90 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA
PROLETÁRIA RUSSA DE OUTUBRO DE 1917
MORAL E CONSCIÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E
DIREÇÃO DAS LUTAS REVOLUCIONÁRIAS
DE EMANCIPAÇÃO
PROLETÁRIO-SOCIALISTA
TEXTOS DE CÉLEBRES
DIRIGENTES BOLCHEVIQUES SOBRE J. M. SVERDLOV
Minhas
Recordações de
SVERDLOV COM TROTSKY E LENIN
IVAN
ANTONOV[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Asturig Emil von München,
Outubro de 2003 emilvonmuenchen@web.de
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Tive a
oportunidade de encontrar-me, pela primeira vez, com Jakob Mikhailovitch Sverdlov, no início
de agosto de 1917, durante os dias da mais terrível reação, desencadeada por Kerensky, na cidade de Petrogrado.
Era o momento em que uma parte dos nossos
mais extraordinários companheiros do Partido achavam-se presos, enquanto que
outra parte – realçando-se, antes de tudo, o companheiro V. I. Lenin -, havia sido forçada a passar para
a clandestinidade.
Naquele momento, sobre os ombros de Sverdlov – um dos mais espetaculares
membros do Comitê Central do Partido
Comunista – recaía um árduo trabalho, qual seja o de
preparação da Revolução de
Outubro.
Recordo-me de quando, pela primeira vez,
reunimo-nos na Avenida
Liteinom, Nr. 2.
Nesse lugar, foi ministrada pelo Comitê do Partido uma
palestra dedicada ao tema : Desenvolvimento
Internacional do Capital.
Os trabalhadores da repartição de tubos da
fábrica de cartuchos e armamentos de Petrogrado lá
foram reunir-se.
Nessa ocasião, ouvi, pela primeira vez, a
palavra do grandioso adepto do marxismo, J. M. Sverdlov.
Jakob
Mikhailovitch descreveu-nos a situação mundial.
Sua palestra possuía o caráter de uma
fraternal conversação.
Não me engano, absolutamente, quando afirmo
que, depois dessa sua palestra, não menos do que dois entre três de todos os
presentes passaram para o lado dos bolcheviques, a despeito do fato de que, no
interior da fábrica, a maioria dos trabalhadores era, então, penetrada pelo
espírito defensista.
Naquela época, trabalhavam, na repartição de
tubos, 5.000 pessoas, sendo que entre essas havia apenas 11 bolcheviques.
Depois desse evento, viemos a comparecer, por
diversas vezes, nas palestras do companheiro Sverdlov.
Jakob
Mikhailovitch desempenhou, então, um grande papel na
preparação da Revolução de
Outubro.
Após o advento dessa revolução, ocorreu-me
também encontrar Sverdlov já
quando o Conselho de Comissários
do Povo (SNK) e o Comitê
Executivo Central dos Sovietes de Deputados Trabalhadores, Soldados e
Camponeses de Toda a Rússia(VTsIK) situavam-se na cidade de Moscou.
Antes disso, já no momento em que Kazan estava sendo ameçada pela ofensiva
tchecoslovaca, em meio à Guerra Civil Russa e a
Intervenção Imperialista, fui nomeado para integrar um
grupo de comunistas do I Distrito
Municipal de Petrogrado, destinado a atuar no Fronte da Tchecoslováquia.
Havendo alcançado a Estação Ferroviária de Nikolaiev, não
conseguimos adentrar os vagões, visto que achavam-se inteiramente lotados.
Juntamente com outros companheiros, fui, por
diversas vezes, ao Comitê
Executivo das Estradas de Ferro de Nikolaiev, sem que nada
pudesse ser resolvido junto a esse órgão : naquela época, havia ocorrido na
localidade em foco uma terrível ação de sabotagem.
Na medida em que não lográvamos obter nenhuma
solução, estávamos já pretendendo retornar ao nosso Soviete Distrital de
origem.
Porém, casualmente, avistei por ali o
companheiro Sverdlov, em
companhia do companheiro Trotsky.
Depois de haverem participado do Congresso dos Sovietes da Cidade de Petrogrado e da Assembléia Extraordinária dos Funcionários das
Estradas de Ferro, pretendiam ambos viajar de volta para Moscou.
Dirigindo-nos a Sverdlov, fui eu quem começei
a esclarecer-lhe a nossa situação.
Sverdlov
disse-me, então, sem mesmo ouvir-me até o fim :
“Venham
conosco. Todos vocês !”
Aproximamo-nos, então, do trem.
Instantaneamente, Jakob Mikhailovitch deu instruções
para que dois vagões adicionais fossem acoplados, nos quais nosso grupo de
comunistas acabou efetivamente instalando-se.
Uma parte de nosso agrupamento dirigiu-se,
porém, ao vagão em que se encontrava Sverdlov.
Nesse vagão, eu também vim a encontrar-me.
Durante todo o caminho, até a própria cidade
de Moscou, viajamos
muito animadamente.
Com os companheiros Trotsky e Sverdlov, conversávamos
muito sobre todos os temas imagináveis.
Jakob
Mikhailovitch achava-se de muito bom humor.
Apesar de nossa situação ser, em geral,
complicada naqueles tempos, Sverdlov não
esmorecia.
Dizia, com ardor, que a vitória nos
pertenceria e suas palavras animadoras alentavam-nos.
Na manhã do dia 2 de agosto de 1918, já
havíamos chegado a Moscou.
Os companheiros Sverdlov e Trotsky dirigiram-se,
a seguir, ao Comitê
Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia(VTsIK), enquanto
nosso grupo de comunistas rumou para o antigo Seminário Eclesiástico.
Lá, descansamos e bebemos chá.
Logo a seguir, fomos ao Hotel Metrópole, onde
encontrava-se instalado o Comitê
Central de nosso Partido.
Ali, avistamos, mais uma vez, Sverdlov, correndo para cima e para
baixo, com um pacote de papel, em uma das mãos, e, na outra, um lápiz.
Veio ao nosso encontro, de novo, dizendo,
fraternalmente :
“- Ah!
Então, ótimo ! Vocês já chegaram.”
Sorriu-nos, calorosamente, e encarregou-se de
todas as preocupações concernentes à nossa reexpedição.
Com base em suas instruções, foi-nos servido
um almoço.
Então, Sverdlov veio a sentar-se junto a nós e
iniciou uma entusiasmada conversação camarada.
Depois de almoçarmos, dirigimo-nos à Divisão Operacional.
Uma vez lá chegando, viemos a nos encontrar
com o nosso grande dirigente, V. I.
Lenin.
Lenin encontrava-se
visivelmente muito ocupado com diversas questões e pediu-nos que esperássemos
um pouco.
Disse-nos que desejava conversar conosco.
Sentamo-nos, serenamente, e começamos a
esperar.
Dentro de uma hora, surgiu o companheiro Lenin e, junto com ele, Sverdlov.
Sentaram-se à nossa mesa e deram início à
conversação.
Lenin discorreu,
detalhamente, sobre a situação internacional e sobre todo o curso de
acontecimentos na Rússia, fornecendo-nos
instruções, à medida que levantávamos perguntas.
Concluído esse momento, Sverdlov conduziu-nos até um automóvel e
despediu-se, dando meio volta.
Nosso destino : a Estação Central de Riazansky.
Desde então, não mais voltei a encontrar-me
com Jakob Mikhailovitch.
Apenas bem depois da sua morte, vim a saber
que nosso caro e querido Sverdlov havia falecido.
Fiquei atordoado com essa notícia e,
imediatamente, pressenti que, na pessoa de Jakob Mikhailovitch Sverdlov, nosso
Partido havia perdido um militante insubstituível.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. ANTONOV, I. Pamiati Y. M. Sverdlova
(Recordações de J. M. Sverdlov), in : Yakov Mikhailovitch Sverdlov. Sbornik
Vospominanii i Statei (Jakob Mikhailovitch Sverdlov. Coletânea de Recordações e
Ensaios), ed. ISTPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu Istorii
Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe Izdatelstvo
Leningrad, 1926, pp. 154 e s.