TEXTOS E FRAGMENTOS
LITERÁRIOS SELETOS SOBRE MORAL E CONSCIÊNCIA,
DIREÇÃO E ORGANIZAÇÃO
REVOLUCIONÁRIAS SOCIALISTAS-EMANCIPADORAS
G. I. TCHUDNOVSKY
COMANDANTE MILITAR
BOLCHEVIQUE
DA INSURREIÇÃO
SOCIALISTA DE OUTUBRO
ROCHEL VON GENNEVILLIERS
Concepção,
Organização, Compilação e Tradução
Asturig
Emil von München
Fevereiro 2005
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Geral
http://www.scientific-socialism.de/MCComandantesMilitaresCapa.htm
G. I. Tchudnosky foi um dos lutadores mais extraordinariamente ardentes e corajosos da Revolução
Socialista de Outubro. Nasceu, provavelmente, em 1899, e morreu
bastante jovem, sendo que, precisamente por isso, pouco ficou-se sabendo sobre
ele.
Certo é que foi um
marxista-revolucionário fervoroso, e já como adolescente ingressou nas fileiras
do Partido Operário Social-Democrático Russo (POSDR). Tchudnosky era
dotado de grande entusiasmo prático e expressivo interesse para as questões
teóricas do marxismo revolucionário.
Tendo sido preso e
exilado em decorrência de suas atividades revolucionárias, logrou fugir, pouco
depois, para além das fronteiras do Império Czarista, emigrando,
afinal, para os EUA.
No quadro da I
Guerra Mundial Imperialista, tornou-se, então, um dos grandes
colaboradores do jornal “Nashe Slovo (Nossa Palavra)”, dirigido
por Léon Trotsky, entre janeiro de 1915 e setembro de 1916.
Logo depois da Revolução
de Fevereiro de 1917 – mais precisamente em maio de 1917 -, regressou
à Rússia, procedente de um campo de concentração no Canadá,
em companhia de Trotsky.
Por dever de prestação
de serviço militar, Tchudnosky ingressou nas fileiras das Forças
Armadas do Governo Provisório Frente-Populista, e, rapidamente,
após atuar durante três meses no fronte de guerra, conquistou postos de
direção, em uma das corporações militares de então. A partir dos primeiros dias
da Revolução Socialista de Outubro, Tchudnosky não mais se separou
dos campos de batalha proletário-revolucionários.
Em 23 de outubro de
1917, quando, no quadro da Insurreição Socialista, formou-se um
trio especial para assumir a direção da tomada do Palácio de Inverno, tendo
como figuras centrais Podvoisky e Antonov-Ovseienko,
Tchudnovsky veio a substituir Sadovsky que havia sido
incluído, inicialmente, como terceiro componente do trio em destaque, mas que
fora, a seguir, afastado por encontrar-se manifestamente ocupado com os
negócios da guarnição.
Podvoisky e Tchudnovsky foram os responsáveis pela formulação técnica
da ação militar a ser empreendida, visando à tomada do Palácio de Inverno.
Sobre as
características de Tchudnovsky, o terceiro dos comandantes
militares da Insurreição Socialista de Outubro, e de todos os
demais ousados comandantes militares, situados sob sua direta direção política,
Trotsky destacou, precisamente :
“O terceiro desses
dirigentes militares, Tchudnovsky,
despendeu alguns meses em um fronte inativo, como agitador : esse era o total
de seu estágio militar.
Embora gravitando em
torno da ala de direita, Tchudnovsky
foi o primeiro a entrar em combate e sempre procurou por aquele lugar, onde as
coisas estavam mais quentes.
Ousadia pessoal e
audácia política não se encontram sempre – como se sabe – em equilíbrio. Alguns
dias depois da Revolução, Tchudnovsky
foi ferido perto de Petrogrado, em uma desavença havida com os cossacos de
Kerensky e, alguns meses depois, assassinado na Ucrânia.
É claro que o loquaz e
impulsivo Tchudnovsky não podia
substituir o que faltava nos outros dois dirigentes. Nenhum deles era inclinado
para os detalhes, já porque não eram dedicados aos segredos do negócio.
Sentindo sua própria
fraqueza em questões como reconhecimento, comunicações, manobras, esses
marechais vermelhos sentiram-se obrigados a fazer rolar contra o Palácio de Inverno uma tal
superioridade de forças que fosse capaz de suprimir a própria possibilidade de
direção prática : uma grandiosidade desmedida do plano é quase equivalente à
sua inexistência.
O que aqui foi dito
não significa, absolutamente, que seria possível encontrar, na composição do Comitê Militar Revolucionário ou em
volta dele, dirigentes militares mais capazes.
Em última instância,
seria certamente impossível ter encontrado dirigentes mais devotados e
altruísticos.”[1]
Encontrando-se sob
fogo cruzado, Tchudnovsky destacou-se no combate desfraldado
contra os destacamentos militares de Kerensky e do General Krasnov.
Segundo Trotsky:
“Tchudnovsky comandou um dos destacamentos: não porque conhecesse
questões militares melhor do que outros, mas sim porque era mais resoluto e
corajoso do que eles.”[2]
Mesmo ferido à bala,
regressou, imediatamente, ao campo de combate e expôs-se, mais uma vez, à linha
de fogo, não a abandonando até o cessar das atividades bélicas.
Tão logo as lutas se
incendiaram na Ucrânia, nos primeiros meses de 1918,
Tchudnovsky para lá se dirigiu. Em meios aos partisãos revolucionários,
combateu, ativamente, as tropas imperialistas dos ocupantes alemães e
austríacos e os bandos armados da Rada Central, organismo
contra-revolucionário unificador dos partidos nacionalistas burgueses e
pequeno-burgueses da Ucrânia. Esses últimos capturaram-no e
condenaram-no à pena de morte, sem lograrem, porém, executá-la.
Ao penetrarem em Kiev,
as Forças Armadas Vermelhas libertaram-no, porém não por muito
tempo. Logo a seguir, forçadas a baterem em retirada da cidade de Kharkov,
Tchudnovsky foi assassinado, possivelmente por inimigos imperialistas
alemães ou por algum de seus aliados político-militares, nacionalistas-democratas,
socialistas-revolucionários (SRs) e sociais-democratas reformistas, cujos
bandos armados atuavam amplamente no interior da Rada Central.
A data e o local da morte de Tchudnovsky permanece
inteiramente desconhecida.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE
COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A
FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO
PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. TROTSKY, LÉON
DAVIDOVITCH BRONSTEIN. Oktiabrskoe Vosstanie (A Insurreição de Outubro),
in: Léon Trotsky. Istoria Russkoi Revolutsii (História da Revoluçao
Russa)(1930-1933), Volume II, Segunda Parte, Moscou : Terra – Respublika, 1997,
pp. 267 e 268 e s.
[2] Cf. IDEM. G. I. Tchudnovsky(04.1922), in : A. Lunatcharsky, K. Radek, L. Trotsky. Siluety : Polititcheskie Portrety (Silhuetas. Retratos Políticos), Moscou : Politizdat, 1911, p. 367.