90 ANOS DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA
PROLETÁRIA RUSSA DE OUTUBRO DE 1917
MORAL E CONSCIÊNCIA, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO
DAS LUTAS REVOLUCIONÁRIAS
DE EMANCIPAÇÃO PROLETÁRIO-SOCIALISTA
TEXTOS DE CÉLEBRES DIRIGENTES
BOLCHEVIQUES SOBRE J. M. SVERDLOV
J. M. SVERDLOV
Nos
Cárceres e no Exílio
IVAN
TCHUGURIN[1]
Concepção e Organização, Compilação e Tradução Asturig Emil von München
Fevereiro 2003 emilvonmuenchen@web.de
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Encontrei-me,
pela primeira vez, com Jakob Mikhailovitch Sverdlov no Presídio de Nijn Novgorod, em 1903.
Fomos denunciados pelo trabalhor-espião da fábrica
de Sormovo,
agente secreto da Okhrana
(Polícia Secreta Czarista), Vasily Beliaev.
Eu e outros companheiros fomos arrastados para trás
das grades por causa do assassinato de um agente secreto de Nijn Novgorod : o
alfaite Piatnitski.
Naquela ocasião, a Okhrana de Nijn Novgorod já
contemplava na fisionomia de Sverdlov um perigoso inimigo para o sistema
capitalista e intentava comprometê-lo no nosso caso, porém, haja vista que isso
não lhe resultava possível, libertaram-no.
Quanto a mim, sai da prisão em 1904, sendo que, já
em abril de 1905, avistei-me com Sverdlov, no momento em que, em Sormovo, iniciaram-se
os “Dias de Liberdade”.
Organizamos, então, uma série de assembléias
abertas, junto ao hospital local.
Nessa época, a polícia não nos perseguia
intensamente.
Logo a seguir, o local dos encontros foi
transferido para perto do rio, onde estacionavam as barcas.
Aí mesmo, nessas barcas, eram realizadas
assembléias e entoadas canções revolucionárias.
Em 29 de abril de 1905, foi decidido que uma
assembléia seria realizada na região de embarque das vias fluviais, porque ali
vinham a ter muitos trabalhadores que observavam e escutavam o que falavam os
revolucionários.
Uma vez reunidos fraternalmente nas barcas,
atravessamos para a outra margem do rio e, em conformidade com o sinal dado,
demos início à assembléia.
O povo que alí então se reunia correspondia a cerca
de mil pessoas.
Sverdlov,
em nome do Comitê
de Nijn Novgorod, interviu, pronunciando um discurso.
Não me recordo muito bem do conteúdo de seu
discurso.
Lembro-me apenas de que Sverdlov denunciou o governo por causa da Guerra do Japão,
da qual ninguém necessitava, a não ser os capitalistas, e fez um chamado em
favor do fim da conflagração militar, através da derrubada da autocracia ...
A voz estrondosa, a nitidez e o discurso envenenado
desvendaram a todos a perversidade do czarismo
autocrático.
Após a intervenção do companheiro Sverdlov,
movimentamo-nos para a Grande Avenida, onde se reuniam os trabalhadores, depois de
haverem terminado o trabalho.
Na rua, encontramo-nos, porém, com a polícia.
A questão atingiu o ponto de uma batalha campal,
durante a qual foram feridos seis dos nossos companheiros.
Em meio aos combatentes de rua, Sverdlov não
se encontrava entre os da retaguarda.
Depois desse acontecimento, foi obrigado a
abandonar a cidade de Nijn Novgorod.
Posteriormente, vim a encontrá-lo, já em janeiro de
1906, em Motovilikh,
para onde nos dirigimos eu e o companheiro Savinov, partindo de Sormovo, depois das lutas de barricadas.
Foi-nos bastante dificultoso estabelecer contato
com a organização de
Motovilikh, porque prisões estavam ocorrendo.
Os companheiros, ao fugirem da polícia, rumavam
para outras localidades. A organização desintegrava-se.
Tornava-se imprescindível estabelecer, rapidamente,
conexão das regiões com a cidade. Convocamos, então, uma reunião.
Nessa reunião, encontrei-me, inesperadamente, com Sverdlov que
havia chegado de Ekaterinburgo,
na qualidade de membro do Comitê Regional.
Tendo-nos avistado, Sverdlov começou, imediatamente, a dirigir a reunião,
posto que pressentia que a organização de Motovilikh encontrava-se protegida pelos militantes do
Partido.
Decididas algumas questões organizativas, começamos
a analisar como resguardar nossa organização contra adicionais desintegrações e
como comportar-nos em relação à campanha eleitoral da Duma do Estado.
A realização de nosso trabalho apresentava-se
difícil, devido a que muitos companheiros estavam com medo de atuar, sendo que tanto
os principiantes como nós mesmos sentíamos, em um primeiro momento, muito
temor.
A essa altura, eu e o companheiro Savinov já
nos encontrávamos inseridos no Comitê de Perm, o qual era composto por mim, Jakob Sverdlov, Preobrajensky, Novgorodtseva,
Savinov e Potapytch - esse
último, nosso companheiro militar.
Na medida em que era um talentoso organizador, Sverdlov
tocava, evidentemente, o primeiro
violino desse comitê.
Motovilikh
dava o tom para todos os Urais e Jakob Mikhailovitch viajava para lá todos os dias, a partir de Perm.
Era necessário analisar todas as questões, até os
mínimos detalhes.
Permanentemente, Sverdlov perguntava por esse ou por aquele membro do
Partido.
Se tomava conhecimento de que qualquer um que fosse
havia dado voltas ou deixado de cumprir sua tarefa, era forçado a passar,
necessariamente, pela habitação do companheiro em questão para com ele
conversar ou, ainda - como Sverdlov costumava dizer -, a fim de “encorajá-lo”.
Em Motovilikh, além do
trabalho partidário quotidiano, impulsionávamos três grandes atividades :
·
Em primeiro lugar, a questão relativa às
eleições para a Duma do
Estado ;
·
Em segundo lugar, a tentativa de eks
(i.e.: de expropriação), a ser realizada junto à caixa da fábrica de Motovilikh ;
·
Em terceiro lugar, a promoção da fuga do
cárcere de sete companheiros (sendo que dois estavam ameaçados de pena de
morte).
No que concerne às eleições para a Duma do Estado, a
questão era colocada da seguinte forma: intervir em favor do boicote ou da
realização das eleições ?
Boicotar, porém, em que estágio ? No primeiro ou no
segundo ?
Essa questão provocava discussões.
Sverdlov
posicionava-se em favor do boicote, já no primeiro estágio.
Quando precisamente colocaram-lhe a questão de
saber o que faríamos se os trabalhadores não rompessem com as eleições,
respondeu que nossa tarefa era a de esclarecer aos trabalhadores o fato de que
a Duma do Estado
nada lhes concederia.
A dúvida relacionada com a questão de os
trabalhadores deverem ou não participar das eleições seria de segunda
importância : extremamente mais importante seria que lhes abríssemos os olhos
para o fato de que a Duma do Estado havia sido criada em prol dos interesses da
burguesia e não dos trabalhadores.
Os trabalhadores haveriam de logo compreender a
questão, passando para o nosso lado.
Sverdlov
propunha, então, conduzir as eleições justamente ao fracasso, atingindo-se até
ao máximo extremo possível.
No que concerne à eks (i.e. a expropriação), não logramos
realizá-la, porque, já naquele tempo, havia começado a trabalhar, em nossa
organização, o agente secreto da Okhrana,
Jaschka
Votinov, um trabalhador de Motovilikh.
Naquele então, o Comitê Regional precisava de muito dinheiro, posto que
postulava-se a montagem de uma tipografia.
Havia também de financiar os militantes
profissionais do Partido.
A organização dos Urais crescia, solidamente.
Tudo isso levava a que Jakob Mikhailovitch
tivesse fortes preocupações, sendo que realizou todos os esforços para atender
as necessidades mais abrangentes.
No Comitê do Partido, tratava-se ainda da reivindicação formulada
por alguns companheiros que pretendiam fugir da prisão e pediam fosse-lhes
prestado apoio.
Já possuíamos, nesse momento, ligações com soldados
da guarnição de Perm.
Foi determinado, então, que negociássemos
secretamente com os representantes dos soldados, a fim de encontrar um
companheiro que pudesse deixá-los passar ou, precisamente, libertá-los,
fugindo, a seguir, juntamente com eles.
A questão foi rapidamente acertada : um dos soldados,
apartidário, que sonhava em partir para o exterior, estava disposto a concordar
com o plano, tão somente se a organização o enviasse para a América.
No dia 7 de março, foi realizada a fuga : saindo de
detrás das grades, os companheiros desceram em direção às ferrovias e se
esconderam juntamente com o sentinela que, por fazer guarda na prisão,
encontrava-se uniformizado e de armas na mão.
Enviamos, então, esse soldado para o exterior, para
a América.
Porém, logo depois da fuga desses companheiros,
enviados, então, a diversas cidades e nelas devidamente distribuídos, teve
lugar uma grande prisão.
Metidos novamente em ação, encontraram-se ligados
com nossa tentativa de transportar um recipiente de bombas e armamentos que se
encontrava no quarto de Votinov, trabalhador
de Motovilikh.
Como acima ficou dito, esse último veio a se
revelar, posteriormente, como sendo um agente secreto da Polícia Secreta Czarista (Okhrana).
Evidentemente, nossa tentativa de transporte acabou
não dando certo, porque Votinov denunciou uma série de militantes.
Sverdlov
não esteve presente, nessa ocasião.
De todo modo, o Comitê de Perm desagregou-se.
Em maio ou junho, também Sverdlov foi encarcerado e, no mesmo presídio, vivemos
juntos por 3 anos e meio, ainda que em diferentes lugares.
Por ocasião de nossa saída da prisão, voltamos logo
a manter conversações com Sverdlov acerca de quem deveria ir para onde.
Declarei, então, que me dirigiria para o sul, ao
passo que ele afirmou dever meter-se a caminho de Moscou.
Obviamente, entramos de acordo quanto ao lugar e à
forma em que nos encontraríamos novamente, bem como concordamos em que deveria
ser mantida uma correspondência entre nós.
Sverdlov
viajou para Moscou
através de Nijn
Novgorod, sendo que recebi a tarefa de passar por Ekaterinburgo e Ufa,
visando a arranjar dinheiro para Preobrajensky e
outros companheiros que, sentenciados a assentamentos forçados e
penitenciárias, dele necessitavam, a fim de que pudessem fugir da Sibéria.
Em Ekaterinburgo, acertei algumas coisas e cheguei à Ufa, no
momento da expropriação, ocorrida em Miass, sendo que nada consegui realizar por lá.
Não consegui avistar-me com Sverdlov,
até o exílio de Narym.
Farei algumas notas a respeito de sua fuga desse
exílio.
Essa última foi realizada a partir de Kolpashevo,
no momento em que Sverdlov
percorreu cerca de 120 quilômetros com um “barco” através do Rio Ob, até o vilarejo de Parabel, onde
pretendia meter-se em um navio e fugir.
N.
Kutchmenko, Leonid Serebriakov e eu esperávamos,
conforme acertado, pelo dia da fuga em que Sverdlov deveria chegar.
Esperamos longamente : barco algum se aproximava.
Junto a nós, encontravam-se também camponeses, com
os quais conversávamos, justamente quando vimos surgir lá na outra margem do
rio, um barquinho que se movimentava rumo à nossa margem.
O Rio Ob encontrava-se tempestuoso.
O vento soprava, de modo extraordinariamente forte.
A partir de nós, o barco situava-se há cerca de
três quilômetros, rio acima.
Os camponeses possuíam olhos bem aguçados. Estavam
dedicando muita atenção ao barco e nós o esperávamos, despreocupadamente.
De repente, porém, um dos camponeses exclamou :
“Mas,
onde foi que o barco se meteu ?”
O barco havia sumido do nosso campo de visão.
Supusemos que se aproximara de uma ilha pequenina.
Subitamente, porém, ouvimos gritos de socorro.
A voz de Sverdlov foi nitidamente identificada.
Contudo, não se encontrava à nossa disposição
nenhum meio de salvamento.
Os camponeses possuíam duas botas de amarrar bem
desarranjadas.
Ainda estavam cozendo uma dessas botas, quando, a
uma distância de 4 a 6 metros, aproximaram-se de Sverdlov e dos companheiros que o acompanhavam, todos
já em processo de afogamento, lançando-lhes um remo, acorrentado a uma corda.
Transcorreu um minuto de desespero.
Sverdlov e
todos os demais companheiros encontravam-se paralisados, visto que esse
acontecimento ocorria precisamente no final de setembro.
Temiam que o barco escapasse e não estavam seguros
de poder conseguir nadar.
Suas roupas os arrastavam rapidamente para o fundo
do rio, quando o barco virou de cabeça para baixo, e eles, quase exaustos e
tremendo de frio, íam uns para a proa, outros para a popa.
Os camponeses não conseguiam, de um único golpe,
puxá-los para a margem, porque precisamente o barco opunha resistência.
No fim das contas, todos acabaram sendo arrastados
para a margem.
Os camponeses levaram-nos, então, à terra firme.
Trazidos à margem, esses companheiros não
conseguiam se movimentar e permaneceram deitados.
Os camponeses começaram logo a acender uma fogueira
e aquecê-los.
Nós não conseguíamos, porém, ter acesso a eles,
posto que nos separava um riacho afluente que desembocava no Rio Ob.
Depois de terem aquecido um pouco os companheiros
são e salvos, foram esses transferidos pelos camponeses para o nosso lado.
Aquecendo-se ainda, dirigiram-se para a habitação
de Kutchmenko,
onde, porém, encontrava-se a polícia.
Com essa última, entramos de acordo em que, no dia
seguinte,
Sverdlov e os outros companheiros colocar-se-iam à sua
disposição, sendo que lhe pedimos, porém, que lhes deixassem descansar, durante
o dia em curso.
Pela manhã, foram todos levados, com efeito, para
os barcos que os transportaria a Narym, a fim de serem entregues ao Chefe de Polícia.
Dali há dois dias, Sverdlov já se encontrava, novamente, junto a nós.
Havia fugido, mais uma vez.
Nossa tarefa consistia, agora, em metê-lo em um
navio : tarefa difícil, tendo em conta que todos o conheciam, inclusive os
próprios camponeses.
Partindo de nossa localidade, Serebriakov e Kutchmenko
levaram
Sverdlov para cerca de 50 quilômetros rio acima.
A partir de onde me encontrava, eu deveria informar
nosso companheiro Maslenschik
(presentemente, Diretor do Truste de Máquinas Eletrônicas de Leningrado) acerca do navio em deslocamento, a fim de que
nele pudesse vir a esconder Sverdlov.
Chegar até Kutchmenko, Sverdlov e Serebriakov, i.e.
até o cais onde se encontravam, era impossível, na medida em que um riacho
volumoso não o permitia.
Eles haviam dado meio volta.
Valia encetar novamente a tarefa, porém, como encaminhá-la
?
Lá, os navios atracavam, duas vezes por semana :
uma vez, com o “Kolpashevets”
que se deslocava até Narym e no qual viajava a polícia inteira, e, outra vez,
com a linha que transitava de Tiumen até Barnaul.
O navio da Linha Barnaul já
havia zarpado.
Consegüintemente, nossos companheiros não podiam
falhar : era necessário embarcar no “Kolpashevets”, onde havia 99% de probabilidade de que Sverdlov
seria agarrado.
Nada obstante, não se podia também permanecer parado,
sem fazer absolutamente nada.
O navio chegou, então, pela noite.
Dele, aproximei Sverdlov, sem óculos, dirigindo-o para a plataforma de
embarque.
Em alguns minutos, o navio penetrou no cais.
A coisa toda tinha de ser realizada rapidamente.
Ao dirigir-se para a plataforma, Sverdlov
defrontou-se, porém, com o escrivão de nossa circunscrição o qual, volvendo-se
para mim, exclamou :
“- E
então, parece que Sverdlov já entrou no navio ?”
Imediatamente, percebi que o plano fracassara,
porém disse que não havia visto nenhum Sverdlov.
“- Mas,
por acaso você não sabia que ele fugiu ?”
“- Não,
não sabia.”
O escrivão foi embora e, em Kolpashevo, Sverdlov foi
descoberto.
Foi novamente preso.
Conduziram-no, então, para Tomsk.
Mais uma vez, veio a encontrar-se em Maksimkin
Yar.
Por esse tempo, lá veio a chegar sua esposa, a
companheira Novgorodtseva
Sverdlova, acompanhada de seu filho menor.
Sverdlov
dirigiu-se, então, até nós, em Parabel.
Havendo esperado cerca de dois meses, Sverdlov pretendia,
fugir mais uma vez.
Recordo-me de quando, em uma tarde, fomos
aconselhar-nos junto a outros companheiros acerca de uma fuga realizada por um
camponês exilado.
Ofereci vodka ao informante e à sua esposa e com
eles mantivemos uma conversação sobre o que uma pessoa necessitaria levar
consigo, no caso em questão.
O vovozinho Semen, nem sequer se informando de quem se tratava,
perguntou :
“- Mas, quando ? Hoje mesmo ?”
Respondi-lhe afirmativamente.
Às três horas da manhã, o vovozinho Semen já
estava acendendo uma pequena lanterna e indo preparar um cavalo.
A questão já estava acertada.
Vindo até Sverdlov, disse-lhe que tudo já estava preparado.
Ainda fizemos uma reunião, à medida que
marchávamos.
Conduzi Sverdlov ao vovozinho Semen, o qual começou a ficar com medo.
Queixava-se porque os camponeses conheciam-no :
coisas desagradáveis haveriam de ocorrer.
Percebi que a questão estava-se complicando.
Tirei para fora uma garrafa de vodka, com a
intenção de enfiá-la pelo peito a dentro do vovozinho Semen que, então, tossiu, fez o sinal da cruz, e saiu para o
pátio.
Para lá, fomos também eu e Sverdlov.
Sverdlov
meteu-se no cesto da carroça e enrolou-se em uma manta de pele.
Rapidamente, colocaram-se em movimento.
Eu também parti, retornando ao meu lugar.
Como ficariam as coisas quando, pela manhã,
chegasse a polícia ?
O plano estava pronto : havíamos acertado com a
velhinha exilada, a vovozinha Petra que, uma vez chegando o policial, haveria de ser
convidado para entrar em sua habitação.
Uma bebida destilada ser-lhe-ia oferecida : o
policial embriagado não julgaria apropriado entrar no quarto de Sverdlov.
Essa história estendeu-se por três dias.
No terceiro dia, o policial deu-se conta de que,
ali, algo parecia não estar correto.
Tendo entrado no quarto, o policial perguntou,
então :
“- Onde
é que está o Sverdlov ?”
Leonid
Petrovitch Serebriakov respondeu-lhe afirmando que Sverdlov havia fugido.
O policial não quis acreditar nisso. Finalmente,
pôs-se a caminho ...
Chegou, então, um grupo de três sentinelas ...
Um policial pediu-nos para que confirmássemos a
fuga de Sverdlov.
Confirmamo-la e ele começou, abruptamente e com
toda a urgência, a lavrar um boletim de ocorrência, a ser repassado ao Chefe de Polícia.
A seguir, toda a polícia meteu-se em prontidão.
Dirigindo-se até onde me encontrava, passaram a
examinar meu cavalo detalhadamente, lá no pátio.
Convenceram-se de que se encontrava enxuto e não
havia ido a lugar nenhum, nos últimos dias.
Porém, nesse momento, entrou no pátio o vovozinho Semen,
charreteando cavalos que gotejavam suor.
Entregou, então, aos sentinelas uma papeleta em que
Sverdlov
comunicava-lhes estar passando muito bem, encontrando-se o “laço” bem
dado, pedindo, porém, para excluir o vovozinho Semen de todo e qualquer aborrecimento.
Surgiu, então, uma longa história, expressa nos
seguintes termos : por ter de ficar esperando um longo tempo no pátio, o
vovozinho Semen
veio a quebrar uma das garrafas de vodka que lhe haviam sido dadas e,
entrementes, adoeceu.
O vovozinho Semen teria sido forçado, então, a comprar uma
outra.
Além disso, o sobrinho de Semen teria
sido aquele que executara o transporte de Sverdlov.
Quis apressar-me a ir cumprimentar Semen, porém logo tive de me afastar do pátio, a fim de
que esse ato não viesse a atrair a atenção da polícia ali presente.
Entrementes, Semen ficou insistindo que não queria esperar tanto
até o cair da tarde : eu deveria restituir-lhe a tal garrafa de vodka,
imediatamente....
Recebemos a notícia de que Sverdlov havia chegado a Tomsk e, depois, a Petrogrado.
De repente, foi novamente preso.
Sverdlov
encontrava-se, então, já a caminho de seu exílio de Enissei ...
EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M.
SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS
MOSCOU -
[1] Cf. TCHUGURIN, IVAN. V
Tiurmarr i Ssylkie (Nos Cárceres e no Exílio), in : Yakov Mikhailovitch
Sverdlov. Sbornik Vospominanii i Statei (Jakob Mikhailovitch Sverdlov.
Coletânea de Recordações e Ensaios), ed. ISTPART : Otdel TS.K.R.K.P.(b.) po
Izutcheniiu Istorii Oktiabrskoi Revoliutsii i R.K.P.(b.), Leningrad :
Gosudarstvennoe Izdatelstvo Leningrad, 1926, pp. 157 e s.