CAPÍTULO III. COMPOSTO DE DUAS PARTES :

PRIMEIRA PARTE (INTRODUÇÃO) - QUAL A COMPATIBILIDADE EXISTENTE

ENTRE OS POSICIONAMENTOS DE GRAMSCI E DE TROTSKY ?

SURGIMENTO E FUNDAMENTOS DO SOCIALISMO ALEGÓRICO GRAMSCIANO-META-MARXISTA

Consultar a Segunda Parte - Continuação do Capítulo III

Texto de Autoria de

Portau Schmidt von Köln

A Enfermidade Gramsciana

no Movimento Trotskysta Contemporâneo

e nas Lutas de Emancipação do Proletariado

Polêmica Trotsky e Gramsci  : Gramsci e Trotsky  

O SU-QI e a Corrente Franco-Gramsciana

de Atualização, Correção

e Superação do Marxismo

(O Meta-Marxismo de Actuel Marx)

 

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Aqui, começa o Capítulo III do texto em destaque.

Esse capítulo é composto pela presente página de Internet e pelas seguintes subdivisões :

Capítulo III.A. : O Stalinismo de Gramsci no Campo Político-Partidário

Capítulo III.B. : Gramsci contra Trotsky no Campo Teórico-Doutrinário

Capítulo III.C. : A Lógica Filosófica de Gramsci contra o Socialismo Científico de Marx e Engels

Capítulo III.D. : A Via ao Socialismo Democrático-Pacifista da “Guerra de Posição” de Gramsci   

Anexo Dedicado à Compreensão do Presente Capítulo III:

Textos Originais de Gramsci, Fiel Apologista de Stalin e Engenhoso Escudeiro do Conciliacionismo de Classes,

Em sua Luta sem Quartel contra Trotsky e a Revolução Permanente

 

“Certe edepol, quom illum contemplo, et formam agnosco meam,

Certamente, por Zeus, quando o contemplo, também a minha forma nele entrevejo,

quemadmodum ego saepe in speculum inspexi, nimis similis est mei.

então, quando freqüentemente me examino no espelho, ele me é por demais semelhante.

Itidem habet petasum ac vestitum: tam consimile’st atque ego.

Porta o mesmo chapéu e o mesmo traje: tão exatamente é parecido comigo.  

sura, pes, statura, tonsus, oculi, nasum, dens, labra, malae, mentum, barba, collum: totus, quid verbis opu’st?

barriga, pé, estatura, cabelos, olhos, nariz, dente, lábios, bochecha, queixo, barba, pescoço: tudo, para que mais uma palavra?  

Si tergum cicatricosum, nihil hoc simil est similius.

Se, nas costas, traz as cicatrizes, nada é mais parecido com nada.

Sed quom cogito, equidem certo sum ac semper fui.

Porém, quando eu penso, trata-se de mim seguramente e sempre se tratou de mim.  

Cf. PLAUTUS, TITUS MACCIUS. Amphitrvo (por volta de 180 a.C.),

Actus I, ed. F. Leo, Berlim : Weidmann, 1895-1896, Versos 441 -447.

 

Qual é a justa atitude teórico-política que um lutador trotskysta deve ter em face da doutrina de Antonio Gramsci, bem como em relação aos dirigentes políticos e intelectuais contemporâneos que acolhem ou defendem, aberta ou veladamente, os posicionamentos doutrinários desse renomado intelectual sardo, antigo representante do Partido Comunista Italiano (PCI) junto ao Comitê Executivo do Komintern, nos anos de 1922 e 1923 - conclamado, presentemente, por importantes setores da intelectualidade européia como o “Lenin do Ocidente”, o “Sósia Ocidental do Lenin do Oriente” ou o “Lenin Democrático”?

Consagração e aprovação jubilosa de todos os aspectos da vasta literatura de Antonio Gramsci, bem como de seu método de trabalho intelectual e intervenção político-partidária, alegadamente desenvolvidos sobre os fundamentos teóricos e princípios maiores dos ensinamentos do marxismo revolucionário ?     

Crítica precavida de alguns ou de diversos de seus esquemas lógico-teóricos, com o reconhecimento de suas supostas contribuições criativas e atualizadoras em certos domínios do socialismo científico de Marx e Engels ?

Abstenção de um confronto mais direto com as principais teses defendidas por esse pensador contemporâneo, por não surgirem abertamente reivindicadas por largas massas populares, permitindo-se, assim, que tais teses prossigam conquistando, paulatinamente, as consciências de seus dirigentes, ao sabor das cinzentas nuvens que recobrem o horizonte das aspirações de construção da assim denominada „Democracia Socialista“, em nossos dias ?  

Análise profundamente detida e acuradamente pormenorizada do léxico filosófico singular e dos posicionamentos teóricos de Antonio Gramsci, com sua subseqüente decidida rejeição e deflagração de uma luta teórico-política e polêmico-literária impiedosa contra o gramscismo, por ser diamentralmente incompatível com a doutrina propagada por Léon Trotsky ?  

De toda sorte, seria, com efeito, plenamente razoável falar-se de uma enfermidade gramsciana, que se agrava, subreptícia e paulatinamente, no seio de diversas organizações do movimento trotskysta de nossos dias, cadaverizando, de maneira letal e irrecuperável, seus potenciais e perspectivas de luta socialista-revolucionária de emancipação da classe trabalhadora e dos demais socialmente oprimidos ?

Tais enigmas políticos assumem, cada vez mais, importância e efetividade para a configuração do movimento trotskysta mundial da atualidade.

O gramiscismo, depois de ter penetrado, estribado – e, em alguns casos, até mesmo, conformado predominantemente -, a elaboração dos posicionamentos políticos de diversos partidos de trabalhadores de todo o mundo, sejam os ligados ao velho e ao reciclado stalinismo, sejam os vinculados ao social-democratismo reformista moderno e ao social-liberalismo do após-guerra, exsurge, desde alguns anos, encontrando-se a quattr’occhi com inúmeras organizações de matiz trotskysta.

 

No que respeita à incurável grei ortodoxo-stalinista ou ainda mao-stalinista de nossos dias, cumpre realçar, ainda mais uma vez, que praticamente todos os principais paredros ideológicos dos assim chamados “Partidos Comunistas” modernos – em verdade, partidos quer descaradamente stalinistas quer mao-stalinistas reciclados e disfarçados - surgem como porta-vozes políticos, difusores do carbúnculo gramscista, enquanto perspectiva destinada a deturpar, conscientemente, a concepção revolucionária de Marx e Engels, Lenin, Sverdlov e Trotsky, no seio das lutas de emancipação do proletariado, por meio de um discurso especulativo requintado, condizente com o mister de manter a canga burocrática da exploração e dominação capitalista sobre a classe trabalhadora e seus aliados oprimidos, sob a batuta da política social-populista da colaboração de classes, mantida entre exploradores e explorados.

Nesse sentido, importa referir, categoricamente, o exemplo paradigmático do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), nas tristes figuras errantes de seus curandeiros ideológicos máximos, místicos e visionários do frente-populismo, e.g. João Quartim de Moraes, professor titular do Departamento de Filosofia da UNICAMP, defensor público da “inatualidade do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels” entre outros achaques teóricos – ou mesmo Augusto Buonicore, historiador e Doutorando em Ciências Sociais pela UNICAMP, reputado membro do Comitê Central do PCdoB  e da comissão editorial das revistas Debate Sindical e Princípios.

Tanto esses próceres ideológicos do stalinismo reciclado brasileiro, como a grande maioria dos dirigentes políticos do PCdoB, homiziados, aqui e ali, por detrás dos raciocínios de Lenin, tomados sempre equivocada e atabalhoadamente, reverenciam supersticiosamente o pensamento de Gramsci, ao mesmo tempo em que repudiam, hostilmente, aberta ou veladamente, tudo aquilo que se relacione com as defesas das posições revolucionário-permanentistas de Trotsky, seu decisivo papel no quadro da Revolução de Outubro de 17 e na construção da IV Internacional.

Nesse sentido, Augusto Buonicore, membro do Comitê Central do PCdoB, dilata a epidemia gramsciana, lançando mão dos seguintes raciocínios :

 

“Criou-se um hábito, um mal hábito, de se separar um autor das bases teóricas que lhes serviram de suporte; separá-lo dos seus pressupostos teóricos e históricos imediatos. Esta separação levou que alguns conferissem os louros de pensamento original, no sentido de exclusividade, a autores cujo o grande mérito foi justamente desenvolver teses elaboradas por outros, ainda que enriquecendo-as.

Nos trabalhos acadêmicos sobre Gramsci parece ser bastante comum este procedimento. Estudou-se, e escreveu-se, sobre o pensamento de Gramsci desvinculando-o de seus pressupostos teóricos e políticos imediatos, que foi o pensamento e a ação política de Lenin.

E Gramsci foi, na minha opinião, acima de tudo, um leninista.

Muito do que foi-lhe atribuído como contribuição exclusiva não é nada mais - e isto é muito - que a aplicação original das teses defendidas por Lenin.”[1]

 

 

 

Eis aí como um incorrigível stalinista reciclado assimila e dissemina o laxante idealista-subjetivista de Gramsci ao longo de sua desnorteada peregrinação publicística : o mérito de Gramsci teria sido o de “justamente desenvolver teses elaboradas por outros, ainda que enriquecendo-as”, pois, na opinião de Buonicore, “Gramsci foi, acima de tudo, um leninista.”

Como prova de sua argumentação, Buonicore assinala, logo a seguir, buscando encontrar desesperadamente o traço específico, supostamente enriquecedor do pensamento de Gramsci em face das reflexões de Lenin :

 

Gramsci buscou, justamente, resgatar as contribuições de Lenin e aprofundá-las; para ele o problema do Estado era mais complexo.

Sem discordar que o Estado era fundamentalmente um instrumento de coerção, estendeu o seu estudo a um outro aspecto: o Estado enquanto dirigente e educador, buscando compreender o papel que as ideologias desempenhavam neste processo.

Ele compreendeu que a produção e a reprodução das relações sociais - e políticas - não podiam se dar, exclusivamente, através da coerção; elas se davam de múltiplas (e complexas) formas, nas quais as ideologias jogavam um papel decisivo.

Para Gramsci o Estado seria "hegemonia encouraçada de coerção".

Era preciso superar as teses simplistas imperantes no seio da III Internacional e ele, com a ajuda de Lenin, em certo sentido, as superou.”[2]

 

 

 

Buonicore, stalinista disfarçado, verdadeiramente arrebatado pelo desvio mórbido gramscista, indica-nos, à guisa de esconder suas feridas secretas, que Gramsci..., “em certo sentido”, superou as teses simplistas da III Internacional que precisavam ser superadas ...

Fê-lo com a ajuda de Lenin que, embora já falecido em 1924, socorreu espiritualmente as elaborações de Gramsci, intervindo, ao que parece, como médium, pois, segundo, Buonicore :

 

“ ... e ele (i.e. Gramsci), com a ajuda de Lenin, em certo sentido, as superou.”

 

Com efeito, segundo Buonicore, Gramsci “superou”, “enriqueceu”, “aprofundou” as contribuições de Lenin, posto que, o problema do Estado, não sendo tão complexo para esse último como o foi para Gramsci, veio a ter seu “estudo” estendido a um outro aspecto, distinto daquele do instrumento de coerção, i.e. : o Estado enquanto dirigente e educador, “buscando compreender-se o papel que as ideologias desempenhavam nesse processo”.

É realmente surpreendente esse Gramsci, intermediário de idéias entre os vivos e a alma dos mortos, pois, tal como Buonicore, Doutorando em Ciências Sociais pela UNICAMP assinala, Gramsci estendeu o “estudo” sobre o Estado a um outro aspecto que jamais houvera passado pelas cabeças ingênuas seja de Marx, seja de Engels, seja de Lenin, seja de Liebknecht, seja de Sverdlov, seja de Luxemburg, seja de Trotsky : o Estado enquanto dirigente e educador, buscando compreender-se o papel que as ideologias desempenhavam nesse processo.”

Gramsci  “superou”, “enriqueceu”, “aprofundou” as contribuições de Lenin e as teses simplistas da III Internacional - situada  sob a própria direção pessoal-viva de Lenin e de Trotsky, naqueles primeiros anos fundacionais -, ao “estudar”, segundo Buonicore, o Estado enquanto dirigente e educador, buscando-se compreender o papel que as ideologias desempenhavam neste processo”, pois, até o surgimento de Gramsci, o “estudo” não havia sido estendido para esse outro aspecto do Estado, i.e. “o Estado enquanto dirigente e educador, buscando-se compreender o papel que as ideologias desempenhavam neste processo” !

Desse magnifíco processo inédito de estudos genialmente estendidos por Gramsci, os ideólogos stalinistas reciclados do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) difundem, então, por todos os lados, dois inolvidáveis ensinamentos definitórios que resumem absolutamente a quintessência de todas as coisas inéditas relativas a Gramsci e ao Estado:

 

1. “Para Gramsci o Estado seria "hegemonia encouraçada de coerção".

 

2. “Gramsci foi, acima de tudo, um leninista.”

 

Sendo assim, pois, segundo os principais corifeus ideológicos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), os posicionamentos mais “enriquecidos” e “profundos” do “Lenin do Ocidente” plenamente compatíveis com os posicionamentos menos “profundos” e “enriquecidos” do “Lenin do Oriente”, tal como nos sugerem, em tom de ciência, teriam sido os posicionamentos do “Lenin do Ocidente” compatíveis com os posicionamentos de Trotsky ?

 

Já entre as organizações que se revindicam trotskystas destacam-se, inconstratavelmente, nos dias de hoje, os partidos e grupos integrantes do Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI), porém também, com grande relevo, a Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta(AMR-Proposta, de Franco Grisolia, Marco Ferrando, Francesco Ricci), seção italiana da Oposição Trotskysta Internacional(OTI), os grupos e partidos nacionais intituladamente “trotskystas-luxemburgistas”, os defensores do Capitalismo de Estado(SWP - Tony Cliff) e o Socialismo Revolucionário da Itália(SR), bem como diversos representantes intelectuais do Partido Obrero da Argentina, de Jorge Altamira, do Partido de Trabalhadores por el Socialismo (PTS – Fração Trotskysta), do Movimento ao Socialismo (MAS) e, de modo mais periférico e fragmentário – porém, lamentavelmente, em considerável expansão - também por alguns expoentes teórico-políticos do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), seção brasileira da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT – IV Internacional).

Não é absolutamente intenção do presente trabalho pretender limitar o campo de estudo investigatório do impacto do gramiscismo tão somente às posições dos principais dirigentes e mais expressivos intelectuais do Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI), borbotadas de suas ligações orgânicas com os ideólogos meta-marxistas franco-gramscianos, de modo a dar nascimento ao fenômeno do gramscismo meta-marxista.

No presente texto, assinalo, porém, que o traço mais significativo e mais repleto de conseqüencias políticas para o movimento trotskysta mundial, no atual momento histórico, relaciona-se com esse fenômeno em particular, que toca o destino dos próximos anos do SU-QI, enquanto uma das mais importantes organizações mundiais do trotskysmo de nossos dias.

A presença do pensamento doutrinário de Antonio Gramsci paira, entretanto, igualmente, sobre as correntes trotskystas do mundo que se consideram “trotskystas-ortodoxas” ou “trotskystas-consistentes”.

Estas caracterizam-se por manter com o gramiscismo uma relação centrista e irresolvida, fetichista e plenamente contraditória.

 

No que concerne à postura teórico-doutrinária em específico da Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta(AMRP), encabeçada por Franco Grisolia, Marco Ferrando, Tiziano Bagarolo e Francesco Ricci, cumpre assinalar que essa organização trotskysta italiana encontra-se exposta, apologeticamente, ao gramscismo.

Em uma nota de seu recente artigo, intitulado ”La Natura ed Il Ruolo del Partito Leninista(A Natureza e o Papel do Partido Leninista)”, Grisolia observa, claramente :

 

“Na Itália, encontra-se difundido um mito segundo o qual o conceito de hegemonia é uma inovação teórica peculiar do pensamento de Antonio Gramsci, que o haveria separado do rígido “dogmatismo” da III Internacional leninista.

Na realidade, o grande revolucionário italiano, não fez senão retomar um conceito próprio dos decênios do marxismo revolucionário russo (“Os promotores da idéia da hegemonia do proletariado na revolução são Plechanov e Lenin” : assim Zinoviev, em sua História, 1923).

Gramsci, com grande brilhantismo, repropõe essa temática central na Itália. Além disso, a utilização do termo “hegemonia” – mais vago, à primeira vista, que outros - constituía para Gramsci, no período do cárcere, também um elemento de prudência em relação às medidas repressivas ulteriores de seus carcereiros fascistas.”[3] 

 

 

 

É de realçar, ainda, que tal panegírico gramscista não constitui posição isolada de Grisolia, acolhida no seio de Proposta, pois também Bagarolo e Ricci, bem como outros membros dessa secção italiana da Oposição Trotskysta Internacional (OTI), dão provas de uma postura reverencial, supersticiosa e acrítica em face da doutrina e da política de Antonio Gramsci, tal como veremos mais adiante.[4]

 

 

 

Quanto aos grupos e partidos trotskystas, defensores da tese do Capitalismo de Estado(SWP – Tony Cliff), importa observar que o texto mais representativo do elogio gramscista dessa formação política, intitulado Gramsci versus Reformismo, foi redigido por Chris Harman, editor de Socialist Worker e um dos principais dirigentes atuais do Partido Socialista dos Trabalhadores da Grã-Bretanha (SWP – GB).

Nesse texto, argumenta Chris Harman, de maneira plenamente encomiástica e embaralhadora de fatos históricos efetivos :

 

Antonio Gramsci morreu há mais de 40 anos atrás, em 27 de abril de 1937. Sua morte foi provocada por mal-tratamento nos cárceres de Mussolini. Entretanto, em muitos sentidos, desde sua morte, vem sofrendo ainda mais injúrias, devido às distorções de suas idéias por aqueles que nada têm em comum com seus princípios socialistas-revolucionários.

Gramsci foi um profissional revolucionário desde 1916 até a sua morte.

Através desse período, insistiu na necessidade relativa à transformação revolucionária da sociedade através da derrubada do Estado Capitalista.

Foi isso que o colocou como jornalista de várias edições socialistas na linha de frente daqueles que exigiam ação revolucionária do Partido Socialista Italiano, na luta contra o capitalismo e a guerra, nos anos de 1916-1918.

Foi isso que o levou ao centro do movimento dos Conselhos de Fábrica de Turim, em 1919 e 1920.

Foi isso que o conduziu a tomar parte na ruptura com o Partido Socialista reformista, em 1921, a fim de construir um Partido Comunista genuinamente revolucionário.

Foi isso que o levou a assumir a direção do Partido Comunista de 1924 a 1926.

Foi isso, finalmente, que o levou às prisões de Mussolini, onde procurou em forma de anotações – os famosos Cadernos do Cárcere – desenvolver suas próprias idéias acerca da sociedade italiana, estratégia e tática da luta pelo poder de Estado, construção do partido revolucionário, imprensa revolucionária.

Esperava que essas anotações fornecessem algum auxílio a outros que tivessem o mesmo objetivo revolucionário que o seu.

Entretanto, seus escritos têm sido tomados por aqueles que querem converter o marxismo em uma área de estudo acadêmica e não revolucionária. Isso foi tornado possível, inicialmente, pelo Partido Comunista Italiano(PCI).”[5] 

 

 

 

Também David North, dirigente do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CI – QI), Presidente do Conselho Editorial Internacional da Rede Socialista Mundial e Secretário Nacional do Partido Igualitário Socialista (SEP-US), da Austrália e dos EUA, fundou-se decisivamente, em sua palestra intitulada “Marxismo e Sindicatos”, pronunciada em 10 de janeiro de 1998, nas concepções de Gramsci sobre os sindicatos, para desvendar as contradições e insuficiências teóricas das posições de Peter Taaffe, Secretário Geral do Partido Socialista Britânico (Socialist Party- The Militants - GB) e principal dirigente do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CWI – The Militants) sobre o tema, contribuindo, assim, para doutrinar acerca da verdadeira essência dos sindicatos, segundo Gramsci  

Nesse sentido, argumenta North, desde uma perspectiva apaixonadamente trotskysta-gramsciana :     

 

« As tentativa do Sr. Taaffe de decorar sua subserviência à burocracia operária com uma fraseologia radical produz um efeito que é mais cômico do que convincente.

Começa oferecendo uma breve lista dos países em que os diretores sindicais foram envolvidos em traições particularmente monstruosas, perpetradas contra a classe trabalhadora.

Tal como o Chefe de Polícia Louis, em Casablanca, Taaffe revela-se muito profundamente chocado mesmo com a corrupção que constata existir em relação a eles, até mesmo na medida em que subornos políticos da burocracia escorregam para dentro do seu bolso.

O papel dos dirigentes do sindicato sueco – tal como Taaffe nos informa – tem sido “escandaloso”.

O comportamento dos burocratas belgas é “desavergonhado e aberto”.

Os dirigentes iranianos também estão engajados em um „espetáculo escandaloso“ de traição.

Na Grã-Bretanha, Taaffe declara que os trabalhadores “pagaram um pesado preço pela impotência dos dirigentes da ala de direita.”

Também refere, tristemente, a capitulação dos dirigentes sindicais do Brasil, da Grécia e dos EUA.

Mas, no que diz respeito a Taaffe, o problema dos sindicatos envolve, essencialmente, líderes inadequados que sofrem de falsa ideologia : aceitação do mercado capitalista.

As organizações por si mesmas são basicamente sadias.

Com base nessa apreciação subjetiva, Taaffe critica os “pequenos grupos de esquerda”, com o que quer referir as Seções do Comitê Internacional que, fundando-se em Trotsky, insistem que as traições dos sindicatos são a expressão de uma tendência objetivamente fundamental do desenvolvivmento.

Essa análise “unilateral – segundo Taaffe – erra em reconhecer a possibilidade de os líderes sindicais da ala direita, “sob a pressão da base, uma classe trabalhadora sublevada e combativa”, poderem “ser forçados a separar-se do Estado e encabeçar um movimento de oposição da classe trabalhadora.

Portanto, escreve Taaffe, a “principal tendência do próximo período”, na Grã-Bretanha e em outros lugares, será a de os trabalhadores “compelirem os sindicatos a lutar, em seu nome.”

O destino classe trabalhadora depende da “regeneração dos sindicatos”» [6]

 

 

 

E, exultante, conclama David North, em tom professoral de descoberta da pedra filosofal trotskysta-gramsciana :

  

“Posicionando-se sobre a base das relações capitalistas de produção, os sindicatos são, por sua natureza, obrigados a adotar uma atitude essencialmente hostil em relação à classe trabalhadora.

Dirigindo seus esforços para assegurar contratos com empregados que fixam o preço do poder de trabalho e determinam as condições gerais em que a mais-valia será bombeada para fora dos trabalhadores, os sindicatos são obrigados a garantir que seus membros forneçam seu poder de trabalho, de acordo com os termos dos contratos negociados.

Tal como Gramsci observou :

 

“ « O sindicato representa a legalidade e deve velar para que seus membros respeitem a legalidade »”[7]

 

Em vista de tais reflexões gramscistas de David North, efetivamente marcadas por uma lógica conceitual subjetivista-idealista, resulta ser surpreendente o fato de ser possível verificar-se que as publicações northianas do Partido Igualitário Socialista (SEP-US), da Austrália e dos EUA, sustentam o argumento de que o resultado de sua luta rupturista, deflagrada contra as incontáveis e intoleráveis degenerações de Gerry Healy, Mike Banda e Chris Slaughter, teria sido “a cumeeira da longa luta do movimento trotskysta contra o pablismo oportunista, desde a fundação do Comitê Internacional de 1953”.[8]

 

 

Onde David North contempla a degeneração pablista, não avista, absolutamente, a incidência da lógica epistemológica do transcendentalismo metafísico-gramscista na luta de classes da atualidade.

 

No que concerne ao perfil gramscista de Socialismo Rivoluzionario, permito-me remeter o leitor pura e simplesmente à leitura da obra “Direções e Quadros na Construção de SR”, cujo teor já é deveras suficiente para atestar o alastramento do antraz gramsciano também naquela organização declaradamente trotskysta-luxemburguista.[9]

 

 

 

Relativamente a enfermidade gramsciana semeada mormente por Jorge Altamira e Osvaldo Coggiola no seio do Partido Obrero da Argentina, cumpre assinalar, de antemão, que um exemplo categórico desse fenômeno foi a publicação, em julho de 1996, no Nr. 13 da Revista Teórica do Partido Obrero, intitulada En Defensa del Marxismo, de extenso artigo de autoria de um intelectual do PO, de nome Roberto Massari, cujo título é, precisamente, ”Trotsky y Gramsci”.[10]

 

 

Tal artigo de Massari, marcado por sua abordagem de complementaridade coerente entre o gramiscismo e o pensamento de Trotsky, divulgado nos quatros cantos do globo, mediante Internet, com a chancela política do Partido Obrero, surgiu, nessa mesma sede jornalística, ao lado daquele, também de matiz gramscista, de autoria de Pablo Rieznik, aparecido no mesmo número da supra-mencionada revista teórica do Partido Obrero, sob o título ”Los Intelectuales ante la Crisis(sobre la ‘Intelligentsia’ Latinoamericana).[11]

 

 

Em ambos esses artigos - porém sobretudo no de Massari – o Partido Obrero homologou, coniventemente, uma versão comprobatória do intento de compatibilização doutrinária do gramiscismo com o trotskysmo, não esboçando nem mesmo a mais leve disposição crítico-contudente em face da doutrina de Antonio Gramsci.

Nesse clima de laudatória aceitação do gramiscismo, segundo aquilo que o Partido Obrero e a Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta(AMRP) denominam de “trotskysmo ortodoxo”, Aníbal Romero, em algumas páginas a seguir dessa mesma revista teórica, intitulada En Defensa del Marxismo, não poupou vocábulos incendiadores para criticar, despudorada e caudalosamente, as posições de Nahuel Moreno, não alinhadas com o gramscismo,, no quadro do artigo que batizou de ”La Dictatura del Proletariado, según Nahuel Moreno”.[12]

 

 

Em suma : En Defesa del Marxismo de Altamira e Coggiola prostra-se teoricamente diante do suposto revolucionarismo de Gramsci, porém crítica impiedosamente a suposta teratologia teórico-intelectual de Moreno.

Todos esses fatos poderiam ter passado plenamente desapercebidos ou mesmo sem merecerem tão grande atenção por parte da vanguarda trotskysta de todo o mundo – tal como se fossem mais uma das costumeiras deformações marxistas do Partido Obrero, dessa vez no sentido das tendências legitimadoras de seu oportunismo eleiçoeiro através do gramscismo -, caso o “Foro de Debates” do próprio Partido Obrero  – instância organizativamente separada e dotada de importância muito mais secundária em relação a En Defesa del Marxismo - não lançasse, em seu editorial, o convite cortês – naturalmente de índole essencialmente formal e descompromissado -, a todos os ativistas do mundo, interessados em questões do trotskysmo, para colaborarem no intercâmbio de opiniões acerca de seus artigos formalmente publicados, “al modo de lo que seria una habitual sección de ‘Correo de Lectores’”.

Por uma dessas ironias do destino, justamente da Itália, onde a intelectualidade gramsciana alienígena acredita ser o gramiscismo incontestavelmente “hegemônico”, levantou-se a voz incômoda de um militante trotskysta – não essencialmente bordiguista, frize-se de passagem, - chamado Luigi Candreva, que julgou por bem enviar à redação do Partido Obrero um artigo intitulado “Gramsci e la ‘Bolscevizzazione del PCI 1924-1926. Respuesta al Artículo “Trotsky y Gramsci” de Roberto Massari Publicado en el Número 13 de la Revista ‘EN DEFESA DEL MARXISMO ’”.

Na parte introdutória de seu artigo, Candreva escreve, explicitamente :

 

“Querido camaradas, escuche mi pobre espanol.

Yo soy un militante trotskista in Italia y hay tomado hoy (via www.) el numero 13 de EDM con el articulo de Roberto Massari sobre Gramsci.

En quanto estudioso de Gramsci raramente yo hay encuentrado un articulo mas inexacto, anti-scientifico y superficial come ello.

Aqui' encluyo un articulo que yo escribio para el periodico trotskista (mensuel) italiano "Voce operaia" sobre Gramsci, con una valutacion my diferente de ella de Massari.

El articulo es muy breve por rasones de espacio editorial.

Si quieres abrir un debate sobra esta question puede transformarlo en una carta a EDM o yo puedo trabayar sobre un articulo mas longo (ahora yo stoy estudiando para un secundo articulo sobre Gramsci).

Si quiere me contactar, yo compriendo bien el espanol, pero no puedo lo escribir (y hablar), y puedo escribir en Italiano, Ingles y Frances. My mejores saludos comunistas. Luigi. Milano, 2 giugno 1996 (sic).[13]

 

 

 

Naturalmente, o Partido Obrero jamais se interessou em “abrir um debate sobre essa questão”, mesmo depois de Candreva ter qualificado, ostensivamente, o artigo Roberto Massari como “inexacto, anti-científico e superficial”...

Partindo, ele sim, de um posicionamento, em linhas gerais, essencialmente correto - ainda que, sob o ângulo da necessária posição que o trotskysmo deve manter em face de Antonio Gramsci, revela-se doutrinariamente incompleto (observe-se que Candreva faz referência, entretanto, ao fato de que estava trabalhando em um segundo artigo mais longo), o material de Candreva sobre Gramsci, jamais foi publicado nas páginas de En Defesa del Marxismo, tendo permanecido, até o presente momento, relegado a um pequeno espaço do ”Foro de Debates”, apartado e esquecido, ao lado de outros artigos de menor importância polêmico-doutrinária.

Evidentemente, a revista teórica do Partido Obrero teve e tem suas razões para não divulgar, contestar e replicar abertamente, em suas colunas, o artigo de Candreva, formulado em amplo contraste com a conquista do espaço gramsciano, protagonizado e estimulado, de maneira sibilina, por sua redação.

Tal como já destacamos, Altamira não se encontra interessado em denunciar a capitulação, cada vez mais saliente, da direção do Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI) à ideologia gramsciana, assim como não possui qualquer interesse em denuciar o caráter histórico-político do gramscismo em face do trotskysmo, no passado e no presente.

Deixa-o de fazer não apenas em virtude do fato de que os órgãos oficiais do Partido Obrero, i.e. Prensa Obrera e En Defesa del Marxismo, permanecem receptivos, dando acolhimento e publicação, sem a menor crítica política, de Altamira ou de outros quadros dirigentes e mentores intelectuais do Partido Obrero, a artigos de louvores da doutrina gramsciana.      

Com efeito, nesse cenário, é o Professor da Universidade de São Paulo (USP), o historiador trotskysta-gramsciano Osvaldo Coggiola que, exsurgindo como um dos mais espetaculares e insubstituíveis mentores ideológicos do Partido Obrero de Altamira, já se encontra celebrizado por suas tantas e inúmeras malfadadas e espúrias investigações místicas acerca de “Gramsci, o revolucionário italiano”.

É seguro que Osvaldo Coggiola difunde, desavergonhada e descaradamente, entre seus discípulos e por todas as brechas das universidades brasileiras e argentinas, mediante livros e palestras, a enfermidade epistemológica, a peste bubônica político-burocrática, o cheiro repugnante e asqueroso do gramscismo, procurando demonstrar e legitimar, “cientificamente, em sentido histórico”, o fato de que esse surto infeccioso compatibilizar-se-ia de algum modo com e  seria absorvível de alguma maneira pelos posicionamentos “também” revolucionários de Trotsky e todo o legado dos marxistas-revolucionários, bolcheviques-leninistas, tais como os de Sverdlov, por exemplo.

É visível que Coggiola não se enfastia de verter, repetida e renitentemente, rios de tinta acerca de : “Gramsci : História e Revolução. 50 Anos da Morte do Revolucionário Italiano nas Prisões do Fascismo” (eis aí cerca de 10 páginas fastidiosas e inteiramente mal-enfocadas sobre o tema),  “Gramsci : História e Revolução”, (novamente 10 páginas sofrivelmente paridas), “Bolchevismo, Gramsci, Conselhos” (cerca de 200 páginas longas, cansativas, aborrecidas e sonolentas, produzidas em conjunto com o intelectual não menos filisteu trotskysta- gramsciano, de matiz altamirista, Roberto Massari).[14][15][16]        

 

 

Porém, além de tudo isso : cala-se Altamira em face da enfermidade gramsciana precisamente porque a Convenção de Gênova, de 1997, i.e. o projeto de Fundação ou Refundação da IV Internacional, sufragrado pelo Partido Obrero, tem como único e exclusivo sustentáculo vital e sentido existencial sua aliança política estreita com a seção italiana da Oposição Trotskysta Internacional(OTI), i.e. a Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta (AMR-Proposta), encabeçada pelos mais árduos defensores da mitologia gramsciana entre os militantes e ativistas trotskystas de todo mundo : Franco Grisolia, Marco Ferrando e Francesco Ricci.

Como agrupamento do Partido Refundação Comunista da Itália, a AMR-Proposta de Grisolia, Ferrando e Ricci  já defendeu que deve ser implementado o conceito gramsciano de partido, como forma de solução para os problemas pratidários da classe trabalhadora :

 

“ 4.1. Construindo o Partido Refundação Comunista como Fórum Intelectual. Na base da análise prévia, o giro político e estratégico que o IV Congresso proporcionou necessita uma nova concepção de partido e de sua estrutura.

A nova resposta aos problemas do PRC não está na solução do “Partido Comunidade”, i.e. um partido que se proponha enquanto contra-parte à desagregação e ao “deserto exterior”, tornando-se um centro social  para organizações de mútuo, de escolas, de cultura.

O tipo de solução, que não parece muito sensível, não põe o partido na realidade do trabalho, porém arrisca a fortalecer a auto-absorção.

Isso não apenas não rompe o círculo auto-referencial, senão agrava-o na nova forma do sectarismo, erradicação social, destacamento dos movimentos, para vantagem dos democratas de esquerda e sindicatos.

Pelo contrário, é necessário readquirir e renovar o conceito gramsciano de partido enquanto uma convenção intelectual, engajada na luta de classes pela direção entre as massas : um partido que orienta sua cultura política, sua estrutura organizativa e suas funções para a conquista de um projeto anti-capitalista.” [17]

 

 

 

Nesse sentido, Jorge Altamira cumpre um papel nefando quando, reivindicando representar o trotskysmo ortodoxo ou consistente, isento de supostas capitulações ao frente-populismo - tal qual, segundo ele, reputadamente dinamizadas pelo PSTU Brasileiro e pela LIT-QI -, impulsiona um trabalho em comum com a militância de Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta (AMR-Proposta) e da Oposição Trotskysta Internacional(OTI) sem procurar arrancá-la, no quadro de uma disputa política leal e fraternal, do “vale de lama pútrida“, imunizando-a contra os sintomas epidêmicos, produzidos inevitavelmente pela propagação da ideologia gramsciana no âmbito do movimento trotskysta dos dias de hoje.

 

Procurando sedimentar as bases místicas do trotsysmo-gramscista, lançadas pelo Partido Obrero (PO) e pela Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta (AMR-Proposta), cumpriu, mais recentemente, a Manolo Romano e Emilio Albamonte, membros dirigentes do Partido de Trabajadores por el Socialismo (PTS – Fração Trotskysta – Estratégia Internacional) exercer o papel de “intelectuais orgânicos” do projeto absurdamente eclético de complementarização, compatibilização, harmonização, conciliação, solidarização da doutrina materialisticamente histórico-dialética de Trotsky com os derrames cerebrais metafísico-subjetivistas de Gramsci, introduzindo-o na interpretação dos principais eventos de luta dos explorados e oprimidos da América Latina e de todo o mundo.[18]  

 

 

Alegando rechaçar o “dogmatismo sectário”, Manolo Romano e Emilio Albamonte dedicam-se, longamente, à infeliz tentativa de integração dialógica das abordangens teóricas do trotskysmo com as do gramscismo, com vistas a, em particular, desferir cáusticos ataques filistinos e subreptícios contra o pensamento de Nahuel Moreno, procurando justificar, assim, a necessidade de construir-se uma “melhor compreensão do complexo cenário mundial que assumiu forma no período posterior à II Guerra Mundial – o período assim denominado de “Ordem de Yalta”.”[19]

 

 

Nesse sentido, assinalam Romano e Albamonte, expressamente, em seu sugestivo artigo intitulado “Trotsky e Gramsci : Um Diálogo Póstumo”  :

 

 “O dirigente trotskysta, Nahuel Moreno, fundador da corrente de que viemos, tentou tratar dessa situação contraditória (obs.: aborda-se aqui a assim considerada situação de bloqueio da dinâmica da revolução permanente e do congelamento dos eventos revolucionários do após-guerra, no interior de fronteiras nacionais, por força da atuação da burocracia soviética de Moscou) alegando que « a realidade havia-se tornado até mesmo mais trotskysta do que o próprio Trotsky.»

Ele queria dizer que a dinâmica permanente da revolução resultava manifesta no fato de que até mesmo os partidos stalinistas ou movimentos guerrilheiros haviam sido forçados a tomar o poder e expropriar a burguesia, em um grande número de países, devido às pressões dos próprios fatores objetivos.

A revolução tornara-se, assim, «objetivamente socialista».

Já acertamos nossas contas com essa declaração em “Estratégia Internacional Nr. 3”. Nessa sede, dissemos que Moreno estendeu o período excepcional de 1943-1949 para todo o período do após-guerra, transformando-o em uma norma.

Dessa forma, não apenas distorceu os fundamentos da teoria da revolução permanente, senão, pior ainda, também a própria realidade.

Essa nova visão rompeu os vínculos entre as tarefas a serem cumpridas pela revolução, de um lado, e os sujeitos – a classe e o partido – que haveriam de conduzí-las à sua conclusão.

Existem precisamente aspectos da teoria da revolução permanente que não podem ser considerados isoladamente, em relação a outros. Se esse não fosse o caso, o que de bom representou a rejeição da Oposição Internacional de Esquerda ao impulso forçado de Stálin à agricultura coletiva ?

A « tarefa socialista » de abolir a propriedade no interior do país não pode ser assumida em isolação frente aos métodos da revolução proletária. Elas também não podem ser consideradas separadamente em relação à classe que deve cumprir tal tarefa. Trotsky respondeu a esses tipos de argumentos, em seu tempo : « Não apenas o “o quê” é o que importa, mas também contam o “como” e o “quem” faz alguma coisa : se é a burocracia ou os sovietes.” »[20]    

 

 

 

Ora, tendo-se em conta que, segundo Romano e Albamonte, o “dirigente trotskysta” Nahuel Moreno estendeu, indevida e revisionistamente, o período excepcional de 1943-1949 para todo o período do após-guerra, transformando-o em norma, distorcendo, assim, não somente os fundamentos da teoria da revolução permanente, senão, pior ainda, também a própria realidade, decorreria, pois, a imperiosidade de fazer-se alguma coisa contra isso : i.e. corrigir-se Moreno, com o que obter-se-ia uma mais perfeita compreensão do período do após-guerra.[21]

 

 

Como, porém, Romano e Albamonte candidatam-se à execução desse mister ?

A resposta é-nos fornecida, de bom grado, pelos próprios dirigentes trotskystas-gramscianos Romano e Albamonte, ao aconselharem toda a vanguarda dos lutadores proletários revolucionários a precisamente atentar para o seguinte :

 

“Não somos, de nenhuma forma, os primeiros a tentar sacar um paralelo crítico entre os pensamentos de Trotsky e os de Gramsci.

Perry Anderson, partindo do ponto de vista do marxismo acadêmico, abriu um debate acerca das ambigüidades registradas no conceito chave de hegemonia, postulado por Gramsci. Esse foi um trabalho pioneiro, em que as concepções de Trotsky foram tratadas. Porém os trotskystas falharam, lamentavelmente, em elaborar sobre esse tema.

O principal impulso de nossa abordagem é o de tratar ambos os sistemas teóricos considerados em seu conjunto, constrastando seus conceitos particulares em processo, i.e. o conceito de equilíbrio capitalista e a teoria da revolução permanente no caso de Trotsky; a relação entre guerra de posição e guerra de manobra de Gramsci, bem como os usos de sua noção de revolução passiva.

Essa última, acreditamos, tem sida sobretudo subestimada pelos marxistas revolucionários.

O primeiro resultado de contrastar-se essas perspectivas teóricas é a emergência de novos conceitos, enquanto outros ganham em riqueza dialética, permitindo uma melhor compreensão do complexo cenário mundial que assumiu forma no período posterior à II Guerra Mundial – o período assim denominado de a “Ordem de Yalta”.”[22]             

 

 

 

Eis o resultado primordial dos intentos de Romano e Albamonte, contidos em seus trabalhos dedicados a Trotsky e Gramsci, voltados a abordar ambos os sistemas teóricos em pauta e a constrastar seus conceitos particulares em processo, i.e. as análises de Trotsky sobre o equilíbrio capitalista e a revolução permanente em face dos conceitos de Gramsci de guerra de posição - guerra de manobra e de revolução passiva: mediante essa operação intelectual de matiz ostensivamente eclética seria possível obter-se “novos conceitos, enquanto outros ganham em riqueza dialética.”

Por ocasião de sua ruptura com a Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), em fins dos anos 80, Romano e sua corrente política declaravam ser imprescindível seguir novos caminhos, delimitando-se do movimento trotskysta do qual procediam, como forma de poder retomar “o método e a teoria de Trotsky”.

Assim, ainda em 1993, o hoje dirigente eclético trotskysta-gramsciano, Romano, assinalava, expressamente, o seguinte :

 

“É por isso que toda a possível regeneração revolucionária da LIT (e de suas secções) só pode surgir de uma volta, sem titubeios, às bases teóricas e ao método, concebidos pelo fundador da IV Internacional.”[23] 

 

 

 

Presentemente, é possível depreender que Romano pretendia efetivamente defender, à época, não propriamente “uma volta, sem titubeios, às bases teóricas e ao método, concebidos pelo fundador da IV Internacional, Trotsky” mas sim um retorno àqueles postulados, burilados pelo sagaz venerador das políticas e dos métodos do stalinismo, Gramsci.

Se os leitores ainda prosseguirem com suas dúvidas acerca das maravilhas ideológicas, obtidas pela aliança eclética Trotsky e Gramsci, promovida por Romano e Albamonte, cabe destacar que esses dois trotskystas gramscianos  brindaram-nos, ainda, com um trabalho adicional, intitulado “Trotsky e Gramsci. Revolução Permanente e Guerra de Posição. A Teoria da Revolução em Gramsci e Trotsky”, no qual pretendem conciliar, desveladamente, fundamentos lógicos do materialismo histórico-dialético com axiomas supersticiosos do curandeirismo idealista-subjetivista gramsciano, visando a obterem “novos conceitos, enquanto outros ganham em riqueza dialética.”[24]

 

 

 

A essa cruzada do “Bloco Histórico Trotskysta-Gramsciano”, encabeçada pelos mentores ideológicos do Partido Obrero e do Partido de Trabalhadores por el Socialismo (PTS – Fração Trotskysta – Estratégia Internacional) – coadjuvada por Convergencia Socialista (CS) e pelo Movimiento Socialista de los Trabahadores (MST) - soma-se ainda, escolasticamente, o Movimento ao Socialismo (MAS).

Essa última organização decidiu-se a difundir, ostensiva e diretamente, escolástica e acriticamente, em seus “Cuadernos de Formación”, textos decisivos do “Lenin do Ocidente”, dedicados à temática “Estado e Socialismo” e à questão da “Necessidade de uma Preparação Ideológica das Massas”.[25]    

 

 

 

No que concerne ao comparecimento e ao porte do trotskysmo gramscista lamentavelmente também no interior das fileiras do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU do Brasil), cuja difusão faz-se, presentemente, de modo ainda periférico e fragmentário e, ditosamente, não de maneira diretiva e preponderante, - apesar de ganhar espaços a cada dia, com base no método gramscista da Guerra de Posição ou de Assédio, a qual pode ser magnificamente sintetizada no provérbio Gutta cavat lapidem non vi sed saepe cadendo, tantas vezes referido por Giordano Bruno, traduzido, no vernáculo, mais comumente com o brocardo “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” -, limito-me a remeter o leitor, em primeiro lugar, à vastíssima página de Internet do Professor da Universidade de Campinas e Metodista de São Paulo, membro do conselho editorial e secretário de redação da Revista Outubro, Álvaro Bianchi.

Tal página de Bianchi, intitulada Politikon, fala por si mesma acerca das tendências e das inclinações especulativas desse pensador brasileiro, empenhado em veicular não somente suposta complementaridade eclético-intelectual, existente entre Trotsky e Gramsci, senão também suas próprias considerações principais, inequivocamente sufragadoras do gramiscismo epitemologicamente subjetivista-apriorístico e frontalmente avessas ao materialismo histórico-dialético de Marx e Engels.

À guisa de prova, permito-me remeter o leitor ao estudo, exempli gratia, do texto “Hegemonia em Construção” de Bianchi e do seu mais recente grito de guerra de “Retorno a Gramsci”, i.e. uma apologia “reflexiva e crítica” que, poupando o leitor de tantos argumentos ecléticos vazios, não se prolonga mais do que ao longo de duas páginas repletas de letras e sentenças, revivificadoras do non sense gramsciano.[26]

 

 

A Revista Outubro, dirigida por Álvaro Bianchi adota como título um nome inquestionavelmente imponente, diretamente associado à herança proletário-revolucionária gerada pelo Outubro Vermelho, dirigido por Lenin, Trotsky, Sverdlov e por muitos outros bolcheviques que consagraram suas vidas através da edificação, em Outubro de 1917, de uma autêntica Ditadura Revolucionária do Proletariado, rigorosamente estruturada sobre os fundamentos mais essenciais da doutrina dialética histórico-materialista de Marx e Engels.

Destacando que o grande mérito histórico de Marx e Engels foi o de terem indicado aos trabalhadores de todo o mundo sua tarefa de serem os primeiros a levantarem-se na luta revolucionária contra o capital e reunirem, em torno de si, nessa luta, todo o povo trabalhador e explorado, Lenin foi capaz de retomar a questão da hegemonia do proletariado, desde um ângulo dialético-materista, situando-se, assim, em diametral oposição ao que viria a ser a versão idealista-subjetivista da hegemonia de Gramsci, para quem a estratégia revolucionária do “ataque frontal”, da “guerra de movimento” do proletariado revolucionário, subsistiria apenas “até quando se trate de conquistar posições não decisivas, não sendo, pois, mobilizados todos os recursos da hegemonia do Estado.”[27]

 

 

Com efeito, na história da humanidade de todos os tempos, a Grande Revolução Russa de Outubro de 1917, enquanto prólogo da revolução socialista mundial, tornou-se o marco real e triunfante de maior relevância na longa luta de classes internacionalista, travada pelos trabalhadores e todos os seus aliados oprimidos por Pão, Paz e Terra, rumo à edificação de um novo mundo : um mundo sem fronteiras, autenticamente humanizado, imune a todas as formas de exploração do homem pelo homem e de nações por nações, livre de toda a opressão dos Estados e das dilacerações sociais sangrentas, emergentes das sociedades cindidas em classes irrenconciliavelmente hostis.

Entretanto, apesar de seu nome eminentemente sedutor, não se extrai, quase nunca, da Revista Outubro em referência contribuições que apontem para a necessidade de retomada inadiável do legado de luta dos bolcheviques, encabeçados por Lenin, senão, maximamente, elaborações intelectuais das mais diversas procedências ecléticas que tendem essencialmente à difusão e consolidação do gramscismo meta-marxista e de toda sua « tradição », fundada gnosiologicamente no subjetivismo idealista, inteiramente avesso à dialética histórico-materialista de Marx e Engels, Lenin e Trotsky.

Permanecendo como porta voz ideológico do gramscismo, a Revista Outubro haveria de adotar um outro título que bem mais correspondesse às suas aspirações histórico-epistemológicas.   

Mesmo porque não passou pela cabeça de nenhum revolucionário bolchevique ou mesmo – antes do VI Congresso de Unificação do POSDR (Bolchevique), ocorrido entre 26 de julho e 3 de agosto de 1917 – não transitou na mente de nenhum militante do Comitê Interdistrital de Petrogrado, encabeçado por Trotsky e Lunatcharsky, Iurenev e Volodarsky – defender a idéia de que lutavam, com o fito de deflagar “A Revolução contra o Capital”, i.e. contra o Capital de Karl Marx, por acreditarem, como o faz declaradamente Gramsci, que “os cânones do materialismo histórico não são assim tão férreos como se poderia pensar e se pensou”, na medida em que Marx se havia contaminado com incrustrações positivistas e naturalistas.“ [28]

 

 

 

Procedendo desse modo, a Revista Outubro não se dedica à abordagem do Outubro, pois que não se dispõe a tratar do Outubro – ainda que o pudesse fazer, se se valesse de artigos vertidos da pena de inúmeros trotskystas revolucionários que vicejaram e vicejam seja no Brasil seja em todo mundo - : dispõe-se a tratar das leituras gramscianas e gramsciófilas, i.e. das supostas incrustrações, dos alegados entalhamentos, das presumidas tauxias, das imaginárias ensambladuras “positivas e naturalistas” contidas na obra de Marx, já que “os cânones do materialismo histórico não são assim tão férreos como se poderia pensar e se pensou ...”(sic)

Na base de uma suposta defesa da mais ampla liberdade de consciência filosófica e religiosa, fundada na parêmia De gustibus et coloribus non est disputandum, a Revista Outubro de Álvaro Bianchi e colaboradores procura servir de trampolim conseqüente e sistemático à publicação, sem críticas e sem restrições, de artigos dos maiores diretores espirituais do mandelismo, dirigentes supremos do Secretariado Internacional da Quarta Internacional (SU – QI) – sustentadores diretos ou indiretos no Brasil seja, por um lado, da Frente Popular, encabeçada por Lula e integrada pelo Ministro do (contra) o Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto (SU – QI), seja, por outro lado, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), como Michael Löwy e Daniel Bensaïd, remixes do incorrígivel franco-maoísta Louis Althusser – outrora contudentemente e à saciedade criticado por Nahuel Moreno –, análises de “luxemburguistas” no estilo de Ricardo Antunes, convicto protagonista do gramscismo ideológico, propalado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) [29][30][31][32].

 

 

Mais do que isso : a Revista Outubro dedica-se também à publicação de ensaios muito “profundos e abrangentes” acerca da seguinte temática :

 

“Gramsci, mais um antitrotskista ?”[33]

 

 

 

Diante do corpo de articulistas supra-citados que configuram o ecletismo gnoseológico patente da Revista Outubro de Álvaro Bianchi, adivinhe o leitor dessas linhas, se puder – mesmo sem ter jamais lido o ensaio cujo título ficou acima referido -, qual seja a resposta conferida por Bianchi e Sena à desafiadora indagação formulada insinuadamente :

 

“Gramsci, mais um antitrotskista ?”

 

Evidentemente que não, não, não, quatro vezes não : Gramsci não foi um antitrotkista, apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... Gramsci ter enaltecido, escancaradamente, Stalin enquanto “o Grande Teórico Mais Recente” em matéria de “internacionalismo e política nacional”,  apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... Gramsci declarar que a teoria da Revolução Permanente de Trotsky nada mais é senão uma “tentativa de estupro de uma menina de 4 (quatro), 4 (quatro), 4 (quatro), 4 (quatro)  anos”,  apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... Gramsci opor-se, abertamente, à concepção de Revolução Permanente de Trotsky, na medida em que defendeu ser inteiramente correto compará-la, vulgarmente, com a teoria dos “sindicalistas franceses sobre a greve geral e, também, parcialmente, com a teoria do espontaneísmo de Rosa Luxemburgo (sic)”, apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ...[34]   

 

 

Apesar de tudo isso, Gramsci não foi um antitrotskysta !, apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... poder ter tido algumas diferenças políticas em relação a Trotsky, evidentemente de dimensão “irrelevante”.

Imaginemos, porém, por um instante, se Gramsci tivesse sido um antitrotskysta.

Que pérolas não verteriam de sua pena para atacar a Revolução Permanente de Trotsky e prantear o “Grande Teórico Mais Recente, em Matéria de Internacionalismo e Política Nacional”, Iossif Vissarianovitch Djugaschvili Stalin !

Se acompanharmos as próximas edições da Revista Outubro de Álvaro Bianchi,  verificaremos que, em breve, poderão ser lançados os seguintes ensaios, ainda mais cativantes :

 

“Gramsci, mais um antiluxemburguista?”

 

“Gramsci, mais um antiliebknechtiano?

 

“Gramsci, mais um antiengelsiano?”

 

“Gramsci, mais um antimarxista?”

 

Em todos esses casos, a resposta será não, não, não, 4 (quatro) vezes não !, apesar de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ...

E as comoções cerebrinas de Gramsci e do gramiscismo das Universidades Burguesas latinae linguae continuarão a ser vendidas, em massa, aos consumidores desgraçadamente pouco informados, a título de ... “Outubro” (!)

Não se surpreenda o leitor, se os articulistas desses artigos vindouros forem até mesmo os seguintes expoentes internacionais do mundo gramsciano-meta-marxista e do atual mandelismo gramscista do Secretariado Unificado da Quarta Internacional (SU-QI)  :

 

·      Daniel Bensaïd ; 

·      Jacques Bidet ; 

·      François Chesnais ;  

·      Domenico Losurdo.   

 

Com efeito, os quatro mosqueteiros mundialmente renomados do gramscismo meta-marxista estarão no Brasil, de 8 a 11 de novembro de 2005, adivinhem onde e para palestrarem sobre o quê, a convite de quem?

Se a resposta do leitor à pergunta acerca do “onde” foi : Universidade de Campinas, em São Paulo, a resposta está certa.

Se a resposta do leitor à pergunta sobre o “para palestrarem sobre o quê” foi : sobre a obra de Karl Marx e Friedrich Engels, acertou novamente.

Se a resposta do leitor à pergunta acerca do “convite de quem” foi : Revista Outubro de Álvaro Bianchi, acertou apenas de modo parcial.

Pois, o evento para o qual forão convidados Bensaïd, Bidet, Chesnais, Losurdo, todos eles meta-marxistas gramscianos ou sinceros colaboradores desses, intitulado, enquanto chamariz, 4° Colóquio Marx e Engels, foi organizado pelo Centro de Estudos Marxistas (CEMARX) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, cujos professores ativos são todos gramscianos ou gramsciófilos, tais quais João Quartim de Moraes, ideólogo do neo-stalinilismo do PCdoB frente-populista, Armando Boito Jr., epígono do neo-stalinismo de Quartim de Moraes e do PCdoB frente-populista e prócere do stalinismo maoísta-brasileiro, Augusto Buonicore, epígono do neo-stalinismo de Quartim de Moraes e de Armando Boito Jr. e mentor ideológico do  PCdoB frente-populista, e Álvaro Bianchi, o editor trotskysta- gramsciano da Revista Outubro.         

Essa fraternidade eclética há de nos falar logo de quem ..., logo de quem ..., logo de quem ..., logo de quem ... :  de Karl Marx e Friedrich Engels !

Perante os professores neo-stalinistas-gramscianos, stalinistas-maoístas-gramscianos e trotskystas-gramscianos, o próprio Marx responderia, certamente, com suas palavras de odi profanum vulgus et arceo, favete linguis, i.e. odeio o vulgo ordinário e afasto-o, favorecei-me, pois, com a língua, calando-vos[35]  :

 

 

 

“ Abgesehen davon, gefällt mir sehr die öffentliche, authentische Isolation, worin wir zwei, Du und ich, uns jetzt befinden.

Sie entpricht ganz unsrer Stellung und unsern Prinzipien.

Das System wechselseitiger Concessionen, aus Anstand geduldeter Halbheiten und die Pflicht vor dem Publicum seinen Theil Lächerlichkeit in der Parthei mit all diesen Eseln zu nehmen, das hat jetz aufgehört.”   

 

No vernáculo :

 

“ À parte isso, agrada-me muito essa isolação pública e autêntica, na qual nós dois, tu (Engels) e eu, encontramo-nos atualmente.

Ela corresponde inteiramente ao nosso posicionamento e aos nossos princípios.

O sistema de concessões recíprocas, de respeito a medianidades toleradas e o dever de assumir diante do público sua parte de ridículo, no Partido com todos esses burros, isso agora deixou de existir.”[36]

 

 

 

Eis aí o De cujus sucessione agitur sobre quem desejam falar os meta-marxistas gramscianos, os neo-stalinistas gramscianos, stalinistas-maoístas gramscianos e os trotskystas gramscianos que também serão expositores no 4° Colóquio Marx e Engels, organizado pelo Centro de Estudos Marxistas (CEMARX) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.

Todos esses intelectuais – a maioria deles professores universitários - entendem ser o marxismo aquilo que eles mesmos apreciam ler no marxismo, na medida em que agem rigorosamente segundo a lógica da gnoma Quod volumus, facile credemus, i.e. aquilo que queremos, acreditamo-lo facilmente.

Agindo, desse modo, o gramscismo cuja natureza essencial é o meta-marxismo transforma a  ciência do socialismo ou o socialismo científico de Marx e Engels em uma ciência alegórica : melhor dito em uma αλληγορία (alegoria), i.e. uma ficção meta-marxista, composta por uma série de metáforas que tratam do marxismo, dando a idéia de outra coisa, nele não expressada : por isso, άλλος (outro), αγορεύειν (dizer).   

O gramscismo não procede examinando o marxismo, com vistas a dele extrair resultados dialético-revolucionários, tal como um guia para a ação (Anleitung zum Handeln), orientação para o agir, instrução para a prática, não de colaboração de classes - no estilo stalinista, stalinista-gramsciano ou gramsciano-meta-marxista - , mas de organização, mobilização e luta permanente, independente e implacável das mais amplas massas revolucionárias, sob a direção hegemônica do proletariado, em busca da construção de uma humanidade socializada ou ainda de uma sociedade humanizada, senão procede reconstruindo-o de modo idealista-subjetivo, segundo os interesses e as conveniências particulares do gramscista meta-marxista em causa, sejam aqueles velados ou ostensivos.[37]

 

 

O modus agendi et faciendi, o método do socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista, por usurpar a dialética de Marx e Engels, não se desenvolve, gnosiologicamente, por meio de tese (θέσις), antítese (αντιθέσις) e síntese (σινθέσις), fundadas em sentido histórico-materialista.

Pelo contrário, dedica-se interminavelmente à produção alegórica de hipó-teses (ιποθέσις), pró-teses(προθέσις) e diá-teses (διαθέσις), i.e. ocupa-se, em um primeiro passo, com suposições admissíveis sobre o sentido e significado das concepções de Marx e Engels, tornando-as carentes, porém, de toda comprovação, em um segundo passo, com substituições artificiais do sentido e significado das concepções de Marx e Engels o que leva a que adrede decaia e, em um terceiro passo, com firmes disposições de reconstrução ordenatória idealista-subjetivista, promovida por meio de suas próprias operações intelectuais arbitrárias, dos elementos múltiplos, fornecidos pela dialética histórico-materialista de Marx e Engels.

Fundado nesse método de proceder, o socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista – ao invés de científico – perpetra diversos equívocos não apenas de compreensão do significado literário das concepções e princípios, método e lógica, propugnados por Karl Marx e Friedrich Engels, senão ainda, inevitavelmente, quando aplicado à direta análise dos fatos que permeiam a realidade corrente da luta de classes e às respectivas medidas estratéticas e táticas revolucionárias a serem adotadas, produz distorções, deformações, acomodações, sectárias e oportunistas, que, em princípio, poderiam não ser tão graves, se porventura houvesse disposição e consciência para corrigí-las prontamente e no mais rápido espaço de tempo, em conformidade com o modo de enfoque e de transformação materialista histórico-dialético do mundo.

Errare humanum est, perservare autem ...

Impulsionado pelo gramiscismo meta-marxista de nossos dias, verifica-se o surgimento do socialismo alegórico, cuja essência reduz-se a referências feitas a pensamentos, obras, cartas, discursos, documentos de Marx e Engels, para, a seguir, fornecer um sentido e um significado essencialmente subjetivo e distinto, particular e estranho, alheio e recôndito, alienado e alienante daquilo que Marx e Engels quiseram efetivamente expressar.

Vejamos, por um minuto, a gênese e a natureza do socialismo alegórico, cuja força propulsora decisiva de nossos dias é o gramscismo meta-marxista.   

O filistinismo do “livre pensar” é o pai da ideologia essencialmente stalinista-meta-marxista de Gramsci que gerou os neo-stalinistas gramscianos-reciclados, dos quais nasceram os stalinistas-maoístas-gramscianos que procriaram os meta-marxistas gramscianos que são os genitores dos trotskystas-gramscianos e gramsciófilos que, finalmente, unius sunt substantiae et virtutis ac potestatis, i.e. são de uma única substância, força e poder, conformadora do socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista de nosso corrente século XXI.

Apoiando-se nos fundamentos do socialismo científico de Marx e Engels, o socialismo alegórico pretende daquele retirar a legitimação para as suas próprias elocubrações figuradas, enigmáticas, embrulhonas e falsas, formuladas com base no seguinte epifonema :

 

“Nullius addictus jurare in verba magistri,

Não estando obrigado a jurar pelas palavras de mestre algum,

 

quo me cunque rapit tempestas,

para onde me arrasta a tempestade

 

defereor hospes.

deixo-me levar de bom grado.”[38]   

 

 

 

Se, outrora, as lutas de emancipação do proletariado internacional e seu produto mais legítimo e avançado, i.e. o socialismo científico de Marx e Engels,  foi capaz de reconhecer e lutar, em todos os domínios, contra os resultados, ostensivos e velados, das concepções, lógica e metodologia de trabalho dos assim denominados “socialismo utópico”, “socialismo religioso-cristão”, “socialismo dos juristas”, “socialismo de cátedra” et caetera, nosso corrente século coloca-nos diante da tarefa de, estribando-nos – ainda que como modestos pigmeus – sobre o terreno do socialismo científico de Marx e Engels, combatermos as formulações, a epistemologia e o modus agendi et faciendi do socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista, expressão do moderno ecletismo intelectual dito marxista que enferma a luta de emancipação do proletariado e que possui como elemento central de refundição, refinamento, reciclagem e retratamento, o gramscismo,  novo freio ideológico de matiz originariamente stalinista, destinado a impedir que a eclosão de processos efetivamente proletário-internacionalistas, inspirados por posições marxistas revolucionárias, i.e. leninistas-trotskystas, conduzam à consolidação da Ditadura Revolucionária do Proletariado, incorporadora da mais ampla Soberania proletária, enquanto forma de transição para uma sociedade sem classes e sem Estado.

Em vista da imensa importância da genial e originalíssima doutrina de Marx e Engels para as lutas das amplas massas exploradas e confrangidas, em razão das produções de Marx e Engels constituirem um arcabouço de concepções indeléveis,  profundamente abrangente, procura o socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista erigir enquanto seu método de trabalho o procedimento de referir-se, sempre à distância e esporadicamente, a Marx e Engels – folheando, ocasionalmente, até mesmo suas obras, citando, às vezes, até mesmo pedacinhos dela -, a fim de atribuir um sentido e um significado inteiramente distorcido, surpreendente, e, por isso mesmo, não apenas falso, mas antes de tudo embusteiro, enganador, sedutor (no dizer de Engels : befremdend) àquilo que foi efetivamente preconizado pelos fundadores do socialismo científico.

O socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista tão cultivado pelos rabinos neo-stalinistas-gramscianos, stalinistas-maoístas-gramscianos, trotskystas-gramscianos, trotskystas-gramsciófilos et reliqua agem tal qual o faz um mal intérprete de um idioma que o considera covinctamente como sendo naturalmente seu, ao construir, criar, elaborar um sentido aproximado, figurado e aparentemente evidente de uma determinada proposição lançada por Marx e Engels.

P.ex.: admitindo-se que um meta-marxista gramsciano – seja ele da vertente eclética que lhe aprouver, i.e. neo-stalinista gramsciano, stalinista-maoísta gramsciano ou mesmo trotskysta gramsciano ou trotskysta gramsciófilo, porém sempre defensor do pensamento de Gramsci enquanto leitura retratada, refinada, reciclada, idealista-subjetiva de tudo aquilo que Marx ou mesmo Engels ou mesmo Lenin ou mesmo Trotsky produziram – encontrasse, hipoteticamente, em algum texto desses pensadores a seguinte sentença :

 

“Cor quo vado ?”

 

Diria, sem grande meditação, em tom inquestionavelmente alegórico, usando de sua mais ampla liberdade de consciência, em defesa de um suposto “marxismo critativo” :

 

“Essa sentença quer dizer « exatamente » que Marx tinha conhecimento não apenas do Brasil e do Rio de Janeiro, mas também que ouvira falar do Corcovado, se é que lá mesmo não esteve !”

 

Posicionado diante da conhecida expressão :

 

“Nomen est omen !”

 

Não tituberaria o meta-marxista gramsciano em formular, de modo inovador, a seguinte pró-tese :

 

“Eis aí que o nome é o homem, i.e. a simples menção do nome de Marx concede-lhe perante auditórios repletos todos os louros que seus ensinamentos merecem.”

 

Se deparasse, então, com a sentença :

 

“Caritas in omnibus.”

 

Diria o meta-marxista gramsciano, criativa e alegoricamente, em tom trocista, arrancando até mesmo a concordância de incautos auditórios inteiros :

   

“Certo! Com toda a sua monumental compreensão das relações sociais circunjacentes, Marx queria, na realidade, nos alertar, em tom de previsão, para o fato de que está caro nos ônibus, a despeito do fato de que, na época de Marx, não existisse, como sabemos, ônibus algum.”   

 

Entrevendo a mensagem :

 

“De motu proprio.”

 

O intelectual meta-marxista gramsciano, fundando-se no axioma de que cada um dever escolher livremente no que acredita, diria  :

 

“Aqui, Marx pretende dizer que certamente cada qual deve ir com sua moto própria. 

 

Se avistasse, a seguir, a sentença :

 

“No vi oras.”

 

Segunda a mesma lógica, afirmaria o meta-marxista gramsciano, figurativamente, recorrendo a toda sua concepção de liberdade no “marxismo criativo”  :

 

“Bem. Eram, efetivamente, nove horas, quando Marx redigiu essas linhas, pois, em outra passagem, afirma, ao dirigir-se a Engels, «iterum crispinus»![39]

 

 

 

Confrontado com a pergunta  :

 

“Maria, an tu nes ?”

 

O meta-marxista gramsciano não titubearia em criar marxisticamente, alegorizar, no terreno da obra de Marx e Engels, dar asas ao seu espírito amplamente livre e desbragadamente autônomo, proclamando :

 

“Aqui, Marx remete-nos « exatamente » ao estudo de Maria Antunes, mãe da grande protagonista da Revolução Farroupilha da qual ele certamente deve ter tomado ciência por meio de Giuseppe Garibaldi  !”

 

Assaltado pela sentença :

 

“Tua neta Maria rosa.”

 

O professor do meta-marxismo gramsciano esclareceria, alegoricamente, demonstrando seu infinito conhecimento da história de todos os tempos  :

 

“Aqui, já se trata de algo inteiramente distinto. Marx pretende dizer « exatamente » que ... que ... que ... que ... alguém se dirigia a avó de Maria, a Louca – “Maria, la Pazza” -, mulher guerreira, que sempre levava uma rosa consigo. Ela foi descrita magistralmente pelo escritor italiano Francesco Petrarca.

     

No mesmo passo, o meta-marxismo gramsciano – sempre muito adepto do “marxismo criativo” – surpreender-se-ia se tomasse conhecimento de fórmulas imprecatórias, formuladas por Marx, e acharia melhor, por cautela, não alegorizar meta-marxisticamente em casos semelhantes aos seguintes, reputadamente difamatórios e insultosos :

 

“Tua mater mala est burra !”

 

“Mando navem prora puppique carente !”

 

“Pica fodet conum !”

 

“... et quisbundam aliis !”

 

“Da mihi tua buceta dicta baccho !”

 

“Quod abundat non nocet !”

 

“Omnibus rebus cognitis !”

 

„Nihil est miserum nisi cum putes.“

 

Por sua origem essencialmente acadêmico-professoral, imersa em ambiente de Universidades do Estado Burguês, o gramscismo meta-marxista prefere dedicar-se às coisas mais orgânicas, intelectuais e especulativas, procurando revelar em Marx o sentido mais profundo de seus estudos histórico-analíticos, tal como Gramsci o fez ao redigir seu lendário “A Revolução contra o Capital” - segundo Gramsci : “Revolução contra o Capital de Karl Marx”, pois ..., pois ..., pois ..., pois ... “os bocheviques renegam Karl Marx”, afirmando que “os cânones do materialismo histórico não são assim tão férreos como se poderia pensar e se pensou”, na medida em que Marx se havia contaminado com incrustrações positivistas e naturalistas.“ [40]

 

 

 

“Hannibal ante portas !”

 

Na alegoria linguística dos gramscianos meta-marxistas :

    

“Aníbal que antes foi porteiro !”

 

E, então :

 

“Libertas quae sera tamen respexit inertem !”

 

Meta-marxisticamente, na dicção dos gramscianos dos mais diversos matizes há de soar de modo parecido com :      

 

“Liberta, que serás também, respeitando a inércia !”

 

Ou ainda :

 

“Ruere in servitium.”

 

Na diátese gramisciana meta-marxista, constituida por meio de hipótese e prótese  :

 

“Ruir no serviço.“

 

Com efeito, Marx, Engels, Lenin e mesmo Trotsky que nos refere entusiastamente a obra de Juvenal – muito utilizaram a língua latina, seja em pequenas dimensões – referindo-nos brilhantes epifonemas -, seja em ensaios mais largos, demonstrando que sabiam, efetivamente, com que importantíssimo instrumento cultural estavam manejando.

Assim, não se trataria de um caso fantástico se um gramsciano meta-marxista qualquer, confrontado com um parágrafo de História da Antigüidade como esse :

 

“Omnibus completis, Caesar, summa diligentia, fuit profectus Romam.”

 

formulasse a seguinte alegoria :

 

“Aqui, Marx que dizer « exatamente » que : estando os ônibus completos, César subiu na diligência, i.e. na carruagem, e foi prefeito de Roma.”

 

Suponha, agora, o leitor, por um breve lapso de tempo, qual não há de ser  a alegoria produzida pelo meta-marxismo dos gramscianos e gramsciófilos ejusdem farinae, exercitados no domínio do “marxismo criativo”, quando passam a se ocupar efetivamente das lições acuradamente redigidas por Marx e Engels, Lenin e Trotsky !

Vejamos um exemplo concreto sobre o que aqui versamos :

Marx expressou, efetivamente, a seguinte importantíssima noção sobre o exercício da hegemonia no contexto do Principado de Augusto e do Estado Romano, ao redigir em língua latina o seguinte :

 

“Sed omnino et Romana civitate, quam singulis Augustus praebuit, et armis, quae duces periti gessere, et inimicitia, inter eos ipsos excitata, multuorum Germaniae populorum vis frangebatur.”[41]

 

Em sentido meta-marxista-gramsciano, i.e. no quadro do “marxismo do além mundo”,  no âmbito do “marxismo criativo”, praticado pelos próceres espirituais do gramscismo ejusdem furfuris, haveria de emergir todo o parágrafo linguístico-declaratório em tela, da seguinte forma  :

 

“Como sabemos, Marx escreve certo por linhas tortas, quando se refere a questões históricas  ...

No texto em destaque, Marx quer dizer « exatamente » que : a sêde, o menino e a cidade romana que, de modo singular, Augusto meteu em pré-ebulição, e as armas que os doces peritos engessaram, e a inimizade entre os pisos, excitou muito tumultos germanos populares, de modo vil flagelados. “

 

 

Consultar a Segunda Parte - Continuação do Capítulo III

 

 

EDITORA DA ESCOLA DE AGITADORES E INSTRUTORES

“UNIVERSIDADE COMUNISTA REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”

PARA A FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIREÇÃO MARXISTA-REVOLUCIONÁRIA

DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS OPRIMIDOS

MOSCOU – BUENOS AIRES - SÃO PAULO – PARIS

 

 

 

 



[1] Cf. BUONICORE, AUGUSTO C. Gramsci, Lenin e a Questão da Hegemonia, in: Rebelion. Periódico Electrónico de Información Alternativa, 12 de Abril de 2003.

[2] Cf. IDEM. ibidem.

[3] Vide GRISOLIA, FRANCO. La Natura ed il Ruolo del Partito Leninista(A Natureza e o Papel do Partido Leninista), in : Ottobre 1917. L’Assalto al Cielo : La Rivoluzione Russa e le Sue Prospettive Internazionali (Outubro de 1917. O Assalto ao Céu : A Revolução Russa e Suas Perspectivas Internacionais), in: I Dossier di Proposta, 30 maggio 1999.

[4] Quanto à defesa da concepção gramsciana de partido por Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta(AMRP), vide GRISOLIA, FRANCO / FERRANDO, MARCO / RICCI, FRANCESCO. Communist Refoundation Party. For a Communist Project. Congress Document. 4Th National Congress of PRC, in : International Trotskyst Oppositon Site, http://www. gn.apc.org/ito/ito. html,  21 de Março de 1999.

[5] HARMAN, CHRIS. Gramsci versus Reformismus. A Socialist Workers Party Pamphlet, London : Socialist Workers Party, 1 ed. 1977, 2e. ed. 1983, 3ed. 1986, pp. 5 e s.; IDEM. ibidem, in : Sozialismus von Unten, http://www. sozialismus-von-unten.de /archiv/text/ gramsci_harman.htm

[6] Cf. NORTH, DAVID. Marxism and the Trade Unions, International Summer School on Marxism and the Fundamental Problems of the 20th Century, Sydney : Socialist Equality Party, 10 de Janeiro de 1998.   

[7] Cf. IDEM. ibidem.

[8] Acerca do tema, vide ARBEITERPRESSE VERLAG. Die imperialistische Weltkrise und die Aufgaben der IV Internationale. Perspektiven des Internationalen Komitees der IV Internationale (A Crise Imperialista Mundial e as Tarefas da IV Internacional. Perspectivas do Comitê Internacional da IV Internacional)(8 de Agosto de 1988), Essen, Outubro de 1988, p. 22. 

[9] Nesse sentido, vide, sobretudo, SOCIALISMO RIVOLUZIONARIO. Direzione e Quadri nella Costruzione di Sr. Quaderni di Formazione Marxista Rivoluzionaria, Firenze, Dezembro de 1992, pp. 15 e s.

[10] Acerca do tema, vide MASSARI, ROBERTO. Trotsky y Gramsci in : En Defensa del Marxismo. Revista Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de 1996, ou ainda in : http://www.geocities.com/ catedragramsci/textos/S_Trotsky_y_gramsci.htm

[11] Vide, nesse sentido, RIEZNIK, PABLO. Los Intelectuales ante la Crisis (Sobre la Intelligentsia Latinoamericana), in: En Defensa del Marxismo. Revista Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de 1996.

[12] Vide, nesse sentido, ROMERO, ANÍBAL, La Dictatura del Proletariado, Según Nahuel Moreno, in : En Defensa del Marxismo. Revista Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de 1996.

[13] Vide CANDREVA, LUIGI. Gramsci e la ‘Bolscevizzazione’ del Pci : 1924-1926, in: http:// www. po.org.ar/ foro/ gramsci. htm, 2 de Junho de 1996.

[14] Nesse sentido, vide COGGIOLA, OSVALDO. Gramsci : História e Revolução. 50 Anos da Morte do Revolucionário Italiano nas Prisões do Fascismo, São Paulo : Revista da Universidade de São Paulo, Nr. 5, Janeiro de 1987, pp. 57 – 66.

[15] A esse respeito, vide IDEM. Gramsci : História e Revolução, São Paulo : Xamã, 1996, pp. 97 – 104.

[16] Vide COGGIOLA, OSVALDO / MASSARI, R. ET ALII. Bolchevismo, Gramsci, Conselhos, São Paulo : Xamã, 1996, pp. 3 e s. Nessa obra – se é que assim podemos denominar essa produção coggioliana - , o célebre Professor de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) reúne outras cabeças filistinas, outros embrulhões intelectuais, para elaborar um tratado científico acerca de “Ciência Histórica Bolchevique-Gramsciana”.    

[17] Vide GRISOLIA, FRANCO / FERRANDO, MARCO / RICCI, FRANCESCO. Communist Refoundation Party. For a Communist Project. Congress Document. 4Th National Congress of PRC, in : International Trotskyst Oppositon Site, http://www. gn.apc.org/ito/ito. html,  21 de Março de 1999.

[18] No que tange à difusão da lógica epistemológica trotskysta-gramsciana de interpretação dos principais eventos da luta de classes do mundo, o PTS – Fração Trotskysta tem logrado impulsionar, em nível europeu, suas posições transcendental-alucinantes através das iniciativas comuns que vem empreendendo com a Liga por uma Internacional Comunista Revolucionária / Quinta Internacional  – Workers Power (Poder dos Trabalhadores / Quinta Internacional). Na medida em que a LICR – Workers Power / Quinta Internacional  não possui uma preocupação mais fundanda com os problemas teóricos e políticos do movimento trotskysta contemporâneo, rende-se ela mesma às análises disparatadas, formuladas por Romano e Albamonte, sem opor qualquer resistência à proliferação da enfermidade gramsciana em suas fileiras.  

[19] Cf. ROMANO, MANOLO. Polemica con la LIT y el Legado Teórico de Nahuel Moreno, in: Estrategia Internacional, Nr. 3, Dezembro de 1993 / Janeiro de 1994, pp. 1 e s.

[20] Cf. ALBAMONTE, EMILIO & ROMANO, MANOLO. Trotsky and Gramsci. A Posthumous Dialogue (Trotsky e Gramsci. Um Diálogo Póstume), specificamente Nota 36, in: Estrategia Internacional, Nr. 19, Janeiro de 2003, pp. 14 e 15.

[21] Já tive ocasião de destacar que jamais se demonstrará excessivo realçar sempre os penetrantes trabalhos de Nahuel Moreno, elaborados em meio à sua luta ideológica acesa, deflagrada seja contra o euro-comunismo, seja contra o mao-althusserianismo, seja contra o mandelismo, seja ainda contra o lambertismo, em defesa do legado da Revolução Proletária de Outubro de 1917 e, em particular, em prol dos princípios ético-organizativos do partido marxista-revolucionário. Nada obstante, cumpre ressaltar que, entre outros aspectos, seria efetivamente incorreto pretender apoiar, sem importantes reparos, seus posicionamentos, quer no domínio da lógica marxista – onde Moreno defende posições teóricas amplamente coniventes com o construtivismo metodológico-radical de Piaget, incompatíveis essencialmente com o socialismo científico de Marx e Engels  -, quer no domínio da atualização do programa de transição – onde Moreno propugna, abertamente, posições idealistas-subjetivistas e democratistas, ao pretender inverter infundadamente relações causais dos acontecimentos históricos, maximamente no período posterior à I Guerra Mundial, afastando-se, assim, ostensivamente do método materialista histórico-dialético, defendidos por Marx e Engels, Lenin, Sverdlov e Trotsky -, quer ainda no domínio ontológico do ser trotskysta nos dias de hoje - onde Moreno, em sua excessiva acentuação da atividade criticista e ânsia de superação do próprio trotskysmo, deixa de destacar que o marxismo, por ser científico, deve ser considerado como um guia para a ação (Anleitung zum Handeln), orientação para o agir, instrução para a prática de organização, mobilização e luta permanente, independente e implacável das mais amplas massas revolucionárias, sob a direção hegemônica do proletariado, em busca da construção de uma humanidade socializada ou ainda de uma sociedade humanizada, o que obsta, nos limites do marxismo revolucionário, qualquer tipo de criticismo “criativo” e supostamente superador, elaborado em desconformidade e dissonância com o rigoroso método do materialismo histórico-dialético. Acerca do tema, vide MORENO, NAHUEL. Lógica Marxista y Ciencias Modernas, México-Colômbia : Xólotl-Pluma, 1981, pp. 54 e 55.; IDEM. Actualización del Programa de Transición, ed. CITO – Centro Internacional del Trotskysmo Ortodoxo, 1980, pp. 7 e s.; IDEM. Ser Trotskysta Hoy(1985), in: Cuadernos de Correo Internacional, 1988, pp. 3 e s.

[22] Cf. ALBAMONTE, EMILIO & ROMANO, MANOLO. ibidem, p. 1.

[23] Cf. ROMANO, MANOLO. Polemica con la LIT y el Legado Teórico de Nahuel Moreno, in: Estrategia Internacional, Nr. 3, Dezembro de 1993 / Janeiro de 1994, p. 1.

[24]  Cf. IDEM. Trotsky and Gramsci. Permanent Revolution and the War of Position. The Theory of Revolution in Gramsci and Trotsky (Trotsky e Gramsci. Revolução de Permanente e Guerra de Posição. A Teoria da Revolução em Gramsci e Trotsky,) in: Estrategia Internacional, Nr. 19, Janeiro de 2003, pp. 1 e s.

[25] Vide, nesse sentido, MOVIMIENTO AL SOCIALISMO. Cuadernos de Formación, http://www.mas.org.ar   

[26] Nesse sentido, vide BIANCHI, ÁLVARO. Politikon, http://planeta.terra.com.br/educacao/politikon; tb. IDEM. Hegemonia em Construção. A Trajetória do PNBE, São Paulo : Xamã, 2001, pp. 3 e s. ; IDEM. Retorno a Gramsci: Para Uma Crítica das Teorias Contemporâneas da Sociedade Civil, in: Anais do XII Congresso Nacional dos Sociólogos. A Profissão do Sociólogo numa Era de Incertezas, Curitiba, 2000, p. 10-11, entre outras preciosidades do gênero.

[27] Vide LENIN, VLADIMIR I. Retch Pri Otkrytii Pamiatnika Marksu i Engel’su (Discurso na Inauguração de um Memorial a Marx e Engels) (07.11.1918), in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii (Obras Completas), Moscou : GIPL, 1961, ibidem, Vol. 37, pp. 169 e s. Acerca da concepção relativa à conquista da hegemonia na luta de classes em Marx e Engels, Lenin e Trotsky, vide, no presente texto, sua Parte II.A.2. Conquista da Hegemonia do Proletariado na Perspectiva do Idealismo Gramsciano para a Colaboração de Classes e Capitulação Diante do Estado Burguês, in : http://www.scientific-socialism.de/SUCAPIIA2.htm

[28] Nesse sentido, vide GRAMSCI, ANTONIO. La Rivoluzione contro il „Capitale“ (Avanti !, 24 de Novembro de 1917, Il Grido del Popolo, 5 de Janeiro de 1918), in : Antonio Gramsci. Scritti Politici, Roma, 1967, p. 80 e s.

[29] Nesse sentido, remeto o leitor ao exame atento e crítico dos seguintes artigos da Revista Outubro : LÖWY, MICHAËL. A Teoria do Desenvolvimento Desigual e Combinado, in: Revista Outubro. Revista do Instituto de Estudos Socialistas, Nr. 1, 1998; IDEM. Léon Trotsky, Um Profeta da Revolução de Outubro, in : ibidem, Nr. 3, 1999; BENSAÏD, DANIEL. O Domínio Público contra a Privatização do Mundo, in: ibidem, Nr.  10, 2004.

[30] Nesse sentido, vide ALTHUSSER, LOUIS. O Marxismo como Teoria “Finita”, in: ibidem, Nr. 2, 1998.

[31]  A esse respeito, vide ANTUNES, RICARDO. A Terceira Via de “Tory” Blair: A Outra Fase do Neoliberalismo Inglês, in: ibidem, Nr. 3, 1999.

[32] De passagem, assinalo que Ricardo Antunes, também Professor da Universidade de Campinas de São Paulo, resenhou, já mesmo em 1991, um livro – esse sim, extremamente louvável -, compendiando traduções em língua portuguesa de três textos de autoria de Rosa Luxemburgo, realizadas por Isabel M. Loureiro. Vide LUXEMBURGO, ROSA. A Revolução Russa, trad. Isabel M. Loureiro, Petrópolis : Vozes, 1991, pp. 3 e s. Em sua resenha, Antunes dedica-se, sobretudo, a traçar inúmeras considerações acerca de um dos textos traduzidos de Rosa Luxemburgo, intitulado a  “Revolução Russa”, salientando, maximamente, aos leitores a oposição que Luxemburgo despregou, nesse seu material, redigido na Prisão de Breslau – i.e. inteiramente afastada do cenário da luta de classes – contra as medidas governamentais, adotadas por Lenin e Trotsky, no quadro da Revolução Russa de Outubro de 1917 – tal como o decidido fechamento pelos bolcheviques da Assembléia Nacional Constituinte etc. -, em que Rosa salienta, porém, - sem que Antunes o refira - que o futuro haveria de pertencer ao bolchevismo de Lenin e Trotsky. A seguir, Antunes sobrevoa, em sua resenha, o texto de Luxemburgo “Questões de Organização da Social-Democracia Russa”, este produzido mais de uma década antes da “Revolução Russa”, repetindo o bordão das críticas de Rosa desferidas contra Lenin e as respostas desse último a Rosa. Ao longo de toda a sua exposição – mesmo tendo o livro de Isabel M. Loureiro incluído a tradução do importantíssimo texto, intitulado “O Que Quer a Liga Spartakus ?”Antunes não manifestou, porém - evidentemente -, nenhum interesse em destacar o fato de que Rosa Luxemburgo equivocou­-se em suas anotações redigidas no cárcere de 1918, sendo que, porém, corrigiu a maioria de seus erros depois de abandoná-lo, no fim de 1918 e no início de 1919.  Enquanto Luxemburgo superou, em grande parte, os seus próprios erros, em um espaço relativamente curto de tempo, em 1918, Antunes aspira a neles recalcitrar, transcorridos praticamente um século do momento em que os erros foram originalmente cometidos pela águia da revolução proletária. Agindo assim, Ricardo Antunes – tal como, outrora, Paul Levi – preferiu se situar no “pátio traseiro do movimento da classe operária, entre os montes de esterco, onde galinhas como Levi, Scheidemann, Kautsky e toda aquela sua fraternidade, piam sobre os erros cometidos pela grande comunista”, a fim de se credenciar perante as forças do “socialismo liberal” do Brasil. Acerca dessa questão, vide LENIN, VLADIMIR I. Zametki Publitsista. O Voskhojdenii na Vysokie Gory, O Vrede Unynia, o Pol’zie Torgovli, Ob Otnoshenii k Men’shevikam i.t.p. (Anotações de um Publicista. Sobre a Subida de uma Alta Montanha, a Desgraça do Esmorecimento, a Utilidade do Comércio, a Atitude em face dos Mencheviques etc)(Fevereiro de 1922), Parte 3: Ob Oxote na Lis – O Levi, O Serrati (Agarrando Raposas – Levi e Serrati), in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii (Obras Completas), Moscou : GIPL, 1961, Vol. 44, pp. 419 e s.    

[33] Nesse sentido, vide SENA JÚNIOR, CARLOS ZACARIAS. Gramsci, Mais Um Antitrotskista?, in : ibidem, Nr. 10, 2004.

[34] Acerca do tema, vide GRAMSCI, ANTONIO. Quaderni del Carcere, Nr. 14 (1928-1937) – Internazionalismo e Politica Nazionale (Internacionalismo e Política Nacional), in : Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno, Torino : Editori Riuniti, 1991, pp. 144 e 145. tb. em  http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP1.htm; IDEM. Quaderni del Carcere, Nr. 7 (Cadernos do Cárcere, Nr. 7)(1928-1937) – Guerra di Posizione e Guerra Manovrata o Frontale (Guerra de Posição e Guerra Manobrada ou Frontal), in : Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno, Torino : Editori Riuniti, 1991, pp. 83 e s. tb. em http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP2.htm; IDEM. Quaderni del Carcere, Nr. 7 (Cadernos do Cárcere, Nr. 7)(1930-1931) – Guerra di Posizione e Guerra Manovrata o Frontale (Guerra de Posição e Guerra Manobrada ou Frontal), in : Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno, Torino : Editori Riuniti, 1991, p. 85. tb. http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP3.htm

[35] Cf. HORATIUS FLACCUS, QUINTUS. Ode. Carmen Epodon et Seculare (65 – 8 a.C.), Parrhisiis : Antonio Mancinello – Badio Ascensio, 1503, pp. Livro III, Ode I.   

[36] Cf. MARX, KARL H.  Brief an Friedrich Engels (Carta a F. Engels)(11.02.1851), in : Marx und Engels Gesamtausgabe (MEGA), Erste Abt., Bd. III/4, Berlim : Dietz, 1975, p. 37.

[37] Vide ENGELS, FRIEDRICH. Brief an F. A. Sorge (Carta a F. A. Sorge)(29.11.1886), in: Marx und Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Berlim : Dietz Verlag, 1962, Vol. 36, p. 578.

[38] Cf. HORATIUS FLACCUS, QUINTUS. Epistolae (65 – 8 a.C.), L. S. Obbarius : Halberstadium, 1828, pp. Epistola Libri Primi Secunda.   

[39] Cf. MARX, KARL H.  Brief an Friedrich Engels (Carta a F. Engels)(11.02.1851), in : Marx und Engels Gesamtausgabe (MEGA), Erste Abt., Bd. III/4, Berlim : Dietz, 1975, p. 37.

[40] Nesse sentido, vide GRAMSCI, ANTONIO. La Rivoluzione contro il „Capitale“ (Avanti !, 24 de Novembro de 1917, Il Grido del Popolo, 5 de Janeiro de 1918), in : Antonio Gramsci. Scritti Politici, Roma, 1967, pp. 80 e s.

[41] Cf. MARX, KARL H. An Principatus Augusti Merito Inter Feliciores Reipublicae Romanae Aetates Numeretur? (O Principado de Augusto é Enumerado, Merecidamente, entre as Épocas mais Auspiciosas do Estado Romano? Redação em Língua Latina) (15 de Agosto de 1835), in : Marx und Engels Gesamtausgabe MEGA (Obras de Marx e Engels: Edição Completa MEGA), Seção I, Vol. I, Berlim : Dietz Verlag, 1975, pp. 440 e s. Para uma leitura em nosso vernáculo – possivelmente inédita - desse texto de Marx, permito-me remeter o leitor ao exame da tradução de MARX, KARL H.  O Principado de Augusto é Enumerado, Merecidamente, entre as Épocas mais Auspiciosas do Estado Romano? (15 de Agosto de 1835), in : http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCAP1Port.htm, Concepção e Organização, Compilação e Tradução de Emil Asturig von München, Novembro de 2004.