PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO
DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DO DIREITO, DO ESTADO E
DA JUSTIÇA DE CLASSE
RENOMADÍSSIMOS OPORTUNISTAS E
REFORMISTAS,
PSEUDO-MARXISTAS E REVISIONISTAS DO
SOCIALISMO CIENTÍFICO
NO INTERIOR OU NAS PROXIMIDADES DAS
FILEIRAS DO MOVIMENTO PROLETÁRIO REVOLUCIONÁRIO
O Socialismo e a Questão Colonial
EDUARD BERNSTEIN[1]
Concepção e Organização Portau Schmidt von Köln
Compilação e Tradução Emil Asturig von
München
Julho de 2001
Para Palestras e Cursos sobre o Tema em
Destaque
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http://www.scientific-socialism.de/ORPRCapa.htm
Na história da
humanidade, é possível falar de colonização apenas a partir do
momento em que os seres humanos em geral se tornaram duradouramente sedentários
e começaram a trabalhar o solo.
Enquanto os
homens viveram da caça e da colheita, colonizaram tão pouco quanto os animais.
Pode-se apenas
falar de colonização onde se encontra vinculado o assentamento ao
incremento da capacidade populacional do território ocupado.
Isso quer dizer
: é possível apenas falar de colonização onde, em decorrência do assentamento,
são capazes de existir mais seres humanos, sobre o mesmo território, com, no
mínimo, as mesmas pretensões de vida de antes.
Esse é o título
jurídico-histórico de toda colonização de áreas já anteriormente
ocupadas.
Sob o ponto de
vista da economia, a cultura superior caracteriza-se em
face da cultura inferior pelo fato de que a primeira possibilita a vida
de um número maior de seres humanos sobre o mesmo território do que a segunda :
i.e. pela maior capacidade populacional que a cultura superior confere
ao território (em geral, à terra).
Isso se
processa, em parte, mediante elevação técnica da produtividade do trabalho
humano, e, em parte, mediante melhor salvaguarda do trabalho, por meio de
proteção jurídica mais avançada, elevação da segurança do trabalho e melhor
organização da economia.
Medindo-se com
esse padrao, a cultura superior possui sempre em face da cultura inferior, sob
condições iguais, em circunstâncias diversas, o melhor Direito do seu lado, em
verdade, possui o dever de subjulgar a cultura inferior.
Não se pode conceder a nenhuma
tribo, a nenhum povo, a nenhuma raça, o Direito incondicional a uma qualquer
parte da terra habitada.
A terra não
pertence a nenhum mortal.
É propriedade e herança
do conjunto da humanidade.
Tão interessados
quanto possam ser os representantes das culturas inferiores originárias, os
etnólogos, não hesitará o sociólogo, por nenhum instante sequer, em declarar
como necessária
e justa, em sentido histórico-mundial, a sua perda de terreno em face
dos representantes das culturas superiores.
Além disso, a
perda de terreno da cultura inferior em face da cultura superior não se
encontra necessariamente ligada ao desaparecimento das raças e nacionalidades
menos desenvolvidas.
Na medida em que
estas sejam capazes de se desenvolver, poderão avançar, no quadro desse
processo, de modo plenamente virtuoso.
Sendo exitosa, a
colonização constitui a expansão de um círculo cultural e econômico.
Uma colônia pode ser de valor para
uma nação-mãe, mesmo quando contribua, diretamente, apenas de modo
escasso, para a expansão da economia desta.
A condição para
isso é que a colônia não prejudique, seriamente, a energia econômica da
nação-mãe mediante o desvio de parte considerável de suas forças.
Se,
presentemente, no território dos EUA, do Canadá, da América
do Sul, de certas partes da Austrália etc., diversos milhões de
seres humanos encontram sua existência, em vez de centenas de milhares, como
antes, devemos isso à penetração colonizadora da civilização
européia.
Se,
presentemente, na Inglaterra e em outros lugares, muitos produtos alimentícios e
especiarias dos trópicos ingressaram no círculo dos meios de voluptuosidade do
povo, se as áreas de pastos da América e da Austrália ajudam a
baratear a carne - tais quais os amplos campos dessas partes do mundo fazem-no
com o pão de milhões e milhões trabalhadores europeus - , devemos agradecer
tudo isso aos empreendimentos de colonização.
Sem penetração
colonial de nossa economia, a miséria - que vemos ainda na Europa diante de nós e a
qual almejamos erradicar - seria ainda infinitamente maior, sendo a perspectiva
de sua erradicação significativamente menor do que é o caso nos dias de hoje.
A Social-Democracia
é capaz de poder examinar os mais novos projetos coloniais, de
maneira inteiramente imparcial, em seu valor objetivo.
Nos países já
não sobrecarregados em sentido colonial, a Social-Democracia não oferece
nenhuma consideração de ordem econômica, no sentido de opor resistência a tais propostas
de colonização que se demonstram, realmente, como promissoras.
A condição para
tanto é, nesse contexto, que seja assegurada aos nativos a proteção que,
segundo o padrão de seu desenvolvimento cultural, suas necessidades requerem.
É óbvio que a Social-Democracia
é o advogado
natural dos nativos que caem sob a suprema dominação ou sob a dominação
tutelar de seu país.
Porém,
significaria fechar os olhos à luz do dia, caso pretendessemos esconder o fato
de que, hoje, por detrás do fervor colonizante dos chauvinistas de
diversos países, ocultam-se múltiplos objetivos que os incitam não no
sentido da fundação, senão da conquista de colônias e, em verdade, conquista
de colônias que, presentemente, encontram-se na posse de outras nações.
É em face desse
chauvinismo de colonização que a Social-Democracia posiciona-se de
maneira incondicionalmente hostil.
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. BERNSTEIN, EDUARD. Der
Sozialismus und die Kolonialfrage (O Socialismo e a Questão Colonial)(1900), in
: Sozialdemokratie und Kolonien (Social-Democracia e Colônias), Münster : Lit,
1987, pp. 58 e s. Observo que a obra em destaque, intitulada “Sozialdemokratie
und Kolonieen (Social-Democracia e Colônias)”, foi
organizada com base na reedição de Alfred Mansfeld dos artigos de
pretigiosos dirigentes revisionistas da Social-Democracia Alemã, recolhidos
pela Verlag
Sozialistische Monatshefte (Editora de Cadernos Socialistas Mensais), e
publicados, em língua alemã, pela primeira vez, em 1919.