90 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA PROLETÁRIA RUSSA DE OUTUBRO DE 1917

MORAL E CONSCIÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO DAS LUTAS REVOLUCIONÁRIAS

DE EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIO-SOCIALISTA

TEXTOS DE CÉLEBRES DIRIGENTES BOLCHEVIQUES SOBRE J. M. SVERDLOV

 

Primeiros Momentos de Conflito entre

SVERDLOV E STALIN    

Em Meio ao Pânico da Polícia Secreta Czarista

 

KLAVDIA T. N. SVERDLOVA[1]

 

Concepção e Organização, Compilação e Tradução Asturig Emil von München,

Fevereiro de 2002 emilvonmuenchen@web.de

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“Encontro-me instalado nesse novo lugar de modo bastante pior.

Sozinho já seria estreito, porém já não vivo sozinho no quarto.

Estamos em dois. Junto comigo, encontra-se o georgiano Djugashvili (i.e. I. V. Stalin),

um velho conhecido com o qual me encontrei em um outro exílio.

Ele é um bom rapaz, porém, na vida quotidiana, é um individualista excessivamente grande,

ao passo que eu creio em uma ordem, ao menos aparente.

Por isso, fico às vezes nervoso.

De todo modo, isso não é tão importante. ...

Jakob M. Sverdlov[2]

 

No “Presídio das Cruzes”, Jakob Mikhailovitch ficou preso por três meses aproximadamente e, em maio de 1913, foi enviado para a região siberiana de Turukhansk.

Dessa vez, o local de seu exílio havia sido escolhido de modo apropriado : fugir de Turukhansk era praticamente impossível.

O grande território da região de Turukhansk, que se situava no interior da Província de Enissei, estendia-se ao longo do Rio Enissei, indo da cidade de Enisseisk até o próprio Oceano Polar Ártico.

Esse território abarcava mais de um milhão e seiscentos mil quilômetros quadrados, superando, assim, consideravelmente, a dimensão territorial dos maiores Estados europeus, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, em conjunto considerados.      

Porém, a população dessa região compunha-se, ao todo, de 12.000 a 15.000 pessoas.

Na região siberiana de Turukhansk, a natureza era selvagem e pedregulhosa, particularmente em sua parte setentrional.

Estepes ilimitadas e impenetráveis, bem como selva e pântano desolados, alargavam-se ao longo de aproximadamente mil quilômetros.

O inverno polar prolongado reinava, por volta de nove mêses ao ano.

Com a sua chegada, avizinhavam-se as noites incessantes, ululavam as furiosas tempestades de neve setentrionais e o frio intenso atingia 60 graus negativos.    

Durante o curto verão siberiano, a noite trocava-se pelo dia.

O sol não desaparecia no curso das 24 horas do dia e, apesar de tudo isso, a terra não chegava a descongelar, nem por um metro.

No encontro das águas dos Rios Nijn Tunguska e Enissei, a mais de mil quilômetros da estação ferroviária mais próxima, localizada em Krasnoiask - cidade essa situada nas proximidades do Círculo Polar Ártico -, espandia-se a aldeia de Monastyrskoe (presentemente, cidade de Turukhansk), considerada, naqueles anos, o centro administrativo da região de Turukhansk.

Em Monastyrskoe, havia um correio, um telégrafo, uma agência do banco estatal, dois estabelecimentos de gêneros alimentícios, uma escola e até mesmo um hospital.      

Lá, achavam-se também uma administração de polícia do Comissariado Especial de Turukhansk, algumas dúzias de sentinelas de escolta, um juíz de paz e, naturalmente, uma cadeia.

Além disso, Monastyrskoe era uma aldeia longíngua e silenciosa, onde quatro ou cinco dezenas de casas e choupanas podiam ser encontradas.

Ali, nem sequer era possível imaginar, então, a existência de um teatro e de uma biblioteca.

Toda a população de Monastyrskoe não superava mais do que algumas centenas de almas.

Durante o longo inverno do setentrião, Monastyrskoe afundava, debaixo de elevadas ondas de neve.

As ruas ficavam desertas e mortas.

Apenas os uivados das tempestades de neve interrompiam o profundo silêncio da noite polar tenebrosa.

Raramente, muito raramente, ouvia-se o barulho dos passos de um pedestre solitário que, sem mais delongas, procurava furtar-se ao frio intenso e rigoroso. 

O único caminho que ligava a região siberiana de Turukhansk ao mundo exterior era o Rio Enissei.

A conexão com Enisseisk, Krasnoiask e com a Rússia era assegurada, durante o verão, com navios e barcos e, no inverno, com trenós, puxados por renas, cavalos e cães.

O caminho era cansativo e extenso.

Percorria-se dias e dias sem encontrar alma viva ou sinal  de convívio humano.

Os povoados espalhados pela margem do Rio Enissei distanciavam-se um dos outros por dezenas ou mesmo centenas de quilômetros.

Caso pequenos barcos fossem utilizados, era imprescindível remar semanas a fio contra a corrente.

E, a seguir, cavalgar, por semanas, a toda velocidade, sobre um veículo puxado por cães, a fim de alcançar Krasnoiarsk e atingir a estação ferroviária.

 

Como seria possível fugir em tais circunstâncias ?

Onde encontrar abrigo, no meio do caminho de fuga, e reabastecer com meios de subsistência ?

Um viajante solitário estaria condenado ao fracasso, na hipótese de arriscar-se a empreender uma jornada como essa.

E não apenas a natureza selvagem era inimiga do fugitivo : os sentinelas de escolta do czarismo vigiavam cada um dos passos de Jakob Mikhailovitch Sverdlov.

Diferentemente da região siberiana de Narym, existia telégrafo em  Turukhansk, de modo que, no caso de fuga de qualquer um dos exilados, todas as forças policiais da região podiam ser imediatamente colocadas em movimento e dezenas de sentinelas, acionados, a partir de todos os povoados e assentamentos, situados às margens do Rio Enissei, interceptando, assim, a rota percorrida pelo fugitivo.

Porém, isso não era tudo.

No sul de Turukhansk, onde essa região confinava com a Circunscrição de Enissei, encontravam-se estacionados, em ambos os lados do rio, divisões especiais militares que, durante o inverno e o verão, realizavam, noite e dia, forte vigilância, controlando todas as coisas que circulavam para cima e para baixo do Rio Enissei, com o que logravam deter todos os que não possuíam permissão especial de viagem.

Fortes e seguros limites separavam, portanto, os exilados da região de Turukhansk de todo o mundo restante.    

Não era, pois, sem razão que, nos últimos anos, quase nenhum dos sobreviventes do exílio czarista de Turukhansk, havia conseguido fugir.

Ali, o afastamento da vida era ainda maior do que em qualquer outro lugar.

Rara e irregularmente, o correio chegava a Monastyrskoe.

As cartas, as revistas, os jornais levavam mais de um mês para chegar, sendo que levavam mais tempo ainda para atingirem “lugarzinhos distantes” - tal como eram denominadas as aldeiazinhas longíguas da Sibéria.  

Precisamente nesse local inconsolável, o Governo Czarista decidira exilar Sverdlov.

 

Em maio de 1913, Jakob Mikhailovitch foi transportado em um trem de prisioneiros da cidade da Petersburgo à cidade de Krasnoiarsk e, então, trancafiado no Presídio de Trasladação de Krasnoiarsk.

Nesse presídio, teve de ficar por detrás das grades por cerca de um mês, aguardando um meio de transporte que o levasse para o local de seu exílio.

A composição dos prisioneiros políticos do Presídio de Krasnoiarsk era extremamente diferenciada.

Ao lado dos bolcheviques, lá se encontravam mencheviques, anarquistas, socialistas-revolucionários (SRs), militantes da liga judia Bund, das organizações sociais-democráticas da Polônia e da Lituânia, bem como do Partido Socialista Polonês.

Muitos dos que se encontravam no Presídio de Krasnoiarsk, não haviam saído, já há anos, do encarceramento.

Apenas trocavam uma cela de prisão por um trem de prisioneiros, um trem de prisioneiros por uma nova cela de prisão, uma penitenciária por um assentamento penal forçado.

Muitos já haviam se distanciado da vida interno-partidária.

Não haviam ouvido falar da Conferência de Praga e nem sequer possuíam conhecimento algum sobre as traidoras atividades dos liquidacionistas de então ... , sobre a completa e definitiva ruptura dos bolcheviques com eles.

Sverdlov não hesitou em colocar os companheiros a par dos acontecimentos.

Elaborou uma análise da situação política do país e do Partido, ajudou os prisioneiros do Presídio de Krasnoiarsk a arranjarem-se em todas as suas dificuldades, delineou a essência do liquidacionismo que atacava, então, a própria existência do Partido ...

Em seu livro intitulado “Nos Presídios da Sibéria”,  o célebre bolchevique lituano Vikenty Semenovitch Mitskevitch, conhecido como Kapsukas, escreveu o seguinte[3] :

 

“Tive a oportunidade de encontrar-me com Jakob Mikhailovitch, no Presídio de Trasladação de Krasnoiarsk.

Ele se destacava agudamente, em meio a todos os prisioneiros políticos.

Durante várias horas, mantive conversações com ele sobre o que havia ocorrido nos últimos anos, sobre como os mencheviques haviam-se tornado liquidacionistas ...”    

 

No início de junho, o grupo de prisioneiros, em que Sverdlov se encontrava, foi embarcado no navio “Turukhan” e transportado para a cidade de Enisseisk.

De Enisseisk, acompanhado por vários sentinelas de escolta, Sverdlov foi levado de barco pelo Rio Enissei correnteza abaixo, até à aldeia de Monarstyrskoe, aonde chegou, então, em fins de julho de 1913.

Entretanto, Jakob Mikhailovitch não permaneceu em Monarstyrskoe.

Foi conduzido, a seguir, para o vilarejo de Selivanikha, situada a aproximadamente 13 quilômetros ao norte de Monarstyrskoe.      

 

Depois de um certo tempo, Stalin veio a percorrer o mesmo caminho para lá.

Este foi preso em Petersburgo, duas semanas depois de Sverdlov, justamente por ocasião de seu regresso do estrangeiro, tendo sido condenado a 4 (quatro) anos  de exílio na região siberiana de Turukhansk.

Entrementes, ocorreu-me já, por diversas vezes, encontrar referências, amplamente disseminadas em nossa literatura histórica, no sentido de que, entre fins de 1912 e início de 1913, J. M. Sverdlov teria trabalho, em Petersburgo, juntamente com I. V. Stalin.

Essas referências são, porém, inteiramente equivocadas.

Jakob Mikhailovitch chegou a Petersburgo no dia 20 de dezembro de 1912, em um momento em que Stalin não se encontrava mais nessa cidade, visto que já havia partido para o exterior.

Tendo Stalin regressado do exterior, em meados de fevereiro de 1913, depois da prisão de Sverdlov, em Peterburgo, ambos não se encontraram e, portanto, não trabalharam juntos.

Pela primeira vez, depois de Narym, Sverdlov e Stalin reencontraram-se no exílio de Turukhansk.

Em fins de setembro de 1913, Jakob Mikhailovitch escreveu o seguinte aos Deputados Bolcheviques da Duma do Estado, que se encontravam em Petersburgo :

 

“ – Acabo de despedir-me de Vaskoi (i.e. Vacily, um dos nomes de guerra de I. V. Stalin).

Ele ficou hospedado comigo por uma semana ...”

 

I. V. Stalin fora enviado, primeiramente, para o vilarejo de Kostino, situado a cerca de 50 quilômetros de Monastyrskoe.

 

Logo depois de Sverdlov e Stalin terem alcançado os seus locais de exílio na região siberiana de Turukhansk, logo depois de terem ali chegado, desencadeou-se na Okhrana (i.e. a Polícia Secreta Czarista) um pânico inacreditável :

 

“- Onde é que se encontram Stalin e Sverdlov ?

Em que lugar estão ? Fugiram ?

Certamente, fugiram ! Não resta dúvida que escaparam !

Tomem medidas ! Fortaleçam a segurança !”

 

O Departamento de Polícia de Petersburgo telegrafou, então, um ofício ao Chefe da Administração de Polícia da Província de Enissei, ressaltando o seguinte:

 

“Tendo em vista a possibilidade de Iossif Vissarionovitch Djugashvili e Jakob Mikhailovitch Sverdlov, enviados à região de Turukhansk e aí colocados sob ostensiva custódia policial,  almejarem a realização de uma fuga de seu exílio, precisamente com o objetivo de regressarem às suas atividades partidárias precendentes ..., requer a V. Sas. o Departamento de Polícia subscrito que adotem medidas, visando a impedir à mencionada fuga.

 

Vassiliev

Vice-Diretor Executivo Geral      

 

Em 22 de novembro de 1913, o Chefe da Administração de Polícia da Província de Enissei recebeu, novamente, um ofício de Petersburgo e, em 2 de dezembro, participou ao Governador da Província o que segue :

 

“O Departamento de Polícia deu-me ciência do fato de que, segundo relatório por ele recebido, membros renomados do Comitê Central Leninista do Partido Social-Democrático Russo pretendiam organizar a fuga de Jakob Mikhailovitch Sverdlov, exilado administrativamente e assentado no exílio da região de Turukhansk.

Comunicando o exposto, acrescento que o Departamento de Polícia requer sejam adotadas medidas, visando a impedir a fuga em referência do local de exílio do mencionado Sverdlov.

 

Coronel Baikov

 

Em 18 de dezembro de 1913, um novo telegrama do Departamento de Polícia havia sido enviado, desta feita diretamente ao Governador da Província de Enissei :

 

Jakob Sverdlov e Iossif Djugashvili pretendem fugir do exílio.

Queiram adotar medidas para o impedimento da fuga.

 

Diretor S. Belietsky

 

Ainda mais um ofício, mais um relatório, mais uma comunicação por escrito, foram enviados.

Outro telegrama, e mais um e mais outro ...

Voavam telegramas de Petersburgo e Moscou para Krasnoiarsk e Enissei, de Enissei para Monastyrskoe.

Os funcionários de polícia redigiam um ofício atrás do outro.

O Departamento de Polícia tremia com o fato de ter Sverdlov podido fugir do exílio, de poder já se encontrar em Moscou ou já mesmo ... no exterior !

A Okhrana (i.e. a Polícia Secreta Czarista) da cidade de Moscou escreveu, então, para Krasnoiarsk, afirmando que :

 

“ ... o mencionado Sverdlov partiu de Moscou para o exterior, em 15 de fevereiro passado, sendo desconhecido, porém, o seu paradeiro.”

     

Petersburgo estava nervosa, apreensiva, coagida.

Em 13 de março de 1914, o Governador da Província comunicou ao Chefe da Administração de Polícia da Província de Enissei o seguinte:

 

“Consoante o recebimento de seu relatório Nr. 3.777, de 13 de fevereiro, sobre Iossif Vissarionovitch Djugashvili e Jakob Mikhailovitch Sverdlov, exilados administrativamente em Turukhansk, os quais pretendem, segundo informações do Departamento de Polícia, realizar uma fuga da região de exílio, sendo que o último destes – Sverdlov – já teria até mesmo aparecido na cidade de Moscou, ordenei, em 20 de fevereiro, ao Comissário da Circunscrição de Turukhansk imediatamente relatar :

·        se os acima mencionados Djugashvili e Sverdlov, colocados sob custódia, encontram-se, pessoalmente, no local destinado para o assentamento ;

·        se também foram adotadas por ele, Comissário de Polícia de Turukhansk, em execução às instruções que lhe haviam sido anteriormente dadas, medidas visando à prevenção contra toda a possibilidade de fuga do local de exílio dos referidos custodiados.”      

 

Em resposta a essa ordem, o Comissário de Polícia Kibirov telegrafou, no dia 12 daquele mês de março, as seguintes palavras:

 

“Permito-me relatar que ambos os mencionados que se encontram submetidos à custódia encontram-se, pessoalmente, nessa circunscrição e que foram tomadas medidas, visando a impedir a sua fuga.”     

 

E, de fato, as medidas haviam sido adotadas.

Em meados de março de 1914, foram tranferidos Sverdlov, do vilarejo de Selivanikha, e Stalin, do vilarejo de Kostino, para a longíngua localidade rural de Kureika, incrivelmente erma e desolada, onde existiam, ao todo, três ou quatro dezenas de almas, alguns policiais e apenas dois exilados : Sverdlov e Stalin.

Em 13 de março de 1914, Sverdlov escreveu à sua irmã que morava em Petersburgo:     

 

“Eu e Iossif Djugashvili seremos transferidos mais 180 quilômetros para o norte, a aproximadamente 80 quilômetros do norte do círculo polar.

Ficaremos apenas em dois naquele assentamento rural, acompanhados de dois policiais.

A vigilância foi fortalecida. Cortaram-nos o acesso a cartas.

Pela última vez, recebemo-las, há um mês, por meio de um “mensageiro” que freqüentemente se atrasa.

Praticamente, o correio não vem mais do que 8 ou 9 vezes por ano.”

  

Alguns dias mais tarde, em fins de março, Jakob Mikhailovitch escreveu já de Kureika a um amigo em Petersburgo :

 

“Encontro-me instalado nesse novo lugar de modo bastante pior.

Sozinho já seria estreito, porém já não vivo sozinho no quarto.

Estamos em dois.

Junto comigo, encontra-se o georgiano Djugashvili (i.e. I. V. Stalin), um velho conhecido com o qual me encontrei em um outro exílio.

Ele é um bom rapaz, porém, na vida quotidiana, é um individualista excessivamente grande, ao passo que eu creio em uma ordem, ao menos aparente.

Por isso, fico às vezes nervoso.

De todo modo, isso não é tão importante. ... ”[4]

 

O Departamento de Polícia não se equivocou ao afirmar que haviam sido tomadas medidas para a organização da fuga de Sverdlov e Stalin.

Já no verão de 1913, o Comitê Central do Partido discutira a questão atinente à organização da fuga de Sverdlov e Stalin.

Porém, Malinovsky não tardou em informar o Departamento de Polícia sobre o tema. 

Também na primeira metade de 1914, prosseguiram as tentativas de articulação de uma fuga. 

Entretanto, dessa vez, não foi possível realizá-la.

A agreste floresta siberiana mantinha poderosamente aprisionados os seus cativos, permanecendo vigiada intensamente por inúmeros policiais.

Sem embargo, em agosto de 1914, irrompeu a I Guerra Mundial, perturbando e complicando as conexões do Comitê Central do Partido, situado no exterior, com a Rússia, levando a que se tornassem ainda mais difíceis as medidas de organização de uma fuga, empreendida a partir da longíngua região siberiana de Turukhansk.  

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS

 

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BREVES REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS DE

 

SVERDLOVA, KLAVDIA TIMOFEIEVNA NOVGORODTSEVA 

 

por Rochel von Gennevilliers

 

Klavdia Timofeievna Novgorodtseva Sverdlova foi uma ativa participante do movimento proletário-revolucionário da Rússia Czarista e uma desvelada lutadora em prol da Grande Revolução Socialista de Outubro.

Klavdia Sverdlova nasceu em 1876 e, entre 1894 e 1897, trabalhou como professora na Escola da Fábrica Sycert, nos Urais.

De 1897 a 1899, estudou em Petersburgo, em cursos de Educação e Pedagogia para Formação Física.

Retornando aos Urais, tomou parte ativa em atividades clandestinas-revolucionárias de círculos marxistas.

Em 1904, filiou-se ao Partido Operário Social-Democrático Russo(POSDR), aderindo, desde logo, ao bolchevismo.

No verão de 1904, foi eleita membro do Comitê de Ekaterinburgo do POSDR, tornando-se, então, esposa e companheira de vida de Jakob Mikhailovitch Sverdlov, máximo organizador revolucionário político-prático bolchevique e Presidente da Primeira República Socialista dos Conselhos de Trabalhadores, Soldados e Camponeses do mundo contemporâneo.

Em 1906, foi eleita membro do Comitê de Perm do POSDR.

Na qualidade de delegada eleita pelos bolcheviques dessa cidade e sob o pseudônimo de “Yakovlev”, participou, ainda no mesmo ano, dos trabalhos do IV Congresso da Unificação do POSDR.

Em razão de sua atividade revolucionária, foi, por diversas vezes, submetida a prisões e exílios.

Entre 1906 e 1908, cumpriu pena de prisão em fortaleza.

Entre 1915 e 1917, juntamente com J. M. Sverdlov – que havia sido exilado pelo czarismo na aldeia siberiana de Monastyrskoe -, permaneceu na região de Turukhansk.

Regressando a Petrogrado, depois da Revolução Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917, dirigiu, em 1917 e 1918, a editora de livros “Priboi (O Incêndio)”, do Comitê Central do POSDR (Bolchevique).

Em 1918, foi eleita membro do Comitê Executivo Central do Partido Comunista Russo (Bolchevique).

Em 1924, ingressou na composição do Comitê de Moscou do PCR (Bolchevique).

Entre 1920 e 1925, trabalhou em instituições de formação educacional popular.

Capitulou, então, ao stalinismo contra-revolucionário e, após a morte de Stalin, à burocracia soviética dos epígonos.

Sob a égide do regime stalinista, dirigiu, entre 1925 e 1931, o Departamento de Literatura Infantil e de Manuais da União das Editoras Estatais da URSS (OGIZ) e, entre 1931 e 1944, trabalhou como organizadora da renomada editora “Glavlit (Principais Literaturas)”.

Sverdlova foi autora de diversos livros, dedicados ao estudo da vida e obra do grande revolucionário bolchevique J. M. Sverdlov, editados em 1939, 1945 – segundo as exigências e censuras de Stalin - , e, com mais objetividade e precisão de dados, em 1957, 1960 e 1976, no quadro da tímida reabilitação de vários revolucionários soviéticos, liquidados pelo stalinismo contra-revolucionário e, no entanto, consagrados por sua atuação na Revolução Proletária de Outubro e na Guerra Civil Russa contra o Capital, o Latifúndio e a Intervenção Imperialista.  

Permanecendo fiel, no ocaso de sua vida, à burocracia soviética reciclada de Moscou e a seus representantes, foi condecorada com a Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho, em 1954 – por ocasião de seus 50 anos de atividades políticas.

Faleceu, em 1957.         

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

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[1] Cf. NOVGORODTSEVA SVERDLOVA, KLADVIA TIMOFEIEVNA. Yakov Mikhailovitch Sverdlov, Cap. V : Turukhansky Krai. Perepolokh v Okhrane (Jakob Mikhailovitch Sverdlov. A Região de Turukhansk. O Pânico da Polícia Secreta Czarista)(1957), Moscou : Molodaia Gvardia, 3a. Edição, 1976, pp. 171 e s.

[2] Cf. SVERDLOV, JAKOB MIKHAILOVITCH. L . I. Besser (Carta a L. I. Besser) (22.03.1914), Izbrannye Proizvedenia v Trekh Tomakh (Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 1, Moscou : Gosud. Izd-vo – Pol. Literatury, 1957, p. 268.       

[3] Vikenty Semenovitch Mitskevitch - nome de guerra Kapsukas - participou do movimento revolucionário russo, a partir de 1903, e, como revolucionário profissional, foi um dos organizadores e dirigentes do Partido Operário Social-Democrático da Lituânia. Depois da Revolução Proletária de Outubro, ocupou postos de direção no aparato do Partido e do Estado da Rússia Soviética. Foi membro do Comitê Executivo da III Internacional Comunista.       

[4] Cf. SVERDLOV, JAKOB MIKHAILOVITCH. L . I. Besser (Carta a L. I. Besser) (22.03.1914), Izbrannye Proizvedenia v Trekh Tomakh (Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 1, Moscou : Gosud. Izd-vo – Pol. Literatury, 1957, p. 268.