90 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA PROLETÁRIA
RUSSA DE OUTUBRO DE 1917
MORAL E CONSCIÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E
DIREÇÃO DAS LUTAS REVOLUCIONÁRIAS
DE EMANCIPAÇÃO
PROLETÁRIO-SOCIALISTA
TEXTOS DE CÉLEBRES
DIRIGENTES BOLCHEVIQUES SOBRE J. M. SVERDLOV
Mulheres
Proletárias e Camponesas em suas Recordações do
Presidente
do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia,
COMPANHEIRO SVERDLOV
VANIA
SUZDALTSEVA[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Asturig Emil von München
Novembro de 2002 emilvonmuenchen@web.de
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Provavelmente, o companheiro Jakob
Mikhailovitch Sverdlov nem sequer me conheceu, já que,
naquela ocasião, eu nada era senão uma jovem militante, quadro revolucionário
do nosso Partido.
Porém, no que me toca, conheci-o muito bem.
Gostaria, pois, de transmitir as minhas impressões pessoais sobre
ele.
Recordo-me de uma certa reunião do Comitê
Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia (VTsIK) em que o companheiro Lenin
deu-nos um informe sobre as tarefas do Poder
Soviético,
controle, supervisão e correta repartição de meios.
Essa foi a grande discussão daquela ocasião.
Naquela época, mencheviques, anarquistas, maximalistas e
socialistas-revolucionários (SRs.) de todas as orientações ainda intervinham
publicamente.
Pretenderam expressar-se, logo após o encerramento do informe de Lenin.
Sverdlov concedeu-lhes a palavra.
Em presença da potente voz de Sverdlov, todos aqueles agrupamentos
políticos logo estremeceram, de algum modo, após terem esgotados seus débeis e
desalentadores clamores, com os quais pretendíam apoiar uns aos outros, a
partir de seus assentos.
Sabiam que o Presidente Sverdlov não lhes permitia um
comportamento de tal maneira insolente.
E, com efeito, Sverdlov, com sua voz vigorosa,
chamava-os imediatamente à ordem e à disciplina.
Quando cheguei a partir do fronte à cidade de Moscou,
precisei
comparecer, de vez em quando, às reuniões de nossa fração do Comitê Executivo Central dos Sovietes de Toda a Rússia (VTsIK).
Nessa sede, eram resolvidas, de maneira rápida, clara e definida, as
questões mais complicadas.
A força da experiência da nossa direção resultava perceptível, ao longo
de todas as reuniões.
Ansiava por conservar comigo cada um daqueles traços particulares, deles
recordar e apropriar-me, a fim de poder reproduzí-los, em algum momento que
fosse, lá nos lugares distantes da região do norte da Rússia.
Não discorrerei, aqui, sobre a reunião, em que foi deliberada a questão
referente à ratificação dos Tratados Suplementares, concluídos com a Alemanha.
Mencionada reunião teve lugar nos meses de agosto e setembro de 1918, havendo
sido encerrada por meio de duas
rápidas operações.
Sverdlov dirigiu as assembléias de nossa
fração, integrada pelos nossos melhores comunistas, fazendo-o, na prática, tal
como sempre e habitualmente o fez, i.e. de modo precisamente resoluto.
Assim também, justamente de modo conciso, transcorreram os debates acerca
da questão referente aos “Sovietes (Conselhos), Sindicatos
e Partido”.
Quando os membros do Partido deslizaram para um tom familiar de
conversação, satirizando uns aos outros, Sverdlov desautorizou esse
comportamento, permancendo sempre sério e rigoroso.
Após o atentado, perpetrado contra a vida de Lenin, quando muitos membros de nossa
fração, presentes em uma reunião, não conseguíam se recompor daquele golpe
atordoante e se desesperavam, Sverdlov, tendo dado conta do perigo que
colocava em risco todo o nosso trabalho, levantou, de um só golpe, a moral de
todos os presentes.
Propôs aos nossos companheiros que compreendessem toda a seriedade da
situação e dirigiu a reunião, orientando-a para o trabalho objetivo, avançando
na apreciação do Tratado de Paz Suplementar.[2]
Recordo-me também da ocasião em que fui enviada ao centro a partir do Fronte
Norte,
trazendo em minhas mãos um informe sobre os conflitos de lá.
Tais conflitos eram o resultado do embate de duas táticas : a dos Comunistas de Guerra - vindos
para o nosso estado maior com vistas a realizarem um trabalho de apoio nas
regiões do Distrito Norte -; e a dos Comunistas Locais,
militantes da região do Volga, que não queriam saber de ninguém
e de nada, a não ser das “estreitezas do ponto de vista do
próprio Volga”.
Sverdlov conseguiu, rapidamente,
solucionar as questões confusas existentes – tais quais assim aparentavam ser
ante os meus olhos.
Propôs-nos que trabalhássemos em conformidade com o espírito dos Decretos do Estado Soviético, recebidos a partir do centro, conduzindo, inflexivelmente, a linha do Comitê Central, lutando contra o colaboracionismo dos líderes locais, arrastando as
massas para o nosso próprio lado.
Nesse contexto, Sverdlov reprovou os presentes na reunião
por não se comportarem com suficiente sangue frio e, até mesmo, com
naturalidade, am face do cenário.
Demonstrou-nos que era necessário, já desde muito tempo, impulsionarmos o
trabalho com nossas próprias mãos, emancipando as massas da influência dos
dirigentes locais, os quais se desviavam da linha revolucionária.
Ocorreu-me, ainda, escutar Sverdlov nas exéquias do companheiro Semion
Mikhailovitch Nakhimson, em Petersburgo.
Em meio à péssima temperatura de outono, quando o cortejo chegou,
pesarosamente, ao Campo Marsov, Sverdlov subiu no automóvel em que se
encontravam as insígnias de condolência e declarou, vigorosamente, o que havia
representado Nakhimson para a Revolução
Russa de Outubro de 1917.
Trouxe-nos, assim, à memória o modo consoante o qual age a burguesia, ao
assassinar os melhores quadros proletários revolucionários.
Bastaram aquelas poucas palavras denodadas para que as cabeças de
diversas milhares de pessoas se erguessem, orgulhosamente, tal como se um raio
vivificante percorresse através das artérias de todos os seus corpos.
Sacudiram-se as baionetas dos membros do Exército
Vermelho e suas
mãos cingiram ainda mais solidamente os fuzis.
Naquele momento, todos entendemos o conselho do líder, cientificando-nos,
serenamente, da perda sofrida, ensinando-nos o auto-controle, proferindo golpes
decisivos e impiedosos contra os inimigos, rechaçando, porém, a reivindicação
de serem deflagados assassinatos traiçoeiros e atabalhoados.
Sverdlov declarou que, com o auxílio
moral das tropas dos nossos melhores companheiros caídos, percorríamos o
caminho direto rumo ao atingimento dos objetivos que haviam sido estabelecidos
por nós.
Recordo-me, por fim, do Congresso dos Trabalhadores e
Camponeses de Toda a Rússia.
A primeira reunião de nossa fração – em que estavam presentes quase todos
os participantes desse congresso – foi dirigida por Sverdlov.
Foi também ele mesmo que deu início às atividades congressuais.
Conduzindo o congresso com mão talentosa e tendo-o organizado, Sverdlov
transmitiu a
direção dos trabalhos do congresso ao Presidente Eleito : uma trabalhadora.
Em seu discurso de saudação ao congresso, assinalou Sverdlov :
“No ano
passado, nos Dias de Outubro, conquistamos a liberdade, marchando ombro a ombro com
os trabalhadores.
Em todo
movimento revolucionário e, especialmente, no trabalho organizativo, as mulheres proletárias caminham de
braços dados com os homens proletários.
Esperamos que,
também doravante, isso continue sendo assim.
Um fardo muito
pesado recaiu sobre o destino de nosso Partido no curso do ano passado, durante
os dias de Outubro : agora, necessitamos de forças para levar adiante essa
responsabilidade.
É imprescindível que novos
quadros de trabalhadores conscientes desenvolvam-se cada vez mais : a tarefa do
nosso Partido é a de gerá-los.
Até o presente
momento, as amplas massas da população ainda não tomaram parte ativa no
trabalho organizativo de construção.
O Comitê
Central, dotado da tarefa de unificar todos os camadas, dirige-se, então, à
fonte inesgotável e ampla: às trabalhadoras que pouco foram
empregadas, até o presente
momento.
Na sociedade comunista, será
necessário que as mulheres se lancem em todos os tipos de trabalho.
No momento do
triunfo da revolução - que faz, por um lado, medrar o horror dos imperialistas
em todos os países - e, por outro lado, no momento em que é forte e grande o
perigo ante o inimigo, levanta-se a questão acerca de como devemos cerrar e
organizar, mais estreitamente, as nossas próprias fileiras.
Aqui, um lugar
de honra há de ser assumido pelas mulheres proletárias e pelas mulheres camponesas.
Estamos
seguros de que as trabalhadoras hão de se engajar no valoroso Poder Soviético, cuja existência
devemos assegurar, enquanto a revolução conquista o mundo inteiro.
Disso, não
duvidamos.
O Poder Soviético, sustenta-lo-emos, incondicionalmente
!”
Esses pensamentos claros, essas palavras fortes, penetraram o espírito
das milhares de trabalhadoras que vieram a partir de todos os recantos da Rússia Vermelha, fornecendo orientação a todos os presentes naquele congresso.
Disso não se esquecerão sejam as trabalhadoras, sejam as camponesas de
toda a Rússia, sejam ainda todos os participantes diretos do congresso
em tela.
O nome do companheiro Sverdlov servirá para recordar-lhes os
trabalhos congressuais ali realizados.
Quanto a elas próprias, voltarão a contar, por muitas e muitas vezes, a
todos que encontrarem o pensamento de Sverdlov, suas palavras de luta sobre a
vitória do Poder Soviético e o triunfo do comunismo.
EDITORA
DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU - SÃO PAULO - MUNIQUE – PARIS
[1] Cf. SUZDALTSEVA, VANIA. Predcedatel
VTsIK Tovarich Sverdlov (O Presidente do Comitê Executivo Central de Toda a
Rússia, Companheiro Sverdlov), in : Yakov Mikhailovitch Sverdlov.
Sbornik Vospominanii i Statei (Jakob Mikhailovitch Sverdlov. Coletânea de
Recordações e Ensaios), ed. ISTPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po Izutcheniiu
Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad : Gosudarstvennoe
Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 112 e s.
[2] Cumpre destacar que, em 30 de agosto de 1918, Sverdlov, por
deliberação do Comitê Central do PCR (Bolchevique), redigiu o apelo relativo
ao atentado contra a vida de Lenin, dirigida “A Todos os Sovietes de Deputados
Trabalhadores, Camponeses e Militares Vermelhos. A Todas às Forças Armadas. A
Todos, a Todos, a Todos !” Nela, Sverdlov deu início ao período do Terror
Vermelho, destacando que: “A
classe trabalhadora responderá aos atentados, perpetrados contra as vidas de
seus dirigentes, estreitando ainda mais as suas forças e deflagrando um
impiedoso terror de massas contra todos os inimigos da revolução.” Acerca do tema,
vide Cf. SVERDLOV, JAKOB
MIKHAILOVITCH. Vozzvanie Vserossiiskovo Tsentral’novo Ispolnitel’novo
Komiteta po Povodu Pokushenia na V. I. Lenina (Apelo do Comitê Executivo
Central de Toda a Rússia por Ocasião do Atentado contra a Vida de V. I.
Lenin)(30 de Agosto de 1918), in: Yakov M. Sverdlov. Izbrannye Proizvedenia v
Trekh Tomakh (J. M. Sverdlov. Obras Escolhidas em Três Volumes), Vol. 3, Moscou
: Gosudarstvennoe Izdatel’stvo – Polititcheskoi Literatury, 1960, pp. 5 e s.; IDEM. O Pokushenie na V. I. Lenina
Vystuplenie na Zasedanii VTsIK (Sobre o Atentatdo contra a Vida de V. I. Lenin.
Intervenção na Sessão do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia)(2 de
Setembro de 1918) , in : ibidem, pp. 7 e s.; tb. KRUPSKAYA, NADEJDA K. Vospominania
o Lenine (Recordações de Lenin), Vypusk III (Parte III), Moscou-Leningrado :
Gosudarstvennoe Izdatelstvo, 1936, p. 73.