PRODUÇÕES LITERÁRIAS DEDICADAS À FORMAÇÃO

DE REVOLUCIONÁRIOS MARXISTAS QUE ATUAM NO DOMÍNIO DA PRODUÇÃO E DA CIRCULAÇÃO CAPITALISTAS,

NO MUNDO DAS FINANÇAS E DAS UNIVERSIDADES DE ECONOMIA BURGUESAS

 

PEQUENOS ENSAIOS POLÊMICOS SOBRE MARXISMO E A CRÍTICA DA ECONOMIA CAPITALISTA

 

Metodologia de Análise das Concepções Econômicas 

Burguesas e Pequeno-Burguesas da Atualidade

 

ALEXANDER D. SMIRNOV[1]

 

Concepção e Reconfiguração,  Tradução e Organização

Emil Asturig von München, Março de 2009

 

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A análise das concepções econômicas burguesas e pequeno-burguesas é levada a cabo, seja mediante a investigação científica, empreendida no domínio da crítica marxista-revolucionária da Economia Política, seja no quadro de ensino dos cursos didáticos de economia e de disciplinas econômico-financeiras afins.

Nos dias de hoje, vemos agudizar-se o enfrentamento ideológico, travado entre as duas classes fundamentais da sociedade contemporânea, a burguesia e o proletariado, bem como entre os dois sistemas sociais antagônicos que defendem, o capitalismo e o socialismo.   

Sob das presentes circuntâncias, é um fato inquestionável a existência de considerável polarização na luta ideológica.

O mundo capitalista não se limita, entretanto, a uma combate de idéias: recorre, com efeito, a todo um sistema de mecanismos elaborados para solapar e destruir a concepção de mundo socialista.

Nesse contexto, a crítica das concepções econômicas burguesas e pequeno-burguesas, postuladas no quadro dos cursos de economia das universidades burguesas, reveste-se de importância transcendental.

A despeito disso, a implementação dessa tarefa crítica tem suas particularidades.

Fato é que há diferenças entre as concepções, expostas nas publicações especiais, e a interpretação particular que a ela se concede nos manuais e no material didático dos centros de ensino superior dos países capitalistas.

Insta ter, igualmente, em consideração que os autores burgueses de inúmeros modelos econômicos modificam seus próprios critérios analíticos, adaptando-os às novas condições, ao subseqüente aprofundamento da crise geral do capitalismo e à crescente influência do pensamento socialista mundial sobre a marcha do desenvolvimento social.

Aqui, pretendo demonstrar que os autores econômicos da burguesia procuram justificar e embelezar a exploração capitalista, difamando, concomitantemente, a crítica marxista-revolucionária da Economia Política.

O exame crítico das diferentes concepções econômicas, difundidas no mundo burguês, constitui uma importante contribuição não apenas para a luta comum, travada em prol de uma sociedade socialista-emancipadora, senão ainda para a elaboração positiva, fundada nos problemas da atualidade, em matéria de ciências sociais e econômicas.

A fim de elevar, nesse sentido, o nível da análise reflexiva das distintas idéias e concepções, faz-se indispensável, ao estudar as disciplinas da economia, a aplicação conseqüente de uma série de critérios metodológicos.

 

Um destes é o de que se deve seguir ao empreender a seleção das concepções a serem analizadas.

Creio que não é conveniente, p.ex., tratar de apreciar todas as concepções burguesas e pequeno-burguesas existentes na atualidade.

Um dos principais critérios de seleção consiste em concentrar, fundamentalmente, a atenção sobre as concepções contemporâneas que se encontram difundidas, gozando de influência entre os mais renomados economistas burgueses, no atual momento.

Deve-se, porém, também recorrer às concepções que tiveram ampla difusão em outros tempos, sempre e quando possam ser utilizadas para determinar as origens ideológicas das concepções econômicas atuais.

 

O segundo critério segundo o qual é necessário guiarmo-nos é o grau de extensão dessas concepções - levando em consideração as mais modernas -, até onde alcança sua abrangência de idéias e a dimensão de sua influência.

Se a concepção em questão é contemporânea, não gozando, porém, de ampla difusão, é pouco provável que mereça ser submetida a uma análise mais detida.

 

O terceiro critério de seleção relaciona-se, estreitamente, com o anterior, vale dizer, cumpre tratar do lugar do autor de uma dada concepção no quadro da literatura econômica, sua respectiva influência sobre o desenvolvimento das teorias contemporâneas.

Assim, impende submeter a exame crítico as concepções de destacados representantes da ciência econômica burguesa e pequeno-burguesa, tais quais Leon Walras (1834-1910), Alfred Marshall (1842-1924), Eugen Böhm-Bawerk (1851-1914), Thorstein Veblen (1875-1929), Ludwig von Mises (1881-1973), John Maynard Keynes (1883-1946), Josef Schumpeter (1883-1950), Friedrich von Hayek (1899-1992) François Perroux (1903-1927), John Kenneth Galbraith (1908-2006), Paul Sweesy (1910-2004), Paul Baran (1910-1964), Milton Friedman (1912-2006), Paul Antony Samuelson (1915), James Tobin (1918-2002), Gregory Grossman (1921), Raymond Barre (1924-2007) e outros.

A partir desse ponto de vista, é igualmente importante examinar os posicionamentos contidos nos manuais de economia e materiais básicos, escritos por conhecidos autores que ainda gozam de notável popularidade, tal como é o caso das obras “Economia: Uma Análise Introdutória”, “Curso de Economia Política”, “Curso de Economia Moderna”, “Economia” de Paul Antony Samuelson, economista norte-americano, ex-professor da Faculdade de Economia do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), ganhador do Prêmio Nobel.

 

Existe, ainda, um outro critério de seleção das concepções a serem examinadas: a importância de um determinado problema para a Economia Política.  

Importa dedicar a atenção, em primeiro lugar, àquelas concepções que afetam os problemas centrais da economia, tais quais a propriedade, a proporcionalidade, a distribuição, as relações monetário-mercantis etc.

Esse critério é decisivo, visto que, examinando a Economia Política, os estudiosos revolucionários familiarizam-se com as características essenciais do regime econômico capitalista.

Opomos, assim, à interpretação não marxista dessas questões a compreensão marxista-revolucionária.

 

Além disso, desde o ponto de vista metodológico, é sumamente importante abordar a questão relacionada com os princípios e as direções fundamentais da crítica das teorias econômicas, no processo de nosso estudo.

Em primeiro lugar, cabe desvendar a inconsistência da metodologia empregada nas teorias econômicas burguesas e pequeno-burguesas.

Cumpre criticar, em geral, o enfoque idealista-subjetivista dos fenômenos econômicos, elaborado pelos autores burgueses e pequeno-burgueses, bem como a falsidade de sua interpretação anti-histórica dos processos econômicos, demostrando que uma série de construções teóricas baseia-se na concepção equivocada das trocas, fundada, mormente, em visões idealistas ou, particularmente, em apreciações materialistas vulgares.

Impende prestar especial atenção à particularidade essencial das concepções dos autores burgueses e pequeno-burgueses, consistente na sua negação do papel determinante da produção e das relações de produção na vida econômica da sociedade, bem como na não admissão da atuação de leis econômicas objetivas.

É imprescindível opor à metodologia burguesa e pequeno-burguesa a metodologia marxista-revolucionária, destacando a superioridade científica do método materialista histórico-dialético.

 

O exame das concepções econômicas burguesas e pequeno-burguesas deve incluir a denúncia da essência classista e o destaque do significado da dominação e exploração capitalistas das massas trabalhadoras, acobertados em seu bojo.

Não basta mostrar o caráter apologético de uma ou outra concepção: é necessário descobrir também os novos métodos de apologia que os modernos ideólogos do capitalismo imperialista utilizam.

Um desses métodos consiste, p.ex., em contrapor o Marx “jovem” ao Marx “maduro” ou, então, a obra de Marx à de Engels, nas distintas variantes reformistas do capitalismo.

É extraordinariamente importante mostrar que o traço mais característico da Economia Política burguesa contemporânea é o seu anti-socialismo e anti-comunismo.

 

Por outro lado, não cumpre identificar, inteiramente, as concepções burguesas às pequeno-burguesas, permitindo, porém, simultaneamente, aos estudiosos revolucionários compreenderem também as características comuns de ambas essas vertentes doutrinárias.

 

As teorias econômicas burguesas e pequeno-burguesas interpretam, de modo tergiversado, os fatos reais da economia: de um lado, absolutizam o significado de uns fatos, hipertrofiando-os, d’outro lado, diminuem ou desestimam, completamente, o signifado de outros.

A crítica de tal enfoque revela, por um lado, o caráter acientífico de semelhantes teorias e, por outro, consagra a possibilidade de fazer ver que é precisamente a crítica marxista-revolucionária da Economia Política a que expressa adequadamente a conexão objetiva, existente entre os fenômenos e os processos econômicos.

 

Cada vez mais, cresce a importância metdológica da crítica sistemática, desferida contra os cursos didáticos burgueses, os quais desempenham um grande papel tanto na vida ideológica contemporânea quanto na formação da concepção do mundo dos intelectuais nos países capitalistas.

Muitos dos postulados desses cursos – como p.ex. do curso de “Economia” de Paul Antony Samuelson servem de base teórica à propaganda burguesa contra o socialismo e o comunismo.          

A crítica do curso didático de “Economia” de Paul Antony Samuelson permite desvendar quais teorias burguesas gozam, atualmente, de maior popularidade, quais delas influem na formação ideológica dos intelectuais, quais desempenham maior papel na propaganda burguesa e quais servem de fundamento à criação de novas escolas e tendência econômicas burguesas e pequeno-burguesas.

 

Os fundamentos metodológicos, necessários à crítica das concepções econômico-burguesas e pequeno-burguesas, encontram-se contidos, essencialmente, nas obras de Marx e Engels.  

Em consonância com o posicionamento desses dois brilhantes fundadores do socialismo científico, os fenômenos econômicos devem ser examinados, em sua inter-relação e interdependência, em seu constante movimento, modificação e desenvolvimento, em sua essência contraditória, em sua transição, processada a partir de mudanças graduais, quantitativas, convertidas em mudanças radicais, qualitativas.

Ao examinar os processos econômicos, desvendando as suas respectivas relações de fundo, a crítica marxista-revolucionária à Economia Política procede das categorias mais simples às mais complexas e, destas, ao conjunto concreto, em toda a sua diversidade.   

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

 

 

 

 

 

 



[1] Cf. SMIRNOV, ALEXANDER D. ET ALII. Kritika Nemarksistskikh Ekonomitcheskich Vzgliadov v Prepodabanii Polititcheskoi Ekonomii (Crítica das Concepções Não-Marxistas no Ensino da Economia Política), Moscou : Vysschaia Schkola, 1981, pp. 3 e s.