Consultar a Segunda Parte - Continuação
do Capítulo III
Texto de Autoria de
Portau Schmidt von
Köln
A Enfermidade Gramsciana
no Movimento Trotskysta Contemporâneo
e nas Lutas de Emancipação do Proletariado
Polêmica Trotsky e Gramsci :
Gramsci e Trotsky
de Atualização, Correção
e Superação do Marxismo
(O Meta-Marxismo de Actuel Marx)
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Em sua Luta sem Quartel contra Trotsky e a Revolução Permanente
“Certe edepol,
quom illum contemplo, et formam agnosco meam,
Certamente, por Zeus, quando o contemplo, também a minha
forma nele entrevejo,
quemadmodum ego
saepe in speculum inspexi, nimis similis est mei.
então, quando freqüentemente me examino no espelho, ele
me é por demais semelhante.
Itidem habet
petasum ac vestitum: tam consimile’st atque ego.
Porta o mesmo chapéu e o mesmo traje: tão exatamente é
parecido comigo.
sura, pes,
statura, tonsus, oculi, nasum, dens, labra, malae, mentum, barba, collum:
totus, quid verbis opu’st?
barriga, pé, estatura, cabelos, olhos, nariz, dente,
lábios, bochecha, queixo, barba, pescoço: tudo, para que mais uma palavra?
Si tergum
cicatricosum, nihil hoc simil est similius.
Se, nas costas, traz as cicatrizes, nada é mais parecido
com nada.
Sed quom cogito,
equidem certo sum ac semper fui.
Porém, quando eu penso, trata-se de mim seguramente e
sempre se tratou de mim.
Cf. PLAUTUS,
TITUS MACCIUS. Amphitrvo (por volta de 180 a.C.),
Actus I, ed. F. Leo, Berlim : Weidmann,
1895-1896, Versos 441 -447.
“Criou-se um hábito, um mal hábito,
de se separar um autor das bases teóricas que lhes serviram de suporte;
separá-lo dos seus pressupostos teóricos e históricos imediatos. Esta separação
levou que alguns conferissem os louros de pensamento original, no sentido de
exclusividade, a autores cujo o grande
mérito foi justamente desenvolver teses elaboradas por outros, ainda que
enriquecendo-as.
Nos trabalhos acadêmicos sobre Gramsci parece ser bastante comum este
procedimento. Estudou-se, e escreveu-se, sobre o pensamento de Gramsci desvinculando-o de seus pressupostos teóricos e políticos
imediatos, que foi o pensamento e a ação política de Lenin.
E Gramsci foi, na minha opinião, acima de tudo, um leninista.
Muito do que foi-lhe atribuído como
contribuição exclusiva não é nada mais - e isto é muito - que a aplicação original das teses defendidas
por Lenin.”[1]
Eis aí como um incorrigível stalinista reciclado assimila
e dissemina o laxante idealista-subjetivista de Gramsci ao longo de sua
desnorteada peregrinação publicística : o mérito de Gramsci teria sido o de “justamente
desenvolver teses elaboradas por outros, ainda que enriquecendo-as”, pois, na opinião de Buonicore,
“Gramsci foi, acima de tudo, um leninista.”
Como prova de sua argumentação, Buonicore assinala, logo
a seguir, buscando encontrar desesperadamente o traço específico, supostamente
enriquecedor do pensamento de Gramsci em face das reflexões de Lenin
:
“Gramsci buscou, justamente, resgatar as contribuições de Lenin e
aprofundá-las; para ele o problema do Estado era mais complexo.
Sem discordar que o Estado era
fundamentalmente um instrumento de coerção, estendeu o seu estudo a um outro
aspecto: o Estado enquanto dirigente e educador, buscando compreender o papel
que as ideologias desempenhavam neste processo.
Ele compreendeu que a produção e a
reprodução das relações sociais - e políticas - não podiam se dar,
exclusivamente, através da coerção; elas se davam de múltiplas (e complexas)
formas, nas quais as ideologias jogavam um papel decisivo.
Para Gramsci o Estado seria "hegemonia encouraçada de coerção".
Era preciso superar as teses simplistas imperantes no seio da III Internacional
e ele, com a ajuda de Lenin, em certo sentido, as superou.”[2]
Buonicore, stalinista
disfarçado, verdadeiramente arrebatado pelo desvio mórbido gramscista,
indica-nos, à guisa de esconder suas feridas secretas, que Gramsci..., “em
certo sentido”, superou as teses simplistas da III Internacional que
precisavam ser superadas ...
Fê-lo com a ajuda de Lenin que, embora já falecido em
1924, socorreu espiritualmente as elaborações de Gramsci, intervindo, ao
que parece, como médium, pois, segundo, Buonicore :
“ ... e ele (i.e. Gramsci), com a ajuda de Lenin, em certo sentido, as
superou.”
1. “Para Gramsci o Estado seria "hegemonia encouraçada de
coerção".
2. “Gramsci foi, acima de tudo, um leninista.”
Não é absolutamente intenção do
presente trabalho pretender limitar o campo de estudo investigatório do impacto
do gramiscismo tão somente às posições dos principais dirigentes e mais
expressivos intelectuais do Secretariado Unificado da Quarta
Internacional (SU-QI), borbotadas de suas ligações orgânicas com os
ideólogos meta-marxistas franco-gramscianos, de modo a dar nascimento ao
fenômeno do gramscismo meta-marxista.
No presente texto, assinalo, porém,
que o traço mais significativo e mais repleto de conseqüencias políticas para o
movimento trotskysta mundial, no atual momento histórico, relaciona-se com esse
fenômeno em particular, que toca o destino dos próximos anos do SU-QI,
enquanto uma das mais importantes organizações mundiais do trotskysmo
de nossos dias.
A presença do pensamento doutrinário
de Antonio
Gramsci paira, entretanto, igualmente, sobre as correntes trotskystas
do mundo que se consideram “trotskystas-ortodoxas” ou
“trotskystas-consistentes”.
Estas caracterizam-se por manter com
o gramiscismo uma relação centrista e irresolvida, fetichista e plenamente
contraditória.
No que concerne à postura
teórico-doutrinária em específico da Associazzione Marxista Rivoluzionaria
Proposta(AMRP), encabeçada por Franco Grisolia, Marco Ferrando, Tiziano
Bagarolo e Francesco Ricci, cumpre assinalar que essa organização
trotskysta italiana encontra-se exposta, apologeticamente, ao gramscismo.
Em uma nota de seu recente artigo,
intitulado ”La Natura ed Il Ruolo del Partito Leninista(A Natureza e o Papel do
Partido Leninista)”, Grisolia observa,
claramente :
“Na Itália, encontra-se difundido um
mito segundo o qual o conceito de hegemonia é uma inovação teórica peculiar do
pensamento de Antonio Gramsci, que o
haveria separado do rígido “dogmatismo” da III Internacional leninista.
Na realidade, o grande
revolucionário italiano, não fez senão retomar um conceito próprio dos decênios
do marxismo revolucionário russo (“Os promotores da idéia da hegemonia do
proletariado na revolução são Plechanov e Lenin” : assim Zinoviev, em sua
História, 1923).
Gramsci, com grande
brilhantismo, repropõe essa temática central na Itália. Além disso, a
utilização do termo “hegemonia” – mais vago, à primeira vista, que outros -
constituía para Gramsci, no período do cárcere, também um elemento de prudência
em relação às medidas repressivas ulteriores de seus carcereiros fascistas.”[3]
É de realçar, ainda, que tal panegírico
gramscista não constitui posição isolada de Grisolia, acolhida no
seio de Proposta, pois também Bagarolo e Ricci, bem como outros
membros dessa secção italiana da Oposição Trotskysta Internacional (OTI), dão
provas de uma postura reverencial, supersticiosa e acrítica em face da doutrina
e da política de Antonio Gramsci, tal como veremos mais adiante.[4]
Quanto aos grupos e partidos
trotskystas, defensores da tese do Capitalismo de Estado(SWP – Tony Cliff), importa observar
que o texto mais representativo do elogio gramscista dessa formação política, intitulado Gramsci
versus Reformismo, foi redigido por Chris Harman, editor de Socialist
Worker e um dos principais dirigentes atuais do Partido
Socialista dos Trabalhadores da Grã-Bretanha (SWP – GB).
Nesse texto, argumenta Chris
Harman, de maneira plenamente encomiástica e embaralhadora de fatos
históricos efetivos :
„Antonio Gramsci morreu há mais de 40 anos atrás, em 27 de abril de
1937. Sua morte foi provocada por mal-tratamento nos cárceres de Mussolini. Entretanto, em muitos
sentidos, desde sua morte, vem sofrendo ainda mais injúrias, devido às
distorções de suas idéias por aqueles que nada têm em comum com seus princípios
socialistas-revolucionários.
Gramsci foi um profissional
revolucionário desde 1916 até a sua morte.
Através desse período, insistiu na
necessidade relativa à transformação revolucionária da sociedade através da
derrubada do Estado Capitalista.
Foi isso que o colocou como
jornalista de várias edições socialistas na linha de frente daqueles que
exigiam ação revolucionária do Partido
Socialista Italiano, na luta contra o capitalismo e a guerra, nos anos de
1916-1918.
Foi isso que o levou ao centro do
movimento dos Conselhos de Fábrica de
Turim, em 1919 e 1920.
Foi isso que o conduziu a tomar
parte na ruptura com o Partido Socialista reformista, em 1921, a fim de
construir um Partido Comunista
genuinamente revolucionário.
Foi isso que o levou a assumir a direção do Partido Comunista de 1924 a
1926.
Foi isso, finalmente, que o levou às
prisões de Mussolini, onde procurou em forma de anotações – os famosos Cadernos do Cárcere – desenvolver suas
próprias idéias acerca da sociedade italiana, estratégia e tática da luta pelo
poder de Estado, construção do partido revolucionário, imprensa revolucionária.
Esperava que essas anotações
fornecessem algum auxílio a outros que tivessem o mesmo objetivo revolucionário
que o seu.
Entretanto, seus escritos têm sido
tomados por aqueles que querem converter o marxismo em uma área de estudo
acadêmica e não revolucionária. Isso foi tornado possível, inicialmente, pelo
Partido Comunista Italiano(PCI).”[5]
Também David North, dirigente do Comitê
Internacional da Quarta Internacional (CI – QI), Presidente do Conselho Editorial
Internacional da Rede Socialista Mundial e Secretário Nacional do
Partido Igualitário Socialista (SEP-US), da Austrália e
dos EUA, fundou-se decisivamente, em sua palestra intitulada “Marxismo
e Sindicatos”, pronunciada em 10 de janeiro de 1998, nas concepções de Gramsci
sobre os sindicatos, para desvendar as contradições e insuficiências
teóricas das posições de Peter Taaffe, Secretário Geral do Partido
Socialista Britânico (Socialist Party- The Militants - GB) e principal
dirigente do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CWI – The
Militants) sobre o tema, contribuindo, assim, para doutrinar acerca da
verdadeira essência dos sindicatos, segundo Gramsci …
Nesse sentido, argumenta North,
desde uma perspectiva apaixonadamente trotskysta-gramsciana
:
« As tentativa do Sr. Taaffe de decorar sua subserviência à burocracia operária com uma
fraseologia radical produz um efeito que é mais cômico do que convincente.
Começa oferecendo uma breve lista
dos países em que os diretores sindicais foram envolvidos em traições
particularmente monstruosas, perpetradas contra a classe trabalhadora.
Tal como o Chefe de Polícia Louis,
em Casablanca, Taaffe revela-se muito profundamente chocado mesmo com a corrupção
que constata existir em relação a eles, até mesmo na medida em que subornos
políticos da burocracia escorregam para dentro do seu bolso.
O papel dos dirigentes do sindicato
sueco – tal como Taaffe nos informa
– tem sido “escandaloso”.
O comportamento dos burocratas
belgas é “desavergonhado e aberto”.
Os dirigentes iranianos também estão
engajados em um „espetáculo escandaloso“ de traição.
Na Grã-Bretanha, Taaffe declara que os trabalhadores
“pagaram um pesado preço pela impotência dos dirigentes da ala de direita.”
Também refere, tristemente, a
capitulação dos dirigentes sindicais do Brasil, da Grécia e dos EUA.
Mas, no que diz respeito a Taaffe, o problema dos sindicatos
envolve, essencialmente, líderes inadequados que sofrem de falsa ideologia :
aceitação do mercado capitalista.
As organizações por si mesmas são
basicamente sadias.
Com base nessa apreciação subjetiva,
Taaffe critica os “pequenos grupos
de esquerda”, com o que quer referir as Seções
do Comitê Internacional que, fundando-se em Trotsky, insistem que as traições dos sindicatos são a expressão de
uma tendência objetivamente fundamental do desenvolvivmento.
Essa análise “unilateral – segundo Taaffe – erra em reconhecer a
possibilidade de os líderes sindicais da ala direita, “sob a pressão da base,
uma classe trabalhadora sublevada e combativa”, poderem “ser forçados a
separar-se do Estado e encabeçar um movimento de oposição da classe
trabalhadora.
Portanto, escreve Taaffe, a “principal tendência do
próximo período”, na Grã-Bretanha e em outros lugares, será a de os trabalhadores
“compelirem os sindicatos a lutar, em seu nome.”
O destino classe trabalhadora
depende da “regeneração dos sindicatos”» [6]
E, exultante, conclama David
North, em tom professoral de descoberta da pedra filosofal trotskysta-gramsciana
:
“Posicionando-se sobre a base das
relações capitalistas de produção, os sindicatos são, por sua natureza,
obrigados a adotar uma atitude essencialmente hostil em relação à classe
trabalhadora.
Dirigindo seus esforços para
assegurar contratos com empregados que fixam o preço do poder de trabalho e
determinam as condições gerais em que a mais-valia será bombeada para fora dos
trabalhadores, os sindicatos são obrigados a garantir que seus membros forneçam
seu poder de trabalho, de acordo com os termos dos contratos negociados.
Tal como Gramsci observou :
“ « O sindicato representa a
legalidade e deve velar para que seus membros respeitem a legalidade »”[7]
Em vista de tais reflexões
gramscistas de David North, efetivamente marcadas por uma lógica conceitual
subjetivista-idealista, resulta ser surpreendente o fato de ser possível
verificar-se que as publicações northianas do Partido Igualitário
Socialista (SEP-US), da Austrália e dos EUA, sustentam
o argumento de que o resultado de sua luta rupturista, deflagrada contra as
incontáveis e intoleráveis degenerações de Gerry Healy, Mike Banda e
Chris Slaughter, teria sido “a cumeeira da longa luta do
movimento trotskysta contra o pablismo oportunista, desde a fundação do Comitê
Internacional de 1953”.[8]
Onde David North contempla
a degeneração pablista, não avista, absolutamente, a incidência da lógica
epistemológica do transcendentalismo metafísico-gramscista na luta de classes
da atualidade.
No que concerne ao perfil gramscista
de Socialismo Rivoluzionario, permito-me remeter o leitor pura e
simplesmente à leitura da obra “Direções e Quadros na Construção de SR”, cujo teor já é
deveras suficiente para atestar o alastramento do antraz gramsciano também
naquela organização declaradamente trotskysta-luxemburguista.[9]
Relativamente a enfermidade
gramsciana semeada mormente por Jorge Altamira e Osvaldo Coggiola
no seio do Partido Obrero da Argentina, cumpre assinalar,
de antemão, que um exemplo categórico desse fenômeno foi a publicação, em julho
de 1996, no Nr. 13 da Revista Teórica do Partido
Obrero, intitulada En Defensa del Marxismo, de extenso
artigo de autoria de um intelectual do PO, de nome Roberto Massari, cujo
título é, precisamente, ”Trotsky y Gramsci”.[10]
Tal artigo de Massari, marcado por sua
abordagem de complementaridade coerente entre o gramiscismo e o pensamento de Trotsky,
divulgado nos quatros cantos do globo, mediante Internet, com a
chancela política do Partido Obrero, surgiu, nessa mesma
sede jornalística, ao lado daquele, também de matiz gramscista, de autoria de Pablo
Rieznik, aparecido no mesmo número da supra-mencionada revista teórica
do Partido
Obrero, sob o título ”Los Intelectuales ante la Crisis(sobre la
‘Intelligentsia’ Latinoamericana).[11]
Em ambos esses artigos - porém sobretudo
no de Massari – o Partido Obrero homologou,
coniventemente, uma versão comprobatória do intento de compatibilização
doutrinária do gramiscismo com o trotskysmo, não esboçando nem mesmo a mais
leve disposição crítico-contudente em face da doutrina de Antonio Gramsci.
Nesse clima de laudatória aceitação
do gramiscismo, segundo aquilo que o Partido Obrero e a
Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta(AMRP) denominam de “trotskysmo
ortodoxo”, Aníbal Romero, em algumas páginas a seguir dessa mesma revista
teórica, intitulada En Defensa del Marxismo, não poupou vocábulos incendiadores
para criticar, despudorada e caudalosamente, as posições de Nahuel
Moreno, não alinhadas com o gramscismo,, no quadro do artigo que
batizou de ”La Dictatura del Proletariado, según Nahuel Moreno”.[12]
Em suma : En Defesa del
Marxismo de Altamira e Coggiola prostra-se teoricamente diante do
suposto revolucionarismo de Gramsci, porém crítica impiedosamente a suposta
teratologia teórico-intelectual de Moreno.
Todos esses fatos poderiam ter
passado plenamente desapercebidos ou mesmo sem merecerem tão grande atenção por
parte da vanguarda trotskysta de todo o mundo – tal como se fossem mais uma das
costumeiras deformações marxistas do Partido Obrero, dessa vez no sentido
das tendências legitimadoras de seu oportunismo eleiçoeiro através do
gramscismo -, caso o “Foro de Debates” do próprio
Partido Obrero – instância
organizativamente separada e dotada de importância muito mais secundária em
relação a En Defesa del Marxismo - não lançasse, em seu editorial, o
convite cortês – naturalmente de índole essencialmente formal e
descompromissado -, a todos os ativistas do mundo, interessados em questões do
trotskysmo, para colaborarem no intercâmbio de opiniões acerca de seus artigos
formalmente publicados, “al modo de lo
que seria una habitual sección de ‘Correo de Lectores’”.
Por uma dessas ironias do destino,
justamente da Itália, onde a intelectualidade gramsciana alienígena
acredita ser o gramiscismo incontestavelmente “hegemônico”, levantou-se a voz incômoda de um militante
trotskysta – não essencialmente bordiguista, frize-se de passagem, - chamado Luigi
Candreva, que julgou por bem enviar à redação do Partido Obrero um artigo
intitulado “Gramsci e la ‘Bolscevizzazione del PCI 1924-1926. Respuesta al
Artículo “Trotsky y Gramsci” de Roberto Massari Publicado en el Número 13 de la
Revista ‘EN DEFESA DEL MARXISMO ’”.
Na parte introdutória de seu artigo,
Candreva
escreve, explicitamente :
“Querido camaradas, escuche mi pobre
espanol.
Yo soy un militante trotskista in
Italia y hay tomado hoy (via www.) el numero 13 de EDM con el articulo de
Roberto Massari sobre Gramsci.
En quanto estudioso de Gramsci
raramente yo hay encuentrado un articulo mas inexacto, anti-scientifico y
superficial come ello.
Aqui' encluyo un articulo que yo
escribio para el periodico trotskista (mensuel) italiano "Voce
operaia" sobre Gramsci, con una valutacion my diferente de ella de
Massari.
El articulo es muy breve por rasones
de espacio editorial.
Si quieres abrir un debate sobra
esta question puede transformarlo en una carta a EDM o yo puedo trabayar sobre
un articulo mas longo (ahora yo stoy estudiando para un secundo articulo sobre
Gramsci).
Si quiere me contactar, yo
compriendo bien el espanol, pero no puedo lo escribir (y hablar), y puedo
escribir en Italiano, Ingles y Frances. My mejores saludos comunistas. Luigi.
Milano, 2 giugno 1996 (sic).”[13]
Naturalmente, o Partido Obrero jamais se
interessou em “abrir um debate sobre essa questão”, mesmo depois de Candreva
ter qualificado, ostensivamente, o artigo Roberto Massari como “inexacto,
anti-científico e superficial”...
Partindo, ele sim, de um
posicionamento, em linhas gerais, essencialmente correto - ainda que, sob o
ângulo da necessária posição que o trotskysmo deve manter em face de Antonio
Gramsci,
revela-se doutrinariamente incompleto (observe-se que Candreva faz referência,
entretanto, ao fato de que estava trabalhando em um segundo artigo mais longo),
o material de Candreva sobre Gramsci, jamais foi publicado nas
páginas de En Defesa del Marxismo, tendo permanecido, até o presente
momento, relegado a um pequeno espaço do ”Foro de Debates”, apartado e esquecido,
ao lado de outros artigos de menor importância polêmico-doutrinária.
Evidentemente, a revista teórica do Partido
Obrero teve e tem suas razões para não divulgar, contestar e replicar
abertamente, em suas colunas, o artigo de Candreva, formulado em amplo
contraste com a conquista do espaço gramsciano, protagonizado e estimulado, de
maneira sibilina, por sua redação.
Tal como já destacamos, Altamira não se encontra
interessado em denunciar a capitulação, cada vez mais saliente, da direção do Secretariado
Unificado da Quarta Internacional (SU-QI) à ideologia gramsciana, assim
como não possui qualquer interesse em denuciar o caráter histórico-político do gramscismo
em face do trotskysmo, no passado e no presente.
Deixa-o de fazer não apenas em virtude do fato de que os órgãos
oficiais do Partido Obrero, i.e. Prensa Obrera e En Defesa del Marxismo, permanecem
receptivos, dando acolhimento e publicação, sem a menor crítica política, de Altamira
ou de outros quadros dirigentes
e mentores intelectuais do Partido Obrero, a artigos de
louvores da doutrina gramsciana.
Com efeito, nesse cenário, é o Professor da Universidade de São Paulo
(USP), o historiador trotskysta-gramsciano Osvaldo Coggiola que, exsurgindo
como um dos mais espetaculares e insubstituíveis mentores ideológicos do Partido
Obrero de Altamira, já se encontra celebrizado por suas tantas e inúmeras malfadadas e
espúrias investigações místicas acerca de “Gramsci, o revolucionário
italiano”.
É seguro que Osvaldo Coggiola difunde, desavergonhada
e descaradamente, entre seus discípulos e por todas as brechas das
universidades brasileiras e argentinas, mediante livros e palestras, a
enfermidade epistemológica, a peste bubônica político-burocrática, o cheiro
repugnante e asqueroso do gramscismo,
procurando demonstrar e legitimar, “cientificamente,
em sentido histórico”, o fato de que esse surto infeccioso
compatibilizar-se-ia de algum modo com e
seria absorvível de alguma maneira pelos posicionamentos “também” revolucionários de Trotsky e
todo o legado dos marxistas-revolucionários, bolcheviques-leninistas, tais como
os de Sverdlov, por exemplo.
É visível que Coggiola não se enfastia de verter, repetida e
renitentemente, rios de tinta acerca de : “Gramsci :
História e Revolução. 50 Anos da Morte do Revolucionário Italiano nas Prisões
do Fascismo” (eis aí cerca de 10 páginas fastidiosas e inteiramente mal-enfocadas
sobre o tema), “Gramsci : História e Revolução”, (novamente 10 páginas sofrivelmente paridas), “Bolchevismo, Gramsci, Conselhos” (cerca
de 200 páginas longas, cansativas, aborrecidas e sonolentas, produzidas em
conjunto com o intelectual não menos filisteu trotskysta- gramsciano, de matiz
altamirista, Roberto Massari).[14][15][16]
Porém, além de tudo isso : cala-se Altamira em face da enfermidade
gramsciana precisamente porque a Convenção de Gênova, de 1997, i.e. o
projeto de Fundação ou Refundação da IV Internacional, sufragrado pelo Partido
Obrero, tem como único e exclusivo sustentáculo vital e sentido
existencial sua aliança política estreita com a seção italiana da Oposição
Trotskysta Internacional(OTI), i.e.
a Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta (AMR-Proposta), encabeçada pelos mais árduos defensores
da mitologia gramsciana entre os militantes e ativistas
trotskystas de todo mundo : Franco Grisolia, Marco Ferrando e
Francesco Ricci.
Como agrupamento do Partido
Refundação Comunista da Itália, a AMR-Proposta de Grisolia, Ferrando e Ricci já defendeu que deve ser implementado o conceito gramsciano de partido, como forma de solução para os
problemas pratidários da classe trabalhadora :
“ 4.1. Construindo o Partido
Refundação Comunista como Fórum Intelectual. Na base da análise prévia, o giro
político e estratégico que o IV Congresso proporcionou necessita uma nova
concepção de partido e de sua estrutura.
A nova resposta aos problemas do PRC
não está na solução do “Partido Comunidade”, i.e. um partido que se proponha
enquanto contra-parte à desagregação e ao “deserto exterior”, tornando-se um
centro social para organizações de
mútuo, de escolas, de cultura.
O tipo de solução, que não parece muito sensível, não põe o partido na
realidade do trabalho, porém arrisca a fortalecer a auto-absorção.
Isso não apenas não rompe o círculo
auto-referencial, senão agrava-o na nova forma do sectarismo, erradicação
social, destacamento dos movimentos, para vantagem dos democratas de esquerda e
sindicatos.
Pelo contrário, é necessário
readquirir e renovar o conceito
gramsciano de partido enquanto uma
convenção intelectual, engajada na
luta de classes pela direção entre as massas : um partido que orienta sua
cultura política, sua estrutura organizativa e suas funções para a conquista de
um projeto anti-capitalista.” [17]
Nesse sentido, Jorge Altamira cumpre um papel nefando quando, reivindicando
representar o trotskysmo ortodoxo ou consistente, isento de supostas
capitulações ao frente-populismo - tal qual, segundo ele, reputadamente
dinamizadas pelo PSTU Brasileiro e pela LIT-QI -, impulsiona um trabalho
em comum com a militância de Associazzione Marxista Rivoluzionaria
Proposta (AMR-Proposta) e da Oposição Trotskysta Internacional(OTI) sem
procurar arrancá-la, no quadro de uma disputa política leal e fraternal, do “vale
de lama pútrida“, imunizando-a contra os sintomas epidêmicos,
produzidos inevitavelmente pela propagação da ideologia gramsciana no
âmbito do movimento trotskysta dos dias de hoje.
Procurando sedimentar as bases místicas do trotsysmo-gramscista, lançadas
pelo Partido
Obrero (PO) e pela Associazzione Marxista Rivoluzionaria Proposta
(AMR-Proposta), cumpriu, mais recentemente, a Manolo Romano e Emilio Albamonte, membros dirigentes
do Partido de Trabajadores por el Socialismo (PTS – Fração
Trotskysta – Estratégia Internacional) exercer o papel de “intelectuais orgânicos” do projeto
absurdamente eclético de complementarização, compatibilização, harmonização,
conciliação, solidarização da doutrina materialisticamente histórico-dialética
de Trotsky com os derrames cerebrais
metafísico-subjetivistas de Gramsci, introduzindo-o
na interpretação dos principais
eventos de luta dos explorados e oprimidos da América Latina e
de todo o mundo.[18]
Alegando rechaçar o “dogmatismo sectário”, Manolo Romano e Emilio Albamonte dedicam-se,
longamente, à infeliz tentativa de integração dialógica das abordangens
teóricas do trotskysmo com as do gramscismo,
com vistas a, em particular, desferir cáusticos ataques filistinos e
subreptícios contra o pensamento de Nahuel Moreno, procurando
justificar, assim, a necessidade de construir-se uma “melhor compreensão do complexo cenário mundial que
assumiu forma no período posterior à II Guerra Mundial – o período assim
denominado de “Ordem de Yalta”.”[19]
Nesse sentido,
assinalam Romano e Albamonte, expressamente, em
seu sugestivo artigo intitulado “Trotsky e Gramsci
: Um Diálogo Póstumo” :
“O dirigente trotskysta, Nahuel Moreno, fundador da corrente de que
viemos, tentou tratar dessa situação contraditória (obs.: aborda-se aqui a
assim considerada situação de bloqueio da dinâmica da revolução permanente e do
congelamento dos eventos revolucionários do após-guerra, no interior de
fronteiras nacionais, por força da atuação da burocracia soviética de Moscou)
alegando que « a realidade havia-se tornado até mesmo mais trotskysta do que o
próprio Trotsky.»
Ele queria dizer que a dinâmica
permanente da revolução resultava manifesta no fato de que até mesmo os
partidos stalinistas ou movimentos guerrilheiros haviam sido forçados a tomar o
poder e expropriar a burguesia, em um grande número de países, devido às
pressões dos próprios fatores objetivos.
A revolução tornara-se, assim,
«objetivamente socialista».
Já acertamos nossas contas com
essa declaração em “Estratégia
Internacional Nr. 3”. Nessa sede, dissemos que Moreno estendeu o período excepcional
de 1943-1949 para todo o período do após-guerra, transformando-o em uma norma.
Dessa forma, não apenas
distorceu os fundamentos da teoria da revolução permanente, senão, pior ainda,
também a própria realidade.
Essa nova visão rompeu os vínculos
entre as tarefas a serem cumpridas pela revolução, de um lado, e os sujeitos –
a classe e o partido – que haveriam de conduzí-las à sua conclusão.
Existem precisamente aspectos
da teoria da revolução permanente que não podem ser considerados isoladamente,
em relação a outros. Se esse não fosse o caso, o que de bom representou a
rejeição da Oposição Internacional de Esquerda ao impulso forçado de Stálin à
agricultura coletiva ?
A « tarefa socialista » de
abolir a propriedade no interior do país não pode ser assumida em isolação
frente aos métodos da revolução proletária. Elas também não podem ser
consideradas separadamente em relação à classe que deve cumprir tal tarefa. Trotsky respondeu a esses tipos de
argumentos, em seu tempo : « Não apenas o “o quê” é o que importa, mas também
contam o “como” e o “quem” faz alguma coisa : se é a burocracia ou os
sovietes.” »[20]
Ora, tendo-se em conta
que, segundo Romano e Albamonte, o “dirigente trotskysta” Nahuel Moreno estendeu,
indevida e revisionistamente, o período excepcional de 1943-1949 para todo o
período do após-guerra, transformando-o em norma, distorcendo, assim, não
somente os fundamentos da teoria da revolução permanente, senão, pior ainda,
também a própria realidade, decorreria, pois, a imperiosidade de fazer-se
alguma coisa contra isso : i.e. corrigir-se Moreno, com
o que obter-se-ia uma mais perfeita compreensão do período do após-guerra.[21]
Como, porém, Romano e Albamonte
candidatam-se à execução desse mister ?
A resposta é-nos fornecida,
de bom grado, pelos próprios dirigentes
trotskystas-gramscianos Romano e Albamonte, ao
aconselharem toda a vanguarda dos lutadores proletários revolucionários a
precisamente atentar para o seguinte :
“Não somos, de nenhuma forma,
os primeiros a tentar sacar um paralelo crítico entre os pensamentos de Trotsky e os de Gramsci.
Perry Anderson, partindo do ponto de vista do marxismo acadêmico, abriu um debate acerca
das ambigüidades registradas no conceito chave de hegemonia, postulado por Gramsci. Esse foi um trabalho pioneiro,
em que as concepções de Trotsky foram tratadas. Porém os trotskystas falharam, lamentavelmente, em
elaborar sobre esse tema.
O principal impulso de nossa
abordagem é o de tratar ambos os sistemas teóricos considerados em seu
conjunto, constrastando seus conceitos particulares em processo, i.e. o
conceito de equilíbrio capitalista e a teoria da revolução permanente no caso
de Trotsky; a relação entre guerra de
posição e guerra de manobra de Gramsci, bem como os usos de sua noção de revolução passiva.
Essa última, acreditamos, tem
sida sobretudo subestimada pelos marxistas revolucionários.
O primeiro
resultado de contrastar-se essas perspectivas teóricas é a emergência de novos
conceitos, enquanto outros ganham em riqueza dialética, permitindo uma melhor compreensão do complexo cenário mundial que assumiu forma no período posterior à II
Guerra Mundial – o período assim denominado de a “Ordem de Yalta”.”[22]
Eis o resultado
primordial dos intentos de Romano e Albamonte, contidos em seus trabalhos dedicados a Trotsky e Gramsci, voltados a abordar
ambos os sistemas teóricos em pauta e a constrastar seus conceitos particulares
em processo, i.e. as análises de Trotsky sobre
o equilíbrio capitalista e a revolução permanente em
face dos conceitos de Gramsci de guerra de posição - guerra de manobra e de revolução passiva: mediante essa operação intelectual de matiz
ostensivamente eclética seria possível obter-se “novos conceitos,
enquanto outros ganham em riqueza dialética.”
Por ocasião de sua
ruptura com a Liga Internacional
dos Trabalhadores (LIT), em fins dos anos 80, Romano e sua corrente política declaravam ser
imprescindível seguir novos caminhos, delimitando-se do movimento trotskysta do
qual procediam, como forma de poder retomar “o método e a
teoria de Trotsky”.
Assim, ainda em 1993,
o hoje dirigente eclético trotskysta-gramsciano,
Romano, assinalava, expressamente, o seguinte :
“É por isso que toda a possível
regeneração revolucionária da LIT (e de suas secções) só pode surgir de uma volta, sem titubeios, às bases teóricas e ao método,
concebidos pelo fundador da IV Internacional.”[23]
Presentemente, é
possível depreender que Romano pretendia
efetivamente defender, à época, não propriamente “uma volta, sem
titubeios, às bases teóricas e ao método, concebidos pelo fundador da IV
Internacional, Trotsky” mas sim um retorno àqueles postulados,
burilados pelo sagaz venerador das políticas e dos métodos do stalinismo, Gramsci.
Se os leitores ainda
prosseguirem com suas dúvidas acerca das maravilhas ideológicas, obtidas pela
aliança eclética Trotsky e Gramsci,
promovida
por Romano e Albamonte, cabe destacar que esses dois trotskystas gramscianos brindaram-nos, ainda, com um trabalho
adicional, intitulado “Trotsky e
Gramsci. Revolução Permanente e Guerra de Posição. A Teoria da Revolução em
Gramsci e Trotsky”, no qual pretendem
conciliar, desveladamente, fundamentos lógicos do materialismo
histórico-dialético com axiomas supersticiosos do curandeirismo
idealista-subjetivista gramsciano, visando a obterem “novos
conceitos, enquanto outros ganham em riqueza dialética.”[24]
A essa cruzada do “Bloco Histórico Trotskysta-Gramsciano”,
encabeçada pelos mentores ideológicos do Partido Obrero e do
Partido de Trabalhadores por el Socialismo (PTS – Fração
Trotskysta – Estratégia Internacional) – coadjuvada por Convergencia Socialista (CS) e
pelo Movimiento Socialista de los Trabahadores (MST) -
soma-se ainda, escolasticamente, o Movimento ao
Socialismo (MAS).
Essa última
organização decidiu-se a difundir, ostensiva e diretamente, escolástica e
acriticamente, em seus “Cuadernos de
Formación”, textos decisivos do “Lenin do
Ocidente”, dedicados à temática “Estado e
Socialismo” e à questão da “Necessidade de
uma Preparação Ideológica das Massas”.[25]
No que
concerne ao comparecimento e ao porte do trotskysmo gramscista lamentavelmente também no interior das fileiras do Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU do Brasil), cuja
difusão faz-se, presentemente, de modo ainda periférico e fragmentário e,
ditosamente, não de maneira diretiva e preponderante, - apesar de ganhar
espaços a cada dia, com base no método gramscista da Guerra de Posição ou de Assédio,
a qual pode ser magnificamente sintetizada no provérbio Gutta cavat lapidem non vi sed
saepe cadendo, tantas vezes referido por Giordano Bruno, traduzido,
no vernáculo, mais comumente com o brocardo “água mole em pedra dura, tanto
bate até que fura” -, limito-me a remeter o leitor, em primeiro lugar,
à vastíssima página de Internet do Professor da Universidade de Campinas e
Metodista de São Paulo, membro do conselho editorial e secretário de
redação da Revista Outubro, Álvaro Bianchi.
Tal página de Bianchi, intitulada Politikon,
fala
por si mesma acerca das tendências e das inclinações especulativas desse
pensador brasileiro, empenhado em veicular não somente suposta
complementaridade eclético-intelectual, existente entre Trotsky e
Gramsci, senão também suas próprias considerações principais,
inequivocamente sufragadoras do gramiscismo epitemologicamente
subjetivista-apriorístico e frontalmente avessas ao materialismo
histórico-dialético de Marx e Engels.
À guisa de prova, permito-me remeter
o leitor ao estudo, exempli gratia, do texto “Hegemonia em
Construção” de Bianchi e do seu mais recente grito de guerra de “Retorno
a Gramsci”, i.e. uma apologia “reflexiva
e crítica” que, poupando o leitor de tantos argumentos ecléticos
vazios, não se prolonga mais do que ao longo de duas páginas repletas de letras
e sentenças, revivificadoras do non sense gramsciano.[26]
A Revista Outubro, dirigida
por Álvaro Bianchi adota como título um nome inquestionavelmente
imponente, diretamente associado à herança proletário-revolucionária gerada pelo
Outubro
Vermelho, dirigido por Lenin, Trotsky, Sverdlov e por
muitos outros bolcheviques que consagraram suas vidas através da edificação,
em Outubro
de 1917, de uma autêntica Ditadura Revolucionária do Proletariado,
rigorosamente estruturada sobre os fundamentos mais essenciais da doutrina
dialética histórico-materialista de Marx e Engels.
Destacando que o grande mérito histórico de Marx
e Engels foi o de terem indicado aos trabalhadores de todo o mundo sua
tarefa de serem os primeiros a levantarem-se na luta revolucionária contra o
capital e reunirem, em torno de si, nessa luta, todo o povo trabalhador e
explorado, Lenin foi capaz de retomar a questão da hegemonia do proletariado, desde
um ângulo dialético-materista, situando-se, assim, em diametral oposição
ao que viria a ser a versão idealista-subjetivista da hegemonia
de Gramsci, para quem a estratégia revolucionária do “ataque
frontal”, da “guerra de movimento” do
proletariado revolucionário, subsistiria apenas “até quando se trate de
conquistar posições não decisivas, não sendo, pois, mobilizados todos os
recursos da hegemonia do Estado.”[27]
Com efeito, na
história da humanidade de todos os tempos, a Grande Revolução Russa de Outubro de 1917, enquanto prólogo da revolução
socialista mundial, tornou-se o marco real e triunfante de maior relevância na
longa luta de classes internacionalista, travada pelos trabalhadores e todos os
seus aliados oprimidos por Pão, Paz e
Terra, rumo à edificação de um novo mundo : um mundo sem fronteiras,
autenticamente humanizado, imune a todas as formas de exploração do
homem pelo homem e de nações por nações, livre de toda a opressão dos Estados e das dilacerações sociais
sangrentas, emergentes das sociedades cindidas em classes irrenconciliavelmente
hostis.
Entretanto, apesar de seu nome eminentemente sedutor, não
se extrai, quase nunca, da Revista Outubro em referência
contribuições que apontem para a necessidade de retomada inadiável do legado de
luta dos bolcheviques, encabeçados por Lenin, senão, maximamente,
elaborações intelectuais das mais diversas procedências ecléticas que tendem
essencialmente à difusão e consolidação do gramscismo meta-marxista e de toda
sua «
tradição », fundada gnosiologicamente no subjetivismo idealista, inteiramente
avesso à dialética histórico-materialista de Marx e Engels, Lenin e Trotsky.
Permanecendo como porta voz ideológico do gramscismo,
a Revista
Outubro haveria de adotar um outro título que bem mais correspondesse
às suas aspirações histórico-epistemológicas.
Mesmo porque não passou pela cabeça de nenhum
revolucionário bolchevique ou mesmo – antes do VI Congresso de Unificação do
POSDR (Bolchevique), ocorrido entre 26 de julho e 3 de agosto de 1917 –
não transitou na mente de nenhum militante do Comitê Interdistrital de
Petrogrado, encabeçado por Trotsky e Lunatcharsky, Iurenev e Volodarsky
– defender a idéia de que lutavam, com o fito de deflagar “A Revolução contra o
Capital”, i.e. contra o Capital de Karl Marx, por acreditarem, como o faz declaradamente
Gramsci,
que “os
cânones do materialismo histórico não são assim tão férreos como se poderia
pensar e se pensou”, na medida em que “Marx se havia contaminado com incrustrações positivistas
e naturalistas.“ [28]
Procedendo desse modo, a Revista
Outubro não se dedica à abordagem do Outubro, pois que não se
dispõe a tratar do Outubro – ainda que o pudesse fazer, se se valesse de artigos
vertidos da pena de inúmeros trotskystas revolucionários que vicejaram e
vicejam seja no Brasil seja em todo mundo - : dispõe-se a tratar das leituras
gramscianas e gramsciófilas, i.e. das supostas incrustrações, dos alegados
entalhamentos, das presumidas tauxias, das imaginárias ensambladuras “positivas
e naturalistas” contidas na obra de Marx, já que “os cânones do materialismo histórico não
são assim tão férreos como se poderia pensar e se pensou ...”(sic)
Na base de uma suposta defesa da
mais ampla
liberdade de consciência filosófica e religiosa, fundada na parêmia De
gustibus et coloribus non est disputandum, a Revista Outubro de Álvaro
Bianchi e colaboradores procura servir de trampolim conseqüente e
sistemático à publicação, sem críticas e sem restrições, de artigos dos maiores
diretores espirituais do mandelismo, dirigentes supremos do Secretariado
Internacional da Quarta Internacional (SU – QI) – sustentadores diretos
ou indiretos no Brasil seja, por um lado, da Frente Popular,
encabeçada por Lula e integrada pelo Ministro do (contra) o Desenvolvimento
Agrário, Miguel Rossetto (SU – QI), seja, por outro lado, do Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL), como Michael Löwy e Daniel
Bensaïd, remixes do incorrígivel franco-maoísta Louis Althusser
– outrora contudentemente e à saciedade criticado por Nahuel Moreno –, análises
de “luxemburguistas”
no estilo de Ricardo Antunes, convicto protagonista do gramscismo
ideológico, propalado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) [29][30][31][32].
Mais do que isso : a
Revista Outubro dedica-se também à publicação de ensaios muito “profundos
e abrangentes” acerca da seguinte temática :
“Gramsci, mais um
antitrotskista ?”[33]
Diante do corpo de articulistas
supra-citados que configuram o ecletismo gnoseológico patente da Revista
Outubro de Álvaro Bianchi, adivinhe o leitor dessas linhas, se puder –
mesmo sem ter jamais lido o ensaio cujo título ficou acima referido -, qual
seja a resposta conferida por Bianchi e Sena à desafiadora
indagação formulada insinuadamente :
“Gramsci, mais um
antitrotskista ?”
Evidentemente que não,
não, não, quatro vezes não : Gramsci não foi um antitrotkista, apesar de ... apesar de ... apesar de ...
apesar de ... Gramsci ter
enaltecido, escancaradamente, Stalin enquanto “o Grande Teórico Mais Recente”
em matéria de “internacionalismo e política nacional”, apesar
de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... Gramsci declarar que a teoria da Revolução Permanente de Trotsky nada
mais é senão uma “tentativa de estupro de uma menina de 4 (quatro), 4 (quatro), 4
(quatro), 4 (quatro) anos”, apesar
de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... Gramsci opor-se, abertamente, à concepção de Revolução
Permanente de Trotsky, na medida em que defendeu ser inteiramente
correto compará-la, vulgarmente, com a teoria dos “sindicalistas franceses sobre a
greve geral e, também, parcialmente, com a teoria do espontaneísmo de Rosa
Luxemburgo (sic)”, apesar de ...
apesar de ... apesar de ... apesar de ...[34]
Apesar de tudo isso, Gramsci
não foi um antitrotskysta !, apesar
de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ... poder ter tido algumas diferenças
políticas em relação a Trotsky, evidentemente de dimensão
“irrelevante”.
Imaginemos, porém, por um instante,
se Gramsci
tivesse sido um antitrotskysta.
Que pérolas não verteriam de sua
pena para atacar a Revolução Permanente de Trotsky e prantear o “Grande
Teórico Mais Recente, em Matéria de Internacionalismo e Política Nacional”,
Iossif Vissarianovitch Djugaschvili Stalin !
Se acompanharmos as próximas edições
da Revista
Outubro de Álvaro Bianchi, verificaremos que, em breve, poderão ser lançados
os seguintes ensaios, ainda mais cativantes :
“Gramsci, mais um
antiluxemburguista?”
“Gramsci, mais um
antiliebknechtiano?
“Gramsci, mais um
antiengelsiano?”
“Gramsci, mais um
antimarxista?”
Em todos esses casos, a resposta
será não,
não, não, 4 (quatro) vezes não !, apesar
de ... apesar de ... apesar de ... apesar de ...
E as comoções cerebrinas de Gramsci
e do gramiscismo
das Universidades
Burguesas latinae linguae continuarão a ser vendidas, em massa, aos
consumidores desgraçadamente pouco informados, a título de ... “Outubro”
(!)
Não se surpreenda o leitor, se os
articulistas desses artigos vindouros forem até mesmo os seguintes expoentes
internacionais do mundo gramsciano-meta-marxista e do atual mandelismo
gramscista do Secretariado Unificado da Quarta
Internacional (SU-QI) :
·
Daniel Bensaïd ;
·
Jacques Bidet ;
·
François Chesnais ;
·
Domenico Losurdo.
Com efeito, os quatro mosqueteiros
mundialmente renomados do gramscismo meta-marxista estarão no Brasil,
de 8
a 11 de novembro de 2005, adivinhem onde e para palestrarem sobre o
quê, a convite de quem?
Se a resposta do leitor à pergunta
acerca do “onde” foi : Universidade de Campinas, em São
Paulo, a resposta está certa.
Se a resposta do leitor à pergunta
sobre o “para palestrarem sobre o quê” foi : sobre a obra de Karl
Marx e Friedrich Engels, acertou novamente.
Se a resposta do leitor à pergunta
acerca do “convite de quem” foi : Revista Outubro de Álvaro
Bianchi, acertou apenas de modo parcial.
Pois, o evento para o qual forão
convidados Bensaïd, Bidet, Chesnais, Losurdo, todos eles meta-marxistas
gramscianos ou sinceros colaboradores desses, intitulado, enquanto
chamariz, 4° Colóquio Marx e Engels, foi organizado pelo Centro
de Estudos Marxistas (CEMARX) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
(IFCH) da Unicamp, cujos professores ativos são todos gramscianos
ou gramsciófilos, tais quais João Quartim de Moraes, ideólogo do
neo-stalinilismo do PCdoB frente-populista, Armando Boito Jr., epígono do neo-stalinismo
de Quartim
de Moraes e do PCdoB frente-populista e prócere do stalinismo maoísta-brasileiro,
Augusto
Buonicore, epígono do neo-stalinismo de Quartim de Moraes e de
Armando Boito Jr. e mentor ideológico do PCdoB frente-populista, e Álvaro
Bianchi, o editor trotskysta- gramsciano da Revista
Outubro.
Essa fraternidade eclética há de nos
falar logo de quem ..., logo de quem ..., logo de quem ..., logo de quem ...
: de Karl Marx e Friedrich Engels !
Perante os professores neo-stalinistas-gramscianos,
stalinistas-maoístas-gramscianos e trotskystas-gramscianos, o próprio Marx responderia,
certamente, com suas palavras de odi profanum vulgus et arceo, favete linguis,
i.e. odeio o vulgo ordinário e afasto-o, favorecei-me, pois, com a língua,
calando-vos[35] :
“ Abgesehen davon,
gefällt mir sehr die öffentliche, authentische Isolation, worin wir zwei, Du
und ich, uns jetzt befinden.
Sie entpricht ganz
unsrer Stellung und unsern Prinzipien.
Das System
wechselseitiger Concessionen, aus Anstand geduldeter Halbheiten und die Pflicht
vor dem Publicum seinen Theil Lächerlichkeit in der Parthei mit all diesen
Eseln zu nehmen, das hat jetz aufgehört.”
No vernáculo :
“ À parte isso,
agrada-me muito essa isolação pública e autêntica, na qual nós dois, tu (Engels) e eu,
encontramo-nos atualmente.
Ela corresponde
inteiramente ao nosso posicionamento e aos nossos princípios.
O sistema de concessões
recíprocas, de respeito a medianidades toleradas e o dever de assumir diante do
público sua parte de ridículo, no Partido com todos esses burros, isso agora
deixou de existir.”[36]
Eis aí o De cujus sucessione agitur
sobre quem desejam falar os meta-marxistas gramscianos, os neo-stalinistas
gramscianos, stalinistas-maoístas gramscianos e os trotskystas gramscianos que
também serão expositores no 4° Colóquio Marx e Engels, organizado
pelo Centro
de Estudos Marxistas (CEMARX) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
(IFCH) da Unicamp.
Todos esses intelectuais – a maioria
deles professores universitários - entendem ser o marxismo aquilo que eles
mesmos apreciam ler no marxismo, na medida em que agem
rigorosamente segundo a lógica da gnoma Quod volumus, facile credemus, i.e.
aquilo que queremos, acreditamo-lo facilmente.
Agindo, desse modo, o gramscismo
cuja natureza essencial é o meta-marxismo transforma a ciência do socialismo ou o socialismo
científico de Marx e Engels em uma ciência alegórica : melhor dito em
uma αλληγορία (alegoria), i.e. uma ficção meta-marxista,
composta por uma série de metáforas que tratam do marxismo, dando a idéia
de outra coisa, nele não expressada : por isso, άλλος
(outro), αγορεύειν (dizer).
O gramscismo não procede examinando o marxismo, com vistas a dele
extrair resultados dialético-revolucionários, tal
como um guia para a ação (Anleitung zum Handeln), orientação
para o agir, instrução para a prática, não de colaboração de classes - no estilo
stalinista, stalinista-gramsciano ou gramsciano-meta-marxista - , mas
de organização, mobilização e luta permanente, independente e implacável das
mais amplas massas revolucionárias, sob a direção hegemônica do proletariado, em busca da construção de uma humanidade socializada ou
ainda de uma sociedade humanizada, senão procede reconstruindo-o
de modo idealista-subjetivo, segundo os interesses e as conveniências
particulares do gramscista meta-marxista em causa, sejam aqueles velados ou
ostensivos.[37]
O modus agendi et faciendi,
o método do socialismo alegórico gramsciano-meta-marxista, por usurpar a
dialética de Marx e Engels, não se desenvolve, gnosiologicamente, por meio
de tese
(θέσις), antítese
(αντιθέσις) e síntese
(σινθέσις), fundadas em sentido
histórico-materialista.
Pelo contrário, dedica-se
interminavelmente à produção alegórica de hipó-teses
(ιποθέσις),
pró-teses(προθέσις) e diá-teses
(διαθέσις), i.e. ocupa-se, em
um primeiro passo, com suposições admissíveis sobre o sentido e significado das
concepções de Marx e Engels, tornando-as carentes, porém, de toda comprovação,
em um segundo passo, com substituições artificiais do sentido e significado das
concepções de Marx e Engels o que leva a que adrede decaia e, em um terceiro
passo, com firmes disposições de reconstrução ordenatória
idealista-subjetivista, promovida por meio de suas próprias operações
intelectuais arbitrárias, dos elementos múltiplos, fornecidos pela dialética
histórico-materialista de Marx e Engels.
Fundado nesse método de proceder, o socialismo
alegórico gramsciano-meta-marxista – ao invés de científico – perpetra
diversos equívocos não apenas de compreensão do significado literário das
concepções e princípios, método e lógica, propugnados por Karl Marx e Friedrich Engels, senão
ainda, inevitavelmente, quando aplicado à direta análise dos fatos que permeiam
a realidade corrente da luta de classes e às respectivas medidas estratéticas e
táticas revolucionárias a serem adotadas, produz distorções, deformações,
acomodações, sectárias e oportunistas, que, em princípio, poderiam não ser tão
graves, se porventura houvesse disposição e consciência para corrigí-las
prontamente e no mais rápido espaço de tempo, em conformidade com o modo de
enfoque e de transformação materialista histórico-dialético do mundo.
Errare humanum est,
perservare autem ...
Impulsionado pelo gramiscismo
meta-marxista de nossos dias, verifica-se o surgimento do socialismo
alegórico, cuja essência reduz-se a referências feitas a pensamentos,
obras, cartas, discursos, documentos de Marx e Engels, para, a seguir,
fornecer um sentido e um significado essencialmente subjetivo e distinto,
particular e estranho, alheio e recôndito, alienado e alienante daquilo que Marx
e Engels quiseram efetivamente expressar.
Vejamos, por um minuto, a gênese e a
natureza do socialismo alegórico, cuja força propulsora decisiva de nossos
dias é o gramscismo meta-marxista.
O filistinismo do “livre pensar”
é o pai da ideologia essencialmente stalinista-meta-marxista de Gramsci
que gerou os neo-stalinistas gramscianos-reciclados, dos
quais nasceram os stalinistas-maoístas-gramscianos que procriaram os meta-marxistas
gramscianos que são os genitores dos trotskystas-gramscianos e
gramsciófilos
que, finalmente, unius sunt substantiae et virtutis ac potestatis, i.e. são de uma única substância, força e poder, conformadora
do socialismo
alegórico gramsciano-meta-marxista de nosso corrente século XXI.
Apoiando-se nos fundamentos do socialismo
científico de Marx e Engels, o socialismo alegórico pretende
daquele retirar a legitimação para as suas próprias elocubrações figuradas,
enigmáticas, embrulhonas e falsas, formuladas com base no seguinte epifonema :
“Nullius addictus jurare
in verba magistri,
Não estando obrigado a jurar pelas palavras de mestre
algum,
quo me cunque rapit
tempestas,
para onde me arrasta a tempestade
defereor hospes.
deixo-me levar de bom grado.”[38]
Se, outrora, as lutas de emancipação
do proletariado internacional e seu produto mais legítimo e avançado, i.e. o socialismo
científico de Marx e Engels, foi
capaz de reconhecer e lutar, em todos os domínios, contra os resultados,
ostensivos e velados, das concepções, lógica e metodologia de trabalho dos
assim denominados “socialismo utópico”, “socialismo religioso-cristão”, “socialismo dos
juristas”, “socialismo de cátedra” et caetera, nosso corrente século
coloca-nos diante da tarefa de, estribando-nos – ainda que como modestos
pigmeus – sobre o terreno do socialismo científico de Marx e Engels, combatermos
as formulações, a epistemologia e o modus agendi et faciendi do socialismo
alegórico gramsciano-meta-marxista, expressão do moderno ecletismo
intelectual dito marxista que enferma a luta de emancipação do proletariado e
que possui como elemento central de refundição, refinamento, reciclagem e
retratamento, o gramscismo, novo
freio ideológico de matiz originariamente stalinista, destinado a impedir que a
eclosão de processos efetivamente proletário-internacionalistas, inspirados por
posições marxistas revolucionárias, i.e. leninistas-trotskystas, conduzam à consolidação
da Ditadura Revolucionária do Proletariado, incorporadora da mais ampla Soberania
proletária, enquanto forma de transição para uma sociedade sem classes
e sem Estado.
Em vista da imensa importância da
genial e originalíssima doutrina de Marx e Engels para as lutas das
amplas massas exploradas e confrangidas, em razão das produções de Marx
e Engels constituirem um arcabouço de concepções indeléveis, profundamente abrangente, procura o socialismo
alegórico gramsciano-meta-marxista erigir enquanto seu método de
trabalho o procedimento de referir-se, sempre à distância e esporadicamente, a Marx
e Engels – folheando, ocasionalmente, até mesmo suas obras, citando, às
vezes, até mesmo pedacinhos dela -, a fim de atribuir um sentido e um
significado inteiramente distorcido, surpreendente, e, por isso mesmo, não
apenas falso, mas antes de tudo embusteiro, enganador, sedutor (no dizer de Engels
: befremdend) àquilo que foi efetivamente preconizado pelos fundadores
do socialismo
científico.
O socialismo alegórico
gramsciano-meta-marxista tão cultivado pelos rabinos
neo-stalinistas-gramscianos, stalinistas-maoístas-gramscianos,
trotskystas-gramscianos, trotskystas-gramsciófilos et reliqua agem tal
qual o faz um mal intérprete de um idioma que o considera covinctamente como
sendo naturalmente seu, ao construir, criar, elaborar um sentido aproximado,
figurado e aparentemente evidente de uma determinada proposição lançada por Marx
e Engels.
P.ex.: admitindo-se que um meta-marxista
gramsciano – seja ele da vertente eclética que lhe aprouver, i.e. neo-stalinista
gramsciano, stalinista-maoísta gramsciano ou mesmo trotskysta gramsciano ou
trotskysta gramsciófilo, porém sempre defensor do pensamento de Gramsci
enquanto leitura retratada, refinada, reciclada, idealista-subjetiva de tudo
aquilo que Marx ou mesmo Engels ou mesmo Lenin ou mesmo Trotsky
produziram – encontrasse, hipoteticamente, em algum texto desses
pensadores a seguinte sentença :
“Cor quo vado ?”
Diria, sem grande meditação, em tom inquestionavelmente
alegórico, usando de sua mais ampla liberdade de consciência, em defesa de um
suposto “marxismo critativo” :
“Essa sentença quer
dizer « exatamente » que Marx
tinha conhecimento não apenas do Brasil
e do Rio de Janeiro, mas também que
ouvira falar do Corcovado, se é que
lá mesmo não esteve !”
Posicionado diante da conhecida
expressão :
“Nomen est omen !”
Não tituberaria o meta-marxista
gramsciano em formular, de modo inovador, a seguinte pró-tese
:
“Eis aí que o nome
é o homem, i.e. a simples menção do nome de Marx concede-lhe perante auditórios repletos todos os louros que
seus ensinamentos merecem.”
Se deparasse, então, com a sentença
:
“Caritas in omnibus.”
Diria o meta-marxista gramsciano, criativa
e alegoricamente, em tom trocista, arrancando até mesmo a concordância de
incautos auditórios inteiros :
“Certo! Com toda a sua monumental compreensão das
relações sociais circunjacentes, Marx
queria, na realidade, nos alertar, em tom de previsão, para o fato de que está caro nos ônibus, a despeito do
fato de que, na época de Marx, não
existisse, como sabemos, ônibus algum.”
Entrevendo a mensagem :
“De motu proprio.”
O intelectual meta-marxista gramsciano, fundando-se
no axioma de que cada um dever escolher livremente no que acredita, diria :
“Aqui, Marx
pretende dizer que certamente cada qual deve ir com sua moto própria.”
Se avistasse, a seguir, a sentença :
“No vi oras.”
Segunda a mesma lógica, afirmaria o meta-marxista
gramsciano, figurativamente, recorrendo a toda sua concepção de
liberdade no “marxismo criativo” :
“Bem. Eram, efetivamente, nove horas, quando Marx redigiu
essas linhas, pois, em outra passagem, afirma, ao dirigir-se a Engels, «iterum crispinus»!”[39]
Confrontado com a pergunta :
“Maria, an tu nes ?”
O meta-marxista gramsciano não
titubearia em criar marxisticamente, alegorizar, no terreno da obra de Marx
e Engels, dar asas ao seu espírito amplamente livre e desbragadamente autônomo,
proclamando :
“Aqui, Marx
remete-nos « exatamente » ao estudo
de Maria Antunes, mãe da grande protagonista da Revolução Farroupilha da qual ele
certamente deve ter tomado ciência por meio de Giuseppe Garibaldi !”
Assaltado pela sentença :
“Tua neta Maria rosa.”
O professor do meta-marxismo gramsciano
esclareceria, alegoricamente, demonstrando seu infinito conhecimento da
história de todos os tempos :
“Aqui, já se trata de algo inteiramente distinto. Marx pretende dizer « exatamente » que
... que ... que ... que ... alguém se dirigia a avó de Maria, a Louca – “Maria, la Pazza” -, mulher guerreira, que sempre
levava uma rosa consigo. Ela foi
descrita magistralmente pelo escritor italiano Francesco Petrarca.”
No mesmo passo, o meta-marxismo
gramsciano – sempre muito adepto do “marxismo criativo” –
surpreender-se-ia se tomasse conhecimento de fórmulas imprecatórias, formuladas
por Marx, e
acharia melhor, por cautela, não alegorizar meta-marxisticamente em casos
semelhantes aos seguintes, reputadamente difamatórios e insultosos :
“Tua mater mala est
burra !”
“Mando navem prora
puppique carente !”
“Pica fodet conum !”
“... et quisbundam aliis
!”
“Da mihi tua buceta
dicta baccho !”
“Quod abundat non nocet
!”
“Omnibus rebus cognitis
!”
„Nihil est miserum nisi cum putes.“
Por sua origem essencialmente
acadêmico-professoral, imersa em ambiente de Universidades do Estado Burguês, o
gramscismo
meta-marxista prefere dedicar-se às coisas mais orgânicas, intelectuais
e especulativas, procurando revelar em Marx o sentido mais profundo de seus
estudos histórico-analíticos, tal como Gramsci o fez ao redigir seu
lendário “A Revolução contra o Capital” - segundo Gramsci : “Revolução contra o
Capital de Karl Marx”, pois ..., pois ..., pois ..., pois ... “os
bocheviques renegam Karl Marx”, afirmando que “os cânones do materialismo
histórico não são assim tão férreos como se poderia pensar e se pensou”, na
medida em que “Marx se havia
contaminado com incrustrações positivistas e naturalistas.“ [40]
“Hannibal ante portas !”
Na alegoria linguística dos gramscianos
meta-marxistas :
“Aníbal que antes foi
porteiro !”
E, então :
“Libertas quae sera
tamen respexit inertem !”
Meta-marxisticamente, na dicção dos gramscianos
dos mais diversos matizes há de soar de modo parecido com :
“Liberta, que serás
também, respeitando a inércia !”
Ou ainda :
“Ruere in servitium.”
Na diátese gramisciana meta-marxista,
constituida por meio de hipótese e prótese :
“Ruir no serviço.“
Com efeito, Marx, Engels, Lenin e
mesmo Trotsky – que nos refere entusiastamente a
obra de Juvenal – muito utilizaram a língua latina, seja em pequenas
dimensões – referindo-nos brilhantes epifonemas -, seja em ensaios mais largos,
demonstrando que sabiam, efetivamente, com que importantíssimo instrumento
cultural estavam manejando.
Assim, não se trataria de um caso
fantástico se um gramsciano meta-marxista qualquer, confrontado com um
parágrafo de História da Antigüidade como esse :
“Omnibus completis,
Caesar, summa diligentia, fuit profectus Romam.”
formulasse a seguinte alegoria :
“Aqui, Marx que dizer « exatamente » que : estando os ônibus completos, César subiu na
diligência, i.e. na carruagem, e foi prefeito de Roma.”
Suponha, agora, o leitor, por um
breve lapso de tempo, qual não há de ser
a alegoria produzida pelo meta-marxismo dos gramscianos
e gramsciófilos
ejusdem farinae, exercitados no domínio do “marxismo criativo”, quando
passam a se ocupar efetivamente das lições acuradamente redigidas por Marx
e Engels, Lenin e Trotsky !
Vejamos um exemplo concreto sobre o
que aqui versamos :
Marx expressou, efetivamente,
a seguinte importantíssima noção sobre o exercício da hegemonia no contexto do Principado
de Augusto e do Estado Romano, ao redigir em língua
latina o seguinte :
“Sed omnino et Romana civitate, quam singulis
Augustus praebuit, et armis, quae duces periti gessere, et inimicitia, inter eos
ipsos excitata, multuorum Germaniae populorum vis frangebatur.”[41]
Em sentido meta-marxista-gramsciano,
i.e. no quadro do “marxismo do além mundo”, no
âmbito do “marxismo criativo”, praticado pelos próceres espirituais do gramscismo
ejusdem furfuris, haveria de emergir todo o parágrafo
linguístico-declaratório em tela, da seguinte forma :
“Como sabemos, Marx
escreve certo por linhas tortas, quando se refere a questões históricas ...
No texto em destaque, Marx quer dizer « exatamente
» que : a sêde, o menino e a cidade
romana que, de modo singular, Augusto meteu em pré-ebulição, e as armas que os
doces peritos engessaram, e a inimizade entre os pisos, excitou muito tumultos
germanos populares, de modo vil flagelados. “
Consultar a Segunda Parte - Continuação
do Capítulo III
EDITORA DA ESCOLA DE
AGITADORES E INSTRUTORES
“UNIVERSIDADE COMUNISTA
REVOLUCIONÁRIA J. M. SVERDLOV”
DO PROLETARIADO E SEUS ALIADOS
OPRIMIDOS
MOSCOU –
[1] Cf. BUONICORE, AUGUSTO C. Gramsci, Lenin e a Questão da Hegemonia, in:
Rebelion. Periódico Electrónico de Información Alternativa, 12 de Abril de
2003.
[2] Cf. IDEM. ibidem.
[3] Vide GRISOLIA, FRANCO. La Natura ed il Ruolo
del Partito Leninista(A Natureza e o Papel do Partido Leninista), in : Ottobre
1917. L’Assalto al Cielo : La Rivoluzione Russa e le Sue Prospettive
Internazionali (Outubro de 1917. O Assalto ao Céu : A Revolução Russa e Suas
Perspectivas Internacionais), in: I Dossier di Proposta, 30 maggio 1999.
[4] Quanto à defesa da
concepção gramsciana de partido por Associazzione Marxista Rivoluzionaria
Proposta(AMRP), vide GRISOLIA,
FRANCO / FERRANDO, MARCO / RICCI, FRANCESCO. Communist Refoundation Party.
For a Communist Project. Congress Document. 4Th National Congress of
PRC, in : International Trotskyst Oppositon Site, http://www.
gn.apc.org/ito/ito. html, 21 de Março de
1999.
[5] HARMAN, CHRIS. Gramsci versus Reformismus. A Socialist Workers
Party Pamphlet, London : Socialist Workers Party, 1 ed. 1977, 2e. ed. 1983,
3ed. 1986, pp. 5 e s.; IDEM. ibidem, in : Sozialismus von Unten,
http://www. sozialismus-von-unten.de /archiv/text/ gramsci_harman.htm
[6] Cf. NORTH, DAVID. Marxism
and the Trade Unions, International Summer School on Marxism and the
Fundamental Problems of the 20th Century, Sydney : Socialist
Equality Party, 10 de Janeiro de 1998.
[7] Cf. IDEM. ibidem.
[8] Acerca do tema, vide ARBEITERPRESSE
VERLAG. Die imperialistische Weltkrise und die Aufgaben der IV
Internationale. Perspektiven des Internationalen Komitees der IV Internationale
(A Crise Imperialista Mundial e as Tarefas da IV Internacional. Perspectivas do
Comitê Internacional da IV Internacional)(8 de Agosto de 1988), Essen, Outubro
de 1988, p. 22.
[9] Nesse sentido, vide,
sobretudo, SOCIALISMO RIVOLUZIONARIO. Direzione
e Quadri nella Costruzione di Sr. Quaderni di Formazione Marxista
Rivoluzionaria, Firenze, Dezembro de 1992, pp. 15 e s.
[10] Acerca do tema, vide MASSARI, ROBERTO. Trotsky y Gramsci in
: En Defensa del Marxismo. Revista Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de
1996, ou ainda in : http://www.geocities.com/
catedragramsci/textos/S_Trotsky_y_gramsci.htm
[11] Vide, nesse sentido, RIEZNIK, PABLO. Los Intelectuales ante
la Crisis (Sobre la Intelligentsia Latinoamericana), in: En Defensa del
Marxismo. Revista Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de 1996.
[12] Vide, nesse sentido, ROMERO, ANÍBAL, La Dictatura del
Proletariado, Según Nahuel Moreno, in : En Defensa del Marxismo. Revista
Teórica del Partido Obrero, Nr. 13, Julho de 1996.
[13] Vide CANDREVA, LUIGI. Gramsci e la
‘Bolscevizzazione’ del Pci : 1924-1926, in: http:// www. po.org.ar/ foro/ gramsci.
htm, 2 de Junho de 1996.
[14] Nesse sentido, vide COGGIOLA,
OSVALDO. Gramsci : História e Revolução. 50 Anos da Morte do Revolucionário
Italiano nas Prisões do Fascismo, São Paulo : Revista da Universidade de São
Paulo, Nr. 5, Janeiro de 1987, pp. 57 – 66.
[15] A esse respeito, vide IDEM.
Gramsci : História e Revolução, São Paulo : Xamã, 1996, pp. 97 – 104.
[16] Vide COGGIOLA,
OSVALDO / MASSARI, R. ET ALII. Bolchevismo, Gramsci, Conselhos, São Paulo :
Xamã, 1996, pp. 3 e s. Nessa obra – se é que assim podemos denominar essa
produção coggioliana - , o célebre Professor de História da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) reúne
outras cabeças filistinas, outros embrulhões intelectuais, para elaborar um
tratado científico acerca de “Ciência Histórica
Bolchevique-Gramsciana”.
[17] Vide GRISOLIA, FRANCO / FERRANDO, MARCO / RICCI,
FRANCESCO. Communist Refoundation Party. For a Communist Project. Congress
Document. 4Th National Congress of PRC, in : International Trotskyst
Oppositon Site, http://www. gn.apc.org/ito/ito. html, 21 de Março de 1999.
[18] No que tange à difusão
da lógica epistemológica trotskysta-gramsciana de interpretação dos principais
eventos da luta de classes do mundo, o PTS – Fração Trotskysta tem
logrado impulsionar, em nível europeu, suas posições transcendental-alucinantes
através das iniciativas comuns que vem empreendendo com a Liga por uma
Internacional Comunista Revolucionária / Quinta Internacional – Workers Power (Poder dos Trabalhadores / Quinta
Internacional). Na medida em que a LICR – Workers Power / Quinta
Internacional não possui uma
preocupação mais fundanda com os problemas teóricos e políticos do movimento
trotskysta contemporâneo, rende-se ela mesma às análises disparatadas,
formuladas por Romano e Albamonte, sem opor qualquer resistência
à proliferação da enfermidade gramsciana em suas fileiras.
[19] Cf. ROMANO, MANOLO. Polemica
con la LIT y el Legado Teórico de Nahuel Moreno, in: Estrategia Internacional, Nr.
3, Dezembro de 1993 / Janeiro de 1994, pp. 1 e s.
[20] Cf. ALBAMONTE, EMILIO
& ROMANO, MANOLO. Trotsky and Gramsci. A Posthumous Dialogue (Trotsky e
Gramsci. Um Diálogo Póstume), specificamente Nota 36, in: Estrategia
Internacional, Nr. 19, Janeiro de 2003, pp. 14 e 15.
[21] Já tive ocasião de
destacar que jamais se demonstrará excessivo realçar sempre os penetrantes
trabalhos de Nahuel Moreno, elaborados em meio à sua luta ideológica acesa,
deflagrada seja contra o euro-comunismo, seja contra o
mao-althusserianismo, seja contra o mandelismo, seja ainda
contra o lambertismo, em defesa do legado da Revolução Proletária de Outubro
de 1917 e, em particular, em prol dos princípios ético-organizativos do
partido marxista-revolucionário. Nada obstante, cumpre ressaltar que, entre
outros aspectos, seria efetivamente incorreto pretender apoiar, sem importantes
reparos, seus posicionamentos, quer no domínio da lógica marxista – onde Moreno
defende posições teóricas amplamente coniventes com o construtivismo
metodológico-radical de Piaget, incompatíveis essencialmente
com o socialismo científico de Marx e Engels -, quer no domínio da atualização
do programa de transição – onde Moreno propugna, abertamente,
posições idealistas-subjetivistas e democratistas, ao pretender inverter
infundadamente relações causais dos acontecimentos históricos, maximamente no
período posterior à I Guerra Mundial, afastando-se, assim, ostensivamente do método
materialista histórico-dialético, defendidos por Marx e Engels, Lenin, Sverdlov e
Trotsky -, quer ainda no domínio ontológico do ser trotskysta nos
dias de hoje - onde Moreno, em sua excessiva acentuação
da atividade criticista e ânsia de superação do próprio trotskysmo, deixa de
destacar que o marxismo, por ser científico, deve ser considerado como um guia
para a ação (Anleitung zum Handeln), orientação para o agir, instrução para
a prática de organização, mobilização e luta permanente, independente e
implacável das mais amplas massas revolucionárias, sob a direção hegemônica do
proletariado, em busca da construção de uma humanidade socializada ou ainda de
uma sociedade humanizada, o que
obsta, nos limites do marxismo revolucionário, qualquer tipo de criticismo
“criativo” e supostamente superador, elaborado em desconformidade e dissonância
com o rigoroso método do materialismo histórico-dialético. Acerca do tema, vide MORENO,
NAHUEL. Lógica Marxista y Ciencias Modernas, México-Colômbia :
Xólotl-Pluma, 1981, pp. 54 e 55.; IDEM. Actualización
del Programa de Transición, ed. CITO – Centro Internacional del Trotskysmo
Ortodoxo, 1980, pp. 7 e s.; IDEM. Ser
Trotskysta Hoy(1985), in: Cuadernos de Correo Internacional, 1988, pp. 3 e s.
[22] Cf. ALBAMONTE, EMILIO
& ROMANO, MANOLO. ibidem, p. 1.
[23] Cf. ROMANO, MANOLO. Polemica
con la LIT y el Legado Teórico de Nahuel Moreno, in: Estrategia Internacional,
Nr. 3, Dezembro de 1993 / Janeiro de 1994, p. 1.
[24] Cf. IDEM. Trotsky and Gramsci.
Permanent Revolution and the War of Position. The Theory of Revolution in
Gramsci and Trotsky (Trotsky e Gramsci. Revolução de Permanente e Guerra de
Posição. A Teoria da Revolução em Gramsci e Trotsky,) in: Estrategia
Internacional, Nr. 19, Janeiro de 2003, pp. 1 e s.
[25] Vide, nesse sentido, MOVIMIENTO
AL SOCIALISMO. Cuadernos de Formación, http://www.mas.org.ar
[26] Nesse sentido, vide BIANCHI,
ÁLVARO. Politikon, http://planeta.terra.com.br/educacao/politikon;
tb. IDEM. Hegemonia em Construção. A Trajetória do PNBE, São Paulo :
Xamã, 2001, pp. 3 e s. ; IDEM. Retorno a Gramsci: Para
Uma Crítica das Teorias Contemporâneas da Sociedade Civil, in: Anais do XII
Congresso Nacional dos Sociólogos. A Profissão do Sociólogo numa Era de
Incertezas, Curitiba, 2000, p. 10-11, entre outras preciosidades do gênero.
[27] Vide LENIN, VLADIMIR I. Retch Pri Otkrytii
Pamiatnika Marksu i Engel’su (Discurso na Inauguração de um Memorial a Marx e
Engels) (07.11.1918), in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii (Obras Completas),
Moscou : GIPL, 1961, ibidem, Vol. 37, pp. 169 e s. Acerca da concepção relativa
à conquista da hegemonia na luta de classes em Marx e Engels, Lenin
e Trotsky, vide, no presente texto, sua Parte II.A.2. Conquista da
Hegemonia do Proletariado na Perspectiva do Idealismo Gramsciano para a
Colaboração de Classes e Capitulação Diante do Estado Burguês, in : http://www.scientific-socialism.de/SUCAPIIA2.htm
[28] Nesse sentido, vide GRAMSCI, ANTONIO. La Rivoluzione contro
il „Capitale“ (Avanti !, 24 de Novembro de 1917, Il Grido del Popolo, 5 de
Janeiro de 1918), in : Antonio Gramsci. Scritti Politici, Roma, 1967, p. 80 e
s.
[29] Nesse sentido, remeto o
leitor ao exame atento e crítico dos seguintes artigos da Revista Outubro : LÖWY, MICHAËL. A Teoria do
Desenvolvimento Desigual e Combinado, in:
Revista Outubro. Revista do Instituto de Estudos Socialistas, Nr. 1, 1998; IDEM. Léon Trotsky, Um Profeta da
Revolução de Outubro, in : ibidem, Nr. 3, 1999; BENSAÏD, DANIEL. O Domínio Público contra a Privatização do Mundo,
in: ibidem, Nr. 10, 2004.
[30] Nesse sentido,
vide ALTHUSSER, LOUIS. O Marxismo
[31] A esse respeito,
vide ANTUNES, RICARDO. A
[32] De passagem, assinalo
que Ricardo
Antunes, também Professor da Universidade de Campinas de São
Paulo, resenhou, já mesmo em 1991, um livro – esse sim, extremamente louvável
-, compendiando traduções em língua portuguesa de três textos de autoria de Rosa
Luxemburgo, realizadas por Isabel M. Loureiro. Vide LUXEMBURGO, ROSA. A Revolução Russa,
trad. Isabel M. Loureiro, Petrópolis : Vozes, 1991, pp. 3 e s. Em sua resenha, Antunes
dedica-se, sobretudo, a traçar inúmeras considerações acerca de um dos
textos traduzidos de Rosa Luxemburgo, intitulado a
“Revolução Russa”, salientando, maximamente, aos leitores a
oposição que Luxemburgo despregou, nesse seu material, redigido na Prisão
de Breslau – i.e. inteiramente afastada do cenário da luta de classes –
contra as medidas governamentais, adotadas por Lenin e Trotsky, no
quadro da Revolução Russa de Outubro de 1917 – tal como o decidido
fechamento pelos bolcheviques da Assembléia Nacional Constituinte etc.
-, em que Rosa salienta, porém, - sem que Antunes o refira - que o futuro
haveria de pertencer ao bolchevismo de Lenin e Trotsky. A seguir, Antunes
sobrevoa, em sua resenha, o texto de Luxemburgo “Questões de
Organização da Social-Democracia Russa”, este produzido mais de uma
década antes da “Revolução Russa”, repetindo o bordão das críticas de Rosa desferidas
contra Lenin e as respostas desse último a Rosa. Ao longo de toda a
sua exposição – mesmo tendo o livro de Isabel M. Loureiro incluído a
tradução do importantíssimo texto, intitulado “O Que Quer a Liga Spartakus ?”
– Antunes
não manifestou, porém - evidentemente -, nenhum interesse em destacar o
fato de que Rosa Luxemburgo equivocou-se em suas anotações redigidas no
cárcere de 1918, sendo que, porém, corrigiu a maioria de seus erros depois de
abandoná-lo, no fim de 1918 e no início de 1919. Enquanto Luxemburgo superou, em grande parte,
os seus próprios erros, em um espaço relativamente curto de tempo, em 1918, Antunes
aspira a neles recalcitrar, transcorridos praticamente um século do
momento em que os erros foram originalmente cometidos pela águia da revolução proletária.
Agindo assim, Ricardo Antunes – tal como, outrora, Paul Levi – preferiu se
situar no “pátio traseiro do movimento da classe operária, entre os montes de
esterco, onde galinhas como Levi, Scheidemann, Kautsky e toda aquela sua
fraternidade, piam sobre os erros cometidos pela grande comunista”, a
fim de se credenciar perante as forças do “socialismo liberal” do Brasil.
Acerca dessa questão, vide LENIN, VLADIMIR I. Zametki
Publitsista. O Voskhojdenii na Vysokie Gory, O Vrede Unynia, o Pol’zie
Torgovli, Ob Otnoshenii k Men’shevikam i.t.p. (Anotações de um Publicista.
Sobre a Subida de uma Alta Montanha, a Desgraça do Esmorecimento, a Utilidade
do Comércio, a Atitude em face dos Mencheviques etc)(Fevereiro de 1922), Parte
3: Ob Oxote na Lis – O Levi, O Serrati (Agarrando Raposas – Levi e Serrati),
in: V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii (Obras Completas), Moscou : GIPL,
1961, Vol. 44, pp. 419 e s.
[33] Nesse sentido, vide SENA JÚNIOR, CARLOS ZACARIAS. Gramsci,
Mais Um Antitrotskista?, in : ibidem, Nr. 10, 2004.
[34] Acerca do tema,
vide GRAMSCI, ANTONIO. Quaderni del Carcere, Nr.
14 (1928-1937) – Internazionalismo e Politica Nazionale (Internacionalismo e
Política Nacional), in : Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e
sullo Stato Moderno, Torino : Editori Riuniti, 1991, pp. 144 e 145. tb. em http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP1.htm;
IDEM. Quaderni del Carcere, Nr. 7
(Cadernos do Cárcere, Nr. 7)(1928-1937) – Guerra di Posizione e Guerra
Manovrata o Frontale (Guerra de Posição e Guerra Manobrada ou Frontal), in :
Antonio Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno,
Torino : Editori Riuniti, 1991, pp. 83 e s. tb. em http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP2.htm;
IDEM. Quaderni del Carcere, Nr. 7
(Cadernos do Cárcere, Nr. 7)(1930-1931) – Guerra di Posizione e Guerra
Manovrata o Frontale (Guerra de Posição e Guerra Manobrada ou Frontal), in : Antonio
Gramsci. Note sul Machiavelli sulla Politica e sullo Stato Moderno, Torino :
Editori Riuniti, 1991, p. 85. tb. http://www.scientific-socialism.de/GramsciStalinTrotskyCAP3.htm
[35] Cf. HORATIUS FLACCUS, QUINTUS. Ode. Carmen Epodon et Seculare (65 – 8
a.C.), Parrhisiis : Antonio Mancinello – Badio Ascensio, 1503, pp. Livro III,
Ode I.
[36] Cf. MARX, KARL H. Brief an Friedrich Engels (Carta a F.
Engels)(11.02.1851), in : Marx und Engels Gesamtausgabe (MEGA), Erste Abt., Bd.
III/4, Berlim : Dietz, 1975, p. 37.
[37] Vide ENGELS, FRIEDRICH. Brief an F. A. Sorge (Carta a F. A. Sorge)(29.11.1886), in: Marx und
Engels Werke (Obras de Marx e Engels), Berlim : Dietz Verlag, 1962, Vol. 36, p.
578.
[38] Cf. HORATIUS FLACCUS, QUINTUS. Epistolae (65 – 8 a.C.), L. S. Obbarius
: Halberstadium, 1828, pp. Epistola Libri Primi Secunda.
[39] Cf. MARX, KARL H. Brief an Friedrich Engels (Carta a F.
Engels)(11.02.1851), in : Marx und Engels Gesamtausgabe (MEGA), Erste Abt., Bd.
III/4, Berlim : Dietz, 1975, p. 37.
[40] Nesse sentido, vide GRAMSCI, ANTONIO. La Rivoluzione contro
il „Capitale“ (Avanti !, 24 de Novembro de 1917, Il Grido del Popolo, 5 de
Janeiro de 1918), in : Antonio Gramsci. Scritti Politici, Roma, 1967, pp. 80 e
s.
[41] Cf. MARX, KARL H. An
Principatus Augusti Merito Inter Feliciores Reipublicae Romanae Aetates
Numeretur? (O Principado de Augusto é Enumerado, Merecidamente, entre as Épocas
mais Auspiciosas do Estado Romano? Redação em Língua Latina) (15 de Agosto de
1835), in : Marx und Engels Gesamtausgabe MEGA (Obras de Marx e Engels: Edição
Completa MEGA), Seção I, Vol. I, Berlim : Dietz Verlag, 1975, pp. 440 e s. Para
uma leitura em nosso vernáculo – possivelmente inédita - desse texto de Marx,
permito-me remeter o leitor ao exame da tradução de MARX, KARL H. O Principado de Augusto é Enumerado,
Merecidamente, entre as Épocas mais Auspiciosas do Estado Romano? (15 de Agosto
de 1835), in : http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoCAP1Port.htm,
Concepção e Organização, Compilação e Tradução de Emil Asturig von München,
Novembro de 2004.