
votos : uma fração surgiu como derrotada no Congresso Unitário de Stockholm
(1906) e a outra, no Congresso Unitário de Londres (1907).
Essas coisas
são fatos da história do marxismo organizado da Rússia geralmente conhecidos
por todos. (...)[85]
O
renascimento de tal sistema de frações prolongou-se, então, de
1906 a fins de 1911 - início de 1912.
CAPÍTULO 9.
III CONFERÊNCIA DE 1907 DO POSDR :
LUTA DE LENIN CONTRA O BOICOTISMO BOLCHEVIQUE
ÀS ELEIÇÕES PARA A III DUMA DO ESTADO
Precisamente
a partir de 3 de junho de 1907, data do Golpe de Estado Reacionário de
Stolypin – consagrador do assim denominado “Regime de 3 de Junho”
-, verifica-se, então, o surgimento de uma mudança
abrupta no cenário da luta de classes, bem como uma pesada crise
no desenvolvimento do movimento dos trabalhadores e do POSDR.
Stolypin logrou
promover a expulsão imediata de 55 Deputados do POSDR, decretando a
prisão de 16 deles, e, além disso, suspendeu os trabalhos da Duma
do Estado, promulgando uma nova lei eleitoral.
A derrota da
Revolução
Russa de 1905-1907 e o Golpe de Estado Reacionário de Stolypin
fez com que emergissem, majoritariamente entre bolcheviques, posições
boicotistas, encabeçadas por Kamenev e Stalin, Krassin, Bogdanov e
Lunatcharsky, enquanto reação à desbragada violência reacionária do
czarismo.
No quadro da
III
Conferência do POSDR, ocorrida entre 21 e 23 de julho de 1907, na
cidade de Kotka, na Finlândia, dos nove delegados da fração
pública bolchevique, Lenin – opondo-se às posições
prevalentes em sua própria fração, tal como defendidas por Bogdanov - votou
isoladamente contra o boicotismo às novas eleições a serem realizadas para a III
Duma do Estado, alinhando-se, assim, com os votos dos 5 delegados mencheviques,
5 sociais-democratas poloneses, 2 letões e 5 do Bund.
Pois, sem
temor de permanecer passageiramente em minoria entre os bolcheviques, Lenin
assinalou:
“O boicote é uma declaração de guerra aberta
contra o antigo Governo, um ataque direto contra ele.
A não ser em um amplo ressurgir revolucionário
... não se deve contar com o êxito do boicote.”[86]
CAPÍTULO 10.
O SURGIMENTO DO MENCHEVISMO LIQUIDACIONISTA
E O PROCESSO DE CISÃO DA FRAÇÃO MENCHEVIQUE
A PARTIR DE DEZEMBRO DE 1908
No interior
dos dois principais protagonistas públicos do sistema de frações do
POSDR, i.e. a fração bolchevique e a fração
menchevique, registrou-se, a seguir, a emergência de novos agrupamentos
ideológicos de caráter fracional que passavam a constituir um fenômeno
de grande importância na vida desse partido.
No quadro
interno da fração menchevique do POSDR, i.e. no domínio
intra-fracional menchevique, a partir de dezembro de 1908, sob a
direção sobretudo de Potressov e Tcherevanin, Axelrod e Martov, o
menchevismo assumiu contornos nitidamente liquidacionistas, caracterizando-se,
então, em função de sua defesa aguerrida de alianças a serem celebradas
abertamente com partidos burgueses sob as seguintes bandeiras centrais :
De natureza ideológica :
a. negação da
luta de classes revolucionária do proletariado socialista ;
b. rejeição
do papel hegemônico a ser desempenhado pelo proletariado na Revolução
Democrático-Burguesa.
De natureza organizativa :
a. recusa da
necessidade de organização um partido marxista
revolucionário
ilegal.
b. intervenção
aberta e pública nas colunas da imprensa legal, nas
organizações
legais dos trabalhadores, sindicatos e cooperativas, congressos públicos, em
franco prejuízo do partido ilegal[87].
Além disso,
cumpre destacar que o menchevismo liquidacionista então
surgido – defendendo a independência e a neutralidade do sindicatos - opunha-se
ainda abertamente à orientação de Lenin, plasmada na Resolução
do Comitê Central do POSDR sobre os Sindicatos, de 13 de fevereiro de
1908, em que se estabeleceu deverem todos os sociais-democratas formar grupos
no interior dos sindicatos e, onde não existissem esses, fundar sindicatos,
trabalhando sempre sob a direção ideológica do Partido, sendo que, nos casos em
que a supervisão da Okhrana (Polícia Secreta Czarista) tornasse impossível
organizar sindicatos livres, sindicatos ou núcleos sindicais haveriam de ser
organizados ilegalmente[88].
Entretanto,
já nesse mesmo mês de dezembro de 1908, Plekhanov, seguido pelos
adeptos de seu agrupamento ideológico – sem prejuízo de sua posição favorável à
independência e à neutralidade dos sindicatos -, encabeçou uma iniciativa de
cisão intra-fracional contra as principais características político-partidárias
do menchevismo liquidacionista, ao suspender suas atividades
junto à redação do órgão jornalístico liquidacionista denominado “Golos
Sotsial-Demokrata (Voz do Social-Democrata)”.
Tal processo
de cisão no domínio intra-fracional menchevique, veio, então, a
ser manifestamente formalizado quando, em 13 maio de 1909, publicou-se, no Nr.
14 de “Golos Sotsial-Demokrata (A Voz do Social-Democrata)”, um
carta de Plekhanov em que esse último declarava, formalmente, ao
público leitor seu abandono da redação desse órgão jornalístico.
Em agosto de
1909, Plekhanov voltou a editar, então, seu assim denominado “Dnievik
Sotsial-Demokrata (Diário de um Social-Democrata)”, sendo que ele e seu
agrupamento, embora permanecendo vinculados às posições históricas do
menchevismo oportunista, passaram a pronunciar-se também em defesa do Partido
ilegal e de suas atividades de organização clandestina.
CAPÍTULO 11.
CONFERÊNCIA DE 1909 DA REDAÇÃO AMPLIADA DO JORNAL
“PROLETARII(O PROLETÁRIO)”, ÓRGÃO CENTRAL
DA FRAÇÃO PÚBLICA BOLCHEVIQUE NO
INTERIOR DO POSDR :
FRACIONALISMO INTRA-BOLCHEVIQUE,
LUTA CONTRA AS FRAÇÕES PÚBLICAS
DOS ABSTENCIONISTAS (OTZOVISTAS),
DOS ULTIMATISTAS (ULTIMATISTI)
E DOS CONSTRUTORES DE DEUSES(BOGOSTROITELIS)
Em sentido
estatutário, jamais os bolcheviques postularam a admissão de "frações
públicas permanentes".
No quadro
interno da fração bolchevique do POSDR, i.e. no domínio
intra-fracional bolchevique - operante em largos traços enquanto fração
pública do POSDR de fins de 1903 – início de 1904 até fins de 1911 -
início de 1912 -, Lenin e seus adeptos, embora sempre seriamente
admitindo a existência de tendências e frações internas, lutaram,
ininterrupta e rigorosamente, contra o repetido fenômeno existencial das frações
públicas, cujo delineamento é passível de fundadamente ser concebido apenas
em momentos excepcionais da vida de uma organização marxista-revolucionária.
O exemplo
mais cabal fornecido pela história da luta de classes nesse sentido, situa-se,
precisamente, entre 1907 e 1909, anos esses posteriores à derrota da Revolução
Russa de 1905-1907, tendo-se precisamente em consideração o tratamento
conferido por Lenin e seus agora assim chamados “bolcheviques
oficiais-ortodoxos” aos agrupamentos ideológicos de caráter fracional,
formados, no interior do domínio intra-fracional bolchevique, pelos abstencionistas
(otzovistas), ultimatistas(ultimatisti) e construtores de deuses
(bogostroitielis) todos eles defensores da plataforma política de
sistemático boicote das eleições parlamentares, realizadas nos limites da Lei
Eleitoral de Stolypin, revogação dos mandatos dos Deputados do POSDR
junto à III Duma de Estado e suspensão do trabalho
marxista-revolucionário no quadro das organizações e instituições legais do
regime, fundando-se, para isso, em supostas virtudes e conclusões, extraídas das
então
novidadeiras concepções empiro-criticistas, subjetivistas-idealistas, dos
filósofos alemães neo-kantistas Ernst Mach e Richard Avernarius[89].
No início de
1909, os três agrupamentos ideológicos acima referidos, i.e. os abstencionistas
(otzovistas), encabeçados por Bogdanov e Krassin, os ultimatistas
(ultimatisti), dirigidos por Shantser, e os construtores
de deuses(bogostroitielis), protagonizados por Lunatcharsky e
Gorki, conformaram-se em um grupo dinamizador da iniciativa de
realização de uma Escola Fracional, a ter lugar na Ilha de
Capri, na Itália.
Prolongando-se
ao longo de 4 meses de estudos – i.e. de agosto a dezembro de 1909 -, a Escola
de Capri constituiu-se em centro de surgimento embrionário de uma nova fração
pública, unificadora dos três agrupamentos ideológicos em referência,
dotados de caráter fracional.
Gorki – aliado
bolchevique de Lunatcharsky, Bogdanov, Bassarov, Pokrovsky – pregava, em 1908,
não se dever conceber os seres humanos tal como divididos em classes sociais,
não se erigir líderes individuais e, pelo contrário, propagar-se o surgimento
de uma nova doutrina para as massas revolucionárias, baseada na busca e na criação
de Deus, na “espiritualização” da revolução e na conciliação entre religião e
marxismo, no quadro de um Terceiro Testamento, fomentador do
amor e da confiança na humanidade :
“Conclamei o gênero humano para uma nova religião…
As pessoas são os criadores…
Nelas, Deus se aloja. …
Vi aqui minha mãe, no espaço em meio às estrelas…
E vi o seu mestre, o Povo Todo-Poderoso e Imortal…
Então, comecei a minha oração: “És meu Deus, Povo Soberano
e Criador de Todos os Deuses que formaste a partir das belezas
do Teu espírito, no cansaço e no sofrimento de Tua procura.
E o mundo não deverá ter nenhum outro Deus, senão a ti.
Pois, és o único Deus que faz milagres.
Cristo não foi suficientemente duro.
Disse que aquele cálice deveria dele ser afastado e reconheceu o
Imperador.
Porém, Deus não pode reconhecer o poder de um homem sobre outro, onde Ele
é inteiramente o poder !
Ele não divide a sua alma : isso aqui é para Deus, aquilo ali para os
homens ...”[90]
Por sua vez,
Bogdanov
- rejeitando o fundamento
marxista de que não é a consciência do homem que determina o seu ser social,
senão precisamente o inverso – defendia ser possível determinar e superar o ser
social do homem com o auxílio da consciência, mesmo porque inviável, segundo
ele, seria separar-se o ser social do homem de sua consciência intelectual.
Para Bogdanov,
o progresso social mesmo seria o resultado de uma harmonia crescente entre as
atividades de aprender e conscientizar-se, sendo a própria consciência o “princípio
organizativo da práxis social” em face das relações
econômico-materiais, concebidas enquanto domínios limitados dos processos
técnicos e ideológicos.
Nesse
sentido, o atingimento da sociedade sem classes seria obtido, segundo ele, na
medida em que a classe trabalhadora conseguisse educar-se com base na “Proletkult(Cultura
Proletária)”, propugnadora da formação da vontade e do sentimento
coletivos, em contraste com o individualismo burguês-egoísta.
A Conferência
de Junho de 1909 da Redação Ampliada do Jornal “Proletário”, órgão
central da fração pública bolchevique, no interior do POSDR, desferiu
uma luta implacável contra tais manifestações público-fracionais, comandadas
por Bogdanov, Schantser e Lunatcharsky, inteiramente
capituladoras perante os propósitos mais essenciais do menchevismo
liquidacionista, i.e. o fomento do revisionismo doutrinário, do reformismo
político e do oportunismo organizativo no interior do marxismo revolucionário[91].
A
conferência em tela estabeleceu, majoritariamente – a despeito das posições dos
assim então denominados “bolcheviques conciliadores-virtuosos”,
capitaneados por Rykov e Dubrovinsky, Iurenev e Sokolnikov - uma
resolução afirmando que “o bolchevismo enquanto corrente determinada do
POSDR não possui nada em comum com o abstencionismo e o ultimatismo”, bem
como “nada em comum com tais deformações (i.e. deformações deísticas e
teísticas) do socialismo científico”, ao mesmo tempo em que conclamou a
militância bolchevique a combater, resolutamente, essas degenerações da
doutrina dialética histórico-materialista de Marx e Engels.
O episódio
mais expressivo desse processo de luta contra o fracionalismo público
no interior das fileiras dos bolcheviques – que não poderia
jamais ser considerado de nenhuma forma como sendo de caráter “permanente”
ou “virtualmente permanente” – foi, sem dúvida, a mais
categórica condenação das posições sufragadas pelos abstencionistas
(otzovistas), ultimatistas (ultimatisti) e construtores de deuses
(bogostroitielis) por essa conferência do bolchevismo
ortodoxo,qualificando-se-os, precisamente, como “liquidacionistas de
signo invertido” ou ainda “inimigos mascarados do Partido”, bem
como a mais resoluta expulsão do bolchevique abstencionista Bodganov das
fileiras bolcheviques.
Além disso,
a Conferência de Junho de 1909 da Redação Ampliada do Jornal
“Proletário”, órgão central da fração pública bolchevique, no
interior do POSDR, reprovou a Escola de Capri por
representar “um novo centro de uma fração que se cindiu dos
bolcheviques.”
CAPÍTULO 12.
LUTA DA FRAÇÃO BOLCHEVIQUE
CONTRA A FRAÇÃO “VPERIOD(AVANTE)” DO POSDR,
SURGIDA EM DEZEMBRO DE 1909
EM SEU PRÓPRIO DOMÍNIO INTRA-FRACIONAL :
LUTA CONTRA A UNIFICAÇÃO
COM O ABSTENCIONISMO, O ULTIMATISMO
E A CRIAÇÃO DE DEUSES,
SOB OS AUSPÍCIOS DA IDEOLOGIA IDEALISTA-SUBJETIVISTA
DE MACH E AVENARIUS
Exemplo semelhante
de luta contra a tentativa de subordinação ideológica do proletariado à
ideologia subjetivista-idealista e ao “liquidacionismo de signo
invertido”, é-nos fornecida, a seguir, por Lenin e os
bolcheviques, já propriamente a partir de dezembro de 1909, em seu combate à
nova fração pública emergente do processo de fusão, selado pela Escola
de Capri, e reunida, agora, em torno do órgão jornalístico
“Vperiod (Avante)”.
É correto
afirmar, porém, que a nova fração avanteísta (vperiodista),
situada sob a direção de Bogdanov e Lunatcharsky, surgia
intervindo ativamente no interior do POSDR, porém não mais no domínio
intra-fracional bolchevique.[92]
CAPÍTULO 13.
LUTA DA FRAÇÃO BOLCHEVIQUE NO INTERIOR DO POSDR
CONTRA A FRAÇÃO “NÃO-FRACIONALISTA” DE TROTSKY:
CONTRA A UNIDADE DE BOLCHEVIQUES E
LIQUIDACIONISTAS DE TODOS OS SIGNOS
Também no
quadro inter-fracional do regime de sistema de frações do
POSDR, existente a partir de fins 1903 – início de 1904 até fins de
1911 – início de 1912, despregou-se, entre 1908 e 1912, a luta de Lenin e
dos “bolcheviques oficiais-ortodoxos” contra a fração
pública unionista “não-fracionalista” do POSDR, dirigida por Trotsky,
e defensora
da unidade de todos os sociais-democratas russos – seja dos fiéis ao Partido e
seja dos liquidacionistas de todos os gêneros -, a partir da publicação do
jornal vienense “Pravda (A Verdade)”.
CAPÍTULO 14.
LUTA DA FRAÇÃO BOLCHEVIQUE
CONTRA A FRAÇÃO DOS BOLCHEVIQUES
CONCILIADORES-VIRTUOSOS “NÃO-FRACIONALISTAS” :
CONTRA O APOIO VELADO AOS LIQUIDACIONISTAS,
CONTRA O FIM DO SISTEMA DE FRAÇÕES
Ao mesmo
tempo, no domínio intra-fracional bolchevique, Lenin e
os “bolcheviques oficiais-ortodoxos” vieram a travar ainda mais
uma batalha ao combaterem a fração dos “bolcheviques
conciliadores-virtuosos não-fracionalistas” ou ainda “bolcheviques
pró-Partido”, encabeçados por Rykov e Dubrovinsky, Iurenev e
Sokolnikov, no período de junho de 1909 a janeiro de 1912.
Essa fração
dos bolcheviques conciliadores-virtuosos “não- fracionalistas”
aproximou-se, de modo mais nítido, a partir de janeiro de 1910, das posições da
fração pública unionista “não-fracionalista” de Trotsky, opondo-se
à subsistência do sistema de frações, então existente, sob a
consigna :
“As frações e o sistema de frações constituem uma luta da inteligência pelo
exercício da influência sobre o proletariado imaturo.”[93]
CAPÍTULO 15.
FORMAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DO BLOCO BOLCHEVIQUE-MENCHEVIQUE UNITÁRIO
DOS FIÉIS AO PARTIDO
ENTRE 1909 E 1913
A
organização fracional de Lenin, ativa no interior do POSDR
ao longo dos anos referidos, jamais perdeu de vista a imprescindibilidade do
impulsionamento da estratégia de construção de um autêntico e unitário partido
marxista-revolucionário, postulada sempre no sentido da relatividade e
provisoriedade das lutas fracionais que, conseqüentemente, ou haveriam de rumar
para a reunificação das forças revolucionárias, em conformidade
com a defesa dos princípios e corolários mais essenciais do marxismo revolucionário,
ou, então, para a mais integral ruptura, reabrindo a via para a
estruturação de um novo partido que retomasse a preservação do programa, do
estatuto e da direção revolucionários do proletariado, em sua luta de
libertação contra o jugo capitalista-imperialista, autocrático e latifundiário.
Precisamente
nesse sentido, deve ser entendida a tática de frente única
revolucionário-partidária condensada no Bloco Unitário dos Fiéis ao
Partido, constituído, a partir de agosto de 1909, entre os adeptos
bolcheviques de Lenin e os mencheviques fiéis ao Partido,
comandados por Plekhanov, sob proposição desse último.
Em face da
cisão de dezembro de 1908, ocorrida no domínio intra-fracional menchevique,
entre mencheviques fiéis ao Partido e mencheviques
liquidacionistas, Lenin acolheu, calorosamente, a proposta de Plekhanov
de constituição de um Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido e
conclamou os bolcheviques a fomentarem, veementemente, o aprofundamento da
separação daquelas duas vertentes mencheviques, procurando uma aproximação com
a primeira delas, sobre a base da luta em prol da construção do Partido legal e
ilegal, bem como em favor da mais rigorosa disciplina de militância em seu
interior.
Com essa
índole, foi edificado o Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido em cujo
seio, segundo os bolcheviques, “as diferenças de concepções não deveriam
perturbar o trabalho, a marcha e a luta comuns em favor do Partido e contra os
liquidacionistas.”
Assim, é
possível verificar-se, de agosto de 1909 até agosto de 1913, mencheviques,
adeptos de Plekhanov, e bolcheviques, encabeçados por Lenin,
trabalharem, conjuntamente, no interior de diversos comitês regionais, bem como
no quadro da redação dos jornais bolcheviques “Zvezda (a Estrela)”,
“Rabotchaia Gazeta (Diário Operário)” a “Pravda(A Verdade)”.
A partir de 1909 e durante os anos
subseqüentes de sua existência, o Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido,
encabeçado por Lenin e Plekhanov, foi capaz, então, de
impulsionar uma luta impiedosa contra o “Bloco sem Princípios”
então articulado por Trotsky – a partir do órgão
jornalístico ”Pravda (A Verdade)”, de Viena - entre unionistas “não-fracionalistas”,
mencheviques liquidacionistas – representados por Martov e
Axelrod, Potressov e Tcherevanin
– e liquidacionistas de signo invertido – capitaneados
por Lunatcharsky e Bogdanov –, cujo objetivo maior era, segundo Lenin,
causar “aborrecimento ao centro bolchevique por sua luta sem quartel na
defesa de suas idéias.”[94]
Durante o
período em tela, Plekhanov incorporou-se à então redação do Órgão
Central do POSDR, cujo jornal era, naquela ocasião, o “Sotsial-Demokrat
(O Social-Democrata)” que contava com a participação de representantes
majoritários dos bolcheviques, alguns poucos mencheviques-liquidacionistas e
sociais-democratas poloneses.
Também nesse
contexto de vigência do Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido, Lenin
apresentou, em 21 de outubro de 1909, seu Projeto de Resolução
acerca da Consolidação do Partido e sua Unidade à reunião da redação do
órgão central “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)” – fundado
no teor de seu artigo intitulado “Sobre os Métodos para a Consolidação de
nosso Partido e sua Unidade” -, visando ao
impulsionamento da luta contra as diversas nuances de oportunismo
liquidacionista, então existentes no interior do POSDR, e à
preservação da autonomia da fração oficial-ortodoxa do bolchevismo[95].
Mesmo em
face da existência do Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido, a
maioria da redação de “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)”,
detida, naquele então, por bolcheviques conciliadores-virtuosos
“não-fracionalistas”, encabeçados por Rykov e Dubrovisnky, Iurenev e
Sokolnikov, logrou fosse rejeitado o projeto de resolução de Lenin
acima referido, bem como impedida a publicação de seu artigo “Sobre
os Métodos para a Consolidação de nosso Partido e sua Unidade”, na
qualidade de artigo editorial desse órgão jornalístico central, admitindo-a tão
somente enquanto artigo polêmico, assinado exclusivamente por seu autor e
colocado sob sua responsabilidade individual.
Ainda no
quadro desse Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido, deve ser
entendida a convocação e realização da Plenária do Comitê Central do
POSDR, denominada, então, de “Plenária da Unificação”, ocorrida
entre os dias 2 e 23 de janeiro de 1910, na cidade de Paris.
Nela,
compareceram representantes de todas as frações, tendências e agrupamentos
ideológicos do POSDR, bem como das organizações
sociais-democráticas polonesa, letã, ucraniana e do Bund.
Em verdade,
opondo-se, resolutamente, à orientação de Lenin de consolidação
do Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido – selado com os adeptos
mencheviques de Plekhanov, em função da luta contra todas as
nuances de liquidacionismo partidário – a fração dos bolcheviques
conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, encabeçados por Rykov
e Dubrovinsky, Iurenev e Sokolnikov, em aliança com
a fração pública unionista “não-fracionalista” de Trotsky,
defendendo a ocorrência de tal plenária, postularam a mais completa dissolução
do sistema de frações do POSDR, então existente,
bem como a incondicional unificação dos bolcheviques com os mencheviques
liquidacionistas, liquidacionistas de signo invertido e “não-fracionalistas” de
todos os gêneros.
Os bolcheviques
conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, associados aos defensores
da fração pública unionista “não-fracionalista” de Trotsky,
detendo em suas mãos a maioria da “Plenária da Unificação” em
referência, lograram fazer aprovar, contra os posicionamentos de Lenin, uma
resolução “não-fracionalista” de extinção do jornal bolchevique “Proletarii(O
Proletário)”, bem como propugnadora da dissolução do centro bolchevique,
transferindo-se todo o seu patrimônio físico ao Comitê Central do POSDR, bem
como seus recursos líquidos à II Internacional Socialista, na
pessoa de seus representantes fiduciários Franz Mehring, Clara Zetkin e
Karl Kautsky.
Nesse mesmo
sentido, o “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)”, devendo passar a
ser o órgão jornalístico do Comitê Central do POSDR,
haveria de vir a ser dirigido por um comitê incluindo os nomes de Zinoviev,
Lenin, Dan e Martov.
Além disso,
a “Plenária da Unificação” estabeleceu que Kamenev seria incorporado
no comitê de redação do jornal vienense “Pravda(A Verdade)” de Trotsky,
sendo esse jornal financeiramente sustentado pelo centro, ainda
que não adquirisse o caráter de órgão oficial do POSDR.
Nesse
contexto, pressionado a aceitar tais condições reputadamente
“não-fracionalistas” - apoiando-se, porém, nas forças do Bloco Unitário
dos Fiéis ao Partido -, Lenin logrou fosse acolhido um adendo à
resolução de dissolução do “Proletarii(O Proletário)” e do centro
bolchevique, condicionando-a à simultânea dissolução dos jornais “Golos
Sotsial-Demokrata (A Voz do Social-Democrata)” e “Vperiod
(Avante)”, bem como dos centros menchevique-liquidacionista e
liquidacionista de signo invertido.
Ao mesmo
tempo, sob implacável insistência de Lenin, a “Plenária da
Unificação” foi forçada a adotar uma resolução condenatória de todas as
nuances de liquidacionismo do Partido[96].
A despeito
disso, a plenária em destaque elegeu novos representantes do menchevismo
liquidacionista para importantes cargos de direção das instituições centrais do
POSDR, sob intenso protesto de Lenin e dos
bolcheviques oficiais-ortodoxos.
Desse modo,
o menchevismo liquidacionista conquistou a direção do Bureau Estrangeiro
do POSDR, operante na qualidade de representante de todo o Partido no
exterior, permanecendo subordinado apenas ao Colegiado Russo do Comitê
Central do POSDR[97].
Em uma carta
dirigida a Gorki, datada de 11 de abril de 1910, Lenin pronunciou-se da
seguinte forma acerca do estado efetivo da organização marxista-revolucionária
russa, existente naquele então :
“Temos um bebê coberto de abscessos. ...
Se der certo, ou abrimos a ferida, deixamos sair
o pus, curamos a criança e a criamos, ou, se der errado, a criança morrerá.
Então, ficaremos, por um tempo, sem criança
(i.e. reconstruiremos a fração bolchevique novamente) e daremos à luz, a
seguir, uma criança mais saudável.”[98]
Por força do
monumental trabalho operado no quadro do Bloco Unitário dos Fiéis ao
Partido, Lenin e Plekhanov, intervindo no quadro da
delegação do POSDR junto ao Congresso da II Internacional
Socialista, ocorrido em Copenhagen, entre 28 de agosto e 3
de setembro de 1910, recorreram, conjuntamente, à presidência do Partido
Social-Democrático da Alemanha (SPD), fundados em uma carta de protesto
dirigida contra a publicação de um artigo sectário e anônimo, de matiz favorável ao menchevismo
liquidacionista – em verdade de autoria de Trotsky -, publicado nas colunas de “Vorwärts
(Avante)”, órgão central da Social-Democracia Alemã.
Além disso, protestaram contra a continuada
existência e publicação de artigos liquidacionistas nos jornais “Golos
Sotsial-Demokrata (A Voz do Social-Democrata)” e “Vperiod
(Avante)”.
Por lograr
desvendar implacavelmente todos os matizes de sobrevivência velada do
liquidacionismo partidário, a tática de frente única
revolucionário-partidária do Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido permitiu que, já a
partir de agosto de 1910, Lenin e Plekhanov, desvencilhando-se de
seus compromissos da “Plenária da Unificação”, encabeçassem a publicação comum do jornal
ilegal “Rabotchaia Gazeta(Jornal Operário)” e do jornal legal ”Zvezda(Estrela)”.
A partir de
1910, já no quadro do novo ascenso das lutas proletárias na Rússia,
a tática do Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido propiciou, além
disso, à fração dos bolcheviques oficiais-ortodoxos, sob a direção de Lenin,
alcançar grande influência entre os lutadores mencheviques, vinculados às
posições puramente etapistas de Plekhanov, expandir sua
penetração no seio das organizações legais, derrotando os liquidacionistas
nessa esfera política, e afastar, em maio de 1911, seu representante, Zemashko,
do Bureau Estrangeiro do POSDR – enquanto forma de
protesto.
A Escola
de Quadros de Longjumeau, organizada por Lenin e Zinoviev na
primavera de 1911, ocupou-se, então, com a formação de revolucionários dispostos
a atuarem na Rússia, a fim de aí desenvolverem trabalho clandestino,
restabelecendo contatos e preparando uma conferência nacional bolchevique.
Em junho de
1911, bolcheviques oficiais-ortodoxos lograram também, com base em sua luta
irreconciliável contra os mais diversos matizes de liquidacionismo no interior
do POSDR, afastar Martov e Dan da composição do
órgão de redação central “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)”.
Desde então,
passaram os bolcheviques oficiais-ortodoxos, encabeçados por Lenin,
a deterem a maioria incontrastável na redação de “Sotsial-Demokrat (O
Social-Democrata)”.
Ao mesmo
tempo, Lenin e seus seguidores foram capazes de desvendar o caráter e combater
devidamente a assim chamada Comissão Técnica do Bureau Estrangeiro do CC,
criada, em junho de 1911, pela Conferência do Comitê
Central do POSDR, enquanto órgão formalmente dotado de funções voltadas
à organização e à convocação de uma nova plenária do Comitê Central.
Em verdade, essa nova Comissão Técnica
do CC, incumbida da realização de trabalhos de imprensa, transporte de materiais etc.,
revelou-se, logo a seguir, na prática, como sendo um instrumento institucional
das forças apoiadoras da fração pública “não-fracionalista”,
dedicando-se a sabotar medidas organizativas dos bolcheviques, impulsionando,
em seu “Informatsiony Biuleten(Boletim de Informações)”,
publicado em Paris, uma campanha de ataques a suas posições, impedindo a
transferência de meios financeiros para a edição do órgão central do POSDR,
o “Sotsial-Demokrat (O Social-Democrata)” e violando seu
dever de subordinação às resoluções da Comissão de Organização Russa.
Assim, em 19
de outubro de 1911, Lenin e os bolcheviques decidiram que Vladimirsky, seu
representante junto a ela, deveria abandoná-la, rompendo-se todos e quaisquer
vínculos de relacionamento com referida comissão técnica[99].
A seguir, o
surgimento do POSDR (Bolchevique) – tendo como seu órgão jornalístico central
a “Rabotchaia
Gazeta(Jornal Operário)” - permitiu, além disso, ao longo de mais de um
ano, até agosto de 1913, a colaboração dos sociais-democratas fiéis ao Partido,
adeptos das posições de Lenin e Plekhanov, na publicação do
novo jornal quotidiano, surgido em 22 de abril de 1912, com o nome “Pravda
(A Verdade)”, bem como, finalmente, a promoção da ruptura bolchevique da bancada
parlamentar de deputados sociais-democráticos russos, no quadro da Duma
de Estado, ocorrida no curso do outono de 1913, enquanto resultado
direto da implacável e resoluta intervenção de Sverdlov, nos meses da
virada de 1912 para 1913.
Entretanto,
em agosto de 1913, rompeu-se o Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido, sob
o impacto das novas acusações de Plekhanov dirigidas contra Lenin
no
sentido desse último pretender apenas fomentar, a todo custo, um “fracionalismo
rupturista” no interior do POSDR, Plekhanov dedicou-se à
formação de uma nova fração pública do POSDR, defensora do conciliacionismo
virtuoso e organizada em torno do órgão jornalístico central Edinstvo
(Unidade).
Logo a
seguir, essa fração da unidade de Plekhanov haver-se-ia de fundir com
o Bloco
de Agosto, onde se somou aos membros do Bund e integrantes da fração
pública dos mencheviques liquidacionistas, dirigidos por Potressov
e Martov, a fim de dedicarem-se à promoção de uma campanha
implacável de difamação contra Lenin e os bolcheviques, bem como
de serrada oposição contra a criação rupturista do POSDR(Bolchevique).
CAPÍTULO 16.
FORMAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DO “BLOCO SEM PRINCÍPIOS”
“NÃO-FRACIONALISTA” E LIQUIDACIONISTA AMBIVALENTE
DE TROTSKY – MARTOV - LUNATCHARSKY
ENTRE 1909 E 1912
A partir de 1909 e durante os anos
subseqüentes de sua existência, o Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido,
encabeçado por Lenin e Plekhanov, foi capaz, então, de
impulsionar uma luta impiedosa contra o “Bloco sem Princípios”
então articulado por Trotsky – a partir do órgão
jornalístico o ”Pravda (A Verdade)”, de Viena - entre unionistas “não-fracionalistas”,
mencheviques liquidacionistas – representados por Martov e
Axelrod, Potressov e Tcherevanin
– e liquidacionistas de signo invertido – capitaneados
por Lunatcharsky e Bogdanov –, cujo objetivo maior era, segundo Lenin,
causar “aborrecimento ao centro bolchevique por sua luta sem quartel na
defesa de suas idéias.”[100]
Após a ruptura integral do Partido e fundação do POSDR (Bolchevique), no
quadro da VI Conferência de Praga de 1912, Trotsky haveria de conclamar, então, ainda
nesse mesmo ano, a realização de uma “Conferência de Unificação”, a qual traria à luz
o Bloco de Agosto, unificador dos militantes da
fração pública “não-fracionalista” de Trotsky, do menchevismo liquidacionista –
Potressov e Tcherevanin –
e do liquidacionismo de signo invertido – Lunatcharsky e
Shantser -, bundistas e sociais-democratas letões, cristalizando-se,
porém, já no domínio inteiramente externo ao POSDR
(Bolchevique), surgido em janeiro de 1912.
Ainda que
intentasse construir-se como resposta à VI Conferência de Praga de 1912 do POSDR
(Bolchevique), o Bloco de Agosto acabou consagrando
uma posição manifestamente oportunista, sendo que o comitê de organização do
órgão central desse bloco, reunido em torno do jornal ”Lutch(O Raio)”, rapidamente revelou-se como instrumento à
disposição dos interesses liquidacionistas.
Por essa razão, já no curso de 1912, Trotsky
e seus colaboradores abandonaram o Bloco de Agosto e deslocaram-se
rumo à fundação, em novembro de 1913, da Organização Inter-Distrital dos
Sociais-Democratas Unidos de Petersburgo (Comissão Inter-Distrital) que
haveria de conformar-se, a seguir, em centro aglutinador fundamental no
interior do POSDR de reagrupamento geral em toda a Rússia
dos militantes advindos seja da antiga fração pública unionista
“não-fracionalista” de Trotsky – composta por Antonov-Ovseienko,
Ioffe, Riazanov e outros -, seja da fração pública avanteísta
(vperiodista) de Lunatcharsky, Pokrovsky e Manuilsky, seja
ainda do restante da fração interna dos bolcheviques
conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, encabeçados agora por Iurenev
e Sokolnikov, que não se haviam realinhado no POSDR(Bolchevique),
por ocasião da VI Conferência de Praga de 1912[101].
CAPÍTULO 17.
VI CONFERÊNCIA DO POSDR DE TODA A RÚSSIA EM 1912 :
FIM DO SISTEMA DE FRAÇÕES,
CRIAÇÃO DO POSDR (BOLCHEVIQUE)
E LUTA PELA INTEGRAL RUPTURA DO PARTIDO
COM O LIQUIDACIONISMO MENCHEVIQUE
E TODOS OS SEUS ALIADOS SOCIAIS-DEMOCRATAS,
SEJA NA FRAÇÃO DA DUMA DO ESTADO
SEJA NO “PRAVDA(A VERDADE)”
DIRIGIDOS PELO CONCILIACIONISMO VIRTUOSO
NÃO-FRACIONALISTA SUBTERRÂNEO OU SECRETO
DE STALIN
Após esboçar
o quadro político-institucional verificado de 1903 a 1911 no interior do POSDR,
cumpre
destacar o fato de que, apenas no contexto posterior a 18 de janeiro de
1912, verificou-se a extinção do antigo sistema de frações, mediante integral
ruptura partidária promovida pelo então criado POSDR
(Bolchevique), constituído na VI Conferência de Praga, em que
participaram bolcheviques e mencheviques fiéis ao Partido.
Essa integral ruptura partidária foi
executada seja contra o social-reformismo, o inorganicismo político-partidário e o
oportunismo da subalternidade do proletariado na revolução em face do
campesinato e da burguesia, tal como defendido pelos mencheviques-liquidacionistas,
seja contra o liquidacionismo de signo invertido dos abstencionistas
(otzovistas), dos ultimatistas (ultimatisti), dos construtores
de deuses(bogostroitielis), dos avanteístas (vperiodistas), seja
contra o unionismo “não-fracionalista” de Trotsky, seja ainda contra
alguns integrantes da fração interna dos bolcheviques
conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, tais como Iurenev e
Sokolnikov, que não pretenderam se realinhar no POSDR(Bolchevique),
por ocasião da VI Conferência de Praga de 1912[102].
O surgimento
do POSDR
(Bolchevique), revestindo-se, pela primeira vez na história, de um
independente Comitê Central Bolchevique, composto por um Bureau
Russo e por um Bureau Estrangeiro, tendo como seu
órgão jornalístico central a “Rabotchaia Gazeta(Jornal Operário)” - adquiriu
potência de luta, sobretudo, depois do Massacre de Lena[103].
Ele
viabilizou, além disso, ao longo de mais de um ano, até agosto de 1913, a
colaboração dos sociais-democratas fiéis ao Partido, adeptos das posições de Lenin
e Plekhanov, na publicação do novo jornal quotidiano, surgido em 22 de
abril de 1912, com o nome “Pravda (A Verdade)”, bem como, finalmente,
a promoção da ruptura bolchevique da bancada parlamentar de deputados
sociais-democráticos russos, no quadro da Duma de Estado, ocorrida no curso do
outono de 1913, enquanto resultado direto da implacável e resoluta intervenção
de Sverdlov,
nos meses da virada de 1912 para 1913.
Opondo-se aos argumentos de Trotsky,
Lenin pronunciou-se da seguinte forma acerca do novo contexto de integral
ruptura do partido e extinção do antigo sistema de frações do
POSDR :
“A partir de
1912, i.e. já há mais de dois anos, na Rússia, entre os marxistas organizados,
já não existe mais nenhum sistema de frações, nenhuma disputa
sobre tática em uma organização unitária e em conferências e
congressos unitários.
Presentemente,
existe a situação de uma integral ruptura entre o Partido e os
liquidadores.
O Partido
declarou, em janeiro de 1912, que os liquidadores não pertencem mais a
ele.
Trotsky designa, não
raramente, essa situação das coisas com a palavra “cisão”.
Falaremos, a
seguir, muito particularmente acerca dessa denominação.
Porém,
permanece inquestionável o fato de que a expressão “sistema de frações” não
corresponde mais à verdade.”
Essa
expressão é, tal como já dito, uma repetição acrítica, incompreensível e
insensata daquilo que foi correto anteriormente, i.e. em um período já
transcorrido.” [104]
Essa
rigorosa e resolutamente conseqüente postura de Lenin e dos
militantes bolcheviques por ele dirigidos encontra-se, pois, plenamente de
acordo com a observação do princípio marxista-organizativo maior de defesa
da unidade do partido da classe trabalhadora rumo à Revolução
Socialista que repudia o fenômeno do fracionalismo
público-permanente.
Entretanto,
mesmo com a efetuação da ruptura integral do partido,
promovida pelo POSDR (Bolchevique), Lenin ainda haveria de lutar durante
vários anos contra a persistência dos adeptos da fração subterrânea ou
secreta dos bolcheviques conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas” que permaneciam
atuantes no interior da organização marxista-revolucionária russa[105].
Já mesmo em
dezembro de 1912 - quando Stalin era então representante e
membro encarregado das tarefas do Bureau Russo do Comitê Central do POSDR
(Bolchevique) em Petersburgo -, Lenin defrontou-se com
graves sintomas de conciliacionismo virtuoso “não-fracionalista” instigados
sub-repticiamente por Stalin, seja na intervenção
bolchevique junto à IV Duma do Estado seja junto à redação do “Pravda(A Verdade)”,
constituindo, em verdade, um destes sintomas conseqüência direta da incidência
do outro[106].
No primeiro
caso, i.e. junto à IV Duma do Estado, os 6 Deputados Bolcheviques demonstravam-se
inteiramente incapazes de oporem-se resolutamente ao liquidacionismo
partidário, propugnado abertamente pelos 7 Deputados Mencheviques, de modo que
permaneciam submetidos à maioria liquidacionista da bancada parlamentar
social-democrática, recusando-se a com ela resolutamente romper, tal como
recomendado por Lenin.
Em certos
momentos, os 7 Deputados Mencheviques eleitos para a IV Duma do Estado conseguiram
até mesmo fazer com que deputados sociais-democratas não propriamente alinhados
com o menchevismo – Mankov e Jagello – votassem em favor da
política menchevique-liquidacionista[107]
e todos os 6 Deputados Bolcheviques – Petrovsky, Samoilov, Shagov, Muranov,
Badaiev, Malinovsky, esse último agente duplo da Okhrana - se
predispusessem a realizar um trabalho em conjunto com seus próprios detratores
mencheviques[108].
Nesse
contexto, Lenin conferiu a Sverdlov – recém-chegado a Petersburgo,
após uma exitosa fuga de seu exílio na região de Narym, na Sibéria,
e atuando, agora, como representante e membro do Bureau Russo do Comitê Central do
POSDR (Bolchevique) - a tarefa
de persuadir os bolcheviques adeptos do conciliacionismo virtuoso
“não-fracionalista”, ocupados dos trabalhos de intervenção política na Duma
do Estado – entre eles Stalin, Olminsky, Bubnov, Krestinsky,
Sokolov, Saveliev, Samoilova – sobre os perigos e danos da colaboração
com os representantes do liquidacionismo menchevique, bem como sobre a
necessidade da mais intransigente defesa do trabalho clandestino
revolucionário, paralelamente ao trabalho legal e parlamentar.
Atraindo
para si todo o ódio dos mencheviques liquidacionistas, Sverdlov
repreendia os defensores restantes da fração conciliadora-virtuosa
“não-fracionalista” no interior do POSDR(Bolchevique), assinalando:
“Vocês não percebem que nas reuniões ilegais que
estão ocorrendo por detrás das suas costas existem aqueles que querem liquidar
o Partido?
E vocês cooperam com todos eles !”[109]
O resultado
da decidida intervenção rupturista de Sverdlov foi, de início, o
surgimento de novas declarações dos Deputados Bolcheviques, opondo-se
ostensivamente à política menchevique-liquidacionista e, por fim, a promoção da
integral
ruptura bolchevique da bancada parlamentar de deputados
sociais-democráticos russos, no quadro da Duma de Estado, ocorrida no curso do
outono de 1913, momento em que Sverdlov encontrava-se mais uma vez
distante de Petersburgo e exilado na região siberiana de Turukhansk[110].
No segundo
caso, i.e. na questão que afetava o curso conciliador-virtuoso
“não-fracionalista” do “Pravda (A Verdade)”, cumpre
destacar que, em dezembro de 1912, esse jornal bolchevique, encontrando-se
então sob a direção imediata de Stalin – então representante e
membro do Bureau Russo do Comitê Central do POSDR (Bolchevique) em Petersburgo
-, promovia, na prática, contra orientação expressa de Lenin, o encerramento das
disputas, aos seus olhos, sem sentido, travadas contra o menchevismo
liquidacionista, cujo principal porta-voz era o órgão jornalístico “Lutch
(O Raio)”.
Opondo-se
veladamente à desesperada luta de Lenin contra o menchevismo
liquidacionista, Stalin surgiu como o principal impulsionador em Petersburgo
de um programa conciliacionista-virtuoso “não-fracionalista
para o “Pravda (A Verdade)”, desde o surgimento desse órgão
jornalístico em meados de abril de 1912, quando foi apoiado por Petrovsky,
Poletayev, Olminsky e Baturin.
A partir de
12 de setembro de 1912 – data de sua nova vinda a Petersburgo de seu exílio
na região siberiana de Narym – Stalin assumiu a função
de responsável pela redação do “Pravda (A Verdade)”, sendo, então,
coadjuvado por Lebedev, Molotov, Raskolnikov e Samoilov, na defesa de uma
linha conciliadora no trato com o liquidacionismo, ao mesmo tempo em que,
suprimindo das colunas do jornal toda polêmica contra o menchevismo
liquidacionista, opunha-se, em maneira de sabotagem e de modo dissimulado, à
publicação de vários artigos rupturistas de Lenin, mediante a
apresentação de inúmeras escusas relativas às dificuldades de imprensa e de
fomento de atividades clandestinas[111].
Convocado a
comparecer em Cracóvia, em meados de novembro de 1912, Stalin foi repreendido
por Lenin
por sua postura colaboracionista em face do menchevismo
liquidacionista, sendo-lhe recomendado expressamente que, ao invés de publicar
artigos simpáticos ao liquidacionismo e ao Bund na página frontal do“Pravda
(A Verdade)”, publicasse conclamações de luta, dirigidas diretamente ao
proletariado russo, prestando mais freqüentemente contas acerca de suas tarefas
e das finanças editoriais[112].
Na medida em
que Stalin
e seus adeptos permaneciam ignorando as orientações expressas de Lenin[113],
os intentos mencheviques-liquidacionistas de interromperem a publicação do “Pravda
(A Verdade)”, sob a alegação de contribuir esse último periódico para o
enfraquecimento da unidade do POSDR, alcançaram o seu ápice
quando, em 18 de dezembro, 4 Deputados Bolcheviques, acompanhados, a seguir,
por Gorki[114], concordaram
em que seus nomes fossem incluídos na lista de colaboradores do comitê de
redação do “Lutch (O Raio)” – ao passo que os nomes dos Deputados
Mencheviques incluíam-se como colaboradores do “Pravda (A Verdade)” - e
no preciso momento em que Stalin e seus adeptos
conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas” consentiram na publicação de
acusações mencheviques-liquidacionistas contra Lenin e seu projeto
rupturista nas principais colunas do “Pravda (A Verdade)”, ao mesmo tempo
que o eram em “Lutch (O Raio)” , asseverando em ambos os jornais
que “a
unidade da Social-Democracia é uma necessidade urgente” [115].
Também na
luta travada no seio do “Pravda (A Verdade)” contra os
restos da fração dos bolcheviques conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”,
Lenin conferiu a Sverdlov a tarefa de reorientação do
órgão jornalístico em tela, após promover habilmente o afastamento de Stalin,
em 26 de dezembro de 1912, no quadro da assim clandestinamente
denominada “Conferência de Fevereiro”, ocorrida em Cracóvia.
A seguir, em
22 de janeiro de 1913, no quadro de uma reunião ocorrida no apartamento do
Deputado Bolchevique Petrovsky, os bolcheviques
seguidores de Lenin elegeram Sverdlov como novo responsável pela
edição do “Pravda (A Verdade)”.
Em carta
enviada a Sverdlov, dirigida, porém, para o endereço de Podvoisky,
Lenin instruiu Sverdlov da seguinte forma :
“Estabeleça o seu próprio Comitê Editorial do
Dien’ (EvM: i.e. do “Pravda (A Verdade)”) e bote o antigo para fora ...
Essas pessoas são atualmente membros da junta
editorial?
Elas não são pessoas : são trapinhos de limpeza
miseráveis que estão traindo a causa.
Você tem de pegar o trabalho com as suas
próprias mãos.
Meta-se nele, juntamente com o Nr. 1 (EvM: i.e.
Badaiev).
Instale um telefone.
Recrute assistentes.
Você tem de fazer isso sozinho.”[116]
Sverdlov empregou,
então, toda sua extraordinária energia revolucionária para transformar
radicalmente o perfil editorial do “Pravda (A Verdade)”, eliminando
inteiramente sua precedente orientação conciliadora-virtuosa
“não-fracionalista”, corrigindo e editando a grande maioria dos artigos a serem
publicados, bem como redigindo ele mesmo quantidade considerável de matérias a
serem levadas ao público[117].
Além disso, Sverdlov
deu efetivo cumprimento às instruções de Lenin e - até o momento
de sua nova prisão, em 10 de fevereiro de 1913 - trabalhou para que o “Pravda
(A Verdade)” publicasse uma edição especial inteiramente consagrada ao
jubileu da morte de Karl Marx.
Sacando um
curto balanço acerca da reforma realizada por Sverdlov, “Pravda
(A Verdade)”, e sobre a nova dinâmica política na luta contra o
menchevismo liquidacionista, Lenin escreveu, então, aos bolcheviques de Petersburgo, em 2 de fevereiro de
1913:
“Caros amigos!
Em primeiro lugar, milhares de saudações por
haverem emergido para fora da merda
(EvM: no original russo : vylezaniia iz kalosh) com sucesso.
Bebamos àqueles que emergiram para fora!
Sem brincadeira : tudo feito com magnificência.
Continuem assim da mesma maneira.”[118]
Em 4 de
fevereiro, Lenin destacou :
“Agora, ficou claro que depois de A<ndrei>
(EvM: i.e. Sverdlov) haver assumido o comando, todas as operações estão bem
encaminhadas e vão bem ...
Hoje, fomos informados sobre o início da reforma
do Dien’ (EvM: i.e. do “Pravda (A Verdade)”).
Milhares de saudações, cumprimentos e desejos de
sucesso.
Vocês não podem imaginar como estávamos enjoados
de trabalhar com um comitê editorial hostil e surdo.
Cumprimento-lhes de todo o coração.”[119]
Em 8 de
fevereiro, Lenin frisou :
“Em primeiro lugar, permitam-me saudar-lhes
pelos colossais desenvolvimentos no jornal, os quais se tornaram evidentes, no
curso dos últimos poucos dias.
Com saudações e os melhores desejos de sucesso
subseqüente nessa questão.”[120]
Nada obstante, a seguir, em 10 de fevereiro,
opera-se a prisão de Sverdlov e
de sua família, na habitação do Deputado
Bolchevique Petrovsky, com base em delação formulada pelo agente de
polícia espião, Deputado Bolchevique,
Malinovsky. Sverdlov
é, então, encarcerado no Presídio das
Cruzes, em Petersburgo,
a espera de seu novo exílio, em Turukhansk,
na Sibéria.
De toda
sorte, como produto da integral ruptura promovida em toda
frente pelo POSDR (Bolchevique), veio a incrementar-se exponencialmente o
peso revolucionário do bolchevismo leninista entre as fileiras das massas
trabalhadoras.
Se já
durante as eleições para a IV Duma do Estado, na qual
expenderam votos todos os eleitores - e
não unicamente eleitores sociais-democratas – 67% dos representantes
trabalhadores haviam votado nos bolcheviques, se, no curso dos choques da
fração parlamentar, em Petersburgo, 5.000 votos foram
conferidos aos bolcheviques e 521, aos mencheviques liquidadores, fato é que,
já em 1913, dos 13 sindicatos de Moscou, nenhum deles pertencia mais
às forças mencheviques liquidadoras e, dos vinte sindicatos de Petersburgo,
apenas 4 – os menos proletários e menos importantes – aderiam ainda ao
liquidacionismo menchevique[121].
Além disso,
segundo informes prestrados por Sverdlov, se, em abril e maio de
1912, nas primeiras semanas de lançamento do jornal bolchevique “Pravda
(A Verdade)” eram publicados 80.000 exemplares, a circulação desse
períodico baixou para 13.000 exemplares no verão e atingiu 23.000 exemplares em
dezembro do mesmo ano, ao passo que a tiragem do jornal
menchevique-liquidacionista “Lutch (O Raio)” permaneceu
estacionada em cerca de 7.000 exemplares[122].
Apenas em
meados de 1913, no quadro da reforma editorial do “Pravda (A Verdade)”, empreendida
por Sverdlov,
veio esse jornal bolchevique atingir a cifra de recuperação de 40.000
exemplares, ao passo que “Lutch (O Raio)” surgia, a essa
época, no montante de 10.000 exemplares.
De todo
modo, a atitude essencialmente dialético-revolucionária de Lenin no tratamento dos
fenômenos fracionais veio a assumir tanto maior validade nas lutas travadas
posteriormente, já no interior do POSDR (Bolchevique), a partir
de 1912, como no quadro de funcionamento do Partido Comunista Russo (Bolchevique),
posteriormente a 1918.
A atitude
essencialmente dialético-revolucionária de Lenin no tratamento dos fenômenos
fracionais veio a assumir tanto maior validade nas lutas travadas
posteriormente, já no interior do POSDR (Bolchevique), a partir
de 1912, como no quadro de funcionamento do Partido Comunista Russo
(Bolchevique), posteriormente a 1918.
Enquanto
balanço retrospectivo do período histórico da vida política do POSDR
(Bolchevique), compreendido entre 1908 e 1914, Lenin assinalou,
expressamente, o seguinte :
“Se olharmos
em retrospectiva para o período histórico, completamente concluído, cujo
contexto com os próximos períodos já se encontra às claras, torna-se evidente
que os bolcheviques não seriam capazes de manter unido, nos anos de 1908 a
1914, o sólido núcleo do partido revolucionário do proletariado (sem falar,
então, em fortalecê-lo, desenvolvê-lo, consolidá-lo), caso não tivessem
imposto, no quadro da luta mais impiedosa, a concepção de que era
imprescindível combinar, necessariamente, as formas legais com as formas
ilegais de luta e participar, incondicionalmente, no parlamento
arqui-reacionário, bem como nas fileiras de outras instituições amarradas com
leis reacionárias (caixas de seguro etc.)”[123]
CAPÍTULO 18.
FORMAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO
BLOCO DE AGOSTO A PARTIR DE 1912 :
TENTATIVA DE AGRUPAMENTO DE UNIONISTAS E MENCHEVIQUES CONCILIADORES
VIRTUOSOS
“NÃO-FRACIONALISTAS”
COMO O MENCHEVISMO LIQUIDACIONISTA
O surgimento
em 1912 do Bloco de Agosto, advindo da “Conferência de Unificação”,
realizada, em Viena, por militantes da
fração pública “não-fracionalista” de Trotsky, por adeptos do menchevismo
liquidacionista – Potressov e
Tcherevanin – e do liquidacionismo de signo invertido
– Lunatcharsky e Shantser -, bundistas e sociais-democratas
letões, foi cristalizado já no domínio inteiramente externo ao POSDR
(Bolchevique), sem a participação de blocheviques e mencheviques fiéis ao
Partido.
Ainda que
intentasse construir-se como resposta à VI Conferência de Praga de 1912 do POSDR
(Bolchevique), o Bloco de Agosto acabou consagrando
uma posição manifestamente oportunista, sendo que o comitê de organização do
órgão central desse bloco, reunido em torno do jornal ”Lutch(O Raio)”, rapidamente revelou-se como instrumento à
disposição dos interesses liquidacionistas.
Na medida em
que, em agosto de 1913, rompeu-se o Bloco Unitário dos Fiéis ao Partido, sob
o impacto das novas acusações de Plekhanov dirigidas contra Lenin
no
sentido desse último pretender apenas fomentar, a todo custo, um “fracionalismo
rupturista” no interior do POSDR, Plekhanov dedicou-se à
formação de uma nova fração pública do POSDR, defensora do conciliacionismo
virtuoso e organizada em torno do órgão jornalístico central Edinstvo
(Unidade).
Logo a
seguir, essa fração da unidade de Plekhanov haver-se-ia de fundir com
o Bloco
de Agosto, onde se somou aos membros do Bund e integrantes da fração
pública dos mencheviques liquidacionistas, dirigidos por Potressov
e Martov, a fim de dedicarem-se à promoção de uma campanha
implacável de difamação contra Lenin e os bolcheviques, bem como
de serrada oposição contra a criação rupturista do POSDR(Bolchevique).
Por não
lograr obter profunda sustentação em meio às massas de trabalhadores da Rússia
Czarista e devido às suas posições chauvinistas em face da I
Guerra Mundial Imperialista, o Bloco de Agosto viria a
decair substancialmente em suas atividades, sendo, porém, apenas dissolvido,
oficial e definitivamente, em 1917, após a Revolução de Fevereiro.
CAPÍTULO 19.
EMERGÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DOS
UNIONISTAS INTER-DISTRITAIS
SOCIAIS-DEMOCRATAS
(COMITÊ INTER-DISTRITAL)
DE TROTSKY - IURENEV - LUNATCHARSKY
EM 1913
Apenas no
contexto posterior a janeiro de 1912, i.e. no quadro do surgimento do assim
denominado POSDR (Bolchevique), constituído na VI
Conferência de Praga, verificou-se uma integral ruptura
partidária seja contra o social-reformismo, o inorganicismo
político-partidário e o oportunismo da subalternidade do proletariado na
revolução em face do campesinato e da burguesia, tal como defendido pelos mencheviques-liquidacionistas,
seja contra o liquidacionismo de signo invertido dos abstencionistas
(otzovistas), dos ultimatistas (ultimatisti), dos construtores
de deuses(bogostroitielis), dos avanteístas(vperiodistas), seja
ainda contra o unionismo “não-fracionalista” de Trotsky.
Nada obstante, Trotsky e seus
colaboradores abandonaram, já em 1912, o Bloco de Agosto, por este haver-se convertido
em um instrumento do menchevismo liquidacionista.
Deslocaram-se rumo à fundação, em novembro de
1913, da Organização Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos de
Petersburgo (Comissão Inter-Distrital) que haveria de conformar-se, a
seguir, em centro aglutinador fundamental no interior do POSDR de reagrupamento
geral em toda a Rússia dos militantes advindos seja da antiga fração
pública unionista “não-fracionalista” de Trotsky – composta
por Antonov-Ovseienko, Ioffe, Riazanov e outros -, seja da fração
pública avanteísta (vperiodista) de Lunatcharsky, Pokrovsky e
Manuilsky, seja ainda do restante da fração interna dos
bolcheviques conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, encabeçados
agora por Iurenev e Sokolnikov, que não se haviam realinhado no POSDR(Bolchevique),
por ocasião da VI Conferência de Praga de 1912[124].
De toda
sorte, cumpre destacar que tanto o Bloco de Agosto como a Organização
Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos surgiram em um quadro de integral dissolução
do sistema de frações do POSDR, confrontaram-se,
efetivamente, com o movimento de integral ruptura promovido pelo POSDR
(Bolchevique), dirigido por Lenin e pelos principais
dirigentes bolcheviques.
Os clamores
inteiramente serôdios da Organização Inter-Distrital dos
Sociais-Democratas Unidos (Comissão Inter-Distrital), levantados em
prol da unidade do Partido, a ser assegurada mediante a
unificação de todas as diversas frações públicas e agrupamentos ideológicos de
caráter fracional, atuantes no interior do POSDR, já não contaram
mais, absolutamente, com a simpatia seja dos antigos bolcheviques da fração
oficial-ortodoxa de Lenin, seja da parte daqueles bolcheviques
que haviam composto anteriormente a fração conciliadora-virtuosa, sob a direção
de Rykov,
Dubrovinsky e Noguin.
Cabe destacar que, já no período
posterior à Revolução Democrático-Burguesa de 1917, a Organização
Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos (Comitê Inter-Distrital), por
defender caracterizações políticas mais alinhadas aos novos posicionamentos de Lenin,
contidos nas Teses de Abril de 1917, propiciou ao POSDR
(Bolchevique) o lançamento de um novo chamado em prol de um processo de
reunificação de todas forças proletário-internacionalistas, tal como aprovado
pela VII Conferência de Toda a Rússia (Conferência de Abril).
Com base na nova política bolchevique de
reunificação de todas as forças proletárias internacionalistas, verificou-se, a
partir de maio de 1917, a formação de duas tendências no interior da Organização
Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos (Comitê Inter-Distrital):
uma delas a de Trotsky - mais disposta a ingressar, sem mais
demora, no POSDR (Bolchevique) -, sendo a outra,
encabeçada por Iurenev – mais recalcitrante em relação à decisão
de ingresso.
Com base em acordo selado com Lenin,
coube a Trotsky permanecer, de maio a julho de 1917, no interior
da Organização Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos (Comitê
Inter-Distrital), com o objetivo de conquistar todos os seus militantes
para o ingresso no POSDR (Bolchevique). [125]
CAPÍTULO 20.
INTERVENÇÃO DO BUREAU CENTRAL
DA INTERNACIONAL SOCIALISTA
NA LUTA FRACIONAL DESPERADA
DOS SOCIAIS-DEMOCRATAS RUSSOS EM 1914:
NOVO CLAMOR BALDADO EM PROL DA UNIDADE
DOS BOLCHEVIQUES COM O LIQUIDACIONISMO
DE TODOS OS SIGNOS
Em maio de 1914, os mencheviques liquidacionistas solicitaram à direção da II
Internacional Socialista que interviesse, visando a coartar a tática de
ruptura
integral dos bolcheviques, já bastante avançada, depois da realização
da VI
Conferência de Praga de 1912, a qual abriu a perspectiva de fundação do
novo jornal ”Pravda(A Verdade)”, enquanto instrumento de propaganda
ideológico-socialista e de organização partidário-revolucionária insurrecional[126].
O dirigente belga, Emil Vandervelde, enquanto
representante da Internacional, foi destacado para o cumprimento da tarefa de
averiguar, em Petersburgo, em maio de 1914, a possibilidade de reunificação
dos agrupamentos em luta do POSDR.
A despeito dos sinais clarividentes da vindoura eclosão da I
Guerra Mundial, o Bureau Central da II Internacional
Socialista interviu, então, no processo de ruptura crescente do
movimento revolucionário russo e conseguiu realizar, em Bruxelas, nos dias 16 e
17 de julho de 1914, um encontro preparatório de uma conferência, dedicada a
promover a reunificação do POSDR, integrada por todos os
grupos, tendências, frações e blocos internos e públicos.
Uma Comissão Especial composta pelos principais agrupamentos do POSDR
haveria de acolher no encontro de Bruxelas o relatório político de Vandelverde
acerca do processo de reunificação.
Nada obstante, a própria composição dos agrupamentos dessa
Comissão Especial que falavam autonomamente demonstra a avançada
situação de decomposição e reorganização na qual se encontrava a Social-Democracia
Russa.
Nela, estavam representadas os seguintes agrupamentos :
1. os
mencheviques veladamente liquidacionistas, encabeçados por Martov ;
2.
Bloco de Agosto, composto pelos mencheviques em conjunto com Protessov, Axelrod e a Bund
Judaica, uma formação do ano de 1912, contraposta ao bolchevismo e
celebrizada por suas posições liquidacionistas ;
3. grupo
dirigido por Plekhanov ;
4. grupo
dirigido por Trotsky ;
5. grupo
liderado por Lunatcharsky ;
6. uma fração
dos sociais-democratas poloneses, comandada por Luxemburg ;
7. uma fração
dos sociais-democratas poloneses, atuantes sobretudo na cidade de Varsóvia,
comandados por Unschlicht e Hanecki, influenciados
teoricamente por Radek e objetivamente situados do lado dos bolcheviques ;
8. os
sociais-democratas letões, comandados por Stutchka, alinhados rigorosamente
com as posiçoes de Lenin ;
9. os
bolcheviques, dirigidos por Lenin e Zinoviev.
Os bolcheviques designaram Inès Armand, como sua representante
nos trabalhos da Comissão Especial em tela.
O próprio fato de que nem Lenin nem Zinoviev viajaram da Suíça
à Bruxelas para participar, diretamente, das discussões e tarefas
abordadas pela comissão, ilustra quais as impressões de ambos relativamente ao
possível conteúdo e decisões que poderiam vir a ser adotadas na conferência,
planejada para realizar-se em agosto de 1914.
Na ocasião
do encontro, os bolcheviques, representados por Inés Armand, declararam
que a reconstrução da unidade partidária seria apenas possível entre alas revolucionária
e reformista do POSDR, jamais porém com a participação de uma ala
liquidacionista e violadora do princípio do centralismo democrático-partidário.
Defendendo
sem maiores ponderações a união de todos os sociais-democratas e considerando
inaceitável a ruptura do POSDR(Bolchevique) por entender
estarem em jogo apenas diferenças de linhas meramente tático-revolucionárias, o
Bureau
Central da II Internacional, inspirado pelas posições de Vandelverde,
Plekhanov, Kautsky e Luxemburg, propôs cinco condições a serem
observadas, visando ao restabelecimento da unidade : 1) reconhecimento por
todos do Programa do Partido; 2) aceitação pela minoria de decisões da maioria;
3) defesa da organização clandestina; 4) proibição de todos os acordos com os
partidos burgueses; 5) participação de todos em um congresso geral de
unificação.
Apenas os
bolcheviques e os sociais-democratas letões negaram-se a admitir esse texto,
cuja raiz pretendia fazer reavivar ainda por mais uma vez as forças
conciliadoras-virtuosas “não-fracionalistas” no interior de todos os
agrupamentos do POSDR e abstiveram-se na votação que estabelecia deverem todos
os grupos do POSDR unificarem-se sobre a base comum de um programa a ser
objeto de uma resolução do Bureau
Central da II Internacional Socialista, sendo que para sua execução
haveria de ser convocado uma conferência geral de todo Partido.
Acerca desse episódio, Yuly Martov relata-nos o seguinte :
“Axelrod e Luxemburg foram
encarregados de elaborar um Manifesto acerca da necessidade da unificação,
dirigido contra a política rupturista dos bolcheviques.
A fração de Lenin
encontrava-se, dessa forma, inteiramente isolada ...
Porém, a Guerra Mundial, que
eclodiu depois de algumas semanas, colocou um fim na obra de unificação
iniciada.”[127]
A aplicação dessa resolução de unificação significaria, muito
provavelmente, a separação dos bolcheviques da II Internacional Socialista,
pois não existem, com efeito, quaisquer indícios no sentido de que Lenin
se submeteria à disciplina de uma maioria liquidacionista.
Axelrod e Luxemburg estavam, naturalmente, convictos disso, no
momento em que aceitaram a incumbência de redigir o manifesto em referência.
Com a
irrupção da I Grande Guerra Mundial e a falência da II Internacional Socialista,
o POSDR
(Bolchevique) persistirá, solidamente, em suas atividades,
reduzindo-se, porém, sua militância, em 1916, até um nível mínimo de 5.000
militantes.
CAPÍTULO 21.
NOVA CISÃO NO INTERIOR DO
MENCHEVISMO LIQUIDACIONISTA
NO QUADRO DA I GRANDE GUERRA IMPERIALISTA :
MENCHEVISMO INTERNACIONALISTA
E MENCHEVISMO CHAUVINISTA
Por ocasião
da eclosão da I Grande Guerra Imperialista, verificou-se, no domínio
menchevique, uma nova cisão que daria origem à fração
menchevique-internacionalista, encabeçada por Martov – e, em nível internacional,
por Luxemburg
- e à fração menchevique-chauvinista, inspirada sobretudo por Plekhanov,
Potressov, Zassulitch, a maioria dos mencheviques da emigração e seu Secretariado
Estrangeiro, todos reunidos em torno do órgão jornalístico central Edinstvo
(Unidade).
A fração
pública menchevique-chauvinista de Plekhanov defendia a concessão dos
créditos de guerra ao Czarismo para sua intervenção na I
Grande Guerra Imperialista e propugnava o defensismo burguês-patriótico
anglo-francês-russo, como forma de derrotar o militarismo alemão considerado
como reacionário e, assim, supostamente galgar os degraus definitivamente rumo
ao socialismo em todo mundo.
Por outro
lado, a fração dos mencheviques internacionalistas de Martov
denunciaram ativamente, desde o verão de 1914, o caráter imperialista
da I
Grande Guerra, e recusaram-se a votar os créditos de guerra.
Não
obstante, na medida em que defendiam o fim da guerra mediante a celebração de
uma paz democrática, sem anexações imperialistas, opuseram-se à concepção
bélico-derrotista de Lenin, defensora da conversão da guerra imperialista em guerra
revolucionária pelo socialismo, coroada com a criação de uma nova Internacional
Revolucionária.
CAPÍTULO 22.
APROXIMAÇÃO E AFASTAMENTO EM 1914 E 1915
DO MENCHEVISMO LIQUIDACIONISTA-INTERNACIONALISTA
COM O UNIONISMO “NÃO-FRACIONALISTA”
DE TROTSKY NA EMIGRAÇÃO
EM TORNO DE “NOSSA PALAVRA”
O
agrupamento de Trotsky, Antonov-Oveseienko, Ioffe, atuando na emigração e reunindo-se,
a partir de 1914, em torno do órgão central “Nashe Slovo(Nossa Palavra)”, editado
em Paris
- por opor-se igualmente ao chauvinismo burguês-anacrônico de Plekhanov
e posicionar-se em prol de uma paz democrática e do socialismo nos “Estados
Unidos Republicanos da Europa” - propiciou uma nova aproximação com os
mencheviques internacionalistas de Martov, militantes que vinham de uma
ruptura com o menchevismo, como Kollontai e Tchtcherin, e
internacionalistas estrangeiros, como Rakovsky e Radek, ao mesmo tempo em
que consolidou, em nível internacional, a colaboração mantida, na Rússia,
no quadro da Organização Inter-Distrital dos Sociais-Democratas
Unidos (Comissão Inter-Distrital), com antigos bolcheviques avanteístas
(vperiodistas) de Lunatcharsky, Pokrovsky e Manuilsky e
ex-bolcheviques conciliadores-virtuosos “não-fracionalistas”, encabeçados
por Iurenev e Sokolnikov que não aderiram ao POSDR(Bolchevique).
Porém, logo Martov
divergiu da posição comum defendida por Trotsky e Lenin relativa à
necessidade de luta pela fundação de uma nova Internacional Revolucionária, a
III
Internacional Comunista, cujas perspectivas para ele equivalia àquelas
de uma seita insignificante.
No quadro do
órgão central “Nashe Slovo(Nossa Palavra)”, a ruptura registrada entre Martov
e Trotsky teve lugar, então, quando esse último, em julho de
1915, declarou que os bolcheviques de Lenin constituiriam o núcleo
fundamental do internacionalismo russo.
CAPÍTULO 23.
APROXIMAÇÃO DO POSDR (BOLCHEVIQUE)
COM O UNIONISMO “NÃO-FRACIONALISTA”
DE TROTSKY NA EMIGRAÇÃO
NO QUADRO DA CONFERÊNCIA DE ZIMMERWALD DE 1915
Quando
entre os dias 5 e 8 de setembro de 1915, reuniu-se a I Conferência Socialista
Internacional, em Zimmerwald, na Suíça, bolcheviques,
encabeçados por Lenin, pacifistas-democratistas internacionalistas, dirigidos
por Kautsky
e adeptos do “Nashe Slovo(Nossa Palavra)”, representados
por 38 delegados, representando 12 países em guerra, reencontraram-se e, após
candentes discussões, decidiram-se pela votação unânime do manifesto intitulado
“Ao
Proletariado Europeu”, redigido pela maioria pacifista-democratista
reunida em torno de Trotsky, essencialmente defensora de uma paz democrática e sem
anexações, a despeito das posições derrotistas de Lenin.
CAPÍTULO 24.
FRAÇÃO PÚBLICA BOLCHEVIQUE-INTERNACIONAL
DERROTISTA-REVOLUCIONÁRIA
ENQUANTO ESQUERDA DE ZIMMERWALD A PARTIR DE 1915
Reservando a
posição de defesa de uma paz democrática e sem anexações para os porta-vozes da
Direita
de Zimmerwald, a luta dos bolcheviques em prol do derrotismo,
propugnador da conversão da guerra imperialista em guerra civil revolucionária
pelo socialismo, seguiu, a partir de então, no quadro de uma nova fração
internacional, denominada Esquerda de Zimmerwald, opositora da
defesa de uma paz democrática, sem anexações, e dos “Estados Unidos Republicanos da
Europa”.
Com apoio
de outros internacionalistas de esquerda, Lenin foi capaz de estruturar a Esquerda
de Zimmerwald, em cujo quadro apenas o POSDR (Bolchevique)
assumiu, em verdade, uma posição revolucionária internacionalista conseqüente.
Em seus
escritos revolucionários, Lenin defendeu, então, que, já no
início do século XX, o capitalismo mundial atingira o estágio do imperialismo,
um estágio em que os conglomerados capitalistas – cartéis, trustes, consórcios
internacionais – haviam assumido decisiva importância, ao substituírem o
capitalismo competitivo pelo capitalismo monopolista, sendo que o capital
bancário enormemente concentrado fundira-se com o capital industrial, gerando o
capital financeiro, a exportação de capital para países estrangeiros assumira
vastas dimensões e todo o mundo havia sido dividido, territorialmente, entre os
países mais ricos, iniciando-se a partilha econômica do mundo entre as grandes
firmas internacionais[128].
Na medida em
que o imperialismo não modificara, entretanto, os caracteres essenciais do
capitalismo, considerado enquanto sistema sócio-econômico, surgia propriamente
como o estágio mais elevado e moribundo do capitalismo, no sentido de estágio
de transição mais avançado rumo ao socialismo[129].
Assim, os
novos tremendos obstáculos situados no caminho da luta econômica e política do
proletariado, a ruína, os horrores e a brutalização da I Grande Guerra Mundial haviam
transformado o estágio imperialista de desenvolvimento do capitalismo na era da
revolução proletária socialista, em que a vitória final do proletariado
tornara-se inevitável.
Fundando-se
nos estudos militares de Marx e Engels[130] e
nos artigos sobre história e filosofia da guerra de Franz Mehring[131],
Lenin comparou e diferenciou precisamente as diversas modalidades de
conflagrações militares travadas entre nações e classes, contemplou as
condições econômico-históricas, jurídico-diplomáticas e
político-governamentais, os objetivos e o caráter de classe das guerras,
constatou serem elas inseparáveis do sistema político que as engendraram,
recuperando, com grande talento, para o marxismo revolucionário os ensinamentos
dialético-hegelianos de Carl von Clausewitz, um dos mais
expressivos teóricos militares do velho Império Prussiano[132].
Assim,
demonstrou nitidamente que, nas sociedades cindidas em classes
irreconciliavelmente antagônicas, sendo toda e qualquer conflagração bélica
fenômeno inafastável e continuação da política através de outros meios, i.e.
com meios violentos, as guerras travadas entre as nações capitalistas
industrializadas já a partir do início do século XX davam continuidade à
política de suas burguesias reacionárias, decrépitas, rapazes, predatórias,
dedicadas à pilhagem das colônias, opressão da nações e aniquilação dos
movimentos operários, bem como redivisão de sua supremacia econômica e militar,
política essa praticada já ao longo de diversas décadas anteriores à eclosão do
conflito armado.
As novas
guerras pela dominação do mundo e de mercados para o capital financeiro, pela
subjugação de nações menores tornado-se inevitáveis, haviam adquirido a
natureza de guerras imperialistas, i.e. guerras de continuação da política
de anexações, conquista e roubo, dinamizadas por diferentes grupos de
potências, gigantes supremos, bandos de ladrões capitalistas nelas envolvidos,
em cujo contexto resultaria absurdo culpar ou defender o imperialismo de um ou
de outro bloco.
Apoiando-se
no Manifesto
da Basiléia de 24 de Novembro de 1912 e estigmatizando os
sociais-patrióticos da II Internacional, Lenin
desvendou corretamente os objetivos perseguidos pelos dois principais
grupos inimigos de governos burgueses imperialistas reacionários na I
Grande Guerra Mundial, secundados por seus aliados menores – o
grupo de potências anglo-francês-russo e o austro-húngaro-alemão -, defendeu o
derrotismo para todos esses governos - inclusive o desbarato do governo
patriótico-beligerante de seu próprio país -, bem como a transformação da
guerra imperialista em guerra revolucionária em prol da erradicação da
dominação capitalista, como a única forma efetiva de por termo à guerra então
em andamento[133].
Além disso, Lenin
defendeu a criação de uma nova Internacional Revolucionária,
enquanto a melhor forma de aproveitamento da crise econômica e política gerada
pelos recontros militares e intensificação da luta em prol da revolução
socialista em todo o mundo e, em particular, na Rússia, elo mais débil da
cadeia mundial do imperialismo capitalista[134].
Destacando a
sempre mais acentuada desigualdade de desenvolvimento econômico e político dos
países capitalistas na época imperialista, Lenin confirmou a possibilidade de
vitória insurrecional da Revolução Socialista, de início em
alguns países capitalistas - ou, até mesmo, em um único deles, considerado
isoladamente – os quais, dando os primeiros passos na trilha do longo processo
de construção do socialismo, levantar-se-iam, em armas, contra o mundo
capitalista restante[135].
Assim,
posicionou-se, programaticamente, em favor das consignas de “milícia” e
“armamento do povo”, fundadas no fomento da instrução militar do
proletariado pela organização marxista-revolucionária, visando à necessária
deflagração da insurreição, repudiando, inversamente, as reivindicações de “desarmamento”,
“social-pacifismo” e “repúdio de todas as formas de
guerra”.
Divergindo
de Rosa
Luxemburg, a grande águia revolucionária do marxismo revolucionário, Lenin
defendeu também a possibilidade e os objetivos das guerras de
libertação das nações subjugadas contra a anexação imperialista, praticadas em
defesa de seu direito de secessão e auto-determinação, em plena época do
imperialismo.
Seguindo Marx
e Engels, Lenin destacou que os marxistas revolucionários
não são oponentes desqualificados de todas as guerras, senão muito pelo
contrário: atuam como fervorosos adeptos e combativos participantes seja das Guerras
de Libertação Nacional, seja das Guerras Civis e
Revolucionárias, podendo conduzir essas últimas diretamente ao defensismo
da pátria socialista.
Nada
obstante, a I Conferência de Zimmerwald, dominada largamente pelo
pacifismo-democratista internacional e pelo oportunismo social-democrático
russo, adotou um manifesto que caracterizava a I Grande Guerra em
andamento como uma guerra imperialista, condenando a posição dos "socialistas
e sociais-democratas" que haviam votado em favor dos créditos de
guerra e ingressado nos governos burgueses. Apesar de todas as suas limitações,
conclamou, ainda, os trabalhadores da Europa à luta contra a guerra
imperialista. Essa conferência acolheu, além disso, uma declaração de simpatia
em relação às vítimas da guerra e elegeu uma Comissão Socialista Internacional
(CSI).
A
despeito dessas resoluções combativas, a I Conferência Socialista Internacional de
Zimmerwald negou-se a acolher a orientação de Lenin consistente na
transformação da guerra imperialista em guerra civil revolucionária e em luta
pela derrota dos próprios governos imperialistas na guerra mundial.
A II
Conferência Socialista Internacional reuniu-se, então, entre os dias 24
e 30 de abril de 1916, em Kienthal. Nessa conferência, a Esquerda
de Zimmerwald demonstrou-se mais decidida e fortalecida do que o fora
na I
Conferência de Zimmerwald.
Lenin logrou,
dessa forma, aprovar o manifesto intitulado “Aos Povos que Sofrem a Ruína e a
Morte” e fazer adotar uma resolução que desferia uma crítica ao
pacifismo-democratista internacional e à atividade oportunista
social-democrática da Comissão Socialista Internacional(CSI).
O manifesto
e as resoluções, adotados em Kienthal, representaram um progresso
no desenvolvimento do movimento internacional contra a guerra imperialista, se
tomados em consideração com os resultados da I Conferência de Zimmerwald.
Dentro
desses limites, as Conferências de Zimmerwald e de Kienthal contribuíram para a
formação e a unificação dos elementos internacionalistas.
Não
lograram, entretanto, postular um ponto de vista conseqüentemente
internacionalista, adotando as principais diretrizes da política bolchevique,
consistente na transformação da guerra imperialista em guerra civil
revolucionária, derrota dos próprios governos imperialistas na guerra mundial,
bem como decidido emprego de esforços visando à construção de uma nova Internacional
Revolucionária, centralizada orgânica e democraticamente.
CAPÍTULO 25.
CHOQUE FRACIONAL PÚBLICO
EM MEIO À I GUERRA MUNDIAL
NO INTERIOR DO POSDR(BOLCHEVIQUE) DO EXÍLIO :
A FRAÇÃO PACIFISTA-DEMOCRÁTICA
DE KAMENEV E DOS DEPUTADOS BOLCHEVIQUES
EM FACE DA FRAÇÃO DERROTISTA-REVOLUCIONÁRIA
DE SVERDLOV, GOLOSCHEKIN E SPANDARIAN
Entrementes,
desenvolviam-se importantes choques fracionalistas no interior das fileiras do POSDR
(Bolchevique), situadas no exílio siberiano e, em particular, na região
de Turukhansk,
onde se encontravam assentados diversos membros do Comitê Central Bolchevique.
O
primeiro deles esteve relacionado com o fato de os Deputados Bolcheviques junto
à IV
Duma do Estado - com a honrosa exceção de Muranov, porém mormente
inspirados por Kamenev -, terem-se declarado, primeiramente,
em 26 de julho de 1914, em prol da defesa chauvinista dos “bens culturais do povo contra
toda a usurpação, viesse de onde fosse, tanto do interior como do exterior”,[136] e,
a seguir, particularmente em sua declaração de 8 de agosto de 1914, promulgada
nos primeiros dias da eclosão da I Grande Guerra, contra toda e
qualquer forma de apoio às pretensões patriótico-chauvinistas da burguesia e do
czarismo russos na guerra imperialista, porém, de nenhuma forma, defendido a
política derrotista de conversão da guerra imperialista em curso em Guerra
Civil Revolucionária, tal como propugnada por Lenin, senão os anseios
de celebração de uma Paz Democrática, sem Anexações.
Além
disso, os membros da bancada parlamentar bolchevique – agora dirigida
diretamente por Kamenev, em Petersburgo – todos presos em 5 de
novembro de 1914, por força de sua oposição à Rússia Czarista na guerra
imperialista – haviam-se demonstrado inteiramente incapazes de transformar o
julgamento público de 10 de fevereiro de 1915, realizada no quadro do processo
judiciário de Alta Traição à Pátria, contra eles movido, em fórum público de
denúncia do morticínio, promovido pelo patriotismo burguês-czarista russo
belicista, e propagando do derrotismo revolucionário.
Condenados
e exilados na Sibéria, a fração pública pacifista-democrática de
Kamenev,
Petrovsky, Muranov, Samoilov, Badaiev, Shagov – tendo em conta que o
agente duplo da Okhrana resignara a seu mandato parlamentar em maio de 1915,
refugiando-se no exterior, na cidade de Cracóvia – colidiu, frontalmente,
com a fração pública derrotista revolucionária, encabeçada, então,
por Sverdlov,
Goloschekin e Spandarian.
Após uma
conturbada assembléia, realizada entre os exilados bolcheviques da região de Turukhansk,
na Sibéria,
a fração bolchevique derrotista revolucionária incumbiu a Sverdlov
e Spandarian procederem à redação de uma Resolução de Censura,
destacando a necessidade de defesa de um conseqüente internacionalismo
socialista, mediante a rejeição de qualquer apoio à intervenção
burguês-czarista russa na guerra imperialista e denúncia de todo mito acerca de
uma “Rússia
Unida” – tal como demonstrado, claramente, no ajuizamento do processo
judiciário de Alta Traição à Pátria contra a bancada parlamentar bolchevique
junto à IV Duma do Estado -, condenando, porém, a postura
anti-derrotista dos Deputados Bolcheviques e de Kamenev durante o curso
do processo, suas vacilações pacifistas-democráticas, sua incapacidade de utilizarem
o julgamento público do processo judiciário de Alta Traição à Pátria, contra
eles movido, em fórum público de denúncia do caráter da guerra imperialista e
propaganda do derrotismo revolucionário, tal como preconizado por Lenin.
Cópias da
Resolução
de Censura em tela foram, a seguir, enviadas por Sverdlov e Spandarian seja
ao Bureau
Estrangeiro do POSDR (Bolchevique), seja a todo os comitês
bolcheviques, espalhados por toda a Rússia, seja ainda possivelmente a
alguns jornais siberianos[137].
CAPÍTULO 26.
CHOQUE FRACIONAL INTRA-BOLCHEVIQUE NO EXÍLIO
EM MEIO À I GUERRA MUNDIAL :
A FRAÇÃO CORROSIVA-INTRIGUISTA
DE STALIN E SPANDARIAN
EM FACE DA FRAÇÃO OTIMISTA-CONSTRUTIVA
DE SVERDLOV E GOLOSCHEKIN
Um
segundo episódio fracional, registrado no interior das fileiras do POSDR
(Bolchevique), localizadas no exílio siberiano e, em particular, na
região de Turukhansk, foi registrado, a partir de meados de 1914, no
domínio intra-fracional bolchevique, entre o agrupamento de Spandarian
e Stalin e o de Sverdlov
e Goloschekin, todos membros do Comitê Central do POSDR (Bolchevique).
Esse
fracionalismo interno do bolchevismo conduziu, praticamente, à divisão em dois
campos distintos de exilados bolcheviques, assentados na Região de Turukhansk.
Os
fundamentos justificadores do fracionalismo em tela encontra-se antes de tudo
relacionado com o método moral de atuação político-revolucionária, defendido
por essas duas frações, em face da militância marxista-revolucionária: a de Stalin
e Spandarian muito mais antipática, corrosiva, intriguista, rude,
pessimista e egoísta no trato de exilados políticos bolcheviques, dotados de
baixo nível de formação intelectual e baixa posição na estrutura partidária, a
de Sverdlov
e Goloschekin, muito mais camarada, atenciosa, útil, otimista,
compreensível e construtiva no trato com exilados bolcheviques, dotados de
baixo nível de formação intelectual e baixa posição na estrutura partidária[138].
Acerca do
tema, Trotsky assinala, porém, cautelosamente :
“As relações entre Spandarian e Sverdlov
chegaram a estar corrosivas. Os deportados agruparam-se em torno destas duas
figuras. Embora ambos agrupamentos lutassem unidos contra a administração, as
rivalidades « por esferas de influência », segundo a expressão de Shumiatsky,
nunca deixaram de existir. Não é fácil averiguar hoje sobre que princípios se
baseava aquela discórdia. Antagonista de Sverdlov, Stalin apoiava Spandarian
discretamente, a um braço de distância.”[139]
CAPÍTULO 27.
FRAÇÃO PÚBLICA UNIONISTA-INTERNACIONAL
“NÃO-FRACIONALISTA”
EM DEFESA DE UMA PAZ DEMOCRÁTICA SEM
ANEXÕES
E OS ESTADOS UNIDOS DA EUROPA
Também o
órgão jornalístico “Novyi Mir (Novo Mundo)”, editado por Trotsky, em Nova York, durante a I
Guerra Mundial Imperialista, por contar com a colaboração tanto de antigos
mencheviques, como Kollontai, e bolcheviques, como Bukharin, perseguia a
orientação clara de promover a reunificação de todas as forças
sociais-democráticas internacionalistas russas.
CAPÍTULO 28.
OPOSIÇÃO DE MARÇO E ABRIL DE 1917
DA FRAÇÃO PÚBLICA DE SVERDLOV E GOLOSCHEKIN
CONTRA A DIREÇÃO NACIONAL
PATRIÓTICO-DEFENSISTA NA GUERRA IMPERIALISTA
E FRENTE-POPULISTA DE ESQUERDA
DE STALIN E KAMENEV
NO INTERIOR DO POSDR (B)
A postura
essencialmente dialético-revolucionária de Lenin e dos principais
dirigentes bolcheviques de tratamento dos fenômenos fracionais veio a assumir
tanto maior validade nas lutas travadas posteriormente, já no interior do POSDR
(Bolchevique), a partir de 1912, como no quadro de funcionamento do Partido
Comunista Russo (Bolchevique), fundando em 1918.
Sob a
direção de Lenin e dos bolcheviques, jamais existiram frações
públicas “permanentes” ou virtualmente “permanentes”, seja
no interior do Partido Operário Social-Democrático Russo (Bolchevique),
entre os anos de 1912 a 1918, como nas fileiras do Partido Comunista
Russo (Bolchevique), de entre os anos de 1918 a 1923.
No caso de
se as admitir, registrar-se-ia a mácula do mais aberto abandono do princípio
marxista-organizativo maior de defesa da unidade do partido
da classe trabalhadora rumo à Revolução Socialista que repudia, por sua
própria essência, o fenômeno do fracionalismo permanente e público.
As frações
públicas que vieram a surgir no quadro organizativo do POSDR(Bolchevique)
e do PCR (Bolchevique) possuíram sempre breve duração e
vieram a ser dissolvidas ou extintas, em um período muito rápido de tempo.
Daí,
falar-se em frações públicas “permanentes” ou mesmo “virtualmente
permanentes” constitui - em consideração ao regime de funcionamento da
organização marxista-revolucionária, criada e dirigida por Lenin –
uma evidente impropriedade.
Admitindo-se-as,
registrar-se-ia a mácula do mais aberto abandono do princípio
marxista-organizativo maior de defesa da unidade do partido
da classe trabalhadora, fundado no centralismo democrático, rumo à Revolução
Socialista que colide, por sua própria natureza, com o fracionalismo
público-permanente.
Esse
apontamento é válido em particular para o que concerne aos principais eventos
da luta de classes revolucionária dos primeiros meses de 1917 quando, após o
registro da luta deflagrada pela fração pública de Sverdlov,
Goloschekin e dos pravdistas de Krasnoiarsk contra a direção
patriótico-defensista na guerra imperialista e frente-populista de esquerda de Stalin
e Kamenev, o POSDR (Bolchevique) projetou-se em um
processo de reunificação das forças revolucionárias, aprovado pela VII
Conferência de Toda a Rússia (Conferência de Abril) e pelo VI
Congresso de Reunificação, em cujo contexto já não se registrou a
formação de frações públicas de qualquer gênero, fossem de
caráter interno, fossem de caráter público.
Com efeito,
no que concerne às primeiras semanas posteriores à Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917, é possível visualizar-se, no
interior do POSDR (Bolchevique), uma situação altamente tensa e
conflitante, decorrente da emergência de uma nova fração pública,
encabeçada por Sverdlov e Goloshekin, atuando em franca e aberta
oposição à nova direção petersburguiana e nacional de Stalin e Kamenev.
O curso
manifestamente rupturista, impulsionado anteriormente pelo POSDR
(B), sob a direção de Lenin, em face do menchevismo e de
suas influências pequeno-burguesas e populistas no movimento
proletário-revolucionário, constratava, agora, nitidamente com o clima de
conciliacionismo promíscuo e pacifismo político, predominante em toda a Rússia,
no período imediatamente posterior à Revolução Democrático-Burguesa de Fevereiro
de 1917, momento em que, então, o bolchevismo encontrou-se novamente em
condição de minoria restrita, dessa vez no interior dos Sovietes de Deputados
Trabalhadores, Soldados e Camponeses, recém-surgidos, sendo que, então,
apenas propriamente em setembro de 1917, à época da Conferência Democrática,
voltaria a existir uma dinâmica de integral separação, em nível nacional – seja
nas grandes cidades, seja nas províncias -, das forças bolcheviques em face de
toda e qualquer variante de menchevismo, em particular de menchevismo
internacionalista[140].
Nesse novo
quadro, os adeptos de Sverdlov e Goloschekin surgiram
como os representantes de uma orientação integralmente defensora de uma
estratégia permanentista e de uma linha tática genuinamente
marxista-revolucionária, ao passo que a direção de Stalin e Kamenev
interveio como defensora do oportunismo frente-populista de esquerda e
patriótico-defensista na guerra imperialista.
Derrotando
rapidamente a orientação esquerdista e manifestamente débil, propugnada por Molotov,
Zalutsky e Schliapnikov,
consistente em afirmar o caráter contra-revolucionário do Governo Provisório Burguês-Latifundiário
Russo já nos primeiros dias após a conclusão vitoriosa da Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917[141], Stalin e
Kamenev, alcançando Petrogrado já nos primeiros dias de março de
1917, assumiram a direção do POSDR (B) e defenderam,
nesse período, aberta e despudoradamente, o apoio condicionado de todas as
forças operárias, militares e camponesas ao Governo Provisório de
colaboração de classes, a continuidade dos conflitos imperialistas de guerra,
no quadro de uma visão ingenuamente pacifista, bem como a secundarização do
papel dos Sovietes, no processo crescente da Revolução
Russa.
A linha
dirigente de Stalin e Kamenev surgiu de modo estabelecido e
prevalente já a partir da primeira quinzena de março de 1917. Em 12 de março, Stalin
foi eleito tanto para a presidência do Bureau do Comitê Central
como para a Redação do Órgão Central "Pravda".
Boris Shumiatsky indica detalhadamente que, em Krasnoiarsk, Sverdlov,
Goloshekin e ele mesmo, entre outros, surgiam defendendo, a partir
da segunda quinzena março de 1917, publicamente - nas principais reuniões dos Sovietes,
nas conferências de trabalhadores, soldados e camponeses, nos organismos
partidários as consignas estratégicas de nenhum apoio ao Governo
Provisório, todo o apoio aos Sovietes e ininterrupta
continuidade da luta pela Revolução Proletária, em aberto
contraste em face da linha propugnada por Stalin e Kamenev[142].
Muitos
outros textos confirmam o mesmo que Shumiatsky expõem mais
detalhadamente, tal como os de P. Vinogradskaya e L.
Meshinskaya[143].
Esse
contexto da luta de classes na Rússia possuiu sua vigência ao
longo de toda a segunda metade do mês de março e das primeiras semanas do mês
de abril, período esse agudamente revolucionário[144].
O processo de
conformação e consolidação de duas frações públicas antagônicas – a de Sverdlov
e a de Stalin -, encontrará, porém, seu
desate com a intervenção pessoal de Lenin, presente em território
russo, a partir de 4 de abril de 1917, o definitivo acolhimento formal das Teses
de Abril, no quadro da VII Conferência de Toda a Rússia
(Conferência de Abril), e a indicação de Sverdlov para
assumir, a partir dos primeiros dias de maio de 1917, a direção do Secretariado
do POSDR (Bolchevique), criado no mês precedente e colocado sob a
responsabilidade direta de Stassova.
Acerca do
tema, Trotsky assinalou, magistralmente:
“Porém, através de que milagre Lenin conseguiu
modificar, em poucas semanas, o curso do Partido, levando-o por outro sendeiro?
A resposta deve ser buscada simultaneamente em
duas direções: os atributos pessoais de Lenin e a situação objetiva.
Lenin era forte não apenas porque compreendía as
leis da luta de classes, senão ainda porque tinha o ouvido perfeitamente
sintonizado com a agitação das massas em movimento.
Para ele, não importava tanto a máquina do
Partido, mas sim a vanguarda do proletariado.
Estava absolutamente convencido de que milhares
daqueles trabalhadores que haviam superado o mais duro do trabalho ilegal
estaria agora do seu lado.
As massas eram, naquele então, mais
revolucionárias do que o Partido e o Partido mais revolucionário do que sua
máquina.
Já em março, a atitude real dos trabalhadores e
dos soldados havia-se manifestado em forma tumultuosa e divergia muito das
instruções ditadas por todos os partidos, incluindo o bolchevique.
A autoridade de Lenin não era absoluta, mas sim
enorme, posto que toda a experiência amealhada confirmada sua intervenção.
Pelo contrário, a autoridade da máquina do
Partido com o seu conservadorismo, encontrava-se, então, em formação.
Lenin exercia influência não tanto como
indivíduo, senão como encarnação da influência da classe sobre o Partido e do
Partido sobre sua máquina.
Em tais circunstâncias que tratava de resistir
logo perdia influência.
Os vacilantes se alinhavam com os da vanguarda e
os precavidos se uniam com a maioria, com perdas relativamente escassas.
Lenin conseguiu orientar o Partido e prepará-lo
para a nova revolução.(...)
O fator tempo desempenha um papel decisivo em
política, especialmente em uma revolução.
A luta de classes dificilmente há de esperar
indefinidamente que dirigentes políticos descubram o que devem fazer.
O líder genial é importante porque, abreviando o
prazo de aprendizagem mediante lições objetivas, permite ao Partido influir no
desenvolvimento dos acontecimentos no momento adequado.
Se Lenin não houvesse chegado no início de
abril, sem dúvida o Partido teria tateado o seu caminho, até coincidir, talvez,
com a orientação assinalada em suas Teses.
Porém, existia algum outro capaz de haver
preparado o Partido para o desate de Outubro?
Esta pergunta não pode ser respondida
categoricamente.”[145]
CAPÍTULO 29.
A VITÓRIA RELÂMPAGO DO BOLCHEVISMO DE LENIN
CONTRA A FRAÇÃO BOLCHEVIQUE
PATRIÓTICO-DEFENSISTA NA GUERRA IMPERIALISTA
E FRENTE-POPULISTA DE ESQUERDA
DE STALIN E KAMENEV
NO INTERIOR DO POSDR (BOLCHEVIQUE) :
DEFESA DE UMA AMPLA REVISÃO
DO ANTIGO PROGRAMA DO POSDR DE 1903,
E ESTRATÉGIA DE REUNIFICAÇÃO
COM FORÇAS SOCIAIS-DEMOCRÁTICAS
PROLETÁRIAS INTERNACIONALISTAS
Já nos
primeiros dias após a mais completa conclusão vitoriosa da espontânea Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917 que, em meio à I
Grande Guerra Mundial, trouxe novamente à luz os Sovietes, antes
liquidados na Revolução de 1905 – 1907, e derrubou o milenar absolutismo
czarista e sua nobreza latifundiária, levando ao poder um Governo
Provisório de Capitalistas e Latifundiários, declaradamente
pró-imperialista e patriótico-beligerante, encabeçado por Miliukov e Guchkov, Kerensky e
Lvov -, Lenin compreendeu, ainda em seu exílio na Suíça, a necessidade de
ser elaborada, imediatamente, em palavras simples e claras, uma nova tática
revolucionário-permanentista de continuada transição na revolução russa, a
ser desenvolvida nos meses a seguir, como forma de consolidar a aliança de
poder entre o proletariado hegemônico e o campesinato pobre: nenhuma confiança,
nenhum apoio ao novo governo provisório burguês-latifundiário; Kerensky
é especialmente suspeito; o armamento e a milícia do proletariado são
as únicas garantias; eleições imediatas para o Conselho Municipal de Petrogrado; nenhuma
aproximação com outros partidos[146].
Por não
representarem, então, as eleições para a Assembléia Constituinte nada mais do
que promessa vazia e distante, Lenin referiu-se muito mais às
eleições imediatas para o Conselho Municipal de Petrogrado,
destacando que serviriam para organizar e fortalecer as posições
revolucionárias do proletariado[147].
Em suas 5 Cartas
de Longe, redigidas todas elas ainda na Suíça, Lenin desenvolveu
essa sua nova tática revolucionária, posicionando-se, além disso, claramente,
contra o patriotismo burguês, exigindo a denúncia dos tratados de aliança com
os imperialistas, a transformação da guerra imperialista em guerra
revolucionária, bem como a formação de uma milícia e uma República
do Proletariado, apoiada pelos trabalhadores rurais, setores mais
pobres dos camponeses e moradores das cidades, como meio de assegurar Pão,
Paz e Liberdade[148].
Lenin posicionou-se,
então, em favor da luta por um Estado Proletário Revolucionário
mediante o impulsionamento de uma segunda revolução na Rússia: uma Revolução
Proletária, apoiada pela vasta maioria revolucionária dos camponeses
pobres, que, destruindo completamente a velha máquina de Estado, transferiria o
poder político dos capitalistas e latifundiários para um Governo dos Trabalhadores e
Camponeses Pobres, organizado segundo o modelo dos Sovietes e baseado na
organização da milícia proletária e de todo o povo oprimido em armas, a fim de
serem empreendidos os primeiros passos rumo ao socialismo que, na Rússia,
não poderia ser atingido de um só golpe, senão enquanto resultado de uma séria
de medidas de transição[149].
Para
Lenin, o êxito definitivo da construção do socialismo na Rússia
poderia, porém, apenas ser atingido se estimulado ativamente pela vitória da
revolução proletária socialista nos principais países capitalistas da Europa
Ocidental e dos EUA, emergindo das contradições
insolúveis decorrentes da guerra imperialista[150].
Em seu modo
profundamente internacionalista de apreciar a luta de classes, Lenin
entendeu que o proletariado russo não poderia, com suas próprias
forças, conduzir a Revolução Socialista a uma conclusão vitoriosa, porém poderia,
em certo sentido, iniciá-la, devendo tomar o poder e criar as melhores
condições para que seu principal e mais confiante aliado de classe - o
proletariado da Europa Ocidental e dos EUA – aderisse à batalha decisiva
pelo socialismo[151].
Tendo
justamente em conta os pré-requisitos econômicos de uma Revolução Socialista, sabia
perfeitamente que, na Rússia, seria incomensuravelmente
mais fácil para o proletariado iniciá-la e imensamente mais difícil
continuá-la, ao passo que, no ocidente industrializado, mais difícil seria
iniciá-la e mais fácil, continuá-la[152].
Não lutando
apenas em benefício próprio, senão em prol da construção do socialismo em
escala mundial, o proletariado hegemônico e triunfante na Rússia haveria de
perecer, a menos que fosse capaz de resistir até receber o poderoso apoio dos
trabalhadores revolucionários vitoriosos nos principais países do imperialismo
capitalista.
Porém, se
houvesse de sucumbir, teria iniciado a Revolução Socialista Mundial e
servido de exemplo para que outros aprendessem com a sua exemplar experiência
de luta[153].
Em virtude
de sua nova elaboração tática opor-se abertamente à orientação defendida pela
maioria de seu próprio partido, composta, em março de 1917, por bolcheviques
frente-populistas, irrestritos e condicionados, bem como etapistas-defensistas
da pátria burguesa reacionária na guerra imperialista e apoiadores da mais
indistinta unificação dos adeptos de todos os gêneros da Social-Democracia Russa (Stalin,
Kamenev, Rykov, Noguin e seus seguidores), apenas a primeira das cartas
de Lenin
foi publicada no “Pravda (A Verdade)”, em 21 e 22 de março, ainda assim com
diversas censuras.
Por
iniciativa desses bolcheviques, todas as demais cartas de Lenin não vieram a ser
publicadas em 1917. Surgiriam apenas em
1924, ao passo que a redação integral de sua primeira carta viria a ser
conhecida tão somente em 1949.
Sobre a
política inteiramente anti-marxista dos bolcheviques frente-populistas e
defensistas do patriotismo burguês, pronunciou-se, com grande hipocrisia, Stalin,
um de seus principais porta-vozes, fazendo-o da seguinte forma, sem
demonstrar, porém, ter apreendido efetivamente algo de efetivamente
revolucionário, a partir desse lamentável episódio histórico:
“Tratava-se de uma poderosa virada na história
da Rússia e de um giro jamais existente na história do nosso Partido. A velha plataforma
pré-revolucionária de derrubada direta do governo era clara e determinada,
porém não correspondia mais às novas condições de luta.
Agora, já não era mais possível orientar-se
diretamente para a derrubada do governo, pois esse último se encontrava ligado
com os Sovietes, os quais estavam sob a influência dos “defensores da pátria”,
sendo que o Partido teria de conduzir uma luta superior às suas forças tanto
contra o governo como contra os Sovietes.
Porém, não se podia impulsionar uma política de
apoio ao Governo Provisório, pois era um governo do imperialismo. Era
necessário uma nova orientação do Partido, nas novas condições de luta. O
Partido (sua maioria) procurou, tateando, alcançar essa nova orientação.
Adotou uma política de pressão dos Sovietes
sobre o Governo Provisório na questão da paz e não se pôde decidir a marchar
imediatamente para diante, saindo da velha consigna, Ditadura do Proletariado e
do Campesinato, rumo à nova consigna Poder dos Sovietes.
Essa política do meio termo havia sido calculada
para dar oportunidade aos Sovietes de contemplarem, através das questões
concretas da paz, a verdadeira essência imperialista do Governo Provisório,
dela, assim, afastando-se.
Porém, foi uma posição profundamente errada,
pois fazia proliferar ilusões pacifistas, entornava água no moinho dos
“defensistas da pátria”, dificultando a educação revolucionária das massas.
Essa posição equivocada compartilhei, então, com
outros companheiros do Partido, dela afastando-me inteiramente ao aderir às
Teses de Lenin.”[154]
Lenin conseguiu
negociar seu regresso à Rússia, independentemente de
compromisso de sustentação do defensismo patriótico-burguês, após impedimentos
de todas as espécies opostos seja pelos governos imperialistas da Inglaterra
e da França, seja pelo novo Governo Provisório Burguês-Latifundiário
Russo[155].
Chegando em Petrogrado,
na noite de 3 de abril, e defrontando-se com a Dualidade de Poderes – Sovietes
e Governo
Provisório - então objetivamente existente, Lenin ouviu com atenção e
apoiou-se na vanguarda proletária para defender, intrepidamente, a continuidade
do processo revolucionário rumo ao socialismo e a luta pela conquista da
maioria nos Sovietes, visando a tornar possível a passagem de todo o poder
de Estado para as mãos do proletariado e de seus aliados de luta[156].
Tendo em
conta que as primeiras semanas posteriores à Revolução Democrático-Burguesa de
Fevereiro de 1917 permitiram à Rússia tornar-se o país dotado da
mais ampla liberdade política entre todos os demais beligerantes - não se
recorrendo momentaneamente ao emprego de violência para repressão das massas
exploradas e oprimidas -, Lenin entendeu que o primeiro passo
a ser dado no sentido da Revolução Proletária seria a paciente e persistente
conscientização das massas, adaptada às suas necessidades práticas, sobre a
nova situação política e os erros táticos da direção soviética
menchevique-chauvinista e socialista-revolucionária(SRs) que promovia
voluntariamente a transferência do poder dos Sovietes à aliança
burguesa-latifundiária e seu Governo Provisório.
Sustentando-se
sobretudo nas forças proletárias de Vyborg, em Petrogrado, dos Urais
e de outros grandes centros da Rússia[157],
Lenin seguiu precisando, em suas Teses de Abril, sua dialética tática
em face da Dualidade de Poderes, de modo a conduzir o proletariado
hegemônico à vitória na revolução: nenhuma concessão ao «defensismo», nenhum
apoio ao governo provisório burguês-latifundiário; os Sovietes de Deputados
Trabalhadores, Soldados e Camponeses são a única forma possível de
governo revolucionário; nenhuma República Parlamentar, mas sim República
dos Deputados Trabalhadores, Soldados e Camponeses da base ao
vértice; confisco e nacionalização de todas as terras, a serem tomadas e
colocadas à disposição dos Sovietes de Deputados Trabalhadores Rurais e
Camponeses; fusão de todos os bancos em um único banco nacional,
submetido ao controle dos Sovietes de Deputados Trabalhadores;
criação de uma nova Internacional Revolucionária contra os chauvinistas e os
centristas-conciliacionistas.
E destacou:
sem os Sovietes de Deputados Trabalhadores, Soldados e Camponeses, a
convocação da Assembléia Constituinte é uma promessa vazia e o seu sucesso é
impossível[158].
Opondo-se à
tática precipitada de simples e imediata transformação da revolução
democrático-burguesa em revolução socialista na Rússia de
1917, bem como à consigna de instauração de um isolado “Governo
dos Trabalhadores”, Lenin frisou que a tarefa do proletariado na
próxima revolução seria não a de “introduzir” imediatamente o socialismo,
mas sim apenas permitir que, nesse domínio, a produção social e a distribuição
dos produtos fossem colocados prontamente sob o controle dos Sovietes
de Deputados Trabalhadores, enquanto sólidos passos iniciais rumo ao
socialismo[159].
Nesse
sentido, ressaltou que seria necessário clarificar a consciência das pessoas e
levar o proletariado e o campesinato pobre para adiante, para longe do “Poder
Dual”, rumo ao Poder Total dos Sovietes, sendo esse
poder a Comuna de Paris, no sentido de Marx, no sentido da
experiência de 1871[160].
Em aberta oposição às posições defendidas por Stalin e Kamenev, Lenin destacou
a importância da dialética no domínio da formulação da tática revolucionária, demonstrando
a mais plena inatualidade da velha fórmula bolchevique de luta por uma Ditadura
Democrática Revolucionária do Proletariado e do Campesinato, em face do
novo contexto histórico[161].
Com efeito, em seu modo de ver, essa ditadura já havia, em certa medida e
de maneira extremamente original, tornado-se realidade na revolução em curso,
incorporando-se, a partir de Fevereiro de 1917, na instituição
dos Sovietes
dos Trabalhadores, Soldados e Camponeses, que cedera, porém,
voluntariamente todo o seu poder ao Governo Provisório Burguês-Latifundiário, de
tal sorte que uma nova tarefa haveria de ser encaminhada: efetuar a ruptura
no interior dessa Ditadura entre os proletários revolucionários –
anti-frente-populistas, anti-defensistas da pátria burguesa reacionária e
favoráveis à transição para o regime de poder integral de tipo da Comuna
de Paris - e os elementos
pequeno-burgueses ou pequeno-proprietários – mencheviques-chauvinistas e
socialistas-revolucionários (SRs), apoiadores da dominação
burguesa-latifundiária e do seu Governo Provisório, na guerra
imperialista[162].
Considerando
o programa da revolução como uma verdadeira conclamação de concepções e
consignas – palavra de origem grega πρόγραμμα
-, Lenin posicionou-se, então, em suas Teses de Abril, em favor
de uma ampla revisão do antigo Programa do Partido Operário Social-Democrático
Russo (POSDR), adotado em 1903, no II Congresso de Bruxelas e Londres[163].
Sustentadas pela rápida dinâmica dos novos fatos objetivamente
revolucionários, as Teses de Abril, formuladas por Lenin, prevaleceram,
então, largamente, tanto na Conferência de Toda a Cidade de Petrogrado, ocorrida
entre 14 e 22 de abril[164],
como na VII Conferência do POSDR – Bolchevique de Toda a Rússia, realizada
entre 24 e 29 de abril de 1917[165].
Nessa última instância, as Teses de Abril venceram por 142
votos contra 7, na questão da luta pela transformação da guerra imperialista em
guerra revolucionária; por 122 votos contra 3 e 8 abstenções, na questão da
transferência de todo o poder aos Sovietes ; por 71 votos a 47, em
favor de ingressar imediatamente na via da revolução proletária.
Lenin resultou vencido apenas no ponto de abandono da
designação social-democrática do partido para a adoção do nome Partido
Comunista – Bolchevique[166].
Apesar de a composição do novo órgão de direção partidária eleito não se ter
demonstrado plenamente adequada à mais conseqüente implementação das Teses
de Abril - entre 9 membros eleitos, 4 eram opositores (Kamenev,
Noguin, Miliutin e Fiedorov) e 1 entre eles, Stalin, votara apenas no
último momento pelas teses leninistas –, o Partido Bolchevique, valendo-se da
direção de Lenin, foi capaz não apenas de apreciar e
antever, justamente e com impressionante prontidão, as situações políticas
subseqüentes, como também formular acertadas palavras-de-ordem de transição
para que o proletariado e seus aliados marchassem rumo à tomada do poder[167].
Observe-se, entretanto, que, mesmo contra acirrada oposição desencadeada
por Stalin e coadjuvada por Lenin, Sverdlov foi, de todo modo, eleito, na conferência em tela,
membro do novo Comitê Central do POSDR
(Bolchevique), composto de 9 dirigentes – Lenin, Zinoviev, Kamenev, Miliutin, Noguin, Sverdlov, Smilga e Stalin -,
entre 26 candidatos, ainda que, entre os 9 eleitos, Sverdlov recebesse a
terceira pior votação.
Apreciando a transcendência dessa questão para o desate da Revolução Proletária de Outubro de 1917,
Lenin assinalou,
posteriormente, acerca de seu próprio equívoco :
“No entanto, estivemos, de início, contra sua entrada (EvM.: a entrada de
Sverdlov) no Comitê Central.
Até que ponto subestimamos esse homem !
Quanto à sua avaliação, havia divergências
bastante expressivas. Porém, a base corrigiu-nos, no Congresso (sic), e
demonstrou, com isso, estar inteiramente correta ...”[168]
Acerca do tema, observou Trotsky,
cautelosamente :
“É difícil que Lenin
possuísse alguma razão para opor-se à candidatura de Sverdlov.
Apenas o conhecia por
correspondência, enquanto incansável revolucionário profissional.
Não é improvável que a
oposição procedesse de Stalin que não esquecera como Sverdlov esteve
arquitetando complicações contra ele em São Petersburgo e reorganizando o
Pravda.
Sua vida comum em
Kureika não fez mais senão agravar sua inimizade. Stalin nunca esquecia-se de
nada.
Parece que tentou
vingar-se na Conferência e, de um modo ou de outro (não podemos senão
imaginar), conseguiu ganhar para si o apoio de Lenin.
Porém, sua tentativa
não deu resultado.
Sem, em 1912, Lenin
tropeçou com a resistência dos delegados quando tratou de incorporar Stalin no
Comitê Central, agora não era menor a oposição que lhe opuseram para que
Sverdlov não fosse excluído.
Dos membros desse
Comitê Central, eleito na Conferência de Abril, apenas Sverdlov veio a morrer
de morte natural.
Todos os demais – com
excepção do próprio Stalin -, assim como os quatro suplentes, foram
oficialmente fuzilados ou eliminados, sem procedimentos oficiais.”[169]
CAPÍTULO 30.
VI CONGRESSO DE JULHO - AGOSTO DE 1917
DO POSDR (BOLCHEVIQUE) :
UM CONGRESSO DE REUNIFICAÇÃO,
SEM PRODUÇÃO DE FRAÇÕES PÚBLICAS
Um clima de
polarização fracionalista não poderá ser encontrado, entretanto, no quadro dos
trabalhos do VI Congresso do POSDR (Bolchevique), ocorrido em
julho de 1917.
Nele, o POSDR
(Bolchevique) projetou-se em um processo de reunificação das forças revolucionárias,
aprovado pela VII Conferência de Toda a Rússia (Conferência de Abril) e
pelo VI Congresso de Reunificação, em cujo contexto não se
registrou a formação de frações públicas de qualquer gênero,
fossem de caráter interno, fossem de caráter público.
No quadro da nova situação política russa e internacional, surgida com a Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917, os partidos dos
socialistas-revolucionários (SRs) e dos mencheviques chauvinistas
posicionaram-se publicamente, nos Sovietes e diante das massas, em
favor do defensismo da pátria burguesa reacionária russa na guerra
imperialista, votando pelos créditos de guerra, e postularam seu próprio
ingresso na composição do Governo Provisório Burguês-Latifundiário,
alegando ser, assim, possível mudar a política imperialista por este praticada.
Diante desse
fato político objetivo, Lenin defendeu, tanto na Conferência de Toda a Cidade de Petrogrado, ocorrida entre 14 e 22 de abril, como na VII
Conferência do POSDR – Bolchevique de Toda a Rússia, ocorrida entre 24
e 29 de abril de 1917, a estratégia de promover intensamente relações mais
estreitas e até mesmo a fusão de suas forças apenas com grupos e tendências
proletárias – advindas p.ex. dos mencheviques internacionalistas, dos
sociais-democratas independentes, dos unionistas interdistritais[170] -,
que se encontravam sustentando posição política realmente
revolucionário-internacionalista, fazendo-o com o objetivo de profligar a
política de traição pequeno-burguesa do socialismo e alcançar a mais sólida hegemonia
do proletariado na revolução[171].
Desse modo,
conseguiu derrotar a concepção estratégica
colaboracionista de Stalin e Kamenev de composição de uma comissão mista, visando ao
fomento da unidade de todos os sociais-democratas, incluindo os denfesistas
da pátria burguesa reacionária na guerra imperialista.
Mesmo
encontrando-se Lenin provisoriamente refugiado na Finlândia, teve lugar,
entre 26 de julho e 3 de agosto, o VI Congresso da Unificação do Partido
Bolchevique (POSDR-B), sob a presidência de Sverdlov, que, seguindo a
orientação estratégica predefinida e representando cerca de 200.000 militantes,
reunidos em 162 organismos partidários, em contraste com os 80.000 militantes,
reunidos em 78 organismos partidários, do mês de abril de 1917 -, formalizou
solenemente a incorporação nas fileiras bolcheviques dos unionistas
interdistritais – sem prejuízo do fato de Trotsky e Lunatcharky encontrarem-se,
então, nos cárceres do Governo Provisório Burguês-Latifundiário, integrado,
agora, também por mencheviques sociais-chauvinistas[172].
A
incorporação de novos agrupamentos e tendências realmente revolucionários e
internacionalistas fortaleceu gigantescamente o potencial de luta do antigo partido
bolchevique, aglutinando unificadamente todos os melhores lutadores do
movimento proletrário russo de então na luta comum em prol da revolução
proletária.
Embora
permanecendo ainda relativamente reduzido para a execução da imensa tarefa a
ser cumprida, o novo partido de Lenin e Trotsky demonstrou que, em
um cenário de profunda crise revolucionária, seu impacto de luta poderia
aumentar exponencialmente, encabeçando ações muito superiores à sua dimensão
puramente quantitativa.
Apesar das
sérias oposições formuladas sobreudo por Preobrajensky e Bukharin
à linha da direção de Lenin e Sverdlov, não é possível falar-se
aqui de qualquer gênero de fracionalismo público[173].
Pelo
contrário, no quadro do VI Congresso de Reunificação do POSDR
(Bolchevique), ocorrido em julho e agosto de 1917, formalizou-se o ingresso da Organização
Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos (Comitê Inter-Distrital), não
se registrando, então, a formação de frações públicas de qualquer gênero,
fossem de caráter interno, fossem de caráter público.
Em seu Prefácio
à Reedição de “Resultados e Perspectivas”, em
1919, Trotsky elaborou as seguintes considerações sobre seus
posicionamentos de luta no interior do POSDR, a partir dos primeiros anos
do século XX:
“Defendendo
o ponto de vista da revolução permanente durante um período de 15 anos, o autor
incidiu em erro, entretanto, em sua análise das frações do movimento
social-democrático.
Na medida em
que ambas partiam do ponto de vista da revolução burguesa, o autor era da
opinião de que as divergências existentes entre elas não seriam tão profundas
para justificar uma ruptura.
Ao mesmo tempo, esperava que o curso subseqüente
dos acontecimentos provaria claramente a fraqueza e a insignificância da
democracia burguesa russa, de um lado, e, d’outro lado, a impossibilidade
objetiva do proletariado de limitar-se a si mesmo a um programa democrático.
Pensou que isso pudesse remover o fundamento das
diferenças fracionais.
Situando-se no exterior das duas frações, no
período de sua emigração, o autor não apreciou inteiramente a circunstância
mais importante de que, na realidade, juntamente com a linha de desacordo entre
bolcheviques e mencheviques, ali estavam agrupados revolucionários inflexíveis,
por um lado, e, por outro, elementos que se tornavam cada vez mais oportunistas
e acomodados.
Quando a
revolução de 1917 estourou, o Partido Bolchevique constituía uma organização
fortemente centralizada, unindo todos os melhores elementos dos trabalhadores
avançados e intelectuais revolucionários que – depois de alguma luta interna –
adotaram abertamente táticas direcionadas para a Ditadura Socialista da Classe
Trabalhadora, em total harmonia com a inteira situação internacional e a
relação de classes na Rússia.
No que diz respeito à fração menchevique, tinha
suficientemente amadurecido, já naquele momento, para ser capaz de assumir –
tal como dito antes – os deveres de uma democracia burguesa.”[174]
Cumpre, entretanto, assinalar que - no quadro de um
autêntico debate de revolucionário-proletários, empenhados ambos em fundar as
bases de uma concepção dialético-materialista da hegemonia do proletariado nas revoluções da Rússia, segundo
os estritos critérios da doutrina Marx
e Engels - Lenin criticara, de maneira clara, já em seu famoso artigo Acerca de Duas Linhas da Revolução, de
1915, a interpretação que Trotsky fazia
do ponto de vista revolucionário, também plenamente permanentista, impulsionado
pelo bolchevismo de Lenin,
assinalando o seguinte, ao final de sua análise :
“Elucidar
as relações entre as classes na futura revolução é a tarefa principal de um
partido revolucionário. ...
Essa
tarefa não é resolvida corretamente por Trotsky,
em “Nasche Slovo(Nossa Palavra)”.
Ele
repete sua teoria “original” de 1905
e não quer refletir acerca das razões devido às quais a vida transcorreu ao
largo dessa teoria maravilhosa ao longo de dez anos inteiros.
A original teoria de
Trotsky resgata o apelo dos bolcheviques relativo à luta revolucionária
decidida do proletariado e à conquista do poder político pelo proletariado,
porém, dos mencheviques, a “negação” do papel do campesinato.
O
campesinato estaria, segundo Trotsky, fragmentado em camadas, tendo-se
diferenciado.
Seu
possível papel revolucionário teria sido sempre muito pequeno.
Na Rússia seria impossível
uma revolução “nacional”: “Vivemos na época do imperialismo”, “o
imperialismo” coloca frente à frente, porém, “não a nação burguesa perante o
velho regime, senão o proletariado à nação burguesa”.
Aí temos
um exemplo curioso para o “jogo com a palavrinha” imperialismo !
Se na Rússia opõe-se o proletariado já “à
nação burguesa”, então quer dizer que : a Rússia coloca-se, diretamente, diante
da Revolução Socialista !
Então, é errada a consigna (levantada
por Trotsky na Conferência de Janeiro de 1912 e repetida, depois, em 1905)
“confiscação das terras dos latifundiários”.
Sendo assim, deve-se falar
não de governo “dos trabalhadores revolucionários”, mas sim de governo
“socialista dos trabalhadores”!!”
Nesse contexto, conclui Lenin, da seguinte forma, manifesta e incorruptivelmente :
“Quão
longe vai a confusão com Trotsky, é possível perceber pela sua frase de que o proletariado irá arrastar consigo, por
sua resolução, também as “massas não-proletárias(!)” !!(Nr. 217).
Trotsky
não refletiu que, se o proletariado conseguir arrastar consigo as massas rurais
não-proletárias para a confiscação das terras dos latifundiários e derrubar a
monarquia, isso será precisamente a
consumação da “revolução burguesa nacional” na Rússia, a Ditadura
Democrático-Revolucionária do Proletariado e do Campesinato ! ...
Porém, o seguinte é agora o
essencial :
O
proletariado luta – e irá lutar desinteressadamente -, pela conquista do poder,
pela república, pela confiscação das terras, i.e. pelo arrastamento do campesinato, pelo esgotamento de suas forças revolucionárias, pela participação das
“massas não-proletárias” na
libertação da Rússia burguesa do “imperialismo” feudal-militar(=czarismo).
Essa
libertação da Rússia burguesa do czarismo, da propriedade fundiária e da
dominação do proprietário fundiário, o proletariado aproveitará, sem demora, não para ajudar o camponês próspero na luta
contra os trabalhadores rurais, mas sim para executar a Revolução Socialista,
em aliança com os proletários da Europa.”[175]
Mesmo divergindo de Trotsky em pontos essenciais relativamente ao processo russo
de desenvolvimento da perspectiva da Revolução
Permanente, concebida, originariamente, por Marx e Engels[176], é
importante destacar, além disso, que, já mesmo em 1905, Lenin demonstrava operar plenamente nesse domínio, quando
escreveu :
“Para
quem devemos dar a terra confiscada e como ?
Não
dissimulamos essa questão nem prometemos distribuição igualitária, “socialização”
etc.
O que
dizemos é que essa é uma questão pela qual devemos lutar mais tarde, pela qual
devemos lutar novamente, em um novo campo e com outros aliados.
Lá,
estaremos certamente com o proletariado rural, com a classe trabalhadora
inteira, contra a pequena burguesia.
Na
prática, isso pode significar a transferência da terra para a classe dos
proprietários pequenos burgueses – em todos os lugares em que ainda prevaleçam
grandes propriedades baseadas em vínculos e servidão feudais e não existem
ainda condições materiais para produção socialista de larga-escala; pode
significar nacionalização – dada a completa vitória da revolução democrática –
ou a transferência das grandes propriedades capitalistas às associações dos trabalhadores, porque, da revolução democrática, devemos,
imediatamente e precisamente de acordo com a medida de nossas forças, a força
do proletariado organizado e dotado de consciência de classes, começar a passar
para a revolução socialista.
Estamos em favor da Revolução Permanente (EvM.: tb. Revolução
Ininterrupta,
Não devemos parar no meio
do caminho.
Se não prometemos agora e
imediatamente todos os tipos de “socialização” é porque conhecemos as condições
efetivas para que aquela tarefa seja cumprida e não dissimulamos a nova luta de
classes jogando com o campesinato, mas sim revelando essa luta.”[177]
CAPÍTULO 31.
FRACIONALISMO PÚBLICO-EPISÓDICO
ANTI-INSURRECIONAL E FURA-GREVE
DE ZINOVIEV E KAMENEV NO INTERIOR DO BOLCHEVISMO :
EXIGÊNCIA DE SUA EXPULSÃO
DO COMITÊ CENTRAL E DO PARTIDO, PEDIDO DE DEMISSÃO
DE STALIN DA REDAÇÃO DO “PRAVDA (A VERDADE)”
As situações
políticas relacionadas seja com a Derrota de 3 a 6 de Julho, a Crise
do Pré-Parlamento e mesmo a Traição de 16 de Outubro, orquestrada
essa última por Zinoviev e Kamenev – diante da qual Lenin exigiu
a expulsão de ambos do Comitê Central do POSDR (Bolchevique) e das fileiras do
Partido, apontam, claramente, para o fato de que frações públicas
“permanentes" ou virtualmente “permanentes” – em particular,
quando incluindo “fura-greves” da Insurreição Armada Proletária - não
faziam absolutamente parte integrante do regime organizativo defendido por Lenin,
seja no campo positivo-estatutário, seja no campo político-prático efetivo[178].
Com efeito,
no domínio da dialética da teoria política marxista, Lenin havia sido capaz de
concluir, genialmente, logo após o encerramento do período pacífico do processo
revolucionário russo, em 3 e 4 de julho de 1917[179],
que, com a deflagração da I Guerra Mundial Imperialista, a
reserva de Marx, contida no 18 Brumário de Luis Napoleão, concernente
à necessidade de despedaçamento da máquina militar e burocrática do Estado
Burguês apenas no quadro das revoluções proletárias do continente Europeu,
estava, essencialmente, envelhecida[180].
Na Inglaterra
e nos Estados Unidos da América, últimos representantes da antiga
liberdade anglo-saxônica - consagradora da ausência do militarismo e da
burocracia administrativa existentes nos Estados Burgueses da Europa continental
-, já haviam emergido as mesmas instituições militaristas e burocráticas
características da violenta dominação burguesa.
A partir
de então, a condição preliminar de toda e qualquer revolução proletária também
nesses dois países passava a ser, igualmente, a ruptura e destruição de suas
máquinas estatais burguesas, engendradas para reprimir violentamente as classes
dominadas.
Essa sua
nova formulação, posicionou, em escala incomparavelmente mais ampla, a tarefa
de concentração de todas as forças da revolução proletária para a destruição do
poder dos Estados Burgueses da atualidade.
Não
descurando jamais da imensa importância que possuem os métodos de esgotamento
gradual das forças dos inimigos de classe, através do fortalecimento e
conquista permanente de novas posições revolucionárias do proletariado na
conquista da maioria das massas revolucionárias, Lenin destacou que se
mostra ainda decisiva e atualíssima a política marxista-revolucionária de
derrubada do capitalismo pela via insurrecional violenta da luta
de classes, hegemonizada pelo proletariado no quadro de coalizão selada
com seus mais autênticos aliados oprimidos, sendo que apenas com o
despedaçamento do aparelho do Estado colocado a serviço das ínfimas minorias
exploradoras e opressoras, autocráticas, latifundiárias e burguesas, resulta,
pois, aberto o sendeiro de construção de um Estado tipo Comuna (Gemeinwesen),
a Ditadura Revolucionária do Proletariado, incorporadora da mais
ampla e mais avançada Democracia Proletária, forma
transitória rumo ao atingimento de uma sociedade sem classes e sem Estado, i.e.
o socialismo, fase inferior da sociedade comunista[181].
Apesar dos atos de traição pública e sabotagem interno-partidária
praticados pelos bolcheviques Kamenev e Zinoviev contra a
preparação por Lenin da insurreição proletária, apesar da permissão
conferida por Stalin de publicação no “Pravda(A Verdade) de artigos
abertamente anti-insurrecionais (“O Que não se Deve Fazer”, de Zinoviev)
e sua tentativa de conciliação da “rispidez” de bolcheviques insurrecionais
(Lenin,
Trotsky, Sverdlov, Smilga e outros) com a condescendência dos
bolcheviques anti-levante (Kamenev, Zinoviev e seus
seguidores), o partido dirigente de Lenin mostrou-se capaz de intervir, com
inigualável arte e talento prático-revolucionários, enquanto o estado-maior
tático e estratégico das lutas de libertação do proletariado russo e seus
aliados.
Uma vez obtida a maioria nos Sovietes, Lenin passou a defender,
sob pena de demitir-se da direção partidária, que os bolcheviques deviam e
podiam tomar imediatamente o poder[182], marcando antecipadamente
a data para a deflagração da insurreição, sem deixarem escapar a ocasião, sem
causarem a perda da revolução, sem aguardarem pelo início do novo Congresso
dos Sovietes[183], destacando
que a história jamais os perdoaria se o deixassem de fazer tempestivamente[184].
Presente clandestinamente em Petrogrado já em 10 de outubro, Lenin
contribuiu decisivamente para que sua proposta de preparação e
desencadeamento imediato da insurreição fosse aprovada por 10 votos a 2, no
âmbito da reunião do Comitê Central do Partido Bolchevique[185].
Assim, o partido dirigente de Lenin, sob o comando imediato de Trotsky,
foi capaz de desempenhar, em 25 de outubro de 1917, com talento e habilidade, a Arte
da Insurreição Socialista[186], tendo
em conta as experiências práticas da Comuna de Paris de 1871 e da
Insurreição
de Moscou de Dezembro de 1905, observando, com triplicada audácia,
as regras de atuação revolucionária de Georges-Jacques Danton e
recomendadas com perspicácia proletária por Marx e Engels[187].
Deste modo,
no que tange em particular ao curto episódio de fracionalismo público
anti-insurrecional de Zinoviev e Kamenev, ocorrido em outubro
de 1917, no interior do bolchevismo, cabe destacar, portanto, que também aqui
reagiu Lenin prontamente, clamando pela sumária expulsão daqueles
renomados dirigentes do Comitê Central e das fileiras do partido
marxista-revolucionário.
Muito se
discorre, presentemente, sobre o fato de que as disputas que se
travaram no Comitê Central do Partido Bolchevique, às vésperas do 25 de
Outubro (7 de novembro) de 1917, acerca da pertinência da insurreição
armada, tendo, de um lado, Lenin, Sverdlov e Trotsky e outros
bolcheviques, de outro, Zinoviev, Kamenev e seus
seguidores – conduziram ao pedido de demissão desses
últimos do Comitê Central.
Nisso,
importância decisiva assumiu a questão relacionada com a concepção do caráter
da revolução proletária e a necessidade da Insurreição Armada, bem como com o
saber se a classe trabalhadora russa encontrava-se capaz de, sob as condições
dadas, conquistar o poder e consolidá-lo, no interesse do desenvolvimento,
orientando rumo ao socialismo.
Porém,
relativamente a esse tema histórico, cumpre destacar que, no ápice das disputas
travadas sobre a conveniência da Insurreição Armada, também Stalin
apresentou ao Comitê Central Bolchevique sua demissão da Redação do Pravda (A Verdade),
em 20 de outubro de 1917, como forma de protesto em face da rigorosa política
de Lenin
de promover a expulsão de Zinoviev e Kamenev do Partido
Bolchevique, em vista de sua atitude de revelação pública “fura-greve”
dos planos insurrecionais, nas colunas do jornal “Novaia Jizn’(Vida Nova),
de Gorki
e Sukhanov.
O protocolo da
reunião do Comitê Central Bolchevique, de 20 de outubro de 1917, presidida
por Sverdlov,
indica expressamente o seguinte:
“Companheiro Stalin : Declara que se demite da
redação (no original: Tov. Stalin : Zaiavliaiet, shto vykhodit iz redaktsii).
Deliberação : Em vista do fato de que a declaração
do Comp. Stalin é feita, no quadro do Nr. atual, em nome da redação, devendo
ser apreciada pela redação, delibera-se que sua declaração não será apreciada e
sua demissão não será acolhida, passando-se, agora, para o exame dos problemas
imediatos(no original : Postanovlieno : Vvidu tovo, shto zaiavlienie tov.
Stalin v sevodniashiem N° sdelano ot imieni redaktsii i doljno byt’ obssujdeno
v redaktsii, resheno, ne obsujdaia zaiavlienia tov. Stalina i ne prinimaia evo
otstavki, pereiti k otcherednym delam.”
Isto
é : no quadro do impulsionamento da Insurreição Armada, não apenas Kamenev
e Zinoviev decidiram por se demitir de suas responsabilidades – esses últimos
comentendo ainda o papel de “fura-greves”, como diz Lenin
-, senão ainda Stalin quis desertar.
Sverdlov coartou seus planos
e evitou colocar esse seu pedido em votação, como forma de atenuar a monumental
crise interna pela qual já passava o Comitê Central justamente há poucos
dias da deflagração da insurreição.
Recorde-se,
ademais, que, por forças do papel “fura-greve” de Kamenev e Zinoviev,
Trotsky
teve até mesmo de negar publica e peremptoriamente no Soviete de Petrogrado que
a insurreição encontrava-se em andamento.
Por
Trotsky
sentir-se pessoalmente comprometido com esse fato, exigiu que também esse tema
viesse a ser parte dessa reunião do CC em 20 de outubro de 1917, ocupada com a
questão das expulsões, aumentando ainda mais a polêmica entre os participantes,
às vésperas da Insurreição Armada.
CAPÍTULO 32.
FRACIONALISMO PÚBLICO-EPISÓDICO
DE ZINOVIEV E KAMENEV, LUNATCHARSKY E RIAZANOV,
CONTRA A FORMAÇÃO DE UM
GOVERNO PROVISÓRIO SOVIÉTICO
EXCLUSIVA OU HEGEMONICAMENTE BOLCHEVIQUE :
DISSOLUÇÃO E RUPTURA DE LOZOVSKY
Como sendo inteiramente
de curta duração revelou-se também a fração pública no interior
do domínio bolchevique, encabeçada por Zinoviev, Riazanov, Lozovsky,
Lunatcharsky, Rykov, Noguin, Miliutin, Teodorovitch e Kamenev – esse último
exercendo então a função de Presidente do Comitê Executivo Central dos
Sovietes de Toda a Rússia - defensora da negociação com o Comitê Executivo do Sindicato dos Ferroviários de Toda a Rússia
(Vikjel), de orientação menchevique e socialista-revolucionária
(SR) de direita, sob ameaça de deflagração
de greve, no sentido do impedimento da formação de um Governo
Provisório Soviético exclusiva ou hegemonicamente bolchevique, acompanhada da respectiva
dissolução do Conselho do Comissariado do Povo, encabeçado por Lenin,
e apoio à constituição de um Governo de Coalizão de todos os
partidos reputadamente socialistas, dele excluindo-se inteiramente Lenin
e Trotsky, governo esse a tornar-se responsável não perante os Sovietes,
mas sim perante as assim denominadas “largas
massas da democracia revolucionária”, dando-se lugar ao consecutivo
desarmamento da Guarda Vermelha.
As atividades da fração pública
bolchevique em tela culminaram, até mesmo, no abandono de cargos de Comissários
do Povo exercidos por bolcheviques que então a integravam, bem como na
renúncia de Kamenev à Presidência do Comitê Executivo
Central dos Sovietes de Toda a Rússia, sendo essa última ocupada,
então, por Sverdlov, eleito, em 8 de novembro de 1917, na reunião
daquele organismo, sob proposta de Lenin.
Condenada por expressivas assembléias de
trabalhadores e soldados que haviam dado suas vidas em favor da Insurreição
Armada e rapidamente desestruturada pelo fato objetivo de dirigentes
dos socialistas-revolucionários (SRs) de esquerda aceitarem ingressar na
qualidade de comissários do povo em um governo composto hegemonicamente pelos
bolcheviques, encabeçados por Lenin e Trotsky, a fração
pública em tela perdeu sua razão de ser, já a partir de 8 (21) de
novembro de 1917.
Apenas Lozovsky continuou
defendendo, a seguir, a bandeira do oportunismo favorável à contra-revolução,
rumando, então, para a ruptura com o POSDR (Bolchevique) e
fundação de um assim denominado “Partido Socialista Operário(PSO)”, marcado
por insuperável debilidade historico-existencial.
CAPÍTULO 33.
DIVERGÊNCIA DE LENIN NA QUESTÃO
DA CONVOCAÇÃO DAS ELEIÇÕES
DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
No período imediatamente
posterior à vitória da Revolução de Outubro de 1917, Sverdlov
e outros bolcheviques – opondo-se às posições de Lenin
que, permaneceu, então, inteiramente isolado na propugnação de um adiamento –
defende a imediata convocação pelos bolcheviques das eleições para Assembléia
Nacional Constituinte.
Cumpre destacar que, também nesse episódio, não se
registrou a formação de frações públicas de qualquer gênero,
fossem de caráter interno, fossem de caráter público[188].
Quando em 5 de janeiro de 1918, por deliberação da
fração bolchevique eleita em 24 de dezembro de 1917, Sverdlov deu abertura, em nome do Comitê Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia(VTsIK),
aos trabalhos da Assembléia
Constituinte - a
seguir dissolvida pelo próprio Sverdlov,
Lenin e pelos principais representantes bolcheviques -, não se
registrou, igualmente, a formação de frações públicas de qualquer gênero no interior de
suas fileiras.
CAPÍTULO 34.
A FRAÇÃO PÚBLICA DOS “COMUNISTAS DE ESQUERDA”
AO LONGO DE 1918 E 1919 :
DEFESA DA GUERRA REVOLUCIONÁRIA DA RÚSSIA SOVIÉTICA
CONTRA A ALEMANHA IMPERIALISTA
SEM FORÇAS ARMADAS VERMELHAS APTAS A
COMBATEREM
Relativamente
à luta fracional, deflagrada no POSDR (Bolchevique) por ocasião
dos debates acerca da assinatura ou não do Tratado de Paz de
Brest-Litovsk, no início de 1918, é de anotar-se que, também aqui, Lenin
e os
bolcheviques, embora admitissem o fenômeno inteiramente provisório da formação
de frações públicas, jamais toleraram a existência, no
interior de suas fileiras, de frações públicas “permanentes” ou virtualmente
“permanentes”.
Nesse contexto,
é mister referir-se o tratamento conferido sobretudo à fração dos
“comunistas de esquerda” ou “bolcheviques de esquerda”, cujos
mais expressivos mentores ideológicos e políticos foram Bukharin, Radek e
Piatakov.
A fração
pública dos “comunistas de esquerda” surgiu, propriamente, nos
primeiros dias de 1918, em um momento que, no POSDR (Bolchevique),
predominava um clima profundamente hostil em relação à necessidade de
assinar-se a Paz de Brest-Litovsk, a ser celebrada com o
imperialismo alemão, bem como relativamente à capitulação imediata, em caso de
um ultimato alemão, depois de esgotadas todas as possibilidades de
arrastarem-se as negociações acerca do tema, tal como postulava a direção de Lenin,
Sverdlov e seus adeptos.
No quadro da
crise do Tratado de Paz de Brest-Litovsky de 1918,
a fração dos “comunistas de esquerda” aspirava à deflagração de
uma Guerra Revolucionária da Rússia contra a Alemanha Imperialista,
visando à expansão imediata da Revolução de Outubro de 1917 por
toda a arena do continente europeu, a despeito do fato de a República
Soviética Russa ainda não dispor de quaisquer forças armadas vermelhas
aptas a combaterem.
A luta
fracional furiosa despregada entre Lenin e seus seguidores contra
as posições da fração pública dos “comunistas de esquerda” era
alimentada ainda pelas posições dissidentes e centristas de Trotsky
e seus adeptos que postulavam a consigna de “Nem Guerra, Nem Paz”,
repudiadora, por um lado, de quaisquer planos de deflagração imediata de uma
Guerra Revolucionária e, por outro, de uma capitulação imediata, em
caso de um ultimato alemão. Segundo Trotsky, arrastadas as negociações
ao máximo, a capitulação seria admitida apenas em face de um perigo concreto de
um novo ataque da Alemanha Imperialista contra a Rússia Soviética,
i.e. apenas revelando-se absolutamente necessária em face de um evidente
emprego de força[189].
A
primeira e mais ampla apreciação das diferenças existentes entre os três
posicionamentos acima elencados ocorreu em 21 de janeiro de 1918, na reunião
dos quadros POSDR (Bolchevique), em cujo contexto os defensores
dos posicionamentos da fração dos “comunistas de esquerda”
receberam 32 votos, os de Trotsky, 16 votos, e os de Lenin,
15 votos.
Lenin e seus seguidores bolcheviques designaram os comunistas de esquerda como
“instrumentos da provocação imperialista”, ao mesmo tempo em que
destacaram que, à mercê de uma paz celebrada com Trotsky,
custaria perder a Letônia, juntamente com a Estônia.
Os “comunistas de
esquerda” conduziram, nesse contexto, durante os primeiros meses
de 1918, uma atividade fracional descomedida, formulando acusações excessivas
contra outros membros da direção do POSDR(Bolchevique), ameaçando
romper o Partido e abandonar seus postos no interior dos Sovietes,
como forma de protesto, na hipótese de suas pretensões de Guerra
Revolucionária não serem imediatamente acatadas.
Tendo sido
formalmente declarado, em 16 de fevereiro de 1918, por parte do Supremo
Comando Militar Alemão o fim do armistício para entabulação de
negociações de paz, bem como determinada a retomada das atividades de guerra
contra a Rússia, a iniciarem-se no 18 de fevereiro subseqüente, Lenin
propôs, às vésperas dessa última data, ao Comitê Central do POSDR (Bolchevique),
fossem retomadas as negociações com a Alemanha, visando à
mais breve conclusão de um tratado de paz.
Apenas em
uma segunda votação ocorrida em uma sessão noturna de 18 de fevereiro, em face
da já iniciada ofensiva militar imperialista alemã contra Rússia,
despregada em todos os frontes de combate, veio o Comitê Central do POSDR
(Bolchevique) a adotar a proposta de Lenin de enviar-se
ao Governo do Império Alemão, mediante telégrafo, uma declaração
de anuência relativamente à assinatura do Tratado de Paz de
Brest-Litovsk.
Estando
ausente na reunião do Comitê Central do POSDR (Bolchevique) de 22
de fevereiro de 1918, dedicada à tentativa de aquisição de armas e alimentos
junto às potências imperialistas da Entente, visando à
organização da defesa revolucionária contra as pretensões levantadas pelo
imperialismo alemão, Lenin enviou, por escrito, a seguinte
declaração expressa de voto :
“Ao Comitê Central do POSDR (Bolchevique)
Peço para contar meu voto juntamente com os que são favoráveis à aquisição
de batatas e armas, a serem obtidas junto aos ladrões do imperialismo inglês e
francês. Lenin.”
Sendo
aprovada, então, nessa ocasião, por 6 votos a 5, uma resolução declarando serem
necessários o armamento e a equipagem das forças revolucionárias soviéticas com
todos os meios possíveis, bem como
autorizada sua aquisição junto aos governos dos países imperialistas
indicados, decidiu a fração dos “comunistas de esquerda” romper
com o Comitê Central do POSDR (Bolchevique), retirando seu
porta-voz, Bukharin, seja da composição desse organismo
dirigente, seja do comitê de redação do órgão central do Partido, i.e. o “Pravda(A
Verdade)”.
Lenin sintetizou,
historicamente, o balanço dos momentos de embate contra a fração dos “comunistas de esquerda” ou ainda contra os “esquerdistas lamentadores”, em
sua célebre brochura intitulada ”O Radicalismo de Esquerda. Enfermidade Infantil do Comunismo”, surgido em 1920,
destacando que, em 1918, não se produziu uma ruptura, tendo-se em conta o fato
de que tal fração não operou por longo tempo e, a seguir, admitiu, abertamente,
o seu erro :
“Em 1918,
não se chegou à ruptura.
Os comunistas “de esquerda” formaram, outrora – e , em verdade, não por longo
tempo -, um grupo particular ou “fração” no interior de nosso partido.
No mesmo ano
de 1918, os mais renomados representantes do “comunismo de esquerda”, p.ex. os
comps. Radek e Bukharin, admitiram,
abertamente, o seu erro.
Eles haviam
acreditado que a Paz de Brest seria um compromisso com os imperialistas,
por princípio inadmissível e prejudicial para o partido do proletariado
revolucionário.
Tratava-se,
de fato, de um compromisso com os imperialistas, porém precisamente de um
compromisso incondicionalmente necessário, no marco das condições dadas...
Quando,
porém, os mencheviques e os sociais-revolucionários, na Rússia, os Scheidemanns
(e, em grande medida, também os kautskyanos), na Alemanha, Otto Bauer e
Friedrich Adler (para nem falar dos Srs. Renner e cia.), na Áustria, os
Renaudel, Longuet e cia., na França, os fabianos, os “independentes” e os
“trudowikis”(i.e. os trabalhistas), na Inglaterra, concluíram compromissos, nos
anos de 1914 a 1918 e de 1918 a 1920, com os bandidos de sua própria burguesia,
às vezes também com os “aliados” da burguesia, contra o proletariado
revolucionário de seu país, agiram todos esses Srs. como cúmplices do
banditismo.
A conclusão
é clara : rechaçar “por princípio” compromissos, negar meramente toda
admissibilidade de compromissos, seja da forma que forem, é uma infantilidade
que deve ser levada severamente a sério.“[190]
Já no que
tange mais propriamente às lutas fracionais, deflagradas no interior do Partido
Comunista Russo (Bolchevique), entre os anos de 1918 a 1923, é de
anotar-se que, também aqui, Lenin e os bolcheviques, embora
admitissem o fenômeno inteiramente provisório da formação de frações
públicas, jamais toleraram a existência de frações públicas
“permanentes” ou virtualmente “permanentes”, no interior
de suas fileiras.
As frações
públicas que se formaram no quadro organizativo do PCR
(Bolchevique) jamais prolongaram-se ad aeternum, sendo
dissolvidas ou extintas, em um período muito mais rápido de tempo do que
naquele havido na época do POSDR (Bolchevique).
CAPÍTULO 35.
I CONGRESSO DA INTERNACIONAL COMUNISTA EM 1919
CAPÍTULO 36.
VIII CONGRESSO DE 1919 DO PCR (BOLCHEVIQUE) :
NOVO PROGRAMA REVOLUCIONÁRIO
E APROVAÇÃO DA FUNDAÇÃO
DA III INTERNACIONAL COMUNISTA
Destaque-se que no VIII
Congresso do Partido Comunista da Rússia (PCR), ocorrido entre os dias
18 e 23 de março de 1919, em Moscou,
operou-se ainda uma nova modificação do Programa
do Partido que, conservando importantes aquisições teórico-doutrinárias
e político-práticas, obtidas no quadro dos anos de existência do antigo POSDR (Bolchevique), incorporou
novas conquistas substanciais para o marxismo revolucionário, advindas das Teses de Abril e da Revolução Proletária de Outubro de 1917.
O VIII Congresso em tela
dedicou-se a estipular as novas tarefas perseguidas pela organização
marxista-revolucionária na atual época do imperialismo capitalista na trilha da
luta pela vitória do socialismo em todo mundo, seja mediante a promulgação de
um novo Programa, seja
mediante a aprovação da fundação da III
Internacional Comunista[191].
Dele
participaram 301 delegados com votos deliberativos, representando 313.766
membros partidários, e 102 delegados com votos consultivos.
A ordem do dia
desse congresso era composta pelos seguintes tópicos : 1) Informe do Comitê
Central; 2) Programa do PCR(B); 3) Fundação da III Internacional Comunista;
4) Situação Militar e Política Militar; 5) Trabalho no Campo; 6) Questões
Organizativas etc.
O novo Programa do PCR
(Bolchevique) foi dividido, além disso, em duas sessões fundamentais
: a sessão da política geral e a sessão
da economia.
Na primeira delas, elencaram-se disposições tratando especialmente sobre
relações entre as nações, domínio militar, sistema judiciário, educação pública
e relações religiosas.
Na segunda delas, foram estabelecidas disposições versando sobre a
economia do campo, produção e distribuição de produtos, sistema monetário e
bancário, domínio das finanças, problema da moradia, proteção do trabalho e
previdência social, bem como defesa da saúde do povo.
Em seu discurso de abertura do VIII
Congresso do PCR (Bolchevique), pronunciado em 18 de março de 1919, Lenin dedicou sua primeira palavra
a Jakob Michailovitch Sverdlov, falecido no dia 16 de março imediatamente
anterior àquela data.
Segundo Lenin,
se Sverdlov fora para o Partido, em seu conjunto, e para toda a República
Soviética o seu organizador mais importante – tal como, em seu funeral,
inúmeros militantes haviam-no afirmado -, Sverdlov situara-se
muito mais proximamente do VIII Congresso do Partido :
“Em Jakob
Michailovitch Sverdlov, perdemos um companheiro que dedicou,
inteiramente, os seus últimos dias, ao Congresso do Partido.
Sua falta tornar-se-á perceptível em todo o
curso de nosso trabalho e o Congresso
do Partido sentirá sua ausência, de maneira particularmente intensa.
Companheiros, proponho que nos levantemos em
homenagem à sua memória.”[192]
Ainda no quadro desse VIII Congresso, registrou-se a
expressão da oposição militar fracionalista de Tysaritsin,
no fronte sul ou sudeste, encabeçada por Stalin e Voroshlov, formada em 1918
e consolidade em 1919, contra a direção do Comissariado da Guerra e do Conselho Supremo Revolucionário de Guerra da
República, encabeçados por Trotsky, órgãos esses contando com
manifesto apoio de Lenin e Sverdlov.
No
período pré-congressual, Sverdlov chegou a intervir exigindo
que Stalin
e Voroshlov obedecessem as ordens expressas, advindas do Conselho
Supremo, composto por Trotsky, Smilga, Antonov-Ovseienko,
Raskolnikov, Muralov, Smirnov e outros.
Posteriormente,
contando com o apoio de Lenin e Krestinsky, Trotsky
conseguiu, à época, superar e derrotar essa fração com grande habilidade,
exigindo que Stalin e Voroshlov formulassem, por escrito e abertamente, sua
oposição subreptícia e se integrassem em um órgão militar de comando.
Assim,
Trotsky
exigiu que Stalin fosse indicado membro do Conselho Supremo Revolucionário
em destaque, ainda que Stalin, a seguir, se recusasse
expressamente a participar de suas sessões.
CAPÍTULO 37.
IX CONGRESSO DE 1920 DO PCR (BOLCHEVIQUE):
LUTA CONTRA A FRAÇÃO DOS DECISTAS DE SAPRONOV E OSSINSKY - APOIADA POR
RYKOV E TOMSKY –
E CONTRA OS PRIMEIROS MOMENTOS DA FRAÇÃO DA “OPOSIÇÃO OPERÁRIA”
DE SCHLIAPNIKOV E LOZOVSKY
A seguir , o IX Congresso do PCR
(B), ocorrido entre 29 de março e 5 de abril de 1920, pela luta
fracional travada por Lenin e
seus seguidores, por um lado, contra a assim denominada fração pública do “Centralismo Democrático(Decistas)”, encabeçada por Sapronov
e Ossinsky, e, por outro, contra os primeiros passos da fração
pública da “Oposição Operária”, capitaneada por Schliapnikov e Lozovsky[193].
A primeira
dessas frações, a do “Centralismo Democrático(Decistas)”, surgia
ainda apoiada por importantes dirigentes bolcheviques da envergadura de Rykov
e Tomsky[194].
Ela opunha-se, antes de tudo, à orientação reputadamente burocrática que
o Comissariado do Povo de Lenin vinha
imprimindo à direção das relações econômicas – industriais, comerciais e
financerias – da Rússia Soviética
e, por isso, levantava como consigna de luta a necessidade de defesa do
centralismo democrático e da administração público-comunitária contra a
administração efetuada, de modo individual, por especialistas, em um Estado
supostamente por demais centralizado[195].
A segunda dessas frações que conheceu os seus primeiros passos já no
quadro do IX Congresso do PCR (B), autodenominou-se
de “Oposição Operária”, precisamente
por defender uma alegada “independência” dos sindicatos em face do PCR (B) e do Poder Soviético como um todo[196].
Já nessa ocasião, Lenin defendeu
a concepção de deverem os sindicatos serem entendidos como escolas de comunismo, revestindo-se
da tarefa de organizar as massas proletárias e conduzí-las ao trabalho de
administração democrático-revolucionária do Estado Proletário, elevando, permanentemente, o nível cultural
e político dos trabalhadores aos patamares da sociedade socialista,
preparando-os para o exercício da função de construção ativa da sociedade sem
classes.
CAPÍTULO 38.
II CONGRESSO DA INTERNACIONAL COMUNISTA EM 1920
CAPÍTULO 39.
X CONGRESSO DE 1921 DO PCR
(BOLCHEVIQUE) :
LUTA PELA UNIDADE DO PARTIDO CONTRA AS FRAÇÕES
DE SACUDIMENTO SINDICAL DE TROTSKY,
DO PÁRA-CHOQUE DE BUKHARIN E PREOBRAJENSKY,
DA “OPOSIÇÃO OPERÁRIA”, DOS ANARCO-SINDICALISTAS,
DOS DECISTAS E DO BUROCRATISMO OPERÁRIO ACOBERTADO
Todo o debate acerca do papel dos sindicatos na luta pelo atingimento
pelo socialismo, muito mais do que ser definitivamente superado no quadro do IX Congresso em tela, veio a ser
retomado, em Moscou, no quadro
da V Conferência dos Sindicatos de
Toda a Rússia, ocorrida entre 2 e 6 de novembro de 1920, quando Trotsky defendeu a concepção de que
seria necessário “sacudir” os
sindicatos mediante a “governamentalização”
dessas entidades e a introdução de métodos militares de administração e comando
em seu interior, como forma de promover a reorganização e redinamização efetiva
de suas atividades.
De dezembro de 1920 a janeiro de 1921, i.e. no interstício existente
entre o IX Congresso e o X Congresso do PCR (B), Lenin dedicou-se a elaboração de artigos
dedicados a combater a concepção sindical de Trotsky – como também as posições de pára-choque da luta
política, tal como protagonizadas por Bukharin
e Preobrajensky -, sendo que dessa polêmica, marcada
por profundas características fracionais, haveriam de resultar novas frações públicas orientadas contra
as posições de Lenin[197].
No quadro do X Congresso do PCR
(B), realizado entre os dias 8 e 16 de março de 1921, Lenin voltaria a dedicar-se claramente a combater não
apenas a fração pública da “Oposição Operária”
de Schliapnikov – agora sem o
apoio de Lozovsky – senão
ainda a de sacudimento sindical, encabeçada
por Trotsky, e a de pára-choque, dirigida por Bukharin e Preobrajensky, formadas essas últimas no período
inter-congressual precedente.
Lenin opôs-se, em particular, ao método fracional preponderante de abordagem
dos debates sindicais, censurando, em especial, Trotsky pelas posturas fracionalistas por ele assumidas[198].
No quadro dos debates sobre a questão sindical do X Congresso do PCR (B), Lenin daria origem à “Plataforma dos Dez – Esboço de Decisão do X
Congresso do PCR(B) sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos ” –
assinada também por Zinoviev, Kamenev,
Stalin, Kalinin, Petrovsky, Lozovsky, Tomsky, Artiom e Rudzutak e,
finalmente, convertida em resolução congressual -, estabeleceu, em largos
traços, a concepção de Lenin
acerca da relação que deve existir entre a vanguarda da classe trabalhadora e o
proletariado.
Nesse mesmo X Congresso do PCR
(B), é possível assirtir-se Lenin
desferindo, mais uma vez ainda, seus precisos argumentos contra a fração pública do “Centralismo
Democrático(Decistas)”, encabeçada por Sapronov e Ossinsky.
Além disso,
em 1921, no quadro de sua impiedosa luta contra a degeneração burocrática da Revolução
Russa de Outubro de 1917, Lenin deu início à sua luta contra
as posições defendidas pela então latente fração da troika burocrático-operária, prenunciada
por Stalin,
Kamenev e Zinoviev, que a viria ainda a adquirir todos os seus
contornos nos anos subseqüentes.
Paralelamente,
o esmagamento do Levante Contra-Revolucionário de Kronstadt, em março de 1921, veio a produzir um grande impacto
sobre as frações de oposição, convulsionando toda a vida interna do PCR
(Bolchevique).
Precisamente, no X
Congresso do PCR (B), realizado entre os dias 8 e 16 de março de
1921, há dois anos da morte de Sverdlov, contando com participação de 694 delegados plenos
e 296 com direito a voz, representando 732 mil e 500 militantes, Zinoviev, Kamenev e seus seguidores, como forma de impulsionar sua
luta fracional travada contra Trotsky,
apoiaram a candidatura de Stalin para Secretário
Geral – colocando esse
último, formalmente, na posição que Sverdlov havia ocupado, de
fato.
Colocado em face desse fato político, Lenin pronunciou-se
contra esse plano, expressando seu temor acerca do fato de que :
“Etot povar
budiet gotovit’ tol’ko ostrye bliuda(esse cozinheiro há de preparar apenas
pratos apimentados)”[199].
Por outro
lado, Krestinsky, Serebryakov e Preobrajensky afastados do Secretariado Comandado por Três Homens,
por terem sido considerados pelo X Congresso do PCR (Bolchevique) como
muito lenientes em face das frações oposicionistas, deram lugar,
transitoriamente, na direção do novo Secretariado, a Molotov, Yaroslavsky e Mikhailov, os quais surgiam
aparentemente como os melhores quadros para o exercício da disciplina
partidária contra as frações indômitas.
Esse novo Secretariado levou adiante, então, a execução de uma
depuração partidária, ocorrida no arco de um ano, em que quase 30 % dos
militantes do PCR (Bolchevique) foram
excluídos de suas fileiras[200].
Molotov,
Yaroslavsky e Mikhailov passaram a
desempenhar, igualmente, um importante papel para o empossamento, em 2 de abril
de 1922, de Stalin nas funções de
Secretário
Geral, considerado, então,
como um velho quadro organizador pragmático bolchevique e o mais sólido
representante da burocracia de funcionários do partido em ascensão, porém, aos
olhos de Lenin, nada senão um “cozinheiro
de pratos apimentados”.[201]
Nesse
sentido, Trotsky anotou,
minuciosamente:
“No X
Congresso, dois anos depois da morte de Sverdlov, quando Zinoviev
e outros - não sem um pensamento velado de luta travada contra mim -, apoiaram
a candidatura de Stalin para Secretário Geral, colocaram-no, de
jure, na posição em que Sverdlov
havia ocupado, de facto.
Lenin pronunciou-se, em círculos restritos, contra esse plano, expressando seu
temor acerca do fato de que :
“ esse
cozinheiro irá preparar apenas pratos apimentados”.
Tão somente essa frase, tomada em conexão com o
caráter de Sverdlov, demonstra-nos
as diferenças entre os dois tipos de organizadores :
Um, incansável em atenuar conflitos, facilitando
o trabalho para os órgãos colegiados.
Outro, especialista em pratos apimentados – nem
sequer temeroso de os temperar com um
autêntico veneno.
Se, em março de 1921, Lenin não levou ao limite sua oposição, i.e. não apelou ao
Congresso abertamente contra a candidatura de Stalin, foi porque o posto
de Secretário, ainda que “Geral”, possuía um significado estritamente
subordinado, nas condições então prevalecentes, estando o poder e a influência
concentrados no Bureau Político (Politbureau).
Talvez, também Lenin, como muitos outros, não tivesse percebido adequadamente o
perigo naquele momento.”[202]
Ainda nesse
mesmo X Congresso do PCR (Bolchevique), Lenin fez aprovar sua Resolução
sobre a Unidade do Partido, destacando que a coesão e unanimidade de
vontade das fileiras do Partido haveria de ser preservada sobretudo naquele
momento, em que um número de circunstâncias aumentavam as vacilações da
organização marxista-revolucionária na época do imperialismo capitalistas em
face de seus inimigos de classe e, em particular, da população pequeno-burguesa
da Rússia
Soviética[203].
Em face dos profundos
sinais de fracionalismo, fortalecido mediante a formação desordenada e
pseudo-crítica de grupos com plataformas separadas, lutando para segregaram-se
e criarem sua própria disciplina particular, tal como eram os exemplos
gritantes das frações públicas da “Oposição Operária” e do “Centralismo
Democrático(Decistas)”.
Lenin destacou que
os trabalhadores conscientes devem possuir claridade acerca do fato de que o fracionalismo
de todos os gêneros é prejudicial e intolerável, pois,
independentemente do modo segundo o qual os membros de uma certa fração podem
desejar salvar o Partido, o fenômeno fracional conduz, na prática,
inevitavelmente, ao enfraquecimento do trabalho coletivo e a tentativas
repetidas por parte dos inimigos da direção do Partido de expandir as fissuras
e usá-las para propósitos contra-revolucionários.
Acentuou que
o Levante
de Kronstadt de Março de 1921 havia sido o modo mais escandaloso
segundo o qual os inimigos do proletariado exploraram cada desvio da linha
consistentemente marxista-revolucionária para fortalecer seus ousados
propósitos contra-revolucionários de aniquilação da Ditadura Revolucionária
Proletária na Rússia e o Governo Soviético Operário-Camponês.
Segundo Lenin,
Kronstadt havia demonstrado, além disso, que, explorando os
desentendimentos e os sintomas fracionalistas dos bolcheviques, os Guardas
Brancos eram capazes de disfarçarem-se a si mesmos de comunistas e,
ainda mais, de comunistas de esquerda, exclusivamente com o propósito de
debilitar e destruir o bastião da Revolução Proletária na Rússia,
enquanto mencheviques e socialistas-revolucionários (SR) distribuíam, em Petersburgo,
panfletos, conclamando as massas trabalhadoras a apoiarem o levante
contra-revolucionário.
Diante desse
contexto histórico, Lenin propôs que todo organismo do PCR (Bolchevique) deveria
adotar medidas severas para prevenir todas e quaisquer ações fracionalistas,
sendo que todas novas propostas práticas haveriam de passar a ser formuladas e
submetidas, sem demora, os órgãos locais e centrais do Partido para exame.
Toda crítica
haveria de atentar para o fato de que sua forma teria em conta a posição do
Partido, então inteiramente cercado por inimigos, e seu conteúdo, a retificação
dos erros do Partido ou de seus membros, individualmente considerados.
Em sua Resolução
sobre a Unidade do Partido, Lenin defendeu que análises sobre a
linha político-geral, balanços de experiência prática, exames de cumprimentos
de decisões, estudos de métodos de retificação de erros etc. não deviam jamais
serem submetidos a discussões preliminares de grupos, formados sobre a base de “plataformas”
etc., mas sim apresentados diretamente para a discussão de todos os membros do
Partido.
Nesse
sentido, propôs uma publicação mais regular dos “Diskussionny Listok(Boletins de Discussão)”
e realização de simpósios, voltados a promover incessantemente esforços
de que o exercício da crítica estivesse concentrado nas questões essenciais,
não assumindo formas capazes de ajudar os inimigos de classe do proletariado em
seus propósitos contra-revolucionários.
Clamando
pela luta travada com todos os meios possíveis contra as degenerações
burocráticas e em favor da extensão da democracia e iniciativa operárias,
detectando, expondo e expulsando de suas fileiras os membros carreiristas, Lenin
propôs que o X Congresso do PCR (Bolchevique) declarasse dissolvidas e
ordenasse a imediata dissolução de todos os grupos e frações, sem qualquer
exceção, formados na base de uma ou outra plataforma, tal como a fração
pública da “Oposição Operária”, do “Centralismo Democrático (Decistas) etc.,
sendo que a inobservância dessa declaração e ordem congressual haveria de
acarretar incondicionalmente a expulsão das fileiras bolcheviques.
Nessa
ocasião, Lenin declarou às frações do X Congresso do PCR (Bolchevique) :
“Vocês não podem nos enganar com palavras como
“liberdade de crítica”. Quando nos disseram que existia sintomas de enfermidade
no Partido, dissemos que isso merecia atenção redrobrada: a enfermidade
encontra-se ali inquestionavelmente. Vamos ajudar a curá-la
Porém, digam-nos como você pretendem tratá-la.
Temos perdido uma quantidade muito grande de
tempo em discussão e devo dizer que a questão agora está sendo conduzida para
distante de casa, com “fuzis” muito mais do que com teses de “oposição”.
Companheiros, agora não é nenhum momento para
uma oposição.
Ou vocês estão do lado de cá ou do lado de lá,
porém, se estiverem do lado de lá suas armas devem ser os fuzis e não uma
oposição.
Isso decorre da situação objetiva e vocês não
nos podem censurar por causa disso.
Companheiros, vamos deixar de ter oposição
precisamente agora!
Acho que o Congresso do Partido terá de sacar a
conclusão de que o momento de oposição já transcorreu e o tampo foi colocado
sobre ela.
Não queremos mais oposições!”[204]
A fim de
assegurar estrita disciplina no interior do PCR (Bolchevique) e em todo o trabalho Soviético, um máximo de
unanimidade e eliminação de todo o fracionalismo, o X Congresso haveria de
encarregar o Comitê Central Bolchevique da tarefa de aplicar punições, no
caso de ruptura da disciplina, reavivamento ou tolerância do fracionalismo,
incluindo-se a expulsão, e – em casos de membros do Comitê Central – substituição
e expulsão do Partido.
Condição
necessária para a aplicação de uma medida extrema a membros do Comitê
Central, membros deslocados de tarefas e membros da Comissão
de Controle seria a convocação de uma Assembléia Plenária do Comitê
Central, para a qual fossem convidados todos os membros substituídos e
membros da Comissão de Controle, devendo tal assembléia dar execução
imediata às suas decisões.
Ao mesmo
tempo, Lenin levantou-se contra a proposição formulada por Riazanov
de emenda à sua Resolução sobre a Unidade do Partido que postulava :
“Condenando toda a atividade fracional, o
Congresso opõe-se vigorosamente a toda e qualquer eleição para o Congresso
feita com base em plataformas.”
Segundo Lenin,
a proposta de Riazanov seria impraticável, na medida em que não se poderia
privar o Partido e os membros de seu Comitê Central do direito de apelar
ao Partido, no caso de desacordo existente em questões fundamentais.
E,
asseverou, nitidamente, tal como prevendo os imensos perigos que uma tal Resolução
sobre a Unidade do Partido poderia produzir nas mãos abusivas da fração
burocrático-operária subterrânea ou secreta que já se desenhava, sob o
comando de Stalin e seus associados :
“Não posso imaginar que possamos fazer uma coisa
dessas!
O presente congresso não pode, de nenhum modo,
amarrar as eleições para os próximos congressos.
Suponhamos que nos defrontemos com uma questão,
digamos, semelhante à Paz de Brest?
Você pode nos garantir que uma tal questão não
virá a surgir?
Não, não pode.
Nessas circunstâncias, as eleições podem ter de
ser baseadas sobre plataformas.
(Riazanov : « - em uma questão ? »
Certamente. Porém, sua resolução diz : « Nenhuma
eleição, feita com base em plataformas. »
Não creio que tenhamos o poder de proibir isso.
Se estamos unidos por nossa resolução sobre a
unidade e, evidentemente, pelo desenvolvimento da revolução, não existirá
repetição de eleições com base em plataformas.
A lição que aprendemos nesse congresso não será
esquecida.
Porém, se as circunstâncias derem lugar a
desacordos fundamentais, podemos proibi-los de serem levados ao julgamento do Partido
como um todo?
Não, não podemos !
Esse é um desejo excessivo que é impraticável e
proponho que o rejeitemos.”[205]
CAPÍTULO 40.
III CONGRESSO DA INTERNACIONAL COMUNISTA EM 1921
CAPÍTULO 41.
XI CONGRESSO DE 1922 DO PCR
(BOLCHEVIQUE) :
LUTA CONTRA O ASCENSO DA
BUROCRACIA OPERÁRIA,
COMANDA POR STALIN, ZINOVIEV E
KAMENEV
Mesmo ainda
no quadro do XI Congresso do PCR (Bolchevique), ocorrido entre 27 de março e
2 de abril de 1922, Lenin demonstrou, nitidamente, que jamais entendeu como sendo
acertado sufragar a concepção de conferir-se a Stalin a posição Secretário
Geral do Partido - tal como predicavam veementemente Zinoviev
e Kamenev – fazendo-o mesmo tendo em consideração que o posto de Secretário,
ainda que “Geral”, possuiria um significado estritamente subalterno, dado
o fato de que o poder e a influência do Partido encontravam-se concentrados
seja em seu Bureau Político seja em seu Comitê Central.
Em sua
polêmica travada contra Preobrajensky que protestava contra o
fato de Stalin exercer funções dirigentes em dois comissariados – i.e.
enquanto Comissário do Povo para as Nacionalidades, a partir de 26 de
outubro de 1917, e enquanto Comissário do Povo para o Controle do Estado,
a partir de março de 1919, e, depois de sua reorganização, em fevereiro de
1920, enquanto Comissário do Povo para a Inspeção dos Trabalhadores e Camponeses –
Lenin destacou, precisamente, o seguinte, sem pronunciar-se
absolutamente sobre um posto de “Secretário Geral” do Partido a ser
supostamente conferido a Stalin, reconhecendo a este
competências estritamente subordinadas e limitadas a certos domínios de
atividades político-governamentais, colocadas, em última instância, sob
responsabilidade direta da Presidência do Conselho de Comissários do
Povo, exercida, então, pessoalmente por Lenin, ele mesmo:
“Temos falta de pessoas!
Porém, Preobrajensky aproxima-se e,
despreocupadamente, afirma que Stalin possui funções em dois comissariados.
Quem entre nós já não pecou nesse sentido?
Quem não já não assumiu diversos deveres
concomitantemente?
E como podemos fazer de modo diferente?
O que podemos fazer para preservar a presente
situação no Comissariado do Povo para as
Nacionalidades, para tratar todas as questões turcumenas, caucasianas e outras?
Essas são questões políticas!
Elas tem de ser decididas.
São questões que ocuparam a atenção de Estados
europeus por centenas de anos e apenas um número infinitesimal deles foram
organizados em repúblicas democráticas.
Estamos organizando-as e precisamos de um homem
a quem os representantes de quaisquer dessas nações possam ir discutir suas
dificuldades, em todos os detalhes.
Onde podemos encontrar um tal homem?
Não acredito que o companheiro Preobrajensky
possa sugerir qualquer outro candidato melhor do que o companheiro Stalin.”[206]
Cumpre
anotar, por derradeiro, que, também no quadro do XI Congresso do PCR (Bolchevique),
manifestou-se ainda importante luta fracional, desencadeada no domínio
militar, em torno da questão da educação e da doutrina militar das Forças
Armadas Vermelhas, luta essa que persistiu ao longo dos anos de 1921 e
1923,
De
um lado, Trotsky e Antonov-Ovseienko defenderam a herança dialética na
compreensão dos problemas militares.
D’outro
lado, Frunze, Gussev e Tukhatchevsky – apoiados por Kamenev,
Zinoviev e Bukharin - propugnavam uma doutrina militar unitária e
essencialmente ofensiva para as Forças Armadas Vermelhas, razão
porque sua fração foi qualificada por Trotsky de tentativa de “Ressuscitação
do Esquerdismo Comunista no Domínio Militar.”
De
todo modo, essa luta fracional evoluiu de tal forma que não exigiu diretamente
a intervenção de Lenin, o qual ambas as partes reivindicavam como sustentáculo
integrante de suas fileiras.
Nada obstante,
o fortalecimento da posição de Stalin na luta contra o então, assim aclamado pelas massas proletárias
russas, ”Trotsky, o Vitorioso da Guerra Civil”, “Trotsky, o Salvador do Trem de
Comando” passava a ser concebido como tarefa de segurança máxima para a
sustentação das ambições de preservação da burocracia operária
contra-revolucionária em ascensão[207].
Quando, em
26 de maio de 1922, Lenin sofreu seu
primeiro derrame, ensaiou-se, imediatamente, a tomada dos principais postos das
organizações comunistas proletárias de outrora pela burocracia partidária em
gestação.
Zinoviev e
Radek surgiam, já então, como os
principais representantes da Internacional Comunista (Komintern) : Zinoviev
investido da função de Presidente do Executivo do Komintern, Radek
enquanto membro desse mesmo Executivo e representante do PCR
(Bolchevique) junto ao Komintern, encarregado especialmente das questões político-estratégicas
concernentes à Alemanha.
Nesse mesmo
contexto, Kamenev assumiu, inopinadamente, a Presidência do Politbureau do PCR
(Bolchequevique), atuando de
mãos dadas com Zinoviev e Bukharin, enquanto
principais dirigentes político-ideológicos do partido russo.
Zinoviev, principal dirigente do PCR (Bolchevique) em Petrogrado,
e Kamenev, sua alma gêmea de Moscou, acreditavam serem os principais
beneficiários do processo de alijamento de Trotsky dos principais centros de decisão política.
Quanto a Stalin, se, esse último, em um contexto
preambular, até o ano de 1922, já surgia exercendo as funções de Comissário
do Povo para as Questões das Nacionalidades, Membro do Comitê Executivo Central
dos Sovietes de Toda a Rússia, Membro do Comitê Executivo do Governo, Membro da
Comissão da Política de Alimentação e Obtenção de Meios Alimentícios no Sul da
Rússia, Dirigente da Circunscrição Militar do Cáucaso do Norte, Presidente do
Conselho Revolucionário de Guerra do Fronte do Sul, Membro do Conselho
Revolucionário de Guerra da República, Membro da Comissão para a Redação do
Programa do Partido, Delegado ao I Congresso do Komintern, Dirigente do
Departamente do Controle do Estado – departamento esse denominado, a
partir do Decreto de 7 de Fevereiro de 1920, Rabkrin, i.e. Comissariado do
Povo para a Inspeção dos Trabalhadores e Camponeses e encarregado de desferir o combater contra a enfermidade
burocrática do Estado Proletário nascente -, bem como desempenhando as
atribuições de Secretário Geral[208], viria ele, então, revelar-se, as seguir, como
o grande privilegiado da Reforma Partidária de Agosto de 1922, de matiz nitidamente
burocrática, introduzida no quadro da XII Conferência do PCR(Bolchevique).
Stalin tornou-se, assim, o pivô da crescente
concentração e centralização de toda a vida interna das organizações
partidárias.
As células
de militantes das cidades e do campo, o Orgburo, a Comissão Central de Controle, a Tcheca etc., passavam
também a ser comandadas por Stalin, com o auxílio de apenas três outros bolcheviques, Shkiryatov,
Korostelev e Muranov.
Durante o
ano de 1922, a participação de Trotsky nas sessões do Politburo já se encontrava reduzida
à condição de superficial formalidade, sendo as principais decisões
político-práticas adotadas em sessões secretas que não contavam com a sua
participação direta.
Recuperando-se
lentamente de seu primeiro derrame, Lenin voltou a assumir suas atividades em junho de 1922, tendo a
oportunidade de, já naquela oportunidade, constatar, clara e diretamente, a
saliente expansão do processo de burocratização do aparato do partido.
CAPÍTULO 42.
IV CONGRESSO DA INTERNACIONAL COMUNISTA EM 1922
Em seu
discurso, proferido no IV Congresso Mundial do Komintern, realizado entre 5 de novembro e 5 de
dezembro de 1922, pouco antes de sofrer seus segundo e terceiro derrames, respectivamente
em 16 dezembro de 1922 e 9 de março de 1923 - os quais o impossibilitaram de
seguir ativo em suas funções partidárias e soviéticas, conduzindo-o,
finalmente, à morte, em janeiro de 1924 -, Lenin teve a oportunidade de advertir os companheiros russos e
estrangeiros acerca do perigo de adotarem, mecânica e dogmaticamente, os mesmos
métodos de tratamento das questões organizativo-partidárias que haviam-se
despregado na Rússia Soviética, no
curso dos anos imediatamente precedentes[209].
...
CAPÍTULO 43.
XII CONGRESSO DE 1923 DO PCR
(BOLCHEVIQUE) :
CONTINUAÇÃO DA LUTA
CONTRA O ASCENSO DA BUROCRACIA
OPERÁRIA,
COMANDA POR STALIN, ZINOVIEV E
KAMENEV
NO QUADRO DA ENFERMIDADE DE
LENIN
CAPÍTULO 44.
ÚLTIMOS DIAS DE LENIN
NA LUTA CONTRA O ASCENSO DA
BUROCRACIA OPERÁRIA,
COMANDA POR STALIN, ZINOVIEV E
KAMENEV
Em 4 janeiro
de 1923, em seu assim denominado “Testamento”, Lenin recomendou afastar Stalin
do posto de Secretário Geral, pronunciando-se nos seguintes termos:
“Por estabilidade do Comitê Central, acerca do que falei precedentemente,
entendo as medidas destindas a evitar uma ruptura, na medida em que tais
medidas possam ser tomadas.
Dado que, evidentemente, a Guarda Branca, em Russkaya Misl (O Pensamento
Russo)(acho que foi S.E. Oldenburg), estava correta quando, em primeiro lugar,
no quadro de sua luta contra a Rússia Soviética, confiou na esperança de uma
ruptura de nosso Partido e, em segundo
lugar, apostou naquela ruptura, fundada em sérios desentendimentos, existentes
em nosso Partido.
Nosso Partido está assentado sobre duas classes e, por essa razão, sua
instabilidade é possível e, se não puder existir um acordo entre essas classes,
sua queda será inevitável.
Em tal caso, seria inútil adotar quaisquer medidas ou discutir, em geral,
acerca da estabilidade de nosso Comitê Central.
Em tal caso, nenhuma medida demonstrar-se-ia capaz de prevenir a ruptura.
Porém, acredito que se trate de um futuro por demais remoto e de um caso
por demais improvável para sobre eles se falar.
Tenho em mente a estabilidade enquanto uma garantia contra a ruptura no
futuro próximo e pretendo examinar aqui uma série de considerações de caráter
puramente pessoal.
Entendo que o fator fundamental em questão de estabilidade – visto a
partir desse ponto de vista – consiste em tais membros do Comitê Central como
Stalin e Trotsky.
A relação entre eles constitui, em minha opinião, uma grande metade do
perigo de ruptura, que poderia ser impedido e cujo impedimento poderia ser
promovido, a meu ver, mediante a elevação do número de membros do Comitê
Central de 50 para 100.
Tendo-se tornado Secretário Geral, o Companheiro Stalin vem concentrando
um poder enorme em suas mãos e não estou seguro de que poderá sempre saber como
usar esse poder com suficiente precaução.
Por outro lado, o companheiro Trotsky, tal como comprovado por sua luta
contra o Comitê Central, relacionada com a questão do Comissariado do Povo para
Vias e Comunicações, distingui-se não apenas por suas habilidades excepcionais
– em sentido pessoal, ele é, seguramente, o homem mais hábil no atual Comitê
Central –, porém também por sua auto-confiência por demais ampla e sua
disposição de também ser por demais atraído pelo lado puramente administrativo
dos negócios.
Essas duas qualidades dos dois dirigentes mais hábeis do atual Comitê
Central poderia, de modo inteiramente inocente, conduzir a uma ruptura. Caso
nosso Partido não adote medidas para impedí-la, uma ruptura poderia surgir
inesperadamente.
Não caracterizarei, adicionalmente, os outros membros do Comitê Central
no que concerne às suas qualidades pessoais.
Apenas recordar-lhes-ei que o episódio de Outubro de Zinoviev e Kamenev
não foi, evidentemente, casual, porém que isso deveria, no mínimo, ser
utilizado contra eles pessoalmente, tal como o não-bolchevismo de Trotsky.
Dos membros mais jovens do Comitê Central, quero dizer umas poucas
palavras sobre Bukharin e Pyátakov. Eles são, em minha opinião, as forças mais
hábeis (entre os mais jovens) e, com relação a eles, é necessário ter em mente
o seguinte: Bukharin não é apenas o maior e mais valioso teórico do Partido,
senão ainda pode ser considerado, legitimamente, como o favorito de todo o Partido. Porém, suas
concepções teóricas podem ser consideradas como inteiramente marxistas, apenas
com a mais grandiosa dúvida, posto que, nele, existe algo de escolástico (ele
nunca aprendeu e acho que nunca entendeu inteiramente a dialética). E, então,
Pyatakov : um homem indubitavelmente distinguido por sua vontade e sua
habilidade, porém por demais entregue à administração e ao lado administrativo
das coisas, para ser confiado em sua séria questão política.
Obviamente, ambas essas observações são por mim efetuadas meramente com
uma visão do tempo atual ou supondo que esses dois companheiros, hábeis e
leais, não possam encontrar uma oportunidade para suplementar seus
conhecimentos e corrigir suas unilateralidades.
25 de dezembro de 1922
Postscriptum : Stalin é excessivamente rude e essa falha, inteiramente
suportável em relações entre nós, comunistas, torna-se insuportável no cargo de
Secretário Geral.
Portanto, proponho aos companheiros encontrar um meio de remover Stalin
dessa posição e para ela indicar outra pessoa que, em todos os sentidos, diferencie-se
de Stalin apenas em superioridade – nomeadamente, mais paciência, mais
lealdade, mais polidez e mais atenção para com os companheiros, menos capricho
etc.
Essa circunstância pode parecer uma mesquinharia insignificante, porém
entendo que, do ponto de vista do impedimento de uma ruptura e da relação entre
Stalin e Trotsky, que analisei acima, não se trata ela de uma mesquinharia ou
trata-se de uma tal mesquinharia que pode aquirir um significado decisivo.
4 de janeiro de 1923
Lenin”[210].
Em 5 de março de 1923, Lenin dirigiu,
então, a seguinte carta a Stalin,
carta essa publicada, pela primeira vez, apenas em 1956:
“Altamente sigiloso
Pessoal
Cópia aos Comps.
Kamenev e Zinoviev
Caro companheiro
Stalin,
Você foi muito rude em
repreender minha esposa pelo telefone e usar má linguagem.
Embora ela lhe tenha
dito que está preparada para esquecer a questão, o fato tornou-se, entretanto,
conhecido através dela a Zinoviev e a Kamenev.
Não tenho a intenção
de esquecer tão facilmente o que foi feito contra mim e é evidente que o que
foi feito contra minha esposa considero como tendo sido feito também contra
mim.
Peço-lhe, portanto,
para refletir se está preparado para retirar o que disse e se desculpar ou se
prefere que devam ser rompidas as relações existentes nós.
Atenciosamente,
Lenin”[211]
EDITORA DA UNIVERSIDADE
COMUNISTA SVERDLOV
PARA A ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA DO
PROLETARIADO
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE –
PARIS
JULHO DE 2003
[1] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief
an F. A. Sorge (Carta à F. A. Sorge)(11.02.1891), in: Marx und Engels Werke
(Obras de Marx e Engels), Vol. 38, Berlim : Dietz Verlag, 1961, pp. 30 e 31.
[2] Cf. LENIN, VLADIMIR, I. Pis’mo A. M.
Gor’komu (Carta a A. M. Gorki)(13-14.11.1913), in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie
Sotchinenii (Obras Completas), Moscou : GIPL, 1961, Vol. 48, pp. 226 e s.
[3] Acerca
do tema, vide sobretudo IDEM. III S’ezd RSDRP (III
Congresso do POSDR-B)(12-27.04.1905), in: ibidem, Vol. 10, pp. 87 e s.
[4] Nesse sentido, vide MARX,
KARL & ENGELS, FRIEDRICH. Manifest der Kommunistischen
Partei (Manifesto do Partido Comunista)(Dezembro de 1847/Janeiro de 1848), 2.
Proletarier und Kommunisten (Proletários e Comunistas), in : Marx und Engels’
Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. 4, Berlim : Dietz, pp. 474 e s.
[5]
Vide LENIN, VLADIMIR, I. Retch ob Usloviakh
Priema v Kommunistitcheskii Internatsional (Discurso sobre as Condições de
Admissão na Internacional Comunista)(30.07.1920), in: ibidem, Vol. 41, pp. 248
e s.
[6] Em um sentido definitório fundamental, vide THE MINUTES OF THE II CONGRESS OF THE
COMUNIST INTERNATIONAL. Stenographic Report. Reprinted as « The Role of the
Communist Party in the Proletarian Revolution », London : Marston Co., 1920,
pp. 368 e s.; tb. LENIN. VLADIMIR I. Tezissy ko II Kongriessu Kommunistitcheskovo
Internatsionala (Teses sobre o II Congresso da Internacional Comunista) (Junho
de 1920), in: ibidem, Vol. 41, pp. 159 e s.; IDEM. II Kongriess Kommunistitcheskovo Internatsionala (II
Congresso da Internacional Comunista)(19.07-07.08.1920), especialmente 2. Retch
o Roli Kommunistitcheskoi Partii (Discurso sobre o Papel do Partido
Comunista)(23.07.1920), in: ibidem, Vol. 41, pp. 236 e s.
[7] Cf. THE MINUTES OF THE II CONGRESS OF THE COMUNIST
INTERNATIONAL. Stenographic
Report. Resolution on « The Role of the Communist Party in the Proletarian
Revolution », London : Marston Co., 1920, p. 44.
[8] Nesse sentido, vide sobretudo LENIN. VLADIMIR I. Karl Marx. Kratkii Biografitcheskii Otcherk s
Izlojeniem Marksizma (Karl Marx. Breve Quadro Biográfico com Exposição do
Marxismo)(Julho – Novembro de 1914), in: ibidem, Vol. 26, pp. 43 e s.
[9] Vide IDEM. Shto
Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer? Questões Candentes do
Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), Parte 2: Stikhiinost’ Mass i
Soznatel’nost’ Sotsial-Demokratii (Espontaneidade das Massas e Consciência dos
Sociais-Democratas), Letra B: Preklonennie Pred Stikhiinost’iu “Rabotchaia
Mysl’” (Prostração diante do Espontaneísmo de “Pensamento Operário”), in:
ibidem, Vol. 6, pp. 33 e s.; tb. IDEM. O
Reorganizatsii Partii (Sobre a Reorganização do
Partido)(10-16.11.1905), Parte 1, in: ibidem, Vol. 12, pp. 83 e s.
[10] Vide ENGELS, FRIEDRICH. Ergänzung der
Vorbemerkung von 1870 zu „Der deutsche Bauernkrieg”(Suplemento à Prenotação de
1870 acerca da „Guerra Camponesa na Alemanha“)(1° de Julho de 1874), in:
ibidem, Vol. 18, p. 513.; tb. LENIN,
VLADIMIR I. Shto Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer?
Questões Candentes do Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), Parte 1:
Dogmatizm i “Svoboda Kritiki” (Dogmatismo e Liberdade de Crítica), Letra D:
Engels o Znatchenii Teoretitcheskoi Borby (Engels sobre o Significado da Luta
Teórica), in: ibidem, Vol. 6, pp. 22 e s.
[11] Para um estudo acerca da concepção de Lenin
relativa relação a ser observada entre partido revolucionário e organizações
sindicais, vide além disso IDEM. Shto
Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer? Questões Candentes do
Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), Parte 3 : Treid-Iunionistskaia
i Sotsial-Demokratitcheskaia Politika (Sindicalismo e Política
Social-Democrática), in: ibidem, Vol. 6, pp. 53 e s.
[12] Vide ENGELS, FRIEDRICH. Ergänzung der
Vorbemerkung von 1870 zu „Der deutsche Bauernkrieg”(Suplemento à Prenotação de
1870 acerca da „Guerra Camponesa na Alemanha“)(1° de Julho de 1874), in:
ibidem, Vol. 18, p. 513.
[13] Cf.
LENIN, VLADIMIR I. Predislovie k
Sborniku « Za 12 Liet » (Prefácio à Brochura « 12 Anos »)(Setembro de 1907),
in: ibidem, Vol. 16, pp. 95 e s. No
mesmo sentido, vide ainda especialmente IDEM.
Predislovie k Broschiurie Voinova (A. V. Lunatcharsky) ob Otnoshenii Partii
k Professional’nym Soiuzam (Prefácio à Brochura de Voinov (A.V. Lunatcharsky)
sobre a Relação do Partido com os Sindicatos)(Novembro de 1907), in: ibidem,
Vol. 16, pp. 183 e s.; IDEM. Neitral’nost’
Profiessuinal’nykh Soiuzov (Neutralidade dos Sindicatos)(19.02.1908), in:
ibidem, Vol. 16, pp. 427 e s.
[14] Cf. TRIETI
VCEROSSISKII S’EZD PROFESSIONALNYKH SOYUZOV. STENOGRAFITCHESKI OTCHET.
(Terceiro Congresso dos Sindicatos – Relatório Estenográfico)(06-15.04.1920), Moscou : Gosud. Izd-vo, p. 47.
[15] Cf. THE MINUTES OF THE II CONGRESS OF THE COMUNIST
INTERNATIONAL. Stenographic
Report. Resolution on « The Role of the Communist Party in the Proletarian
Revolution », London : Marston Co., 1920, p. 624.
[16] Acerca
de ambos, vide sobretudo IDEM. Ivan Vasil’evitch
Babushkin. Nekrolog (Ivan V. Babuschkin. Necrológio)(18.12.1910), in: ibidem,
Vol. 20, pp. 79 e s.; IDEM. Pamiati
J. M. Sverdlova. Retch V. I. Lenina. „Pravdy“ i „Izvestia“ ot 20 Marta 1919.
Tcherezvytchainoe Zassedanie VTsIK. 18 Marta, Posviaschschennoe Pamiati
Predsedatelia VTsIK Tav. Sverdlova (Em Memória de J. M. Sverdlov. Discurso de
V. I. Lenin. “Pravda” e “Izvestia” de 20 de março de 1919. Sessão
Extraordinária do CEC dos Sovietes de Toda a Rússia de 18 de Março. Discurso
Dedicado à Memória do Presidente do CEC dos Sovietes de Toda a Rússia,
Companheiro Sverdlov), in: Jakob Michailovitch Sverdlov. Sbornik
Vospominanii i Statei(Jakob Michailovitch Sverdlov. Compêndio de Recordações e
Artigos), Leningrad : Gosud. Izd-vo, 1926, pp. 53 e s.
[17] Acerca
do tema, vide VOROVSKY,
VATSLAV V. Sotchinenia (Obras), Vol. 1 – 3, Moscou: Partiinoe
Izd-vo, 1932, pp. 3 e s.
[18] Nesse sentido, vide LENIN,
VLADIMIR I. Shto Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer?
Questões Candentes do Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), Parte 5:
“Plan” Obscherusskoi Polititcheskoi Gazety (“Plano” de um Jornal Político para
Toda a Rússia), in: ibidem, Vol. 6, pp. 154 e s.
[19] Acerca
do tema, vide IDEM. II S’ezd
RSDRP(II Congresso do POSDR)(17 de Julho – 10 de Agosto de 1903), in: ibidem,
Vol. 7, pp. 259 e s.; IDEM. VI Prajskaia Vcerossiiskaia
Konferentsia RSDRP (VI Conferência de Praga do POSDR-B de Toda a
Rússia)(05-17.01.1912), in: ibidem, Vol. 21, pp. 121 e s.
[20] Vide IDEM. O Bor’be Vnutri Ital’ianskoi
Sotsialistitcheskoi Partii (Sobre a Luta no Interior do Partido Socialista
Italiano)(4-12.11.20), in: ibidem, Vol. 41, pp. 409 e s.
[21] Nesse
sentido, vide IDEM. Pis’mo k
Tovarishu o Nashikh Organizatsionnykh Zadatchakh (Carta a um Companheiro Sobre
Nossas Tarefas Organizativas)(Setembro de 1902), in: ibidem, Vol. 7, pp. 5 e
s.
[22] Cf. IDEM. A Sud’i Kto? (Mas Quem são os Juízes?)(05.11.1907), in:
ibidem, Vol. 16, pp. 159 e s.
[23] Cf. IDEM. Svoboda
Kritiki i Edinstvo Deistvii (Liberdade de Crítica e Unidade de
Ação)(20.05.1906), in: ibidem, Vol. 13, pp. 128 e s.; IDEM. Obraschenie k Partii Delegatov Ob’edinitel’novo S’ezda,
Prinadlejavshikh k Byvshei Fraktsii “Bol’shevikov” (Apelo aos Delegados do Partido
do Congresso da Unidade que Pertenceram à Antiga Fração dos
“Bolcheviques”)(25-26.04.1906), in: ibidem, Vol. 12, pp. 395 e s.; IDEM. Bor’ba s Kadetstvuiuschimi S.-D.
i Partiinaia Distsiplina (Luta contra Sociais-Democratas Pró-Cadetes e
Disciplina Partidária)(23.11.1906), in: ibidem, Vol. 14, pp. 125 e s.
[24] Cf. Cf. TROTSKY,
LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol.
1, especialmente Cap. 7 : 1917, Benson-Vermont
: Felshtinsky, 1985, pp. 229.
[25] Vide IDEM.
Nikakoi Fal’shi ! Nasha Sila v Zaiavlenii Pravdy ! (Sem Mentiras ! Nossa Força
Reside na Declaração da Verdade!)(Setembro de 1905), in: ibidem, Vol. 11., pp.
328 e s.; IDEM. Detskaia Bolezn’
“Levizny” v Kommunizme (Doença Infantil de “Esquerda” no Comunismo)(Abril-Maio
de 1920), Parte 2. Odno iz Osnovnykh Uslovii Uspekha Bol’shevikov (Uma das
Condições Fundamentais dos Sucessos Bolcheviques) e Parte 7. Utchastvovat’ li v
Burjuaznykh Parlamentakh? (Devemos Participar dos Parlamentos Burgueses), in:
ibidem, Vol. 41, pp. 5, 39 e s.
[26] Cf. IDEM.
Predislovie k Russkomu Perevodu Knigi “Pis’ma I. F. Bekkera, I. Ditsgena, F.
Engel’sa, K. Marksa i dr. k F. A. Sorge i dr.”(Prefácio à Tradução Russa das
“Cartas de I. F. Becker, J. Dietzgen, F. Engels, K. Marx e outros a F. A. Sorge
e outros”)(06.04.1907), in: ibidem, Vol. 15, pp. 229 e s.; IDEM. Doklad o Revolutsii 1905 g. (Palestra sobre a Revolução de
1905)(09.01.1917), in: ibidem, Vol. 30, pp. 311 e s.; IDEM. Uspiekhi i Trudnosti Sovietskoi Vlasti (Sucessos e
Dificuldades do Poder Soviético)(Março de 1919), in: ibidem, Vol. 38, pp. 39 e
s.
[27] Cf. IDEM. Otcherednye
Zadatchi Sovetskoi Vlasti (Tarefas Imediatas do Poder Soviético)(Março – Abril
de 1918), Parte 6: Organizatsia Sovernovania (Organização da Competição), in:
ibidem, Vol. 36, pp. 190 e s.
[28] Acerca do tema, vide sobretudo IDEM. Ivan Vasil’evitch Babushkin. Nekrolog (Ivan V.
Babuschkin. Necrológio)(18.12.1910), in: ibidem, Vol. 20, pp. 79 e s.;
[29] Acerca
do tema em destaque, vide, mais precisamente, IDEM. Igra v Parlamentarizm(Jogando com Parlamentarismo)(26.09.1905),
in: ibidem, Vol. 11, pp. 249 e s. Nessa sede, Lenin, fundando-se
nas precisas lições ministradas por Karl Marx acerca da arte
da insurreição, escreve precisamente : “Para nós, sociais-democratas
revolucionários, a insurreição não é nenhuma consigna abstrata, mas sim
constitui uma consigna concreta. Em 1897, nós a retiramos da ordem do dia. Em 1902,
nós a levantamos, no sentido de uma preparação geral e, apenas em 1905, depois
do 9 de janeiro, colocamo-la na ordem do dia enquanto exigência imediata. Nós
não nos esquecemos do fato de que Marx estava em favor do levante, em 1848,
mas que, em 1850, condenou as fantasias e o palavreado acerca de uma
insurreição. Nós não nos esquecemos que Wilhelm
Liebknecht condenou, até a Guerra de 1870/1871, a participação
no Parlamento Alemão, mas que, depois da guerra, dele tomou parte
pessoalmente. Constatamos, de antemão, no Nr. 12, de “Proletari(O Proletário)”,
que seria ridículo louvar-se o fato de, no futuro, não virmos a lutar sobre o terreno da Duma. Sabemos
que não apenas o Parlamento, senão ainda a paródia acerca de um Parlamento,
podem constituir o centro principal de toda a agitação, enquanto os
pressupostos para uma insurreição não estiverem dados, e, em verdade, durante
todo o tempo em que não se possa pensar em uma insurreição popular.” Sobre
a questão dos sindicatos, vide IDEM.
Detskaia Bolezn’ “Levizny” v Kommunizme (Doença Infantil de “Esquerda” no
Comunismo) (Abril-Maio de 1920), Parte 6: Sledyiet li Revoliutsioneram Rabotat’
v Reaktsionnykh Profsoiuzakh? (Devem os Revolucionários Trabalharem nos
Sindicatos Reacionários?), in: ibidem, Vol. 41, pp. 29 e s.
[30] Vide, nesse sentido, sobretudo IDEM. Obraschenie k Partii Delegatov Ob’edinitel’novo S’ezda,
Prinadlejavshikh k Byvshei Fraktsii “Bol’shevikov” (Apelo aos Delegados do
Partido do Congresso da Unidade que Pertenceram à Antiga Fração dos
“Bolcheviques”)(25-26.04.1906), in: ibidem, Vol. 12, pp. 395 e s.
[31] Cf. TROTSKY, LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 7 :
1917, Benson-Vermont : Felshtinsky,
1985, p. 236.
[32] Acerca do tema, vide IDEM. Shto Takoe
“Druz’ia Naroda” i kak Oni Voiut protiv Sotsial-Demokratov? Otvet na Stat’i
“Russkovo Bogatstva” protiv Marksistov(O Que são os “Amigos do Povo” e como
Lutam contra os Sociais-Democratas? Resposta aos Artigos de “A Riqueza Russa”
contra os Marxistas) (Primavera e Verão de 1894), in : ibidem, Vol. 1, pp. 125
e s.
[33] Vide IDEM. Proiekt
i Ob’iasnenie Programmy Sotsial-Demokratitcheskoi Partii (Projeto e Exposição
do Programa do Partido Social-Democrático)(1895-1896), in: ibidem, Vol. 2, pp.
81 e s.
[34] Vide IDEM. Zadatchi
Russkikh Sotsial-Demokratov (As Tarefas dos Sociais-Democratas Russos)(Fim de
1897), in: ibidem, Vol. 2, pp. 433 e s.
[35] Vide, nesse sentido, IDEM. Proiekt Zaiavlenia Redaktsii “Iskry” i “Zari” (Projeto de
Declaração de “A Centelha” e “A Aurora”)(Primavera de 1900), in: ibidem, Vol.
4, pp. 322 e s.; IDEM. Kak Tchut’ ne
Potukhla “Iskra”? (Como por Pouco a Centelha não se Apagou)(Setembro de 1900),
in: ibidem, Vol. 4, pp. 334 e s.; IDEM.
Proiekt Soglashenia (Projeto de Acordo)(Setermbro de 1900), in: ibidem, Vol. 4,
p. 353; IDEM. Zaiavlenie Redaktsii
“Iskry” (Declaração da Redação de “A Centelha”)(Setembro de 1900), in: ibidem,
Vol. 4, 354 e s.
[36] Acerca do tema, vide IDEM. “Ob’edinitel’nyi” S’ezd Zagranitchnykh Organizatsii RSDRP
(Congresso da “Unidade” das Organizações no Exterior do POSDR)(21-22.09.1901),
in: ibidem, Vol. 5, pp. 269 e s.
[37] Vide IDEM.
S Tchevo Natchat’? (Com o que Começar?)(Maio de 1901), in: ibidem, Vol. 5,
pp. 1 e s.; IDEM. IDEM. Shto
Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer? Questões Candentes do
Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), in: ibidem, Vol. 6, pp. 1 e
s.
[38] Anote-se, por oportuno, que a afirmação aqui realizada
surge já em contraste com a clássica formulação – em nosso modo de ver
distorcida e equivocada de Pierre Broué que, ao longo de todo o terceiro
capítulo de sua renomada obra sobre a história do Partido Bolchevique, pretende
sustentar precisamente o seguinte : “Toda uma historiografia cujo os
sentimentos exibidos em relação ao bolchevismo vão da admiração cega ao
denegrimento sistemático, persiste em nele apresentar uma nova ideologia, saída
já toda construída do cérebro de Lenin, o comunismo, revolucionário ou
stalinista, e, no Partido Bolchevique propriamente dito, uma organização de
tipo inteiramente novo, um tipo de III Internacional em antecipação, opondo-se,
desde sua aparição, ao reformismo da II Internacional, encarnada, na Rússia,
pelos mencheviques e, na Alemanha, pela Social-Democracia de Bebel e Kautsky.
Porém, nessa concepção, existe apenas uma reconstrução artificial, feita a posteriori,
da história tanto da organização como das idéias.” Cf. BROUÉ, PIERRE. Le
Parti Bolchevique. Histoire du P.C. de l’U.R.S.S., especialmente Cap. III : Le
Bolchevisme : Le Parti et les Hommes, Paris : Minuit, 1963, p. 44.
Negligenciando, assim, inteiramente o papel já inovador do programa
revolucionário do POSDR, redigido por Lenin e Plekhanov, em
1903, no sentido de seu expresso acolhimento da consigna da “Ditadura do
Proletariado” – consigna essa jamais consagrada nos programas
apodrecidos da Social-Democracia Alemã, Broué entrevê no reformismo da II
Internacional, na Alemanha, mormente as personalidades de
Bebel e Kautsky – contra os quais Lenin não assumiu
posições manifestamente críticas senão a partir da eclosão da I Grande
Guerra Mundial – e omite o aspecto decisivo do reformismo alemão,
incorporado, sobretudo, em Bernstein, Vollmar e seus seguidores,
contra os quais Lenin implacavelmente lutou já a partir de fins
do século XIX. Sendo assim, Broué não logra distinguir,
efetivamente, os elementos decisivos que, seja de uma perspectiva formal, seja
de um ângulo material, determinaram a configuração do bolchevismo leninista, de
modo que finda por atrelar-se, sem muita perpicácia analítica, a uma assim
reputada originalidade exclusiva das condições sociológicas, existentes na
sociedade russa, sob a autocracia czarista. Além disso, quanto ao centrismo
oportunista da Social-Democracia Alemã, se Broué atentasse mais
detalhadamente para as palavras de Engels acerca do que foi essa
corrente teórico-política, bem como à ininterrupta luta desse último, travada a
partir de 1884, nas colunas de “Vorwärts (Avante)”, e sua manifesta
oposição contra o social-pacifismo de Wilhelm Liebknecht, lograria,
sem qualquer margem de dúvida, reconhecer o que também havia de novo na “nova
ideologia, saída já toda construída do cérebro de Lenin”. Em verdade, Bebel
e Kautsky revelaram-se como adeptos do centrismo oportunista,
social-pacifista e estatal-democratista, da maneira mais clara apenas a partir
de 1909, enquanto Wilhelm Liebknecht precedeu-os em vários anos. Sob a influência
desse último, o “Vorwärts (Avante)”, órgão central da Social-Democracia
Alemã, publicou, sistematicamente, durante os anos de vida de Engels,
porém, sobretudo, depois da segunda metade dos anos 90, artigos de autores
notoriamente oportunistas e renegadores do marxismo revolucionário que
dominavam o Partido Alemão e a II Internacional Socialista. Já
mesmo no início dos anos 90, Engels, opondo-se, então, abertamente, às resistências de Wilhelm Liebknecht e de seus aliados mais estreitos, logrou, finalmente, organizar a
publicação da Crítica ao
Programa de Gotha, a qual surgiu estampada no Nr. 18, Volume I, do “Die Neue Zeit(O Novo Tempo)”, de 1890 e 1891. Em uma carta dirigida a F. A. Sorge, Friedrich Engels pronunciou-se, então,
da seguinte forma, contra as reações de desapontamento de Wilhelm Liebknecht e de seus colaboradores lassalleanos, entre eles, especialmente Wilhelm Hasselmann : “Liebknecht está, naturalmente, furioso, posto que toda a crítica foi
cunhada, especialmente, contra ele. Ele é o pai que, juntamente com o veado
pederasta do Hasselmann (no original : Arschficker Hasselmann) pariu esse
programa podre ...” Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Brief an F. A. Sorge (Carta à F. A. Sorge) (11 de Fevereiro
de 1891), in : Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), in: ibidem, Vol.
38, pp. 30 e 31. Como é possível,
então, acreditar que Lenin e mesmo Plekhanov, por
ocasião da elaboração dos documentos programáticos e estatutários de 1903, desconhecessem
as principais polêmicas havidas no interior da Social-Democracia Alemã, havidas já a partir de 1869, tendo como principais protagonistas Wilhelm Liebknecht, Eduard Bernstein, Georg
von Vollmar e seus aliados, não pretendendo, de nenhuma forma,
posicionarem-se em defesa do mais nítido marxismo revolucionário, erigindo uma clara oposição ao
reformismo da II Internacional, surgido em sua mais tenra
fundação, em 1889?
[39] Cf. LENIN, V. I. Doklad ob Ustave Partii (Informe sobre o
Estatuto do Partido)(29.07.1903), in: ibidem, Vol. 7, pp. 273 e s.; IDEM. Retchi i Vystuplenia pri
Obsujdenii Ustava Partii (Discurso e Intervenção nos Debates sobre o Estatuto
do Partido)(02.08.1903), in: ibidem, Vol. 7, pp. 287 e s.; IDEM. Vystuplenia pri Obsujdenii Ustava Partii (Intervenção nos
Debates sobre o Estatuto do Partido)(04.08.1903), in: ibidem, Vol. 7, pp. 292 e
s.
[40] Cf. IDEM. Proiekt
Ustava RSDPR (Projeto de Estatuto do POSDR)(Junho – Julho de 1903), in: ibidem,
Vol. 7, pp. 256 e s.
[41] Cf. Acerca do tema, vide, p.ex., PROIEKT USTAVA PARTII. PROIEKT MARTOVA. in: ibidem, Vol. 8, pp. 230
e s. Trotsky
refere-se da seguinte forma à redação do parágrafo em referência, tal qual
defendida por Martov no II Congresso do POSDR : “1. É considerado membro do Partido todos os que
reconhecem o seu programa, apóiam o Partido, e trabalham sobre o controle do Partido.” Vide TROTSKY, LÉON D. Lenin i Staraia “Iskra” (Lenin
e o Velho Iskra), in: L.D. Trotsky. Iz Arkhivov Russkoi Revoliutsii 1917-1937
(Dos Arquivos da Revolução Russa. 1917-1937) Moscou : Biblioteca Magister-MSK, pp. 7 e s.
[42] Acerca do tema, vide LENIN, VLADIMIR I. Zaiavlennie i Slojenii s Sebia Doljnosti Tchlena
Sovieta Partii e Tchlena Redaktsii TsO (Declaração de Renúncia a meus Deveres
de Membro do Conselho do Partido e Membro da Redação do Órgão
Central)(01.11.1903), in: ibidem, Vol. 8, pp. 64 e s.; IDEM. Potchemu Ia Vyshiel iz Redaktsii “Iskry”? Pis’mo v Redaktsiu
“Iskry” (Porquê sai da Redação de “A
Centelha”. Carta à Redação de “A Centelha”)(Dezembro de 1903), in: ibidem, Vol.
8, pp. 98 e s.; IDEM. Zamietka o
Pozitsii Novoi “Iskry” (Nota sobre a Posição do Novo “A Centelha”)(Dezembro de
1903), in: ibidem, Vol. 8, pp. 105 e s.; IDEM.
Ob Obstoiatel’stvakh Ukhoda iz Redaktsii “Iskry” (Sobre as Circunstâncias
da Saída da Redação de “A Centelha”)(20.02.1904), in: ibidem, Vol. 8, pp. 175 e
s.; IDEM. Shag Vperied, Dva Shaga
Nazad. Krizis v Nashei Partii (Um Passo à Frente, Dois Passos Atrás. A Crise no
Nosso Partido)(Fevereiro – Maio 1904), especialmente letra P: Novaia “Iskra”.
Opportunizm v Organizatsionnykh Voprossakh (Nova “A Centelha”. Oportunismo em
Questões Organizativas), in: ibidem, Vol. 8, pp. 366 e s.
[43] Acerca do tema, vide IDEM. Dvie Taktiki Sotsial-Demokratii v Demokratitcheskoi
Revoliutsii (Duas Táticas da Social-Democracia na Revolução)(Junho – Julho de
1905), in: ibidem, Vol. 11, pp. 3 e s.
[44] Acerca do tema, vide IDEM. O Sozyvie III Partiinovo S’ezda (Sobre a Convocação do III
Congresso) (28.02.1905), in: ibidem, Vol. 9, pp. 283 e s.; IDEM. Obschii Plan Rabot i Reschenii III S’ezda RSDRP (Plano Geral
de Trabalho e Decisões do III Congresso do POSDR)(Fevereiro de 1905), in:
ibidem, Vol. 9, pp. 311 e s.; IDEM. O
Nashei Agrarnoi Programme (Sobre Nosso Programa Agrário)(29.03.1905), in :
ibidem, Vol. 9, pp. 577 e s.; IDEM. K
Voprossu o III S’ezde (Sobre a Questão do III Congresso)(Abril de 1905), in :
ibidem, Vol. 10, pp. 85 e s.; IDEM. III
S’ezd RSDRP (III Congresso do POSDR)(12-27.04.1905), in: ibidem, Vol. 10, pp.
87 e s.
[45] Nesse sentido, vide .; IDEM. Shag
Vperied, Dva Shaga Nazad. Krizis v Nashei Partii (Um Passo à Frente, Dois
Passos Atrás. A Crise no Nosso Partido)(Fevereiro – Maio 1904), especialmente
letra P: Novaia “Iskra”. Opportunizm v Organizatsionnykh Voprossakh (Nova “A
Centelha”. Oportunismo em Questões Organizativas), in: ibidem, Vol. 8, pp. 366
e s.
[46] Acerca do tema, vide, em particular, LUXEMBURG, ROSA. Organisationsfrage
der russischen Sozialdemokratie(Questões de Organização da Social-Democracia
Russa), in : Die Neue Zeit (O Novo Tempo), 1904, pp. 484 e s. Relativamente à
incisiva resposta de Lenin ao artigo em destaque de Luxemburgo,
vide LENIN, V. I. Shag Vpered, Dva Schaga Nazad. Otvet N. Lenina
Roze Liuksemburg (Um Passo Adiante e Dois Passos Atrás. Resposta de N. Lenin a
Rosa Luxemburg)(Setembro de 1904), in : ibidem, Vol. 9, pp. 38 e s. Enquanto
comentários acerca do tema em questão, vide ainda VON KÖLN, SCHMIDT. Luta
de Classes Revolucionária e Governos de Colaboração de Classes na Alemanha de
1918 a 1923. Fundamentos Históricos para uma Análise da Política Stalinista de
Frente Popular, especialmente Capítulo II : Lenin e Luxemburgo : Duas Concepções
Marxistas no Movimento Proletário-Revolucionário Europeu do Início do Século
XX, II. 1 A Questão Organizativa do Partido Revolucionário, São
Paulo-Munique-Paris : Universidade Comunista J. M. Sverdlov, 2002, pp. 36 e
s.
[47] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. Zametki Publitsista. O Voskhojdenii na Vysokie Gory, O Vrede
Unynia, o Pol’zie Torgovli, Ob Otnoshenii k Men’shevikam i.t.p. (Anotações de
um Publicista. Sobre a Subida de uma Alta Montanha, a Desgraça do
Esmorecimento, a Utilidade do Comércio, a Atitude em face dos Mencheviques
etc)(Fevereiro de 1922), Parte 3: Ob Oxote na Lis – O Levi, O Serrati
(Agarrando Raposas – Levi e Serrati), in: ibidem, Vol. 44, pp. 419 e s. Cumpre
destacar que, “piando entre os montes de esterco”, encontram-se também os
dois principais dirigentes do Secretariado Unificado (SU-QI)
MANDEL, ERNST & VERCAMMEN, FRANÇOIS.
Oktober 1917 - Staatsreich oder Soziale Revolution? Zur Verteidigung der
Oktoberrevolution (Outubro de 1917 – Golpe de Estado ou Revolução Social. Em
Defesa da Revolução de Outubro), Karlsruhe: Neuer ISP Verlag, Agosto de 1993,
pp. 7 e s. Ignorando inteiramente a referência de Lenin acerca dos
equívocos de Rosa Luxemburg e, ao mesmo tempo, o fato de que Rosa corrigiu,
no fim de 1918 e no início de 1919, a maioria de seus erros contidos em suas
anotações redigidas no cárcere de 1918 sobre a Revolução Russa, Ernst
Mandel, alegando infundadamente que a criação da Tcheka houvera sido
necessariamente um erro cometido por Lenin, Sverdlov, Trotsky e os
bolcheviques, desenvolve uma defesa renitente e desavergonhada das teses de Rosa
Luxemburg contidas no livro dessa última, intitulado “A
Revolução Russa”, redigido no cárcere de 1918, ocultando ao leitor que Rosa,
ela mesma, “corrigiu a maioria de seus
erros, depois de abandonar o cárcere, no fim de 1918 e no início de 1919)”. Para Mandel
- que pia como uma galinha - as teses do cárcere de 1918 de Rosa
Luxemburg teriam-se demonstrado válidas não, porém, para 1918 – como
haveria pretendido sua própria autora -, mas sim perfeitamente para os anos a
partir de 1920 e 1921 da Revolução Proletária Russa. Como se
vê, mais uma brilhante falsificação histórica e extraordinária embrulhada
analítica de Ernst Mandel e de seu conivente seguidor François Vercammen.
[48] Cf. IDEM. I Kongress Kommunistitcheskovo
Internatsionala. Retch pri Otkrytii Kongressa(I Congresso da Internacional
Comunista. Discurso na Abertura do Congresso) (02.03.1919), in : ibidem, Vol.
37, pp. 489 e s. Ainda em defesa de Rosa Luxemburg, vide Lenin,
Vladimir I. Pis’mo k Rabotchim Evropy i Ameriki (Carta aos
Trabalhadores da Europa e da América)(21.01.1919), in: ibidem, Vol. 37, pp. 454
e s.; IDEM. Retch na Mitinge Protesta protiv Ubiistva Karla Libnekhta i
Rozy Liuksemburg (Discurso no Ato de Protesto contra o Assassinato de Karl
Liebknecht e Rosa Luxemburg)(19.01.1919), in : ibidem, Vol. 37, p. 434.
[49] Acerca dessa polêmica, com referências claras aos
posicionamentos de Jacques Texier e François Vercammen, como também à posição de Rosa
Luxemburg, vide mais
precisamente VON KÖLN, SCHMIDT. O Secretariado Unificado da Quarta
Internacional (SU-QI) e a Corrente Franco-Gramsciana de Atualização, Correção e
Superação do Marxismo (O Meta-Marxismo de Actuel Marx). A Enfermidade
Gramsciana no Movimento Trotskysta Contemporâneo e nas Lutas de Emancipação do
Proletariado, Munique : 2000, pp. 1 e s.
[50] Cf. LUXEMBURG, ROSA. Und Zum Dritten Male das
Belgische Experiment (E Pela Terceira Vez o Experimento Belga)(4 de Junho de
1902) , in : Rosa Luxemburg Gesammelte Werke, Vol. ½, Berlim, 1972, p. 247.
[51] Cf. IDEM. Dem Andenken des „Proletariat“ (Em
Lembrança do „Proletariado“), in : ibidem, p. 317. Acerca de W.
Liebkencht, vide LIEBKNECHT, WILHELM.
Zukunftstaatlisches (Coisas do Estado Futuro), in : Cosmopolis, Berlim, 1898,
pp. 218 e 219.
[52] Cf. LENIN, VLADIMIR I. I Kongress
Kommunistitcheskovo Internatsionala. Retch pri Otkrytii Kongressa(I Congresso
da Internacional Comunista. Discurso na Abertura do Congresso) (02.03.1919), in
: ibidem, Vol. 37, pp. 489 e s. No mesmo sentido, vide IDEM. Ob Osnovanii Kommunistitcheskovo Internatsionala(Acerca da
Fundação da Internacional Comunista)(06.03.1919), in: ibidem, Vol. 37, pp. 515
e s.; IDEM. Uspekhi i Trudnosti
Sovestkoi Vlasti (Sucessos e Dificuldades do Poder Soviético)(Primavera de
1919), in : ibidem, Vol. 38, pp. 39 e s..; IDEM.
Plenum Vserossiiskovo Tsentral’novo Sovieta Profiessional’nykh Soiuzov
(Plenária do Conselho Central de Toda Rússia dos Sindicatos) (11.04.1919), in :
ibidem, Vol. 38, pp. 275 e s.; IDEM. O
Zadatchakh III Internatsionala(Sobre as Tarefas da III
Internacional)(14.07.1919), in : ibidem, Vol. 39, pp. 90 e s.; IDEM. Kak Burjuazia Ispol’zuiet
Renegatov (Como a Burguesia Usa os Renegados) (20.09.1919), in: ibidem, Vol.
39, pp. 182 e s.; IDEM. Retch na I Vserossiskom
Utchreditel’nom S’ezde Gornorabotchikh Soiuzov (Discurso no I Congresso de Toda
a Rússia das Associações dos Mineiros) (1°.04.1920), in : ibidem, Vol. 40, pp.
292 e s.
[53] Vide, nesse sentido, MICHELS, ROBERT. Soziologie
des Parteiswesens in der modernen Demokratie. Untersuchungen über die
oligarchischen Tendenzen des Gruppenlebens
(Sociologia do Sistema Partidário na Democracia Moderna. Investigaçoes
acerca das Tendências Oligárquicas da Vida em Grupo)(1911), ed. Werner Conze,
Stuttgart : Kröner, 1957, pp. 7 e s.
[54] Acerca do tema, coteje-se a obra de FISCHER, RUTH. Stalin
und der deutsche Kommunismus. Der Übergang zur Konterrevolution(Stalin e o
Comunismo Alemão. A Transição para a Contra-Revoluçao), Frankfurt a. M. :
Verlag der Frankfurter Hefte, 1948, pp. 9 e s.
[55] Acerca do tema, vide LUXEMBURG, ROSA. Organisationsfrage
der russischen Sozialdemokratie(Questoes de Organizaçao da Social-Democracia
Russa), in : Die Neue Zeit (O Novo Tempo), 1904, pp. 484 e s.
[56] Vide, nesse sentido, sobretudo LENIN, VLADIMIR I.
Shag Vpered, Dva Schaga Hazad. Otvet N. Lenina Roze Liuksemburg (Um Passo
Adiante e Dois Passos Atrás. Resposta de N. Lenin a Rosa Luxemburg)(Setembro de
1904), in : ibidem, Vol. 9, pp. 38 e s.
[57] Acerca do tema, vide, sobretudo, IDEM. S Tchevo
Natchat’? (Com O Que Começar?)(Maio de 1901), in: ibidem, Vol 5, pp. 1 e s.; IDEM.
Shto Delat ? Nabolevshie Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer? Questões
Candentes do Nosso Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), in: ibidem, Vol.
6, pp. 33 e s.
[58] Cf. IDEM. ibidem, Parte 2: Stikhiinost’ Mass i
Soznatel’nost’ Sotsial-Demokratii (Espontaneidade das Massas e Consciência dos
Sociais-Democratas), Letra B: Preklonennie Pred Stikhiinost’iu “Rabotchaia
Mysl’” (Prostração diante do Espontaneísmo de “Pensamento Operário”), in:
ibidem, Vol. 6, pp. 34 e s.; tb. IDEM. O
Reorganizatsii Partii (Sobre a Reorganização do
Partido)(10-16.11.1905), Parte 1, in: ibidem, Vol. 12, pp. 83 e s.
[59] Cf. IDEM. ibidem, pp. 34 e s.
[60] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Ergänzung der
Vorbemerkung von 1870 zu „Der deutsche Bauernkrieg”(Suplemento à Prenotação de
1870 acerca da „Guerra Camponesa na Alemanha“ (1° de Julho de 1874), in: Marx
und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Berlim, 1962, Vol. XVIII, p. 513.
[61] Cf. LENIN, VLADIMIR I. Shto Delat ? Nabolevshie
Voprosy Nashevo Dvijenia (Que Fazer? Questões Candentes do Nosso
Movimento)(Outono 1901 – Fevereiro 1902), in: ibidem, Vol. 6, pp. 33 e s.
[62] Cf. IDEM. ibidem, pp. 37 e s.
[63] Cf. STEKLOV, Y.
M. N. G. Tchernyshevski, Moscou, 1928, Vol. 1, p. 294.
[64] Cabe assinalar que Tkatchev, apesar de considerar-se
discípulo de Tchernyshevski, divergia do grande mestre por não entender que
o tempo corresse em favor da revolução e o futuro pertencesse, inquestionável e
necessariamente, ao homem novo e à gente nova, de Que
Fazer?. Deixando-se escapar a oportunidade revolucionária e o ímpeto de
luta da vanguarda, diluindo-se, de maneira baldada, o cataclismo de protestos, o
futuro pertenceria à classe média, exploradora e usurária. Nesse sentido, vide ULAM,
ADAM B. Die Bolshewiki. Vorgeschichte und Verlauf der kommunistischen
Revolution in Russland, Köln-Berlin, 1967, p. 97.
[65] Cf. TKACHEV, PETER N. Sobranie Sotchinenii (Obras
Completas), Moscou, 1933, Vol. III, p. 223.
[66] Cf. IDEM. ibidem, p. 225.
[67] Acerca do tema, vide LUXEMBURG, ROSA. Organisationsfrage
der russischen Sozialdemokratie(Questões de Organização da Social-Democracia
Russa), in : Die Neue Zeit (O Novo Tempo), 1904, pp. 484 e s.
[68] Observe-se que Auguste Blanqui foi o
célebre revolucionário francês que, em 1839, intentou realizar um levante
armado, na França. Libertado do cárcere, Blanqui tomou parte
ativa na Revolução de 1848. Em 1871,
cerca da metade dos dirigentes da Comuna de Paris eram
declaramente blanquistas, sendo que o próprio Blanqui encontrava-se,
a esse tempo, aprisionado. Blanqui celebrizou-se
por organizar clubes revolucionários ilegais e por doutrinar que “a luta a ser travada entre ricos e pobres
haverá de ser vencida pela Ditadura Revolucionária.” Entretanto, Marx advertiu, no Segundo Relatório do
Conselho Geral da Internacional, de 9 de setembro de 1870, contra Blanqui que fundara, em 1870, “La Patrie en
danger(A Pátria está em Perigo)”: “Nao
se deixar dominar pelas recordaçoes nacionais de 1792”, “Executar
exaustivamente a organizaçao de sua própria classe”, “Nao se colocar como
objetivo a derrubada do governo (“uma estupidez deseperada”. Em novembro de 1880, Blanqui censurou,
em seu livro intitulado Ni Dieu ni maître(Nem Deus nem Mestre), a teoria
da luta de classes e a separaçao dos interesses do proletariado dos interesses
da naçao. Com efeito, Blanqui nao operava qualquer separaçao entre entre
trabalhadores e burguesia revolucionária. Acerca do tema, vide os próprios
argumentos de LENIN,
VLADIMIR I. Plan Tchtenia o Kommune (Plano de uma Exposição sobre a Comuna)(Fevereiro – Março de 1905), in:
ibidem, Vol. 9, pp. 328 e s.
[69] vide LUXEMBURG, ROSA. Organisationsfrage der
russischen Sozialdemokratie(Questões de Organização da Social-Democracia
Russa), in : Die Neue Zeit (O Novo Tempo), 1904, pp. 527.
[70] Nesse sentido, vide TROTSKY, LÉON D. Nashi
Polititcheskie Zadatchi (Nossas Tarefas Políticas)(1904), Ed. Iskra Research
Publishing House, em particular Part II : Tarefas Táticas. O Conteúdo de Nossa
Atividade no Proletariado – Então, Ao Trabalho! Vida Longa à Auto-Atividade do
Proletariado !Abaixo com o Substitucionismo Político!
[71] Cf. IDEM. Moia Jizn. Opyt Avtobiografii (Minha
Vida. Uma Tentativa de Auto-Biografia), Berlim : Granit, 1930, pp. 213 e s.
[72] Acerca do tema, vide, mais precisamente, LENIN,
VLADIMIR I. Mejdunarodnyi Sotsialistitcheskii Kongress v Shtutgarte(O
Congresso Internacional Socialista de Stuttgart)(Agosto-Setembro de 1907) in:
ibidem, Vol. 16, pp. 67 e s.; IDEM. Mejdunarodnyi Sotsialistitcheskii
Kongress v Shtutgarte(O Congresso Internacional Socialista de Stuttgart)
(Meados de Setembro de 1907) in: ibidem, Vol. 16, pp. 79 e s.
[73] Acerca do tema, vide, tb, IDEM.
Nashi Uprazdnitieli (Nossos Liquidadores)(1911), in : ibidem, Vol. 20, pp. 62 e
s.
[74] Cf. MARTOV, YULY OSSIPOVITCH TSEDERBAUM. Geschichte der Russischen Sozialdemokratie,
mit einem Nachtrag von Theodor Dan : Die Sozialdemokratie Russlands nach dem
Jahre 1908 (História da Social-Democracia Russa, com um Apenso de Theodor Dan :
A Social-Democracia da Rússia após 1908), Berlim, 1926, p. 268.
[75] Cf. RÜCK, FRITZ. November 1918. Die Revolution in
Württemberg(Novembro de 1918. A Revoluçao em Württemberg)(1958), in : Fritz
Rück. Schriften zur Deutschen November-Revolution 1918 (Escritos Acerca da
Revoluçao Alema de Novembro de 1918), Stuttgart : Studiengruppe zur Geschichte
der Arbeiterbewegung, 1978, p. 14.
[76] Vide, nesse sentido, LIEBKNECHT, KARL. Acerca
da Justiça de Classe, Sao Paulo-Munique-Paris : Instituto José Luís e Rosa
Sundermann, 2002, especialmente Introduçao : O Revolucionário Karl Liebknecht,
p. 16.
[77] Cf. PIECK, WILHELM. Erinnerungen an die
Novemberrevolution und an die Gründung der KPD (Recordaçoes da Revoluçao de
Novembro e da Fundaçao do PCA), in : Vorwärts und nicht Vergessen :
Erlebnisberichte aktiver Teilnehmer der Novemberrevolution 1918/1919. (Avante e Sem Se Esquecer : Relatórios de
Vida dos Ativos Participantes da Revoluçao de Novembro 191871919), ed.
Instituto de Marxismo-Leninismo junto ao Comitê Central do Partido da Unidade
Socialista, Berlim : Dietz, 1958, pp. 64 e s.
[78] Cf. BERICHT ÜBER DEN GRÜNDUNGSPARTEITAG DER
KOMMUNISTISCHEN PARTEI DEUTSCHLANDS (SPARTAKUSBUND) VOM 30. DEZEMBER BIS 1. JANUAR
1919 (Relatório sobre o
Congresso de Fundaçao do Partido Comunista da Alemanha (Liga Spartakus) de 30
de dezembro a 1° de janeiro de 1919), Berlim
: Kommunistische Partei Deutschlands, 1919,
p. 6.
[79] Acerca do
tema, vide sobretudo LENIN,
VLADIMIR I. III S’ezd RSDRP (III
Congresso do POSDR-B)(12-27.04.1905), in : ibidem, Vol. 10, pp. 87 e s.
[80] Cf. LENIN, VLADIMIR I. Gosudarstvennaia Duma i
Sotsial-Demokratitcheskaia Taktika(A Duma Imperial e a Tática Social-Democrática)(Janeiro
de 1906), in: ibidem, Vol. 12, pp. 163 e
s.
[81] Cf. IDEM. Ob’ednitel’nyi
S’ezd RSDRP. Pis’mennye Zaiavlenia na 26-m Zassedanii S’ezda(Congresso da
Unificação do POSDR-B. Declaração Escrita na 26. Sessão do Congresso)
(25.04.1906), in: ibidem, Vol. 12, pp. 394 e s.
[82] Cf. IDEM. Obraschenie k Partii Delegatov
Ob’edinitel’novo S’ezda, Prinadlejavshikh k Byvshei Fraktsii “Bol’shevikov”
(Apelo aos Delegados do Partido do Congresso da Unidade que Pertenceram à
Antiga Fração dos “Bolcheviques”)(25-26.04.1906), in: ibidem, Vol. 12, pp. 395
e s.
[83] Cf. IDEM. ibidem, pp. retro-indicadas.
[84] Cf. IDEM. ibidem, pp. 315 e 316.
[85] Cf. IDEM. O Narushenii Edinstva, Prikryvaemom
Krikami o Edinstve(Acerca da Violação da Unidade, acobertada com Gritos de
Unidade)(Maio de 1914), in: ibidem, Vol. 25, pp. 183 e s.
[86] Cf. TROTSKY, LÉON
D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1,
especialmente Cap. 4 : Period Redaktsii(Período da Reação), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p. 143.
[87] Cf. IDEM. Likvidatsia
Likvidatorstva (A Liquidação do Liquidacionismo)(11.07.1909),
in : ibidem, Vol. 19, pp. 43 e s.
[88] Cf. IDEM. Neitral’nost’
Profiessuinal’nykh Soiuzov (Neutralidade dos Sindicatos)(19.02.1908), in:
ibidem, Vol. 16, pp. 427 e s.
[89] Acerca do tema, vide IDEM. O Fraktsii Storonikov Otzovisma i Bogostroitiel’stva (Sobre a
Fração dos Adeptos do Abstecionismo Otzovista e da Criação de
Deuses)(11.09.1909), in: ibidem, Vol. 19, pp. 74 e s.
[90] Cf. GORKI, A. MAKSIM. Ispoved
(Confissão)(1908), Berlim: J. Ladyschnikon, 1918, pp. 74 e s. Assinale-se, de
passagem, que objetivos semelhantes a esses defendidos então vulgarmente pelos construtores
de deuses(bogostroitielis), no início do século, na Rússia Czarista, vieram a ser
perseguidos, de maneira mais sofisticada e disfarçada, a partir da
década de 30, seja na Alemanha, seja nos EUA, pelos
sociólogos e filósofos teológico-metafísicos pretendidamente marxistas da Escola
de Frankfurt de Horkheimer e Adorno, financiados pelas burguesias
alemã, norte-americana e judaica, na luta contra o marxismo revolucionário.
[91] Cf. IDEM.
Soveschanie Rasshirennoi Redaktsii “Proletaria” (Conferência da Redação
Ampliada de “O Proletário)(08-17.06.1909), in: ibidem, Vol. 19, pp. 1 e s.
[92] Acerca do tema, vide, em particular, IDEM. O Fraktsii “Vperedovtsev” (Acerca da
Fração dos Militantes de Vperiod(Avante))(30.08.1910), in : ibidem, Vol. 19,
pp. 312 e s.
[93] Nesse sentido, vide, mais precisamente, IDEM. O
Novoi Fraktsii Primirentsev ili Dobrodetel’nykh (Sobre a Nova Fração dos Conciliadores
ou dos Virtuosos)(18.10.1911), in : ibidem, Vol. 20, pp. 334 e s.
[94] Acerca do tema, vide o próprio TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 5 : Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p. 169.
[95] Vide IDEM.
Proiekt Resoliutsii ob Ukreplenii Partii i Eio Edinstva (Projeto de Resolução
de Fortalecimento do Partido e de sua Unidade)(21.10.1909), in: ibidem, Vol.
19, pp. 125 e s.
[96] Vide IDEM. K
Edinstvu(Rumo à Unidade)(13.02.1910), in: ibidem; Vol. 19, pp. 192 e s.
[97] Acerca dessa temártica, vide, sobretudo, IDEM. Zametki Publitsista (Anotações
de um Publicista)(06.03-25.05.1917), in: ibidem, Vol. 23, pp. 306 e s.
[98] Cf. IDEM. Pis’mo
A. M. Gor’komu (Carta a A. M. Gorki)(11.04.1910), in: ibidem, Vol. 47, pp. 248
e s.
[99] A esse respeito, vide ainda IDEM. O Novoi
Fraktsii Primirentsev ili Dobrodetel’nykh (Sobre a Nova Fração dos
Conciliadores ou dos Virtuosos)(18.10.1911), in : ibidem, Vol. 20, pp. 334 e s.
[100] Acerca do tema, vide o próprio TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 5 : Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p. 169.
[101] Sobre o tema, vide sobretudo IURENEV, CONSTANTIN. Bor’ba za Edinstvo Partii. Otcherk’
Vozniknovenia i Deiatel’nosti Petrogradskavo Mejduraionnavo Komiteta. C
Prilojeniem Rezoliutsii Obschegorodskoi Konferentsii Petrogradskavo
Mejduraionnavo Komiteta Ob’edinennykh S.-D. Sostoiavsheitsia 7-11 Maia
1917(Luta pela Unidade do Partido. Quadro da Origem e das Atividades do Comitê Inter-Distriral
de Petrogrado. Com Apenso da Resolução da Conferência do Comitê Inter-Distrital
dos Sociais-Democratas Unidos de Toda a Cidade de Petrogrado, Realizada de 7 a
11 de Maio de 1917), Petrogrado : Sklad’ Izdania, 1917, pp. 3 e s.
[102] Sobre o tema, vide sobretudo IURENEV, CONSTANTIN. Bor’ba za Edinstvo Partii. Otcherk’
Vozniknovenia i Deiatel’nosti Petrogradskavo Mejduraionnavo Komiteta. C
Prilojeniem Rezoliutsii Obschegorodskoi Konferentsii Petrogradskavo
Mejduraionnavo Komiteta Ob’edinennykh S.-D. Sostoiavsheitsia 7-11 Maia
1917(Luta pela Unidade do Partido. Quadro da Origem e das Atividades do Comitê
Inter-Distriral de Petrogrado. Com Apenso da Resolução da Conferência do Comitê
Inter-Distrital dos Sociais-Democratas Unidos de Toda a Cidade de Petrogrado,
Realizada de 7 a 11 de Maio de 1917), Petrogrado : Sklad’ Izdania, 1917, pp. 3
e s.
[103] Vide TROTSKY,
LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol.
1, especialmente Cap. 5 : Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, pp. 167 e s.
[104] Cf. LENIN. VLADIMIR I. O Novoi Fraktsii
Primirentsev ili Dobrodetel’nykh (Sobre a Nova Fração dos Conciliadores ou dos
Virtuosos)(18.10.1911), in : ibidem, Vol. 20, p. 335.
[105] Acerca do tema, vide sobretudo TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 5 : Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, pp. 169
e s.
[106] Acerca do tema, vide BADAIEV, ALEKSEI E.
Bol’sheviki v Gosudarstvennoi Dume. Bol’shevistskaia Fraktsiia IV
Gosudarstvennoi Dumu i Revoliutsionnoe Dvijenie v Peterburge. Vospominania. (Os
Bolcheviques na Duma do Estado. A Fração Bolchevique da IV Duma do Estado e o
Movimento Revolucionário em Petersburgo), Leningrado : Priboi, 1929, pp. 7 e s.
; SAVELIEV, MAXIMILIAN A. Pravda. Nrs. 1 – 289 (A Verdade Nrs. 1 a
289), Moscou : Partizdat, 1934, pp. 5 e s.
[107] Vide PIS’MA V.I.
LENINA, N.K. KRUPSKOI, G.E ZINOVIEVA I L.V. KAMENEVA V PETERBURG. (Cartas
de V. I. Lenin, N. K. Krupskaya, G. E. Zinoviev e L. V. Kamenev enviadas a
Petersburg), in : Iz Epokhi Zvezdy i Pravdy (Da Época de “Zvezdy (A Estrela) e
“Pravda (A Verdade), Vol. 3, Petersburgo : Gosud. Izd-vo., pp. 198 e s.
[108] Cf. OLMINSKY,
MIKHAIL S. Do Voiny (Até a Guerra), in: Nikolai N. Baturin. Otcherk Istorii
Sotsial-Demokratii v Rossii (Ensaios sobre a História da Social-Democracia
Russa), Moscou : Koop. Izd-vo Moskovsii Rabotchii, 1922, pp. 155 e s.
[109] Cf. PIS’MA V.I.
LENINA, N.K. KRUPSKOI, G.E ZINOVIEVA I L.V. KAMENEVA V PETERBURG. (Cartas de
V. I. Lenin, N. K. Krupskaya, G. E. Zinoviev e L. V. Kamenev enviadas a
Petersburg), in : Iz Epokhi Zvezdy i Pravdy (Da Época de “Zvezdy (A Estrela) e
“Pravda (A Verdade), Vol. 3, Petersburgo : Gosud. Izd-vo., p. 213.
[110] Sobre a ruptura da bancada parlamentar em tela, vide LENIN, VLADIMIR I. O Raskolie v Russkoi
Sotsial-Demokratitcheskoi Fraktsii Dumy (Sobre a Ruptura da Fração
Social-Democrática Russa da Duma)(Início de Novembro de 1913), in: ibidem, Vol.
24, pp. 154 e s.; OLMINSKY, MIKHAIL S.
Do Voiny (Até a Guerra), in: Nikolai N. Baturin. Otcherk Istorii
Sotsial-Demokratii v Rossii (Ensaios sobre a História da Social-Democracia
Russa), Moscou : Koop. Izd-vo Moskovsii Rabotchii, 1922, p. 156.
[111] Cf. PIS’MA V.I.
LENINA, N.K. KRUPSKOI, G.E ZINOVIEVA I L.V. KAMENEVA V PETERBURG. (Cartas
de V. I. Lenin, N. K. Krupskaya, G. E. Zinoviev e L. V. Kamenev enviadas a
Petersburg), in : Iz Epokhi Zvezdy i Pravdy (Da Época de “Zvezdy (A Estrela) e
“Pravda (A Verdade), Vol. 3, Petersburgo : Gosud. Izd-vo., pp. 191 e s.
[112] Cf. IDEM. in:
ibidem, pp. 198 e s.
[113] Vide LENIN,
VLADIMIR I. Pis’mo I. V. Stalinu (Carta a I. V. Stalin)(11.12.1912), in:
ibidem, Vol. 48, pp. 122 e s.
[114] Vide IDEM. Pis’mo
A. M. Gor’komu (Carta a A. M. Gorki)(22-23.12.1912), in: ibidem, Vol. 48, pp.
137 e s.
[115] Acerca do tema, vide VARDIN. IVAN V. Pravda i Likvidatorstvo (A Verdade e o
Liquidacionismo), in: Put Pravdy (O Caminho da Verdade), Moscou-Leningrado :
Gosud. Soc. Eko. Izd-vo, 1922, pp. 40 e s.;
OLMINSKY, MIKHAIL S. Do Voiny
(Até a Guerra), in: Nikolai N. Baturin. Otcherk Istorii Sotsial-Demokratii v
Rossii (Ensaios sobre a História da Social-Democracia Russa), Moscou : Koop.
Izd-vo Moskovsii Rabotchii, 1922, p. 155.; TROTSKY,
LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol.
1, especialmente Cap. 5 : Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, pp. 172 e s.
[116] Cf. PIS’MA V.I.
LENINA, N.K. KRUPSKOI, G.E ZINOVIEVA I L.V. KAMENEVA V PETERBURG. (Cartas
de V. I. Lenin, N. K. Krupskaya, G. E. Zinoviev e L. V. Kamenev enviadas a
Petersburg), in : Iz Epokhi Zvezdy i Pravdy (Da Época de “Zvezdy (A Estrela) e
“Pravda (A Verdade), Vol. 3, Petersburgo : Gosud. Izd-vo., p. 206.
[117] Acerca do tema, vide SAMOILOV, FIEDOR N. Vospominania
Rabothevo Deputata, Tchelena IV Gosudarstvennoi Dumy, o J. M. Sverdlova
(Recordações de um Deputado Trabalhador, Membro da IV Duma de Estado sobre J.
M. Sverdlov), in : Jakov Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik Vospominanii i
Statei, ed. ISPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu Istorii Oktiabrskoi
Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe Izdatelstvo Leningrad,
1926, pp. 128 e s.
[118] Cf. PIS’MA V.I.
LENINA, N.K. KRUPSKOI, G.E ZINOVIEVA I L.V. KAMENEVA V PETERBURG. (Cartas
de V. I. Lenin, N. K. Krupskaya, G. E. Zinoviev e L. V. Kamenev enviadas a
Petersburg), in : Iz Epokhi Zvezdy i Pravdy (Da Época de “Zvezdy (A Estrela) e
“Pravda (A Verdade), Vol. 3, Petersburgo : Gosud. Izd-vo., p. 210.
[119] Cf. IDEM. in:
ibidem, p. 212.
[120] Cf. IDEM. in:
ibidem, p. 213.
[121] Acerca do tema, vide TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 6 : Voina i Ssylka (Guerra e
Exílio), Benson-Vermont : Felshtinsky,
1985, pp. 198.
[122]
Cf. SVERDLOV, JAKOB M. Izbrannye Proizvedenia
v Trekh Tomakh (Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 1, Moscou : Gosud.
Izd-vo – Pol. Literatury, 1957, p. 217.
[123] Cf. IDEM. Detskaia
Bolezn’ “Levizny” v Kommunizme (Doença Infantil de “Esquerda” no
Comunismo)(Abril-Maio de 1920), in: ibidem, Vol. 41, pp. 5 e s.
[124] Sobre o tema, vide sobretudo IURENEV, CONSTANTIN. Bor’ba za Edinstvo Partii. Otcherk’
Vozniknovenia i Deiatel’nosti Petrogradskavo Mejduraionnavo Komiteta. C
Prilojeniem Rezoliutsii Obschegorodskoi Konferentsii Petrogradskavo Mejduraionnavo
Komiteta Ob’edinennykh S.-D. Sostoiavsheitsia 7-11 Maia 1917(Luta pela Unidade
do Partido. Quadro da Origem e das Atividades do Comitê Inter-Distriral de
Petrogrado. Com Apenso da Resolução da Conferência do Comitê Inter-Distrital
dos Sociais-Democratas Unidos de Toda a Cidade de Petrogrado, Realizada de 7 a
11 de Maio de 1917), Petrogrado : Sklad’ Izdania, 1917, pp. 3 e s.
[125] Acerca do tema, vide TROTSKY, LÉON D. Vokrug Oktiabria (Em Torno de Outubro)(06.04.1924),
Parte 1: Pered Oktiabriem (Antes de Outubro), in: L.D. Trotsky. Iz Arkhivov
Russkoi Revoliutsii 1917-1937 (Dos Arquivos da Revolução Russa. 1917-1937)
Moscou : Biblioteca Magister-MSK, pp. 1
e s.
[126] Acerca do tema, vide, tb, IDEM.
Nashi Uprazdnitieli (Nossos Liquidadores)(1911), in : ibidem, Vol. 20, pp. 62 e
s.
[127] Cf. MARTOV, YULY OSSIPOVITCH TSEDERBAUM.
Geschichte der Russischen Sozialdemokratie, mit einem Nachtrag von Theodor Dan
: Die Sozialdemokratie Russlands nach dem Jahre 1908 (História da
Social-Democracia Russa, com um Apenso de Theodor Dan : A Social-Democracia da
Rússia após 1908), Berlim, 1926, p. 268.
[128] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. Materialy Po Peresmotru Partiinoi Programmy (Materiais
Relativos à Mudança do Programa do Partido), Cap. 2 : Proiekt Izmenenii
Teoretitcheskoi, Polititcheskoi i Nekotoryx Drugikh Tchastei Programmy
(Propostas de Emenda às Partes Doutrinária, Política e Outras do
Programa)(24-29.04.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 139 e s.; IDEM. Tetradi Po Imperializmu (Cadernos
sobre o Imperialismo)(1915 - 1916), in: ibidem, Vol. 28, pp. 3 e s.; IDEM. Imperializm, Kak Vysshaia Stadia
Kapitalizma. Populiarnyi Otcherk (Imperialismo, Enquanto Estágio Mais Elevado
do Capitalismo. Ensaio Popular)(Janeiro – Junho de 1916), in: ibidem, Vol. 27,
pp. 299 e s.
[129] Cf. IDEM. in: ibidem, Cap. 3 : Soobrajenia Po Povodu
Zametchanii Sektsii VII (Aprel’skoi) Vcerossiiskoi Konferentsii RSDPR(b)
(Comentários às Observações feitas em Seção da VII Conferência de Abril de Toda
a Rússia do POSDR-B)(24-29.04.1917), Vol. 32, pp. 145 e s.
[130] Vide MARX, K.
& ENGELS, F. Artikel aus „The
New American Cyclopædia (Artigos da “Nova Enciclopédia Americana”)(Julho de
1857 – Novembro de 1860), in: ibidem, Vol. 14, pp. 6 e s.; ENGELS, F. Die Armeen Europas (As Forças Armadas da Europa)(Julho –
Setembro de 1855), in: ibidem, Vol. 11, pp. 411 e s.; IDEM. Herrn Eugen Dühring's Umwälzung der Wissenschaft (A Subversão
da Ciência do Sr. Eugen Dühring) (Setembro 1876 – Junho 1878), in: ibidem,
Parte 2, Cap. 2. Gewalttheorie (Teoria do Poder), Vol. 20, pp. 147 e s.; IDEM. Einleitung zu S. Borkhheims
Broschüre (Introdução à Brochura de S. Borkheims)(15.12.1887), in: ibidem, Vol.
21, p. 350.; IDEM. Kann Europa
abrüsten? (Pode a Europa Desarmar-se?), in: ibidem, Vol. 22, pp. 371 e s.
[131] Nesse sentido, vide
MEHRING, F. Lessing-Legende (A Lenda de Lessing)(Junho de 1893), in: Franz
Mehrig. Gesammelte Schriften (Escritos Reunidos), Berlim : Dietz Verlag, 1967,
Vol. 9, pp. 164 e s.; IDEM. Zur
Kriegsgeschichte und Militärfrage (História da Guerra e Questão Militar)(Agosto
1891 a Março de 1917), in: ibidem, Vol. 8, pp. 1 e s., porém sobretudo IDEM. Miliz oder stehendes Heer
(Milícia ou Exército Permanente)(Julho – Agosto de 1913), in: ibidem, Vol. 8,
pp. 223 e s.; IDEM. Vom Wesen des
Krieges (Essência da Guera)(20.11.1914), in : ibidem, Vol. 8, p. 291.;
[132] A esse respeito, vide LENIN V. I. Krakh II Internatsionala (A Falência da II Internacional)(Maio – Junho de 1915), in:
ibidem, Vol. 26, Nr. 3, pp. 222 e s.; IDEM.
Sotsializm i Voina (Socialismo e
Guerra)(Julho – Agosto de 1915), Parte: “Voina iest Prodoljenie Politiki Inymi
(imenno : nasil’stvennymi) Sredstvami”(Guerra é a Continuação da Política com
outros Meios (i.e. Violentos), in: ibidem, Vol. 26, pp. 316 e s.; IDEM. Voina i Revoliutsia (Guerra e
Revolução)(14.05.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 77 e s.; IDEM. O “Levom” Rebiatchestve i o Melkoburjuaznosti (Infantilidade
de Esquerda e Mentalidade Pequeno-Burguesa)(Março – Julho 1918), in: ibidem,
Vol. 36, p. 292.; IDEM. Clausewitz’
Werk “Vom Kriege”(A Obra de Clausewitz “Sobre a Guerra”), Berlim Oriental,
1957, pp. 3 e s.
[133] Vide IDEM. Zadatchi
Proletariata v Nashei Revoliutsii. Proiekt Plataformy Proletarskoi
Partii(Tarefas do Proletariado em Nossa Revolução. Projeto de Plataforma para o
Partido Proletário)(Meados de Abril de 1917),
Parte 5: Revoliutsionnoe Oborontchestvo i Evo Klassovoe Znatchenie (O
Defensismo Revolucionário e o Seu Significado de Classe), Parte 6: Kak Mojno
Kontchit’ Voinu?(Como é Possível Encerrar a Guerra), in: ibidem, Vol. 31, pp.
159, 161 e s.
[134] Cf. IDEM.
ibidem, Parte 11: Krakh Zimmerval’dskovo Internatsionala –
Neobkhodimo Osnovat’ Tretii Internatsional (Falência da Internacional de
Zimmerwald – Necessidade de Fundação da III Internacional), in: ibidem, Vol. 31,
pp. 175 e s.
[135] Vide IDEM. O Lozungie Soedinennykh Shtatov
Evropy(Acerca da Consigna dos Estados
Unidos da Europa) (23 de Agosto de 1915) in : ibidem, Vol. 26, pp. 351 e s.; IDEM. Voennaia Programma Proletarskoi
Revoliutsii(O Programa Militar da Revolução Proletária)(Setembro de 1916), in
: ibidem, 30, pp. 131 e s.
[136] Cf. TROTSKY, LÉON
D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1,
especialmente Cap. 6 : Voina i Ssylka (Guerra e Exílio), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, pp. 199
e 200.
[137] Acerca do tema, vide SHUMIATSKY, BORIS Z. Turukhanska : Otcherki iz Jizni Ssyl’nykh
Turukhanskovo Kraia 1908-1916 (Turukhansk : Ensaios sobre a Vida dos Exilados
da Região de Turukhansk 1908-1916), Moscou-Leningrado : Gosud. Izd-vo, 1926,
pp. 129 e s.; SAMOILOV, FIEDOR N. Po Sledam Minuvshego. Vospominania
Starovo Bol’shevika (Nas Pegadas do Passado. Recordações de Um Velho
Bolchevique), Moscou, : Gosud. Izd-vo 1934, pp. 520 e s.
[138] Acerca do tema, vide mais profundamente SHUMIATSKY, BORIS Z. Turukhanska :
Otcherki iz Jizni Ssyl’nykh Turukhanskovo Kraia 1908-1916 (Turukhansk : Ensaios
sobre a Vida dos Exilados da Região de Turukhansk 1908-1916), Moscou-Leningrado
: Gosud. Izd-vo, 1926, pp. 109 e s.; SAMOILOV, FIEDOR N. Po Sledam Minuvshego. Vospominania
Starovo Bol’shevika (Nas Pegadas do Passado. Recordações de Um Velho
Bolchevique), Moscou, : Gosud. Izd-vo 1934, pp. 523 e s.; SHVEITSER, VERA. Stalin v Turukhanskoi Ssylke : Vospominania
Podpol’shchika (Stalin e o Exílio de Turukhansk : Recordações de uma
Clandestina), Moscou : Gosud. Izd-vo, 1940, pp. 18 e s.;
[139] Cf. TROTSKY, LÉON
D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1,
especialmente Cap. 6 : Voina i Ssylka (Guerra e Exílio), Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p. 202.
[140] Acerca do tema, vide TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 7 : 1917, Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, pp. 222 e s.
[141] Acerca do tema,
vide comentários de LENIN. VLADIMIR I.
Sed’maia Aprel’skaia Vcerossiiskaia Konferentsia RSDRP(b) (VII Conferência de
Abril do POSDR-B de Toda a Rússia) (24-29.04.1917), Parte 2: Doklad o Tekuschem
Momente (Relatório sobre o Momento Atual) in: ibidem, Vol. 31, pp. 361 e s.; IDEM. Polititcheskoe Polojenie
(Situação Política)(10.07.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 1 e s.
[142] Nesse sentido, vide SCHMUMIATSKY, BORIS Z. Vosvraschenie
Tcherez G. Krasnoiarsk iz Ssylki t. J. M. Sverdlov (O Regresso do Companheiro
J. M. Sverdlov do Exílio pela Cidade de Krasnoiarsk), in : Jakob
Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik Vospominanii i Statei, ed. ISPART : Otdel
TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.),
Leningrad : Gosudarstvennoe Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 115 e s.
[143] Cf. MENJINSKAIA, L. Jakov Mikhailovitch Sverdlov
v Period Febralskoi Revolutsii (Jakob Mikhailovitch Sverdlov no Período da
Revolução de Fevereiro), in : Jakov Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik
Vospominanii i Statei, ed. ISPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu
Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe
Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 87 e s.; VINOGRADSKAIA, P. Poslednii
Jiznenyi Reis J. M. Sverdlova (Última Viagem em Vida de J. M. Sverdlov), in :
ibidem, pp. 184 e s.
[144] Trotsky refere-se a esse episódio, com grande atenção, assinalando que: “Os
vinte e dois dias que transcorreram entre
a chegada de Stalin, da Sibéria – domingo, 12 (25) de março
–, e a de Lenin, da Suíça – segunda-feira, 3 (16) de abril -, possuem interesse extraordinário
porque clarificam o contexto político de Stalin. Este viu-se, de repente, empurrado para um campo de luta
aberta. Nem Lenin nem Zinoviev encontravam-se ainda em Petrogrado.
Kamenev,
sim, comprometido por sua recente conduta em vista de sua causa e, geralmente,
conhecido por suas tendencias oportunistas. Também ali estava o jovem Sverdlov,
pouco conhecido no Partido, mais organizador do que político. O fogoso Spandarian
já não existia, pois havia sucumbido na Sibéria.” TROTSKY, LÉON D. Stalin
(Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 7 : 1917, Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p. 223. Cumpre, porém, observar
que, no que concerne a Sverdlov,
Trotsky não refere nenhuma
fonte literária que afirme ter Sverdlov
encontrado-se durante esse período em Petrogrado,
ao mesmo tempo em que não examina a trajetória de Sverdlov a partir da Sibéria,
via Krasnoiarsk, nem
onde se encontrava e o que defendeu Goloschekin
– também membro do Comitê Central
Bolchevique – durante os dias em tela. Apesar de Trotsky citar, por diversas vezes, ao longo de seu magnífico
livro em destaque, os depoimentos de Shumiatsky,
omite os ensaios desse último que referem a luta fracional ativa de Sverdlov e Golschekin contra as
posições frente-populistas e patriótico-defensistas de Stalin e Kamenev na guerra imperialista, no período tomado
em exame. Em verdade, Sverdlov
chegaria em 27 de março em Petrogrado, defendendo – antes mesmo da chegada de Lenin à Rússia
e das Teses de Abril –, sem
lograr, entretanto, prevalecer, a não reconvocação dos delegados que
abandonaram a Conferência dos Sovietes
de Petrogrado em protesto, bem como a continuação das
mobilizações rumo à Revolução Proletária, discursando contra o frente-populismo e o defensismo
burguês reacionário na guerra imperialista, propugnados, pelo
contrário, por Stalin, Kamenev e a maioria do POSDR (Bolchevique). De Petrogrado, Sverdlov dirigiu-se novamente para os Urais, já em 3 de abril, a fim de dedicar-se à organização
de atividades relacionadas com a reconquista da maioria no Partido e o desencadeamento
de uma Revolução Proletária,
sem ter até mesmo a oportunidade de avistar-se, antes de sua partida, com Lenin que chegava no mesmo 3 de
abril, com procedência da Suíça.
[145] Cf. TROTSKY, LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 7 :
1917, Benson-Vermont : Felshtinsky,
1985, pp. 228 e s.
[146] Cf. LENIN. V. I. Telegramma Bol’shevikam,
Ot’ezjaiuschim v Rossiu (Telegrama aos Bolcheviques que Partem para a
Rússia)(06.03.1917), in: ibidem, Vol. 31, p. 7. ; IDEM. Zadatchi Proletariata v Nashei Revoliutsii. Proiekt
Plataformy Proletarskoi Partii(Tarefas do Proletariado em Nossa Revolução.
Projeto de Plataforma para o Partido Proletário)(Meados de Abril de 1917),
especialmente Parte 1: Klassovoi Kharakter Proisshedshei Revoliutsii (Caráter
de Classe da Revolução Transcorrida), in: ibidem, Vol. 31, pp. 151 e s.
[147] Cf. IDEM.
Zaiavlenie v Gazetu “Volksrecht” (Declaração ao Jornal “Direito do
Povo”)(06.03.1917), in: ibidem, Vol. 31, p. 8.
[148] Cf. IDEM. Pis’ma
iz Dalieka (Cartas de Longe)(07.03 a 26.03.1917), Carta 2: Novoe Pravitel’stvo
i Proletariat(O Novo Governo e o Proletariado), Carta 3: O Proletarskoi
Militsii (Sobre a Milícia Proletária) e Carta 4: Kak Dobit’sa Mira?(Como
Alcançar a Paz), in: ibidem, Vol. 31, pp. 23, 34, 48 e s.; IDEM. O Proletarskoi Militsii (Sobre a Milícia
Proletária)(20.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 286 e s.
[149] Cf. IDEM. ibidem,
Carta 5: Zadatchi Revoliutsionnovo Proletarskovo Gosudarstvennovo Ustroistva
(Tarefas de Construção de um Estado Proletário Revolucionário) tb. in: ibidem,
Vol. 31, pp. 55 e s. Acerca da oposição de Lenin seja contra as posições
céticas de Preobrajensky relativas à impossibilidade de o processo
revolucionário russo avançar rumo ao socialismo, a menos que revoluções
socialistas ocorressem nos países capitalistas mais avançados da Europa
Ocidental, seja contra as de Bukharin relacionadas com a
inviabilidade de conquistar-se a hegemonia do proletariado em relação ao
campesinato pobre e demais setores oprimidos, vide IDEM. Polititcheskoe Polojenie (Situação Política)(10.07.1917), in:
ibidem, Vol. 34, pp. 1 e s.; IDEM.
Groziaschaia Katastrofa i Kak s Niei Borot’sa (A Catástrofe que nos Ameaça e
como Combatê-la)(10-14.09.1917), Parte 11: Mojno li Idti Vpered, Boias’ Idti k
Sotsializmu?(Pode-se Seguir Adiante se Tememos Lutar pelo Socialismo?), in:
ibidem, Vol. 34, pp. 190 e s.
[150]Vide IDEM. Zadatchi
Proletariata v Nashei Revoliutsii. Proiekt Plataformy Proletarskoi
Partii(Tarefas do Proletariado em Nossa Revolução. Projeto de Plataforma para o
Partido Proletário)(Meados de Abril de 1917), Parte 10: Polojenie Del v
Sotsialistitcheskom Internatsionale (A Situação das Coisas na Internacional
Socialista), in: ibidem, Vol. 31, pp. 169 e s.
[151] Nesse
sentido, vide precisamente TROTSKY, L. D. Istoria
Russkoi Revolutsii (História da Revolução Russa)(1930-1933), Sotsializm v
Otdel’noi Strane? (Socialismo em um País Isolado), Berlim : Granit, 1931 e New
York : Monad Press, 1975, Vol. 2, Parte 2, pp. 415 e s.; tb. LENIN, V. I. Proschal’noe Pis’mo k
Shveitsarskim Rabotchim (Carta de Despedida aos Trabalhadores Suíços)(26 de
Março de 1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 87 e s.
[152] Cf. LENIN, V. I.
Sed’moi Ekstrennyi S’ezd RKP(b)(VII Congresso Extraordinário do PCR-B)(06-08.03.1918),
Parte 1: Polititcheskii Ottchet Tsentral’novo Komiteta (Apreciação Política do
Comitê Central), in: ibidem, Vol. 36, pp. 3 e s.; tb. TROTSKY, L. D. ibidem, pp. 419 e s.
[153]Nesse sentido, vide, da maneira mais clara, LENIN, V. I. Retch v Moskovskom Soviete Rabotchikh,
Krest’ianskikh i Krasnoarmeiskikh Deputatov(Discurso no Soviete de Moscou de
Trabalhadores, Camponeses e Soldados Vermelhos)(23.04.1918), in: ibidem, Vol.
36, pp. 232 e s.
[154] Cf. STALIN, J. V. Trotskizm ili Leninizm?
(Trotskysmo ou Leninismo?)(19.11.1924), in : J. V. Stalin Werke (Obras de J. V.
Stalin), Dortmund, 1976, Parte 2: Partia
i Podgotovka Oktiabria(O Partido e a Preparação do Outubro), Vol. 6, pp.
333 e s
[155] Vide LENIN, V. I.
Postanovlenie Zagranitchnoi Kollegii Tsk RSDRP (Decisão do Colegiado
Estrangeiro do CC do POSDR)(Março de 1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 83 e
s.
[156] Vide IDEM.
Retch na Ploschadi Finliandskovo Vokzala k Rabotchim, Soldatam i Matrossam
(Discurso na Praça da Estação da Finlândia aos Trabalhadores, Soldados e
Marinheiros)(03.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 98.; IDEM. O Dvoevlastii (Sobre o Duplo Poder)(09.04.1917), in: ibidem,
Vol. 31, pp. 145 e s.
[157] Acerca da luta travada no interior da Rússia
- antes mesmo da chegada de Lenin e das Teses de Abril - por Sverdlov
e outros bolcheviques em prol da continuação das mobilizações rumo à Revolução
Proletária, bem como contra o frente-populismo e o defensismo burguês
reacionário na guerra imperialista de Stalin, Kamenev e seus seguidores,
vide p.ex. SHUMIATSKY, BORIS Z. Vosvraschenie Tcherez G. Krasnoiarsk iz
Ssylki t. J. M. Sverdlov (O Regresso do Companheiro J. M. Sverdlov do Exílio
pela Cidade de Krasnoiarsk), in : Jakov Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik
Vospominanii i Statei, ed. ISPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu
Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe
Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 115 e s.; tb. VINOGRADSKAIA, P. Poslednii
Jiznenyi Reis J. M. Sverdlova (Última Viagem em Vida de J. M. Sverdlov), in : ibidem,
pp. 184 e s.
[158] Cf. IDEM. O
Zadatchakh Proletariata v Dannoi Revoliutsii (Sobre As Tarefas do Proletariado
na Presente Revolução)(04.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 113 e s.
[159] Cf. IDEM. ibidem, Tese 8.; tb. IDEM. Pis’ma o Taktike (Cartas sobre Tática)(08-13.04. 1917), in:
ibidem, Vol. 31, pp. 131 e s.
[160] Cf. IDEM. Nabrosok
Stat’i ili Retchi v Zaschitu Aprel’skikh Tezissov (Notas do Artigo ou Discurso
em Defesa das Teses de Abril) (04-12.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 123 e
s.; IDEM. Zadatchi Proletariata v
Nashei Revoliutsii. Proiekt Plataformy Proletarskoi Partii(Tarefas do
Proletariado em Nossa Revolução. Projeto de Plataforma para o Partido
Proletário)(Meados de Abril de 1917), Parte 7: Novyi Tip Gosudarstva,
Vyrastaiuschii v Nashei Revoliutsii (Novo Tipo de Estado Emergente de Nossa
Revolução) in: ibidem, Vol. 31, pp. 162 e s.
[161] Acerca do tema, vide tb. os comentários de TROTSKY, L. D. Uroki Oktiabria(Lições
de Outubro)(1924), Parte 2: Demokratitcheskaia Diktatura Proletariata i Krest’ianstva.
Febral’ i Oktiabr’ (A Ditadura Democrática do Proletariado e do Campesinato.
Fevereiro e Outubro) e Parte 3: Bor’ba s Voinoi i Oborontchestvom (A Luta
contra a Guerra e o Defensismo), Leningrado : Lenizdat, 1991, pp. 7, 13 e s.
[162] Vide IDEM. Pis’ma
o Taktike (Cartas sobre Tática)(08-13.04. 1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 131 e
s. ; IDEM. Zadatchi Proletariata v
Nashei Revoliutsii. Proiekt Plataformy Proletarskoi Partii(Tarefas do
Proletariado em Nossa Revolução. Projeto de Plataforma para o Partido
Proletário)(Meados de Abril de 1917), Parte 3: Svoeobraznoe Dvoevlastie i Evo
Klassovoie Znatchenie (Peculiaridade do Duplo Poder e Seu Significado de
Classe), in: ibidem, Vol. 31, pp. 154 e s.
[163] Cf. LENIN, V. I. O Zadatchakh Proletariata v Dannoi Revoliutsii (Sobre as Tarefas do
Proletariado na Presente Revolução)(04.04.1917), in: ibidem, Vol. 31,
pp. 113 e s; IDEM. Zadatchi
Proletariata v Nashei Revoliutsii. Proiekt Plataformy Proletarskoi
Partii(Tarefas do Proletariado em Nossa Revolução. Projeto de Plataforma para o
Partido Proletário)(Meados de Abril de 1917),
em especial Parte 5: Revoliutsionnoe Oborontchestvo i Evo Klassovoe
Znatchenie (O Defensismo Revolucionário e o Seu Significado de Classe), Parte
6: Kak Mojno Kontchit’ Voinu?(Como é Possível Encerrar a Guerra), Parte 12:
Kakovo Doljno Byt’ Nautchno-Pravil’noe i Polititcheski Pomogaiuschee
Proiasneniu Soznania Proletariata Naznavanie Nashei Partii? (Qual Deve Ser o
Nome de Nosso Partido, Cientificamente Correto e Útil à Clarificação da
Consciência do Proletariado?), in: ibidem, Vol. 31, pp. 159, 161 e s.; IDEM. Materialy Po Peresmotru Partiinoi
Programmy (Materiais Relativos à Mudança do Programa do Partido), Cap. 2 :
Proiekt Izmenenii Teoretitcheskoi, Polititcheskoi i Nekotoryx Drugikh Tchastei
Programmy (Propostas de Emenda às Partes Doutrinária, Política e Outras do
Programa)(24-29.04.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 139 e s.
[164] Vide IDEM. Petrogradskaia
Obschegorodskaia Konferentsia RSDRP (b)(Conferência de Toda a Cidade de
Petrogrado do POSDR-B)(14-22.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 237 e s.
[165] Vide IDEM. Sed’maia
Aprel’skaia Vcerossiiskaia Konferentsia RSDRP(b) (VII Conferência de Abril do
POSDR-B de Toda a Rússia) (24-29.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 339 e s.
[166] Acerca do tema, vide tb. criticamente os dados numéricos
de BROUÉ, PIERRE. Le Parti
Bolchevique. Histoire du P.C. de L’U.R.S.S., Paris : Minuit, pp. 86 e s.
[167] Nesse sentido, vide LENIN,
V. I. K Tchemu Vedut Kontrrevoliutsionnye
Shagi Vremennovo Pravitel’stva (A Que Conduz os Passos Contra-Revolucionários
do Governo)(28.04.1917), in: ibidem, Vol. 31, pp. 462 e s.; IDEM. Tainy Vneshnei Politiki (Segredos
da Política Externa)(10.05.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 55 e s.; IDEM. Ischut Napoleona (Em Busca de um
Napoleão)(10.05.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 61 e s.; IDEM. Retch na Mitinge Putilovskovo Zavoda (Discurso na Assembléia
da Fábrica Putilov)(12.05.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 67 e s.; IDEM. Perekhod Kontrrevoliutsii v
Nastuplenie “Iakobintsy bez Naroda” (Passagem da Contra-Revolução à Ofensiva
“Os Jacobinos sem o Povo”)(28.05.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 215 e s.; IDEM. Tysiatcha Pervaia Loj’
Kapitalistov (A Milésima Primeira Mentira dos Capitalistas)(17.06.1917), in:
ibidem, Vol. 32, pp. 295 e s.; IDEM.
Soiuz dlia Ostanovki Revoliutsii (Aliança para Parar a Revolução)(19.06.1917),
in: ibidem, Vol. 32, pp. 300 e s.; IDEM.
O Vragakh Naroda (Os Inimigos do Povo)(20.06.1917), in: ibidem, Vol. 32, pp. 306
e s.
[168] Cf. TROTSKY, LÉON D. Pamiati Sverdlova, in: Jakob Michailovitch Sverdlov. Sbornik
Vospominanii i Statei, Leningrad : Gosudarstvennoe Izdatelstvo Leningrad, 1926,
pp. 71 e s
[169] Cf. IDEM. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 7 : 1917,
Benson-Vermont : Felshtinsky, 1985, p.
225.
[170] Acerca do tema, vide TROTSKY, L. D. Vokrug Oktiabria (Em Torno de Outubro)(06.04.1924),
Parte 1: Pered Oktiabriem (Antes de Outubro), in: L.D. Trotsky. Iz Arkhivov
Russkoi Revoliutsii 1917-1937 (Dos Arquivos da Revolução Russa. 1917-1937)
Moscou : Biblioteca Magister-MSK, pp. 1
e s.
[171] Cf. LENIN, V. I. Petrogradskaia
Obschegorodskaia Konferentsia RSDRP(b). (Conferência de Toda a Cidade de
Petrogrado do POSDR(B))(14-22.04.1917), Nr. 7: Proiekt Resoliutsii Ob
Otnoshenii k Partiam Sotsialistov-Revoliutsionerov, Sotsial-Demokratov
Men’shevikov, Partii tak Nazyvaemykh “Nefraktsionnykh” Sotsial-Demokratov i
t.p. Rodstvennym Polititcheskim Tetcheniam(Projeto de Resolução sobre o
Comportamento em face dos Partidos dos Socialistas-Revolucionários,
Sociais-Democratas Mencheviques, Partido dos assim chamados Sociais-Democratas
“Não-Fracionalistas” e outras Tendências Políticas Semelhantes)(14-22.04.1917),
in: ibidem, Vol. 31, pp. 257 e s.; IDEM.
Sed’maia Aprel’skaia Vcerossiiskaia Konferentsia RSDRP(b)(VII Conferência
de Abril do POSDR-B de Toda a Rússia) (24-29.04.1917), Parte 18: Resoliutsia ob
Ob’edinenii Internatsionalistov protiv Melkoburjuaznovo Oborontcheskovo Bloka
(Resolução sobre a Unificação dos Internacionalistas contra o Bloco Defensista
Pequeno-Burguês), in: ibidem, Vol. 31, pp. 429 e s.
[172] Cf. SVERDLOV, J.
M. VI Sezd RSDRP (B). Doklad Organizatsionnovo Biuro Po Sozyvu Sezda
Partii. (VI Congresso do POSDR (B).
Informe do Bureau de Organização para a Convocação do Congresso do
Partido)(26.07 – 03.08.1917), in: J. M. Svedlov. Izbrannye Proizvedenia (Obras
Escolhidas), Vol. 2, Moscou: Gosudarstvennoe Izdatel’stvo. Polititcheskoi
Literatury, 1959, pp. 32 e s.
[173] Acerca
da oposição de Lenin seja contra as posições céticas de Preobrajensky relativas à
impossibilidade de o processo revolucionário russo avançar rumo ao socialismo,
a menos que revoluções socialistas ocorressem nos países capitalistas mais
avançados da Europa Ocidental, seja contra as de Bukharin relacionadas com
a inviabilidade de conquistar-se a hegemonia do proletariado em relação ao
campesinato pobre e demais setores oprimidos, vide LENIN, VLADIMIR I. Polititcheskoe Polojenie (Situação
Política)(10.07.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 1 e s.; IDEM. Groziaschaia Katastrofa i Kak s Niei Borot’sa (A Catástrofe
que nos Ameaça e como Combatê-la)(10-14.09.1917), Parte 11: Mojno li Idti
Vpered, Boias’ Idti k Sotsializmu?(Pode-se Seguir Adiante se Tememos Lutar pelo
Socialismo?), in: ibidem, Vol. 34, pp. 190 e s.
[174] Cf. IDEM. Itogi
i Perspektivy (Resultados e
Perspectivas)(1906), Predislovie (Prefácio), Moscou: Gosud. Izdatel’stvo, 1919,
pp. 3 e s.
[175] Cf. IDEM. O
Dvukh Liniakh Revoliutsii(Acerca de Duas Linhas da Revolução)(20.11.1915), in: ibidem,
Vol. 27, pp. 76 e s.
[176] Acerca do tema, vide sobretudo MARX, KARL & ENGELS, FRIEDRICH. Ansprache der Zentralbehörde an
den Bund – Rundschreiben (Informe do Órgão Central à Liga dos Comunistas –
Circular) (Março de 1850), in : ibidem, Vol. VII, p. 247.
[177] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. Otnoshenie
Sotsial-Demokratii k Krest’ianskomu Dvijeniu (Relação da Social-Democracia com
o Movimento Camponês)(14.09.1905), in : ibidem, Vol. 11, pp. 215 e s.
[178] Acerca do tema,
vide IDEM. Pis’mo v Tsentral’nnoi
Komitet RSDRP(b)(Carta ao Comitê Central do POSDR – Bolchevique)(19.10.1917),
in: ibidem, Vol. 34, pp. 423 e s.; IZ
PROTOKOLA ZASSEDANIA TsK RSDRP(b) OB OBSUJDIENII STREIKBREKHERKOVO ZAIAVLENIA
KAMENEVA I ZINOVIEVA, OPUBLIKOBANNOVO V GAZETE “NOVAIA JIZN” (Do Protocolo
da Reunião do Comitê Central do POSDR – Bolchevique sobre o Exame da Declaração
Fura-Greve de Kamenev e Zinoviev, Publicada no Jornal “Nova Vida”), in: VOSR.
Oktiabr’skoe Voorujennoe Vosstanie v Petrograde (VOSR. A Insurreição Armada de
Outubro em Petrogrado), Moscou : G. N. Golikov, 1957, pp. 64 e s.
[179] Acerca da oposição de Lenin à caracterização
esquerdista de Molotov e Schliapnikov, consistente em afirmar o caráter
contra-revolucionário do Governo Provisório Burguês-Latifundiário
Russo já nos primeiros dias após a conclusão vitoriosa da Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917 e, portanto, mesmo antes do
encerramento do período pacífico, em 3 e 4 de julho, vide LENIN. VLADIMIR I. Sed’maia Aprel’skaia
Vcerossiiskaia Konferentsia RSDRP(b) (VII Conferência de Abril do POSDR-B de
Toda a Rússia) (24-29.04.1917), Parte 2: Doklad o Tekuschem Momente (Relatório
sobre o Momento Atual) in: ibidem, Vol. 31, pp. 361 e s.; IDEM. Polititcheskoe Polojenie (Situação Política)(10.07.1917), in:
ibidem, Vol. 34, pp. 1 e s.
[180] Vide IDEM. Gosudarstvo i Revolutsia. Utchenie
Marksisma o Gosudarstve i Zadatchi Proletariata v Revoliutsi (Estado e
Revolução. A Doutrina do Marxismo sobre o Estado e as Tarefas do Proletariado
na Revolução)(Agosto de 1917), in: ibidem, Cap. 3.: Gosudarstvo i Revoliutsia.
Opyt Parijskoi Kommuny 1871 g. Analiz Marksa (Estado e Revolução. A Experiência
da Comuna de Paris de 1871. Análise de Marx), Nr. 1: V Tchiom Geroizm Popytki
Kommunarov? (Em que consiste o Heroísmo da Tentativa dos Communards), Vol. 33,
pp. 36 e s.
[181] Nesse sentido, vide tb. MARX, K. & ENGELS, F.
Der Bürgerkrieg in Frankreich (A Guerra Civil na França)(Abril – Maio de 1871),
in: ibidem, Vol. 17, pp. 336 e s.; IDEM.
Die Partei und die Internationale (O Partido e a Internacional) (5 de Maio de
1875), in: ibidem, Vol. 19, pp. 6 e 7.; tb. LENIN, V. I. Zadatchi Revolutsii (Tarefas da Revolução)
(09.10.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 229 e s.
[182] Vide IDEM. Bol’sheviki
Doljny Vziat’ Vlast’ (Os Bolcheviques Devem Tomar o Poder)(12-14.09.1917), in:
ibidem, Vol. 34, pp. 239 e s.; IDEM.
Pis’mo Predsedateliu Oblastnovo Komiteta Armii, Flota i Rabotchikh Finliandii
I. T. Smilge(Carta ao Presidente do Comitê Regional do Exército, da Frota e dos
Trabalhadores da Finlândia)(27.09.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 264 e s.; IDEM. Krizis Hazrel (A Crise
Amadureceu)(Outubro de 1917), in : ibidem, Vol. 34, pp. 272 e s.; IDEM. Uderjat’ li Bol’sheviki
Gosudarstvennuiu Vlast’(Manterão os Bolcheviques o Poder de
Estado?)(01.10.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 287 e s.
[183] Vide IDEM.
Pis’mo v Tsk, Mk i Plenam Sovietov Pitera i Moskvy Bol’schevikam (Carta ao CC,
ao Comitê de Moscou, à Plenária dos Sovietes de Petrogrado e aos Bolcheviques de
Moscou) (01.10.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 340 e s.
[184] Acerca do tema, vide sobretudo TROTSKY, L. D. Vokrug Oktiabria (Em Torno de Outubro)(06.04.1924),
Parte 2: Perevorot (Revolução), in: L.D. Trotsky. Iz Arkhivov Russkoi
Revoliutsii 1917-1937 (Dos Arquivos da Revolução Russa. 1917-1937) Moscou
: Biblioteca Magister-MSK, pp. 9 e
s.
[185] Acerca do tema, vide LENIN, V. I. Zassedanie Tsentral’novo Komiteta RSDPR (b)(Sessão do
CC do POSDR)(10.10.1917), in: ibidem, Vol. 34, pp. 391 e s.; IDEM. Zassedanie Tsentral’novo Komiteta
RSDPR (b)(Sessão do CC do POSDR)(16 de Outubro de 1917), in: ibidem, Vol. 36,
pp. 394 e s.
[186] Para um estudo mais amplo acerca do tema, vide BARBOSA, ASDRUBAL & SCHMIDT VON KÖLN,
PORTAU. A Arte Proletária da Insurreição Socialista. Aspectos
Introdutórios, São Paulo-Munique-Moscou : Academia Vermelha de Arte Militar
Proletário-Revolucionária Mikhail V. Frunze - Ed. Militar Socialista da Classe
Trabalhadora, 2001, pp. 7 e s.
[187] Nesse sentido, vide ENGELS, F. Revolution und
Konterrevolution in Deutschland (Revolução e Contra-Revolução na Alemanha)
(Agosto de 1851 - Setembro de 1852), Cap. 17: Der Aufstand (A Insurreição)
(Agosto de 1852), in: ibidem, Vol. 8, pp. 95 e s.; LENIN, V. I. Markiszm i Vosstanie(Marxismo e Insurreição)(13-14.09.1917),
in: ibidem, Vol. 34, pp. 242 e s.; IDEM.
Soviety Postoronnevo (Conselhos de um Ausente)(08.10.1917), in: ibidem, Vol.
34, pp. 382 e s.
[188] vide TROTSKY, L.
D. Vokrug Oktiabria (Em Torno de Outubro)(06.04.1924), Parte 4: Rasgon
Utchreditel’novo Sobrania (Dissolução da Assembléia Constituinte), in: L.D.
Trotsky. Iz Arkhivov Russkoi Revoliutsii 1917-1937 (Dos Arquivos da Revolução
Russa. 1917-1937) Moscou : Biblioteca
Magister-MSK, pp. 16 e s.
[189] Nesse sentido, vide, mais detalhadamente, Cf. TROTSKY,
L. D. Moia Jizn. Opyt Avtobiografii (Minha Vida. Uma Tentativa de
Auto-Biografia)(1930), Volume II, Cap. 32: Mir (Paz), Moscou : Parorama, 1991, pp. 367 e s.
[190] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. Detskaia Bolezn’ “Levizny” v Kommunizme (Doença Infantil de “Esquerda”
no Comunismo)(Abril-Maio de 1920), in: ibidem, Vol. 41, pp. 5 e s.
[191] Vide KPSS V RESOLIUTSIAKH I RESCHENIAKH S’EZDOV,
KONFERENTSI I PLENUMOVTsK (O Partido Comunista da União Soviética em
Decisões e Resoluções de Congressos, Conferências Partidárias e Plenárias do
Comitê Central), Vol. 1, Moscou, 1954, pp. 409 e s.; tb. VOSMOI SEZD RKP
(B). PROTOKOLY (VIII Congresso do PCR(B)), Moscou, 1959, pp. 390 e s.
[192] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. VIII S’ezd RKP (b). Retch Pri Otkrytii S’ezda 18 Marta (VIII
Congresso do PCR(B). Discurso de Abertura do Congresso, em 18 de Março)
(18.03.1919), in: ibidem, Vol. 38, pp. 127 e s.
[193] Acerca do tema, vide IDEM. IX S’ezd RKP (b) (IX Congresso do PCR – Bolchevique)(29.03-05.04.1920), 3. Zakliutchitel’noe Slovo po Dokladu
TsK (Discurso de Encerramento sobre o Relatório do Comitê Central)(30.03-1920), in : ibidem, Vol. 40, pp. 258 e s.
[194] Acerca do tema, vide RYKOV, ALEKSEI J. Die wirtschaftliche Lage Sowjetrusslands (A
Situação Econômica da Rússia Soviética), Berlim: A. Seehof & Co., 1920, pp.
5 e s.; TOMSKY, MIKHAIL P. Abhandlungen
über die Gewerkschaftsbewegung in Russland
(Ensaios sobre o Movimento Sindical na Rússia), Hamburg: Carl Hoym, 1921,
pp. 3 e s.; IDEM. Die
neuen Aufgaben der russischen Gewerkschaften (As Novas Tarefas dos Sindicatos
Russos), Berlim, 1922, pp. 3 e s.; IDEM.
Der gegenwärtige Stand der Gewerkschaftsbewegung in Russland (A Situação Atual
do Movimento Sindical na Rússia), Berlim : Führer-Verlag, 1923, pp. 1 e s.
[195] Acerca do tema, vide SAPRONOV, TIMOFEI V. Iz Istorii
Rabotchevo Dvijenia (História do Movimento Operário), Moscou-Leningrado: Gosud.
Izd-vo, 1925, pp. 127 e s.
[196]
Sobre o tema, vide sobretudo SCHLIAPNIKOV,
ALEXANDR G. Die russischen Gewerkschaften (Os Sindicatos Russo), Leipzig :
A. Seehof & Co., 1920, pp. 3 e s.; IDEM.
Aus der Gewerkschaftsbewegung in Russland bis zur Eroberung der Macht (Do
Movimento Sindical na Rússia até a Tomada do Poder), Chemnitz: Chemnitzer Dr.
und Verl. Anstalt, 1919, pp. 5 e s.; LOZOVSKY,
ALEXANDER. Eroberung oder Zerstörung der Gewerkschaften (Conquista ou
Destruição dos Sindicatos), Leipzig : Franke, 1920, pp. 3 e s.; IDEM. Aufgaben und Entwicklung der
Betriebsräte in Russland (Tarefas e Desenvolvimento dos Conselhos de Fábrica na
Rússia), Leipzig : Franke, 1920, pp. 3 e s.; IDEM. Die Gewerkschaftsbewegung in Russland (O Movimento Sindical
na Rússia), Leipzig : Franke, 1920, pp. 5 e s.; IDEM. Die Gewerkschaften in Sowjetrussland (Os Sindicatos na Rússia
Soviética), Berlim : A. Seehof & Co., 1920, pp. 7 e s.
[197]
Acerca do tema, vide LENIN, VLADIMIR I.
O Professional’nykh Soiuzakh, o Tekuschem Momentie i Ob Oshibkakh T. Trotskovo
(Sobre os Sindicatos, sobre o Momento Atual e sobre os Erros do Comp.
Trotsky)(30.12.1920), in: ibidem, Vol.
42, pp. 202 e s.; IDEM. Krizis Partii (A Crise do
Partido)(19.01.1921), in: ibidem, Vol. 42, pp. 234 e s.; IDEM. Eshio Raz o Profsoiuzakh, o Tekuschem Momentie i Ob Oshibkakh
Tt. Trotskovo I Bukharina (Mais Uma Vez sobre os Sindicatos, sobre o Momento
Atual e sobre os Erros dos Comps. Trotsky e Bukharin)(25.01.1921), in: ibidem,
Vol. 42, pp. 264 e s.
[198] Cf. IDEM. X
S’ezd RKP (b) (X Congresso do PCR – Bolchevique)(08-16.03.1921), 4. Retch’ o
Professional’nykh Soiuzakh (Discurso sobre os Sindicatos)(14.03.1921), in:
ibidem, Vol. 43, pp. 52 e s.
[199] Cf. TROTSKY, L.
D. Lenin o Sverdlov i Stalin. Iz Arkhiva (Lenin sobre Sverdlov e Stalin.
Dos Arquivos), in : Biulleten Oppozitsii <Bolshevikov-Lenintsev> (Boletim
de Oposição < Bolcheviques-Leninistas >), Nr. 29-30, Adm. e Red. A.
Grylewicz, Setembro de 1932, pp. 41 e 42.
[200] Essa porcentagem de aproximadamente 30 % pode ter
correspondido a algo equivalente a 219.000 membros, tendo-se em consideração o
fato de que aproximadamente 732.500 militantes fizeram-se representar no X
Congresso do PCR (Bolchevique). Acerca do tema, vide POPOV, NIKOLAI Outline History of the
Communist Party of Soviet Union, Vol. II, New York : International Publishers,
1946, p. 150.
[201] Referentemente a essa temática, vide, tb., TROTSKY, LÉON D. Moia Jizn. Opyt
Avtobiografii (Minha Vida. Uma Tentativa de Auto-Biografia), especialmente Cap.
39: Bolezn Lenina (A Doença de Lenin), Cap. 40: Zagovor Epigonov (A Conspiração
dos Epígonos), Berlim : Granit, 1930, repectivamente pp. 205 e s. e pp. 227 e
s.
[202] IDEM. The
Supressed Testament of Lenin (O Testamento Suprimido de Lenin)(31.12.1932),
Londres : Pioneer Publishers, 1935, pp. 11 e s.
[203] Cf. LENIN,
VLADIMIR I. X S’ezd RKP (b) (X Congresso do PCR –
Bolchevique)(08-16.03.1921), 8. Piervonatchal’nyi Proiekt Rezoliutsii X S’ezda
RKP o Edinstvie Partii (Projeto Preliminar de Resolução do X Congresso do PCR –
Bolchevique sobre a Unidade do Partido), in: ibidem, Vol. 43, pp. 89 e s.
[204] Cf. IDEM. ibidem,
3. Zakliutchitel’noe Slovo po Ottchetu TsK RKP(b)(Discurso de Encerramento
sobre o Relatório do Comitê Central do PCR(B)) (09.03.1921), in: ibidem, Vol.
43, pp. 34 e s.
[205] Cf. IDEM. ibidem, 12. Zametchania po Povodu Popravki
Riazanova k Resolitusii o Edinstvoe Partii (Observações às Emendas de Riazanov
acerca da Resolução sobre a Unidade do Partido)(16.03.1921), in: ibidem, Vol.
43, p. 112.
[206] Cf. IDEM.
XI S’ezd RKP (b) (XI Congresso do PCR - Bolchevique)(27.03-02.04.1922),
3. Zakliutchitel’noe Slovo po Polititcheskomu Ottchetu TsK RKP(b)(Dirscurso
de Encerramento sobre Relatório Político do Comitê Central do PCR -
Bolchevique)(28.03.1922), in: ibidem, Vol. 46, pp. 117 e s. Acerca de uma
apreciação crítica sobre a brochura de Stalin sobre a questão das
nacionalidades, desenvolvida sob a direção direta de Lenin, na cidade de Cracóvia,
ao longo de 1913, vide TROTSKY,
LÉON D. Stalin (Stalin)(1941), Vol. 1, especialmente Cap. 5 :
Novyi Podiem (Novo Ascenso), Benson-Vermont
: Felshtinsky, 1985, pp. 178 e s.
[207] Acerca do tema, vide tb. FISCHER, RUTH. Stalin and German Communism. A Study in the Origins of
the State Party, especialmente Cap. 11 : Struggle for Sucession in the Russian
Party, Cambridge: Harvard University Press, 1948, p. 234.
[208] Acerca do tema, vide, exemplificativamente, RUBEL,
MAXIMILIEN. Josef W. Stalin, especialmente Capítulo : Ein Multiplizierter
Komissar (Um Comissário Multiplicado) e
Die Letzte Metamorphose (A Última Metamorfose), Reinbeck bei Hamburg : Rowohlt,
1975, pp. 44 e s.
[209] Acerca do tema, vide LENIN, WLADIMIR I. Fünf Jahre Russische Revolution und die
Perspektiven der Weltrevolution(Cinco Anos de Revolução Russa e as Perspectivas
da Revolução Mundial), in : Protokoll des Vierten Kongresses der
Kommunistischen International (Protocolo do IV Congresso da Internacional Comunista)
(De 5 de Novembro a 5 de Dezembro de 1922), Hamburg : Carl Hoym, 1923, pp. 229
e 230.
[210] IDEM. Pis’mo k
S’ezdu (Carta ao Congresso) (04.01.1923), in : ibidem, Vol. 45, pp. 344 e s.
[211] Cf. IDEM. Tovarischu
Stalinu (Ao Companheiro Stalin)(05.03.1923), in: ibidem, Vol. 54, pp. 329 e
330.