FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E CIENTÍFICOS
DO MATERIALISMO HISTÓRICO-DIALÉTICO
PARTIDO MARXISTA REVOLUCIONÁRIO : SUA
DENÚNCIA DA “LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA” BURGUESA
ENQUANTO “TOLERÂNCIA DE TODAS AS ESPÉCIES
POSSÍVEIS DE LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA RELIGIOSA”,
EM SUA LUTA IMPLACÁVEL EM FAVOR DA
LIBERTAÇÃO DAS CONSCIÊNCIAS EM FACE DO FANTASMA RELIGIOSO
Partido dos Marxistas,
a Religião e o Estado
VLADIMIR I. LENIN[1]
Concepção e Organização, Compilação e
Tradução
Asturig Emil von München
Abril 2005
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http://www.scientific-socialism.de/PartMarxRevReligCapa.htm
Outra observação incidental de Engels, também relacionada com a questão
do Estado, trata da religião.
É sabido que a Social-Democracia Alemã na medida em
que se degenerava, tornando-se cada vez mais oportunista, descambava, mais e
mais, para o diz-que-diz filistino da célebre fórmula : « Declaração da Religião como
Questão Privada. »
Isso significa que : essa fórmula foi interpretada de tal
modo que também para o Partido do Proletariado Revolucionário
a questão da religião haveria de ser uma questão privada !
Contra essa mais completa traição do programa
revolucionário do proletariado, levantou-se Engels em 1891, contemplando,
então, apenas os mais poucos perceptíveis rudimentos do oportunismo no interior
de seu próprio Partido, expressando-se, por essa razão, com grande cautela
:
“Tendo em conta
que, na Comuna de Paris, sessionavam quase apenas trabalhadores ou reconhecidos
representantes dos trabalhadores, suas resoluções revestiam-se de caráter
decididamente proletário.
Ou decretavam
reformas que a burguesia republicana, apenas devido à sua covardia, havia
deixado de aprovar que constituíam, porém, um fundamento necessário para a livre
ação da classe trabalhadora – tal como a execução do princípio de que a religião é pura questão particular em relação ao Estado ; ou, então,
promulgavam resoluções que correspondiam diretamente ao interesse da classe
trabalhadora e, em parte, dilaceravam, profundamente, a velha ordem social.”[2]
Engels enfatizou deliberadamente as palavras “em relação ao Estado”
de modo a dar um empurrão direto no oportunismo alemão que declarara a
religião como uma questão particular em relação ao Partido, degradando,
assim, o Partido do Proletariado Revolucionário até ao nível mais vulgar
do filistinismo
do “livre pensar” que se encontra preparado a admitir um status não-religioso,
recusando-se, porém, a travar a luta do Partido contra o ópio da religião que
estupidifica o povo.
O futuro historiador da Social-Democracia
Alemã, ao traçar as raízes de
sua vergonhosa falência de 1914, encontrará uma quantidade suficiente de
interessante material sobre essa questão.
Começará com as declarações
evasivas, contidas nos artigos do líder ideológico do Partido, Kautsky - que escancara, amplamente, as portas
ao oportunismo -, e terminará com a postura do Partido frente ao “Los-von-Kirche-Bewegung(Movimento
de Abandono da Igreja)”.[3]
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. LENIN, VLADIMIR ILITCH ULIANOV. Gosudarstvo
i Revolutsia. Utchenie Marksisma o Gosudarstve i Zadatchi Proletariata v
Revoliutsi (Estado e Revolução. A Doutrina do Marxismo sobre o Estado e as Tarefas
do Proletariado na Revolução)(Agosto de 1917), especialmente Cap. 4.:
Prodoljenie. Dopolnitiel’nye Poiasnienia Engel’sa (Continuação. Clarificações
Adicionais de Engels), Nr. 5.: Predislovie 1891 Goda k “Grajdanskoi Voinie”
Marksa (Prefácio de 1891 à “Guerra Civil” de Marx), Vol. 33, pp. 75 e s.
[2] Cf. ENGELS, FRIEDRICH. Einleitung zu „Der Bürgerkrieg in Frankreich“
von Karl Marx. Ausgabe 1891 (Introdução À „Guerra Civil na França“ de Karl
Marx. Edição de 1891), in : Marx und
Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Vol. 22, Berlim : Dietz, 1962, p. 194.
[3] O referido “Los-von-Kirche-Bewegung
(Movimento de Abandono da Igreja)”- também denominado de “Kirchenaustrittsbewegung
(Movimento de Saída da Igreja)“ foi um movimento que alcançou grande
influência em toda a Alemanha, no período que precedeu à
eclosão da I Grande Guerra Imperialista. Em janeiro de 1914, a Social-Democracia
Alemã, através de seu órgão denominado „Neue Zeit(Novo Tempo), começou
a ocupar-se com a discussão relativa à postura que ela mesma deveria adotar em
relação ao movimento em referência, tendo como base o conteúdo do texto
redigido por Paul Göhre, intitulado “Kirchenaustrittbewegung und
Sozialdemokratie”. No vernáculo : “Movimento de Saída da Igreja e
Social-Democracia”. Ao longo dos meses da discussão em tela, os
dirigentes do Partido Social-Democrático Alemão recusaram-se a constituir
oposição às idéias de Göhre que afirmava dever o Partido permanecer
neutro em face do movimento referido. A seguir, os militantes da Social-Democracia
Alemã foram proibidos de impulsionar campanha contra a religião e a
Igreja, em nome do Partido. Lenin tomou conhecimento dessa
polêmica, em 1916, enquanto redigia seu livro, intitulado “Imperialismo, Enquanto Estágio
Mais Elevado do Capitalismo”. Acerca desse último tema, vide LENIN,
VLADIMIR ILITCH ULIANOV Imperializm,
Kak Vysshaia Stadia Kapitalizma. Populiarnyi Otcherk (Imperialismo, Enquanto
Estágio Mais Elevado do Capitalismo. Ensaio Popular)(Janeiro – Junho de 1916),
in: ibidem, Vol. 27, pp. 299 e s.