90 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA
PROLETÁRIA RUSSA DE OUTUBRO DE 1917
MORAL E CONSCIÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E
DIREÇÃO DAS LUTAS REVOLUCIONÁRIAS
DE EMANCIPAÇÃO
PROLETÁRIO-SOCIALISTA
TEXTOS DE CÉLEBRES
DIRIGENTES BOLCHEVIQUES SOBRE J. M. SVERDLOV
Primeiros
Momentos de Conflito entre
SVERDLOV E STALIN
Em Meio
ao Pânico da Polícia Secreta Czarista
KLAVDIA
T. N. SVERDLOVA[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Asturig Emil von München,
Fevereiro de 2002 emilvonmuenchen@web.de
Voltar ao Índice Geral http://www.scientific-socialism.de/SverdParteIVolI-A.htm
“Encontro-me instalado nesse novo lugar de modo bastante pior.
Sozinho já seria estreito, porém já não vivo sozinho no quarto.
Estamos em dois. Junto comigo, encontra-se o georgiano Djugashvili
(i.e. I. V. Stalin),
um velho conhecido com o qual me encontrei em um outro exílio.
Ele
é um bom rapaz, porém, na vida quotidiana, é um individualista excessivamente
grande,
ao
passo que eu creio em uma ordem, ao menos aparente.
Por
isso, fico às vezes nervoso.
De
todo modo, isso não é tão importante. ... ”
Jakob
M. Sverdlov[2]
No “Presídio
das Cruzes”, Jakob Mikhailovitch ficou preso por três meses
aproximadamente e, em maio de 1913, foi enviado para a região siberiana de Turukhansk.
Dessa vez, o local de seu exílio havia sido escolhido
de modo apropriado : fugir de Turukhansk
era praticamente impossível.
O grande território da região de Turukhansk, que
se situava no interior da Província
de Enissei, estendia-se
ao longo do Rio Enissei, indo
da cidade de Enisseisk até o
próprio Oceano Polar Ártico.
Esse território abarcava mais de um milhão e
seiscentos mil quilômetros quadrados, superando, assim, consideravelmente, a
dimensão territorial dos maiores Estados europeus, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, em conjunto considerados.
Porém, a população dessa região compunha-se,
ao todo, de 12.000 a 15.000 pessoas.
Na região siberiana de Turukhansk, a natureza
era selvagem e pedregulhosa, particularmente em sua parte setentrional.
Estepes ilimitadas e impenetráveis, bem como
selva e pântano desolados, alargavam-se ao longo de aproximadamente mil
quilômetros.
O inverno polar prolongado reinava, por volta
de nove mêses ao ano.
Com a sua chegada, avizinhavam-se as noites
incessantes, ululavam as furiosas tempestades de neve setentrionais e o frio
intenso atingia 60 graus negativos.
Durante o curto verão siberiano, a noite
trocava-se pelo dia.
O sol não desaparecia no curso das 24 horas
do dia e, apesar de tudo isso, a terra não chegava a descongelar, nem por um
metro.
No encontro das águas dos Rios Nijn Tunguska e Enissei, a mais de mil quilômetros da estação
ferroviária mais próxima, localizada em Krasnoiask - cidade essa situada nas proximidades do Círculo Polar Ártico -,
espandia-se a aldeia de Monastyrskoe (presentemente,
cidade de Turukhansk),
considerada, naqueles anos, o centro administrativo da região de Turukhansk.
Em Monastyrskoe,
havia um correio, um telégrafo, uma agência do banco estatal, dois
estabelecimentos de gêneros alimentícios, uma escola e até mesmo um
hospital.
Lá, achavam-se também uma administração de
polícia do Comissariado Especial de
Turukhansk, algumas dúzias de sentinelas de escolta, um
juíz de paz e, naturalmente, uma cadeia.
Além disso, Monastyrskoe era uma aldeia longíngua e
silenciosa, onde quatro ou cinco dezenas de casas e choupanas podiam ser
encontradas.
Ali, nem sequer era possível imaginar, então,
a existência de um teatro e de uma biblioteca.
Toda a população de Monastyrskoe não superava mais do que algumas
centenas de almas.
Durante o longo inverno do setentrião, Monastyrskoe afundava,
debaixo de elevadas ondas de neve.
As ruas ficavam desertas e mortas.
Apenas os uivados das tempestades de neve
interrompiam o profundo silêncio da noite polar tenebrosa.
Raramente, muito raramente, ouvia-se o
barulho dos passos de um pedestre solitário que, sem mais delongas, procurava
furtar-se ao frio intenso e rigoroso.
O único caminho que ligava a região siberiana
de Turukhansk ao
mundo exterior era o Rio Enissei.
A conexão com Enisseisk, Krasnoiask e com a Rússia era assegurada, durante o verão,
com navios e barcos e, no inverno, com trenós, puxados por renas, cavalos e
cães.
O caminho era cansativo e extenso.
Percorria-se dias e dias sem encontrar alma
viva ou sinal de convívio humano.
Os povoados espalhados pela margem do Rio Enissei
distanciavam-se um dos outros por dezenas ou mesmo centenas de quilômetros.
Caso pequenos barcos fossem utilizados, era
imprescindível remar semanas a fio contra a corrente.
E, a seguir, cavalgar, por semanas, a toda
velocidade, sobre um veículo puxado por cães, a fim de alcançar Krasnoiarsk e atingir a
estação ferroviária.
Como seria possível fugir em tais
circunstâncias ?
Onde encontrar abrigo, no meio do caminho de
fuga, e reabastecer com meios de subsistência ?
Um viajante solitário estaria condenado ao
fracasso, na hipótese de arriscar-se a empreender uma jornada como essa.
E não apenas a natureza selvagem era inimiga
do fugitivo : os sentinelas de escolta do czarismo vigiavam cada um dos passos
de Jakob Mikhailovitch Sverdlov.
Diferentemente da região siberiana de Narym, existia
telégrafo em Turukhansk, de modo que, no caso de fuga de
qualquer um dos exilados, todas as forças policiais da região podiam ser
imediatamente colocadas em movimento e dezenas de sentinelas, acionados, a
partir de todos os povoados e assentamentos, situados às margens do Rio Enissei, interceptando, assim, a rota
percorrida pelo fugitivo.
Porém, isso não era tudo.
No sul de Turukhansk, onde essa região confinava com
a Circunscrição de Enissei,
encontravam-se estacionados, em ambos os lados do rio, divisões especiais
militares que, durante o inverno e o verão, realizavam, noite e dia, forte
vigilância, controlando todas as coisas que circulavam para cima e para baixo
do Rio Enissei, com o
que logravam deter todos os que não possuíam permissão especial de viagem.
Fortes e seguros limites separavam, portanto,
os exilados da região de Turukhansk
de todo o mundo restante.
Não era, pois, sem razão que, nos últimos
anos, quase nenhum dos sobreviventes do exílio czarista de Turukhansk, havia conseguido fugir.
Ali, o afastamento da vida era ainda maior do
que em qualquer outro lugar.
Rara e irregularmente, o correio chegava a Monastyrskoe.
As cartas, as revistas, os jornais levavam
mais de um mês para chegar, sendo que levavam mais tempo ainda para atingirem “lugarzinhos distantes” - tal como
eram denominadas as aldeiazinhas longíguas da Sibéria.
Precisamente nesse local inconsolável, o Governo Czarista decidira
exilar Sverdlov.
Em maio de 1913, Jakob Mikhailovitch foi
transportado em um trem de prisioneiros da cidade da Petersburgo à cidade de Krasnoiarsk e, então,
trancafiado no Presídio de Trasladação de Krasnoiarsk.
Nesse presídio,
teve de ficar por detrás das grades por cerca de um mês, aguardando um meio de
transporte que o levasse para o local de seu exílio.
A composição dos
prisioneiros políticos do Presídio de Krasnoiarsk era extremamente diferenciada.
Ao lado dos
bolcheviques, lá se encontravam mencheviques, anarquistas,
socialistas-revolucionários (SRs), militantes da liga judia Bund, das organizações sociais-democráticas da Polônia e da Lituânia, bem
como do Partido Socialista Polonês.
Muitos dos que se
encontravam no Presídio de Krasnoiarsk, não haviam saído, já há anos, do encarceramento.
Apenas trocavam
uma cela de prisão por um trem de prisioneiros, um trem de prisioneiros por uma
nova cela de prisão, uma penitenciária por um assentamento penal forçado.
Muitos já haviam
se distanciado da vida interno-partidária.
Não haviam ouvido
falar da Conferência de Praga e nem sequer possuíam conhecimento algum sobre as traidoras atividades
dos liquidacionistas de então ... , sobre a completa e definitiva ruptura dos
bolcheviques com eles.
Sverdlov não
hesitou em colocar os companheiros a par dos acontecimentos.
Elaborou uma
análise da situação política do país e do Partido, ajudou os prisioneiros do
Presídio de Krasnoiarsk a
arranjarem-se em todas as suas dificuldades, delineou a essência do
liquidacionismo que atacava, então, a própria existência do Partido ...
Em seu livro
intitulado “Nos Presídios da Sibéria”, o
célebre bolchevique lituano Vikenty Semenovitch Mitskevitch, conhecido como Kapsukas, escreveu o seguinte[3] :
“Tive a oportunidade
de encontrar-me com Jakob Mikhailovitch, no Presídio
de Trasladação de Krasnoiarsk.
Ele se
destacava agudamente, em meio a todos os prisioneiros políticos.
Durante
várias horas, mantive conversações com ele sobre o que havia ocorrido nos últimos
anos, sobre como os mencheviques haviam-se tornado liquidacionistas ...”
No início de
junho, o grupo de prisioneiros, em que Sverdlov se encontrava, foi embarcado no navio “Turukhan”
e transportado para a cidade de Enisseisk.
De Enisseisk,
acompanhado por vários sentinelas de escolta, Sverdlov
foi levado de barco pelo Rio
Enissei correnteza abaixo, até à
aldeia de Monarstyrskoe,
aonde chegou, então, em fins de julho de 1913.
Entretanto, Jakob
Mikhailovitch não permaneceu em Monarstyrskoe.
Foi conduzido, a
seguir, para o vilarejo de Selivanikha, situada a aproximadamente 13 quilômetros ao norte de
Monarstyrskoe.
Depois de um certo
tempo, Stalin veio a percorrer o mesmo
caminho para lá.
Este foi preso em Petersburgo, duas semanas depois de Sverdlov, justamente por ocasião de seu regresso do estrangeiro, tendo sido
condenado a 4 (quatro) anos de exílio na
região siberiana de Turukhansk.
Entrementes,
ocorreu-me já, por diversas vezes, encontrar referências, amplamente
disseminadas em nossa literatura histórica, no sentido de que, entre fins de
1912 e início de 1913, J. M. Sverdlov teria trabalho, em Petersburgo, juntamente com I. V. Stalin.
Essas referências
são, porém, inteiramente equivocadas.
Jakob Mikhailovitch chegou a Petersburgo no
dia 20 de dezembro de 1912, em um momento em que Stalin não se encontrava mais nessa cidade, visto que já
havia partido para o exterior.
Tendo Stalin
regressado do exterior, em meados de fevereiro
de 1913, depois da prisão de Sverdlov, em Peterburgo, ambos não se encontraram e, portanto, não
trabalharam juntos.
Pela primeira vez,
depois de Narym, Sverdlov
e Stalin reencontraram-se no
exílio de Turukhansk.
Em fins de
setembro de 1913, Jakob Mikhailovitch escreveu o seguinte aos Deputados Bolcheviques da Duma do Estado, que se encontravam em Petersburgo :
“ – Acabo de despedir-me de
Vaskoi (i.e. Vacily, um dos nomes de guerra de I. V.
Stalin).
Ele ficou hospedado comigo por
uma semana ...”
I. V. Stalin fora enviado, primeiramente, para o vilarejo de Kostino, situado a cerca de 50 quilômetros de Monastyrskoe.
Logo depois de Sverdlov e Stalin terem
alcançado os seus locais de exílio na região siberiana de Turukhansk, logo depois de terem ali chegado,
desencadeou-se na Okhrana (i.e. a Polícia Secreta Czarista) um pânico
inacreditável :
“- Onde é que se encontram Stalin e Sverdlov ?
Em que lugar estão ? Fugiram ?
Certamente, fugiram ! Não resta dúvida
que escaparam !
Tomem medidas ! Fortaleçam a segurança
!”
O Departamento
de Polícia de Petersburgo telegrafou, então, um ofício ao Chefe da Administração de Polícia da Província de Enissei, ressaltando o seguinte:
“Tendo em vista a possibilidade de Iossif Vissarionovitch Djugashvili e Jakob Mikhailovitch Sverdlov, enviados à região de Turukhansk e aí colocados sob ostensiva custódia
policial, almejarem a realização de uma
fuga de seu exílio, precisamente com o objetivo de regressarem às suas
atividades partidárias precendentes ..., requer a V. Sas. o Departamento de Polícia subscrito que adotem medidas, visando
a impedir à mencionada fuga.
Vassiliev
Vice-Diretor Executivo Geral ”
Em 22 de novembro de 1913, o Chefe da Administração de Polícia da Província de Enissei recebeu, novamente, um ofício de
Petersburgo e, em
2 de dezembro, participou ao Governador
da Província o que segue :
“O Departamento de Polícia deu-me
ciência do fato de que, segundo relatório por ele recebido, membros renomados
do Comitê Central Leninista
do Partido Social-Democrático Russo pretendiam organizar a fuga de Jakob Mikhailovitch Sverdlov, exilado administrativamente e
assentado no exílio da região de Turukhansk.
Comunicando o exposto, acrescento que
o Departamento de Polícia requer sejam adotadas medidas,
visando a impedir a fuga em referência do local de exílio do mencionado Sverdlov.
Coronel Baikov”
Em 18 de dezembro de 1913, um novo telegrama
do Departamento de Polícia
havia sido enviado, desta feita diretamente ao Governador da Província de Enissei :
“Jakob Sverdlov e Iossif Djugashvili pretendem fugir do exílio.
Queiram adotar medidas para o
impedimento da fuga.
Diretor S. Belietsky”
Ainda mais um ofício, mais um relatório,
mais uma comunicação por escrito, foram enviados.
Outro telegrama, e mais um e mais outro ...
Voavam telegramas de Petersburgo e Moscou para Krasnoiarsk e Enissei, de Enissei para Monastyrskoe.
Os funcionários de polícia redigiam um ofício atrás do outro.
O Departamento de Polícia tremia com o fato de ter Sverdlov
podido
fugir do exílio, de poder já se encontrar em Moscou ou já mesmo ... no exterior !
A Okhrana (i.e. a Polícia Secreta Czarista) da cidade
de Moscou
escreveu, então, para Krasnoiarsk, afirmando que :
“ ... o mencionado Sverdlov partiu de Moscou para o exterior, em 15 de fevereiro
passado, sendo desconhecido, porém, o seu paradeiro.”
Petersburgo
estava nervosa, apreensiva, coagida.
Em 13 de março de 1914, o Governador da Província comunicou
ao Chefe da Administração de
Polícia da Província de Enissei
o seguinte:
“Consoante o recebimento de seu relatório Nr. 3.777, de 13
de fevereiro, sobre Iossif
Vissarionovitch Djugashvili e Jakob
Mikhailovitch Sverdlov, exilados administrativamente em Turukhansk, os quais pretendem, segundo
informações do Departamento
de Polícia, realizar uma fuga da região de exílio, sendo que o último destes – Sverdlov – já teria até mesmo aparecido na
cidade de Moscou, ordenei, em 20 de fevereiro,
ao Comissário da
Circunscrição de Turukhansk imediatamente relatar :
·
se os acima mencionados Djugashvili e Sverdlov, colocados sob custódia, encontram-se, pessoalmente, no
local destinado para o assentamento ;
·
se também foram adotadas por ele, Comissário de Polícia de Turukhansk, em execução às instruções que
lhe haviam sido anteriormente dadas, medidas visando à prevenção contra toda a
possibilidade de fuga do local de exílio dos referidos custodiados.”
Em resposta a essa ordem, o Comissário de Polícia Kibirov
telegrafou, no dia 12 daquele mês de março, as seguintes palavras:
“Permito-me relatar que ambos os mencionados que se
encontram submetidos à custódia encontram-se, pessoalmente, nessa circunscrição
e que foram tomadas medidas, visando a impedir a sua fuga.”
E, de fato, as medidas haviam sido adotadas.
Em meados de março de 1914, foram
tranferidos Sverdlov, do vilarejo
de
Selivanikha, e Stalin, do vilarejo de Kostino, para a longíngua localidade rural de Kureika, incrivelmente erma e desolada, onde
existiam, ao todo, três ou quatro dezenas de almas, alguns policiais e apenas
dois exilados : Sverdlov e Stalin.
Em 13 de março de 1914, Sverdlov escreveu à sua irmã que morava em Petersburgo:
“Eu e Iossif
Djugashvili seremos transferidos mais 180 quilômetros para o norte, a
aproximadamente 80 quilômetros do norte do círculo polar.
Ficaremos apenas em dois naquele assentamento rural,
acompanhados de dois policiais.
A vigilância foi fortalecida. Cortaram-nos o acesso a
cartas.
Pela última vez, recebemo-las, há um mês, por meio de um
“mensageiro” que freqüentemente se atrasa.
Praticamente, o correio não vem mais do que 8 ou 9 vezes
por ano.”
Alguns dias mais tarde, em fins de março, Jakob Mikhailovitch escreveu
já de Kureika a um
amigo em Petersburgo :
“Encontro-me instalado nesse novo lugar de modo bastante pior.
Sozinho já seria estreito, porém já não vivo sozinho no quarto.
Estamos em dois.
Junto comigo, encontra-se o georgiano Djugashvili
(i.e. I. V. Stalin), um
velho conhecido com o qual me encontrei em um outro exílio.
Ele é um bom rapaz, porém, na vida quotidiana, é um individualista
excessivamente grande, ao passo que eu creio em uma ordem, ao menos aparente.
Por isso, fico às vezes nervoso.
De todo modo, isso não é tão importante. ... ”[4]
O Departamento
de Polícia não se equivocou ao afirmar que haviam sido
tomadas medidas para a organização da fuga de Sverdlov e Stalin.
Já no verão de 1913, o Comitê Central do Partido discutira
a questão atinente à organização da fuga de Sverdlov e Stalin.
Porém, Malinovsky não tardou em informar o Departamento de Polícia sobre o
tema.
Também na primeira metade de 1914,
prosseguiram as tentativas de articulação de uma fuga.
Entretanto, dessa vez, não foi possível
realizá-la.
A agreste floresta siberiana mantinha
poderosamente aprisionados os seus cativos, permanecendo vigiada intensamente
por inúmeros policiais.
Sem embargo, em agosto de 1914, irrompeu a I Guerra Mundial, perturbando
e complicando as conexões do Comitê
Central do Partido, situado no exterior, com a Rússia, levando a que se tornassem ainda
mais difíceis as medidas de organização de uma fuga, empreendida a partir da
longíngua região siberiana de Turukhansk.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
______________________________________
BREVES REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS DE
SVERDLOVA, KLAVDIA TIMOFEIEVNA NOVGORODTSEVA
por Rochel von
Gennevilliers
Klavdia Timofeievna Novgorodtseva Sverdlova foi
uma ativa participante do movimento proletário-revolucionário da Rússia
Czarista e uma desvelada lutadora em prol da Grande Revolução
Socialista de Outubro.
Klavdia Sverdlova nasceu em 1876
e, entre 1894 e 1897, trabalhou como professora na Escola da Fábrica
Sycert, nos Urais.
De 1897 a 1899, estudou em Petersburgo, em
cursos de Educação e Pedagogia para Formação Física.
Retornando aos Urais, tomou parte ativa em
atividades clandestinas-revolucionárias de círculos marxistas.
Em 1904, filiou-se ao Partido Operário
Social-Democrático Russo(POSDR), aderindo, desde logo, ao bolchevismo.
No verão de 1904, foi eleita membro do Comitê de
Ekaterinburgo do POSDR, tornando-se, então, esposa e companheira de
vida de Jakob Mikhailovitch Sverdlov, máximo organizador revolucionário
político-prático bolchevique e Presidente da Primeira República
Socialista dos Conselhos de Trabalhadores, Soldados e Camponeses do
mundo contemporâneo.
Em 1906, foi eleita membro do Comitê de Perm do
POSDR.
Na qualidade de delegada eleita pelos bolcheviques dessa
cidade e sob o pseudônimo de “Yakovlev”, participou, ainda no
mesmo ano, dos trabalhos do IV Congresso da Unificação do POSDR.
Em razão de sua atividade revolucionária, foi, por
diversas vezes, submetida a prisões e exílios.
Entre 1906 e 1908, cumpriu pena de prisão em fortaleza.
Entre 1915 e 1917, juntamente com J. M. Sverdlov
– que havia sido exilado pelo czarismo na aldeia siberiana de Monastyrskoe
-, permaneceu na região de Turukhansk.
Regressando a Petrogrado, depois da Revolução
Democrático-Burguesa de Fevereiro de 1917, dirigiu, em 1917 e 1918, a
editora de livros “Priboi (O Incêndio)”, do Comitê Central
do POSDR (Bolchevique).
Em 1918, foi eleita membro do Comitê Executivo
Central do Partido Comunista Russo (Bolchevique).
Em 1924, ingressou na composição do Comitê de
Moscou do PCR (Bolchevique).
Entre 1920 e 1925, trabalhou em instituições de formação
educacional popular.
Capitulou, então, ao stalinismo contra-revolucionário e,
após a morte de Stalin, à burocracia soviética dos epígonos.
Sob a égide do regime stalinista, dirigiu, entre 1925 e
1931, o Departamento de Literatura Infantil e de Manuais da
União das Editoras Estatais da URSS (OGIZ) e, entre 1931 e 1944,
trabalhou como organizadora da renomada editora “Glavlit (Principais
Literaturas)”.
Sverdlova foi autora de diversos livros,
dedicados ao estudo da vida e obra do grande revolucionário bolchevique J.
M. Sverdlov, editados em 1939, 1945 – segundo as exigências e censuras de Stalin
- , e, com mais objetividade e precisão de dados, em 1957, 1960 e 1976, no
quadro da tímida reabilitação de vários revolucionários soviéticos, liquidados
pelo stalinismo contra-revolucionário e, no entanto, consagrados por sua
atuação na Revolução Proletária de Outubro e na Guerra
Civil Russa contra o Capital, o Latifúndio e a Intervenção Imperialista.
Permanecendo fiel, no ocaso de sua vida, à burocracia soviética
reciclada de Moscou e a seus representantes, foi condecorada com a Ordem
da Bandeira Vermelha do Trabalho, em 1954 – por ocasião
de seus 50 anos de atividades políticas.
Faleceu, em 1957.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. NOVGORODTSEVA SVERDLOVA, KLADVIA TIMOFEIEVNA. Yakov Mikhailovitch Sverdlov, Cap.
V : Turukhansky Krai. Perepolokh v Okhrane (Jakob Mikhailovitch Sverdlov. A
Região de Turukhansk. O Pânico da Polícia Secreta Czarista)(1957), Moscou :
Molodaia Gvardia, 3a. Edição, 1976, pp. 171 e s.
[2] Cf. SVERDLOV, JAKOB MIKHAILOVITCH.
L . I. Besser (Carta a L. I. Besser) (22.03.1914), Izbrannye Proizvedenia v
Trekh Tomakh (Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 1, Moscou : Gosud. Izd-vo
– Pol. Literatury, 1957, p. 268.
[3] Vikenty Semenovitch Mitskevitch - nome de guerra Kapsukas - participou
do movimento revolucionário russo, a partir de 1903, e, como revolucionário
profissional, foi um dos organizadores e dirigentes do Partido Operário
Social-Democrático da Lituânia. Depois da Revolução Proletária de Outubro, ocupou postos de direção no aparato do
Partido e do Estado da Rússia Soviética. Foi membro do Comitê Executivo da III Internacional Comunista.
[4] Cf. SVERDLOV, JAKOB MIKHAILOVITCH.
L . I. Besser (Carta a L. I. Besser) (22.03.1914), Izbrannye Proizvedenia v
Trekh Tomakh (Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 1, Moscou : Gosud. Izd-vo
– Pol. Literatury, 1957, p. 268.